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Comunicação imaterial com as divindades: Tipos e formas de ex-votos na religiosidade popular
Comunicação imaterial com as divindades: Tipos e formas de ex-votos na religiosidade popular
Comunicação imaterial com as divindades: Tipos e formas de ex-votos na religiosidade popular
E-book221 páginas2 horas

Comunicação imaterial com as divindades: Tipos e formas de ex-votos na religiosidade popular

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Sobre este e-book

A leitura deste livro nos ajudará a compreender como em determinados tempo e lugar um grupo social lida com a fé, relaciona-se com uma ou mais divindades, de acordo com sua cultura, seu modo de ser e as visões de mundo que dão sentido à vida desse grupo. Uma fonte significativa e instigante para a pesquisa de quem se interessa por comunicação popular e pela inter-relação entre comunicação e religiões. O rigoroso levantamento histórico feito por Luís Erlin, que inclui visitas a locais de devoção, traz à tona que a expressão ex-voto era usada desde o princípio da religião da antiga Roma expressando o mesmo significado conhecido hoje, não apenas nas práticas de fiéis católicos em agradecimento a graças alcançadas, por meio das quais se oferecem elementos nos locais destinados (igrejas, pontos de devoção, marcos geográficos). Aqui reside a importantíssima contribuição deste livro: a afirmação de que os ex-votos estão presentes também nas práticas de outras expressões religiosas ao longo da História, permeando a cultura.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de fev. de 2019
ISBN9788527616461
Comunicação imaterial com as divindades: Tipos e formas de ex-votos na religiosidade popular

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    Comunicação imaterial com as divindades - Luís Erlin

    SUMÁRIO

    Dedicatória

    Agradecimentos

    Poesia

    Preâmbulo

    Apresentação

    A razão da pesquisa

    A trajetória de pesquisa

    Metodologia aplicada na pesquisa

    1. Religião é comunicação

    2. Ex-voto: comunicação de intimidade com as divindades

    3. Ex-voto para além do catolicismo

    4. Novas tipologias de ex-votos Considerações finais

    Considerações finais

    Referências bibliográficas

    Notas

    Do mesmo autor

    Página de créditos

    Dedico esta obra a todas as pessoas que nutrem

    a vida com a esperança que brota da fé.

    E para minha mãe, Aparecida Guizilini, que me ensinou

    a ter esperança, pois foi ela quem me apresentou a Deus.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço à vida com a qual o meu bom Deus me presenteou. Agradeço a Ele por dar a ela sentido.

    Maria Santíssima é minha madrinha e formadora. A ela o meu trabalho, minha prece como ex-voto, em agradecimento pela graça alcançada.

    Minha família é meu porto seguro; sem ela, eu nada seria. Grato sou por ter sido plantado nessa célula.

    A Congregação Claretiana é a família com a qual escolhi viver. Aos meus irmãos no ideal missionário, digo que serei eternamente obrigado a retribuir a fraternidade cristã.

    Tenho muitos colegas; amigos, um pouco menos; pessoas que passaram e passam por minha vida deixando marcas; presentes que recebi nos meios acadêmico, pastoral e laboral. A todos agradeço por dividirem comigo a riqueza de suas histórias.

    Meus agradecimentos finais à Universidade Metodista de São Paulo, lugar onde me senti acolhido e pude desenvolver minha pesquisa com total liberdade. Professora e amiga Magali do Nascimento Cunha, grato por semear esperança cristã na terra que sou.

    Segue o Teu Destino

    Segue o teu destino, 

    Rega as tuas plantas, 

    Ama as tuas rosas. 

    O resto é a sombra 

    De árvores alheias. 

    A realidade 

    Sempre é mais ou menos 

    Do que nós queremos. 

    Só nós somos sempre 

    Iguais a nós próprios. 

    Suave é viver só. 

    Grande e nobre é sempre 

    Viver simplesmente. 

    Deixa a dor nas aras 

    Como ex-voto aos deuses. 

    Vê de longe a vida. 

    Nunca a interrogues. 

    Ela nada pode 

    Dizer-te. A resposta 

    Está além dos deuses. 

    Mas serenamente 

    Imita o Olimpo 

    No teu coração. 

    Os deuses são deuses 

    Porque não se pensam. 

    Ricardo Reis, in Odes 

    Heterônimo de Fernando Pessoa

    PREÂMBULO

    Esta pesquisa está situada na área de Folkcomunicação, apresentando informações muito importantes para essa ciência genuinamente brasileira, porque amplia a compreensão em relação ao ex-voto , não só sobre a sua importância social, como também suas tipologias, sendo analisadas de diversas formas. Portanto, participar como examinadora da banca de mestrado e doutorado de Luís Erlin foi muito gratificante para mim, pois há poucas pesquisas sobre ex-voto na área de conhecimento da comunicação. Diante disso, faz compreender e comprovar a importância das ações populares no âmbito da pesquisa científica.

    Eliane Mergulhão

    Presidente da Rede Folkcom

    Este livro sobre ex-voto está no campo da Comunicação, da Folkcomunicação, mas também é um registro da fé humana! O ex-voto é um presente oferecido no mundo ordinário como um reconhecimento de uma graça enviada pelo mundo extraordinário. É, para aquele que crê, uma validação de que a vida não se limita a um único estado de existência. Os entes se divinizam a ponto de poder interceder positivamente na realidade individual e coletiva. Por meio de um objeto votivo a comunicação se estabelece com o Santo de devoção em uma linguagem muito familiar e própria entre emissor(es)-receptor(es). É um processo de comunicação que está na raiz, na ancestralidade, no popular. Essa publicação oferece grande contribuição para os estudiosos dessa temática, pois traz muitos exemplos em um percurso histórico de diferentes culturas; e apresenta várias tipologias sobre ex-voto, além de acrescentar novas categorias à luz das culturas contemporâneas. A pesquisa enfatiza esse objeto como um meio de comunicação decorrente de um contexto religioso que registra e informa acontecimentos vividos. É uma obra importante por trazer uma reflexão bem atual. Trabalho de fôlego e coragem que buscou atualizar a teoria da Folkcomunicação de Luiz Beltrão, no que se refere à classificação desses objetos de religiosidade popular que estabelecem uma comunicação (i)material com as divindades. Para além de um ato acadêmico, esta pesquisa é um ato político de voto e firmamento da crença em uma religiosidade que ultrapassa dogmatismos; é a certeza de uma religiosidade que abarca culturas diversas para construir uma fé poderosa que transforma vidas.

    Cristina Schmidt

    UMC/Mogi das Cruzes e Rede Folkcom

    APRESENTAÇÃO

    Magali do Nascimento Cunha

    As primeiras pesquisas de Luís Erlin no terreno da Folkcomunicação foram muito instigantes e revelaram-se fonte de importante aprendizado para os estudos que inter-relacionam mídias, religiões e culturas. Ao estudar a revista Ave Maria e a forma como os editores dessa publicação centenária da Congregação dos Claretianos no Brasil deram espaço aos seus leitores, que insistiam em comunicar, por meio de cartas ao periódico, as graças que alcançavam por meio de sua fé cristã, Luís Erlin deparou-se com o incrível universo dos ex-votos como veículos de comunicação popular.

    Nas investigações, Erlin ancorou-se na Folkcomunicação e na referência produzida pelo pensador Luiz Beltrão, que classificou os ex-votos como veículo de comunicação dos fiéis, que tornam públicas as bênçãos recebidas (graças alcançadas) por ações divinas, nas formas verbal e não verbal (cartas, objetos, inscrições públicas, entre outras).

    As primeiras descobertas do autor, o qual tive o prazer de acompanhar, deixaram-no inquieto: indicavam que, historicamente, os ex-votos são experiência comunicacional presente não apenas na Igreja Católica (como se vê tradicionalmente), mas também em outras confissões cristãs e religiões. Ao mesmo tempo, mostravam que as classificações dos ex-votos, iniciadas por Luiz Beltrão e revistas e aprofundadas por outros pesquisadores ao longo do século XX, revelavam-se incompletas diante da dinâmica da criatividade dos fiéis e do desenvolvimento de novas mídias. Essa inquietação levou Erlin a novas pesquisas, que culminaram neste admirável livro.

    Para Erlin, o ex-voto não é tão somente a explicitação pública de uma graça alcançada, mas o testemunho para os iguais do poder daquela entidade, e é também um afago, um presente (material) que o devoto imagina ser do agrado dessa mesma divindade. Essa relação de fé entre o devoto e a entidade pressupõe que ele imagine ter uma relação de intimidade com tal força sagrada, a ponto de intuir e saber com precisão o presente que mais agrada a ela.

    O rigoroso levantamento histórico feito pelo autor, que inclui visitas a locais de devoção, traz à tona que a expressão ex-voto era usada desde o princípio da religião da antiga Roma, expressando o mesmo significado conhecido hoje, não apenas nas práticas de fiéis católicos em agradecimento a graças alcançadas, por meio das quais se oferecem elementos nos locais destinados (igrejas, pontos de devoção, marcos geográficos). Aqui reside a importantíssima contribuição deste livro: a afirmação de que os ex-votos estão presentes também nas práticas de outras expressões religiosas ao longo da História, permeando a cultura.

    Erlin mostra, por exemplo, no caso do Brasil, como outros grupos cristãos, como os evangélicos, exercem a prática dos ex-votos por meio dos testemunhos orais nos momentos de culto, ou pelo oferecimento a Deus de elementos materiais, como carteiras de trabalho, resultados de exames médicos, entre outros. Da mesma forma, é possível identificar o oferecimento de ex-votos nas religiões de matriz africana no país.

    Independentemente da religião, o elemento material (simbólico) é o que é fundamental para que o agraciado se sinta, de fato, ouvido pela divindade. É uma profunda comunicação entre as aspirações mais secretas do devoto para com a entidade, que (em seu entendimento) sabe de sua vida e das situações difíceis pelas quais ele está passando.

    O autor nos instiga ao afirmar que em todas as religiões existem formas concretas de comunicação material com as divindades, as liturgias, os ritos e os gestos que nos colocam em diálogo com o sagrado, e demonstra, ainda, que é na religião popular que as formas de relação comunicacional entre divindade e devotos são perceptíveis em profusão. Na religiosidade popular, o fiel se vê livre de muitas amarras que são impostas pelas instituições, deixando vir à tona elementos de sua natureza e sua criatividade.

    E é neste ponto que este livro oferece mais uma contribuição singular. Ele revisita as tipologias de ex-votos construídas pelos brasileiros Luiz Beltrão e José Marques de Melo e pelo mexicano Jorge González, muito utilizadas nos estudos de Folkcomunicação, e propõe sua ampliação. A revisitação e a consequente ampliação das tipologias foi resultado de observação e inventariação de objetos e relatos em espaços físicos e digitais de exposição de ex-votos, por meio da avaliação de como as práticas ressignificam-se e transformam-se, ajustando-se ao tempo – daí as expressões digitais que circulam em abundância na internet. Luís Erlin apresenta dez tipos de ex-votos, todos detalhados nesta obra.

    A leitura deste livro nos ajudará a compreender como em determinados tempo e lugar um grupo social lida com a fé, relaciona-se com uma ou mais divindades, de acordo com sua cultura, seu modo de ser e as visões de mundo que dão sentido à vida desse grupo. Uma fonte significativa e instigante para a pesquisa de quem se interessa por comunicação popular e pela inter-relação entre comunicação e religiões.

    A RAZÃO DA PESQUISA

    Este livro é resultado da pesquisa que avança na compreensão dos ex-votos como veículos jornalísticos e meios de comunicação e que buscou atualizar o seu conceito, bem como a sua tipologia.

    São muitas as razões que me levaram ao deslumbramento pelo tema dos ex-votos, a começar pela minha vocação sacerdotal. Nasci no ano de 1973, na cidade de Cambé, norte do Paraná. Minha família sempre foi muito católica; quase todas as recordações da minha infância estão relacionadas com eventos religiosos: folias de reis e festas juninas no sítio onde morávamos; rezas do terço e procissões; quermesses em homenagem a Santo Antônio, padroeiro de Cambé; participações familiares nas missas dominicais etc.

    Ainda criança, segundo minha mãe, eu já manifestava o desejo de ser padre. Fiz acompanhamento vocacional durante vários anos e entrei no seminário com 15 anos de idade, na cidade de Rio Claro (SP). Escolhi a Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria (conhecidos como Missionários Claretianos), fundada por Santo Antônio Maria Claret. Minha escolha não foi aleatória, mas fundamentada em minha devoção a Nossa Senhora. Eu queria pertencer a uma ordem mariana.

    Completei o ensino médio e ingressei no filosofado em Batatais (SP). Cursei Filosofia nas Faculdades Claretianas (1992-1994) e, em seguida, fui para o noviciado na cidade de Progreso, no Uruguai, onde permaneci por um ano. Em 1996, iniciei meus estudos teológicos no Studium Theologicum, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-PR, afiliado à Lateranense de Roma. Depois de dois anos de curso, fiz meu estágio pastoral obrigatório em Paranatinga (MT), retornando, em seguida, a Curitiba para finalizar o curso de Teologia. Antes de fazer meus votos solenes, fiz uma experiência missionária e formativa no Chile.

    Depois dessa experiência, já ordenado padre, fui enviado a Pato Branco (PR), e trabalhei um ano como Reitor do Seminário Claretiano dessa cidade. Durante toda a minha formação sacerdotal, sempre nutri um amor muito grande pelas artes, de forma geral, mas com um interesse peculiar pela pintura e pela poesia. Meus estudos acadêmicos eram intercalados com leituras sobre esses temas.

    No ano de 2003, fui transferido para São Paulo, disposto a estudar Jornalismo. Fiz meu curso na Universidade Nove de Julho (Uninove) e comecei a trabalhar na revista Ave Maria, assumindo a direção editorial no meu último ano de faculdade. Em seguida, o Governo Provincial nomeou-me também diretor editorial da Editora Ave-Maria.

    Escrevi vários livros, elegendo a espiritualidade como pano de fundo de minhas publicações. Fui privilegiado em ter a maioria das minhas obras traduzidas para idiomas como espanhol, italiano, inglês, maltês, e adaptadas para Portugal. Nas minhas incursões na Literatura, experienciei a oportunidade de escrever quatro livros infantis em parceria com o renomado autor Maurício de Sousa.

    Após terminar o curso de Jornalismo, eu pretendia continuar meus estudos e fazer mestrado e, mais tarde, doutorado em Comunicação Social, mas, com uma carga de trabalho intensa, tive de adiar meu sonho, realizando-o entre os anos 2013 e 2014, na Universidade Metodista de São Paulo, tendo como orientador o professor José Marques de Melo. Quando ele me comunicou que eu trabalharia com ex-votos, senti certo desconforto, pois eu não era familiarizado com a Folkcomunicação. Hoje, agradeço a sensibilidade do professor Marques e percebo que a Folkcomunicação está presente nas minhas origens, por isso, não foi difícil me apaixonar por essa teoria.

    Conversando com minha mãe de 85 anos sobre meu projeto de pesquisa e explicando-lhe sobre os ex-votos, ela me fez uma revelação que encheu minha alma de alegria, ratificando a importância desse tema para mim. Assim que ela nasceu, em 1933, teve poliomielite. Devido às complicações decorrentes dessa doença, corria o risco de morrer. Meus avós, então, fizeram uma promessa de que, se ela sobrevivesse, tirariam uma foto dela e depositariam aos pés de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). Minha mãe se recuperou, e meus avós cumpriram a promessa. Graças a esse voto, ela é a única dos seis filhos que possui uma foto de quando era criança.

    Analisando esse fato com os olhos da Folkcomunicação, defendo, assim como Beltrão, que os ex-votos são também um veículo jornalístico.

    No meu doutorado, eu decidi continuar nessa linha de pesquisa e fui acolhido com carinho pela professora Dra. Magali

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