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Lázaro: O dia em que a morte morreu
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Lázaro: O dia em que a morte morreu
E-book148 páginas1 hora

Lázaro: O dia em que a morte morreu

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Sobre este e-book

Nesta obra, Pe. Luís Erlin quer aquietar a alma e oferecer algo que sirva de consolo a tantos quanto ele que já experimentaram a perda de um ente querido. Para tanto, apegou-se a Lázaro e em sua vida; e com base em algumas pesquisas, além de muita imaginação, apresenta este livro que, na verdade, é um convite para que você, leitor(a) também possa imaginar a vida de Lázaro, homem que morreu duas vezes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de set. de 2022
ISBN9786557070628
Lázaro: O dia em que a morte morreu

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    Lázaro - Luís Erlin

    O Senhor dos exércitos preparou para todos os povos, nesse monte, um banquete de carnes gordas, um festim de vinhos velhos, de carnes gordas e medulosas, de vinhos velhos purificados. Nesse monte tirará o véu que vela todos os povos, a cortina que recobre todas as nações,

    e fará desaparecer a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e tirará de toda a terra o opróbrio que pesa sobre o seu povo [...].

    (Isaías 25,6-8)

    Sumário

    Apresentação

    I — Reviver

    II — Betânia

    III — Conheci Jesus

    IV — Amigo de Jesus

    V — Missão de Jesus

    VI — Marta e Maria

    VII — Minha casa é casa dele

    VIII — Os amigos de Deus também sofrem

    IX — A primeira morte

    X — As lágrimas de Jesus

    XI — O mistério se cumpre

    XII — Fuga e vida em Chipre

    XIII — A segunda morte

    ANEXOS

    Curiosidade sobre o dia de São Lázaro

    Oração Litúrgica

    Terminei de escrever este livro no dia 1º de abril de 2022, exatamente três anos após a morte de minha mãe, Aparecida Guizilini.

    Dedico este livro a sua memória.

    A morte não nos separou!

    O autor

    01

    Apresentação

    Faz algum tempo que vagueio pensando na morte e no morrer.

    Eu desejava escrever algo para aquietar minha alma e para que também servisse de consolo a tantos quanto eu, que já experimentaram a perda de um ente querido.

    Dessa forma, apeguei-me a Lázaro e em sua vida. Então, com base em algumas pesquisas, além de muita imaginação, apresento este livro, que, na verdade, é um convite para que você também possa imaginar a vida desse homem, que morreu duas vezes.

    Suponho que ele tem algo a nos ensinar sobre a morte, não é verdade?

    O livro é escrito em primeira pessoa, assim como tantos outros que já escrevi com esta metodologia, pois creio que a linguagem direta nos aproxima do protagonista, inserindo-nos na história.

    Lázaro, assim como suas irmãs Marta e Maria, era amigo de Jesus.

    Portanto, este livro é também sobre amizade — digo, amizade verdadeira, não coleguismo! Hoje, a diferenciação destes termos é fundamental para sabermos em quem confiar. Saber-se amigo de alguém é uma preciosidade infinita. Em contrapartida, trataremos ainda sobre pessoas difíceis no trato, que penalizam nosso viver.

    Além disso, eu não podia deixar de falar sobre a família, pois mergulharemos no lar de Betânia.

    Proteção, carinho e cuidado afloraram nas páginas desta obra.

    Podemos dizer que esta história é sobre acolhida, ensinando-nos a hospitalidade.

    Vale lembrar que existe certa confusão entre o Lázaro amigo de Jesus, descrito pelo evangelista São João, e o Lázaro da parábola contada por Jesus e descrita no evangelho de São Lucas. A piedade popular aproximou os dois personagens; por essa razão, as imagens de São Lázaro que vemos apresentam um homem coberto de chagas, aparentando ser um mendigo, com cachorros a sua volta. Contudo, segundo a tradição da Igreja, não se trata da mesma pessoa.

    Existem duas correntes de pensamento sobre Lázaro, após a ressurreição de Jesus: em uma, ele teria se dirigido a Provença, com suas irmãs, e se tornado o primeiro bispo de Marselha, mas os historiadores contestam esta versão; em outra, a mais plausível, e que defendo nesta obra, Lázaro teria fugido com suas irmãs para a ilha de Chipre e, após ter trabalhado com o Apóstolo Paulo em sua missão, foi ordenado bispo de Kition (hoje Lamarca) pelo Apóstolo Barnabé.

    Escavações arqueológicas encontraram o que consideram ser o túmulo de Lázaro, sob a igreja que leva seu nome, em Lamarca.

    I — Reviver

    Caçaram-me como a um pardal os que, sem razão, me odeiam. Quiseram precipitar-me no fosso rolando uma pedra sobre mim. Acima de mim subiam as águas: Estou perdido! — exclamei. Invoquei, Senhor, o vosso nome do profundo fosso. Ouvistes-me gritar: Não aparteis do meu chamado o vosso ouvido. E vós viestes no dia em que vos invoquei e dissestes: Não tenhas medo! Defendestes, Senhor, a minha causa, e minha vida resgatastes.

    (Lamentações 3,52-58)

    — Lázaro!

    Parecia que eu despertava de um sono que eu não me lembrava de ter dormido.

    Ouvi a voz do Senhor tão longe, mas ao mesmo tempo tão perto!

    Eu estava mergulhado em um silêncio que eu jamais tinha experimentado antes. Era um silêncio de paz, mas de vazio também...

    Vazio, essa é a palavra!

    Falei em paz, mas esta expressão não seria a correta, pois, no vazio, não existe paz, existe simplesmente o efeito do vazio, que é o nada.

    Abri lentamente meus olhos, mas logo os fechei novamente; meu rosto estava coberto por um sudário. Mesmo dentro daquele lugar escuro, e tendo o rosto coberto, eu ainda via finos raios solares perpassando as pequenas frestas entre a pedra e o túmulo.

    A luz me incomodou de forma violenta, e eu estava com medo de abrir os olhos novamente e senti-los arder.

    Como é grande a contradição entre a luz e a escuridão!

    Eu vivia na luz, mas, pelo simples fato de ter mergulhado nas trevas, o meu ser, que antes era iluminado, passou a estranhar a claridade produzida pela luz e buscar abrigo na incerteza da obscuridade.

    É muito fácil passar da luz às trevas, porém, é difícil passar da escuridão à claridade. E isso é um paradoxo, porque, ainda que um simples facho de luz ilumine toda a escuridão, e esse facho se estenda por longas distâncias, ele não é capaz de iluminar a quem deseja viver na prepotência de achar que pode produzir a própria luz interior, mas está mergulhado no submundo escuro. Quando saímos do breu, nossa visão demora a se acostumar com o brilho cintilante da verdade.

    A luz faz com que nos reconheçamos como somos, ao passo que a escuridão das trevas fecha nossos olhos para qualquer tipo de consciência, não conseguindo distinguir o certo do errado, o vício da virtude, o bem do mal, a vida da morte...

    A tentação é continuarmos nas trevas para não termos que enxergar e assumir a realidade.

    Parece mais fácil fechar os olhos do que abri-los...

    Sim, é mais fácil! Mas do que adianta toda uma história imersa na mentira?

    Qual o mérito da irrealidade?

    Dar um passo no sentido da escuridão é se lançar em um mundo em que perdemos nossa identidade de Filhos de Deus, pois, uma vez imersos nas catacumbas da renúncia de ser imagem e semelhança do Criador, perdemos nossa identidade e nos desfiguramos. Voltar para casa é difícil; por essa razão, estranhamos qualquer sinal de consciência, qualquer manifestação da verdade.

    A luz precisa das trevas para mostrar seu poderio. Ao contrário, as trevas têm pavor da luz, porque com ela a escuridão deixa de existir. Dessa forma, o breu, quando nos abraça, tenta a todo custo vendar o luzeiro de nossos olhos, na tentativa de nos fazer esquecer o que é enxergar.

    E eu, ao mesmo tempo que lidava com o incômodo da luz, tentava a todo custo imaginar o que estava acontecendo.

    Naquela hora eu não fazia a mínima ideia de que havia morrido, tampouco de que estava sepultado.

    Fui aos poucos tomando consciência do meu corpo. Com o dedo indicador, toquei levemente meu polegar e fiz movimentos circulares em torno dele. Devagar, fui movendo os dedos como uma criança que descobre que pode comandar seus movimentos. Estranheza indescritível!

    Meus ouvidos pareciam que se abriam lentamente, e comecei a escutar vozes ao longe. A impressão que eu tinha era de que meus ouvidos estavam atentos ao menor ruído, sem, contudo, distinguir um som do outro. As vozes foram ficando mais fortes.

    E, do meio do vozerio, eu escutei novamente Ele me chamar:

    — Lázaro!

    Meu coração começou a se acelerar, não de medo agora, mas de confiança: era a voz dele, mas eu ainda não conseguia reagir, não conseguia responder.

    Foi então que respirei profundamente, como que querendo aspirar todo o ar do mundo. Pela primeira vez em minha vida, soube o que é respirar de verdade, enchendo os pulmões em uma só inspiração. Naquela hora, senti que estava vivo. Respirei mais uma vez e outra vez mais.

    Meu coração continuava a pulsar em um ritmo que eu podia sentir meu peito se movendo. Respirei como que trazendo de volta todo o meu ser.

    Hoje, eu sei, portanto, que sim, eu respirei, mas o ar, quem soprou em minhas narinas, foi a voz dele, foi Ele...

    Eu me sentia como o boneco de barro que, na primeira criação, recebeu o hálito de Deus e deixou de ser coisa e passou a ser pessoa, imagem e semelhança do Pai.

    Foi assim que eu descobri que a vida é isso, um sopro!

    Mas não qualquer sopro, é o vento, o movimento do coração de Deus que sai dele e habita nosso barro, a fragilidade de nossos corpos.

    O sopro é dinâmico, não é estático, ninguém

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