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A Doutrina do Pecado
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A Doutrina do Pecado
E-book516 páginas10 horas

A Doutrina do Pecado

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Sobre este e-book

Embora alguns não acreditem que o pecado exista, a Bíblia em todo o tempo faz questão de revelar e denunciar a sua existência, mostrando de onde ele veio, seus efeitos nocivos e como ele afeta o mundo físico e o espiritual. Indicado para os estudiosos da Palavra de Deus, esta relevante obra analisa a questão do pecado sob os mais diversos ângulos: bíblicos, históricos, filosóficos e comportamentais, dando aos seus leitores uma ampla visão do que é o pecado e de suas terríveis conseqüências.

Um produto CPAD.
IdiomaPortuguês
EditoraCPAD
Data de lançamento1 de ago. de 2014
ISBN9788526311657
A Doutrina do Pecado

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    5/5
    Excelente Livro !
    Temas de suma importância para nós que buscamos conhecer o Senhor e sua Palavra.
  • Nota: 1 de 5 estrelas
    1/5
    O livro para na pagina 94 e isso nao é bom

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A Doutrina do Pecado - Severino Pedro

3.000

PREFÁCIO

Adoutrina do pecado , de autoria do Pastor Severino Pedro da Silva, é verdadeiramente um tratado de hamartiologia. Nele, o autor mostra a natureza sombria do pecado, seus efeitos nocivos e seus males que afetam a humanidade, os seres, e as coisas em cada reino da natureza. A Escritu ra descreve tanto o pecado como sua natureza, dizendo que, pecado é fracasso, é erro, é iniquidade, é transgressão, é falta de lei, é injustiça. Neste livro, são apresentados todos estes fracassos, e ao mesmo tempo, apresentado o caminho da solução contra todos eles e outros que não foram mencionados aqui.

S. Tomás de Aquino diz que só através de luta e esforço, poderá o homem alcançar a perfeição. Ele então aponta a luta pela verdade para suplantar a ignorância, a luta pelo bom para suplantar a malícia, a luta pelo árduo para suplantar a fraqueza, a luta pelo uso moderado do deleitável para suplantar a concupiscência. O pecado deforma a perfeição, mas através de Cristo, o homem será transformado ...de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18); onde o pecado fere, Cristo sara; onde ele destrói, Cristo constrói; quando ele mata, Cristo dá a vida — e vida com abundância. Na luta contra o pecado, a pessoa humana somente será vitoriosa em Cristo e por Cristo. Sem sua presença e ajuda, tudo é fracasso.

São Paulo, BRASIL, 2010

José Wellington Bezerra da Costa

Presidente da CGADB

SUMÁRIO

PREFÁCIO

CAPÍTULO 1: HAMARTIOLOGIA—DOUTRINA DO PECADO

I. O PECADO

II. DEFINAÇÃO DO PECADO

III. A ORIGEM DO PECADO

CAPÍTULO 2: O DIABO FOI O PRIMEIRO SER A PECAR

I. O PRIMEIRO INDIVÍDUO QUE PECOU

II. O PECADO TEVE UM MENTOR INTELECTUAL

III. O DIABO TORNA-SE ASSASSINO EM POTENCIAL

CAPÍTULO 3: A MORADA DO HOMEM ANTES DE PECAR

I. ADÃO E EVA MORAVAM NUM JARDIM

II. O RIO DO ÉDEN

III. A ÁRVORE DA VIDA E A ÁRVORE DA CIÊNCIA DO BEM E DO MAL

CAPÍTULO 4: A QUEDA DO HOMEM

I. O PECADO DE ADÃO

II. A QUEDA DO HOMEM MOSTRA UMA ESCADA DESCENDENTE

III. A QUEDA DO HOMEM E O CUIDADO DE DEUS

CAPÍTULO 5: O PROBLEMA DO MAL

I. A ORIGEM DO MAL

II. DIVIDE-SE O MAL EM TRÊS CATEGORIAS

III. A PLURALIDADE NA EXISTÊNCIA DO BEM E DO MAL

IV . O PROBLEMA DO MAL NA HISTÓRIA DAS IDEIAS

CAPÍTULO 6: A EXTENSÃO DO PECADO

I. A EXTENSÃO CRESCENTE DO PECADO

II. A EXTENSÃO VERTICAL, HORIZONTAL E MORAL DO PECADO

CAPÍTULO 7: A CLASS IFICAÇÃO DO PECADO

I. AS TRANSGRESSÕES

II. OS TRANSGRESSORES

III. A CLASSIFICAÇÃO DA CULPA

IV. O PECADO E SEUS COGNATOS

V. O PECADO E SEUS VARIANTES

CAPÍTULO 8: O PECADO HERDADO E A IMPUTAÇÃO DA CULPA

I. O PECADO HERDADO

II. A IMPUTAÇÃO DA CULPA

CAPÍTULO 9: O PODER CONSEQUENTE DO PECADO

I. O PODER OPRESSOR DO PECADO

II. O PODER ESCRAVOCRATA DO PECADO

III. O PODER ISOLÁVEL DO PECADO

CAPÍTULO 10: MANIFESTAÇÃO CONCENTRÁVEL DO PECADO

I. O PECADO FORMA UMA UNIDADE DO MAL

II. O PECADO FORMA UMA UNIDADE COM FÓRMULA SEDUTORA

CAPÍTULO 11: PECADOS IMPERDOÁVEIS

I. PECADOS QUE NÃO MERECIAM O PERDÃO

II. O PECADO DE APOSTASIA

III. O PECADO VOLUNTÁRIO

IV. O PECADO PARA A MORTE

V. O PECADO ABOMINÁVEL

CAPÍTULO 12: PECADOS PERDOÁVEIS

I. PECADOS QUE MERECEM O PERDÃO

II. QUEM PODE MERECER O PERDÃO

CAPÍTULO 13: O PECADO DE BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITOSANTO

I. O QUE SIGNIFICA BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO

II. A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO

III. A BLASFÊMIA CONTRA ESPÍRITO SANTO NÃO É UM ATO –– É UMA ATITUDE

CAPÍTULO 14: O PECADO AFETOU AS FACULDADES SENSITIVAS E INSTINTIVAS DO HOMEM

I. O LIVRE-ARBÍTRIO

II. OS SENTIDOS

III. OS INSTINTOS

CAPÍTULO 15: ALTERAÇÃO NO COMPORTAMENTO

I. ALTERAÇÃO MUDÁVEL NO COMPORTAMENTO

II. ALTERAÇÃO DO PENSAMENTO

III. INCLINAÇÃO INFLUENCIÁVEL DA MENTE

IV. ALTERAÇÃO PROPOSITADA NAS AÇÕES

CAPÍTULO 16: PUNIÇÃO E DESTRUIÇÃO DO PECADO

I. PUNIÇÃO DOS PECADORES

II. DESTRUIÇÃO E AUSÊNCIA DAS COISAS

III. DESTRUIÇÃO DOS PECADORES

IV. DESTRUIÇÃO FINAL DO PECADO

I. O PECADO

1. A existência do pecado. Alguns ignoram a origem e existência do pecado. Na opinião destes estudiosos modernos, o pecado não existe, e se existe (dizem eles) é de origem desconhecida. Assim como existem aqueles que procuram negar a existência de Deus, embora sejam reputados como sendo ‘néscios’ (Sl 14.1). De igual modo, também, há alguns que, dizendo-se sábios, procuram negar a existência e origem do pecado. Outros até defendem que o pecado existe. Contudo, ninguém (dizem eles) será capaz de saber sua origem e seus modos de manifestação no mundo. Invocam para essa teoria a passagem de Deuteronômio 29.29, que diz: "As coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus, porém as reveladas são para nós e para nossos filhos para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei. Com efeito, porém, é evidente que esta passagem não se refere à origem do pecado ou do mistério do mal. A Escritura, desde o início até o final, faz questão de revelar e denunciar o pecado, dizendo de onde ele veio — mostrando seus efeitos nocivos e sua tirania destruidora afetando o mundo humano e o mundo espiritual. Deus falou na sua Palavra que o pecado existe e que está presente, podendo (se houver espaço) dominar o homem, que anda alienado de Deus. Para Caim o Senhor advertiu: Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás (Gn 4.7). E o escritor aos Hebreus, lembra aos seus leitores que o pecado não se encontra distante deles e de suas atitudes. Então ele disse: Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta (Hb 12.1). O falso ensinamento da Ciência Cristã" afirma que o pecado é uma negação — que o mal é a ausência do bem, e que o pecado é a ausência da retidão. Mas não é verdade, pois existem formas de pecado extremamente malignas e agressivas. A Palavra de Deus assegura que o pecado e o mal têm existência positiva. E que são ofensas contra Deus.¹

Tanto as Escrituras como o mundo sensível dos seres e das coisas, apresentam três provas evidentes da existência do pecado. Estas provas são:

Prova metafísica;

Prova moral;

Prova psicológica.

a) Prova metafísica. Essa prova se apoia na sensibilidade perceptiva de um mundo diferente daquele em que vivemos e algo que nos rodeia, apresentando tanto no texto imediato como na extensão, que um inimigo tirano — chamado de o pecado — existe. A alma humana foi feita pelo sopro de Deus. Ela foi feita com a capacidade sensitiva de sentir e aceitar ou rejeitar o pecado. Ela pode discernir o mal e o bem. Com efeito, porém, se não houvesse o pecado ou mal espiritual, invisível no mundo das trevas, não seria necessário tal discernimento — pois não haveria necessidade, visto que o mal não existiria (Dt 30.15,19).

b) Prova moral. Essa prova se baseia na imortalidade da alma e é embasada na justiça de Deus, que exige que a virtude e o vício recebam as sanções que lhes são devidas: recompensa ou punição. Aqui no mundo, as sanções da virtude e do vício são evidentemente insuficientes; muitas vezes é o vício que triunfa, e a virtude fica humilhada. A justiça quer que cada um seja tratado segundo suas obras, e isto não pode ser feito a não ser com a imortalidade da alma. Se o pecado não existisse não era necessário um juízo diferenciador e nem reparador de um bem que teria sido, ao longo da existência, danificado pelo mal. Contudo, esta prova mostra que existem muitos segredos: tanto do lado do bem como do lado do mal. E um dia, todos eles, serão julgados por aquele que por Deus foi constituido juiz — o qual ...trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações (1 Co 4.5).

c) Prova psicológica. Essa prova se apoia nas tendências essenciais de nossas faculdades. É fato que nós aspiramos conhecer a verdade absoluta, possuir o bem supremo e a felicidade perfeita, ou seja, um estado de vida que só pode ser encontrado no mundo vindouro. No mundo presente, isso é tão verdadeiro que jamais nos sentimos saciados de verdade e de felicidade; quanto mais avançamos no conhecimento da verdade, na prática do bem, mais aumenta nosso desejo, a ponto de nada parecer poder satisfazer-nos fora da verdade, da bondade, da beleza perfeita, ou seja, fora de Deus. Todavia, sentimos que mesmo com este anseio, há uma força estranha que quer nos levar para um outro lado. Esta força é o pecado. Ele nos rodeia bem de perto, desejando embaraçar nossos passos e desvirtuar nossas ações para um outro lado — que não é o lado do bem (Hb 12.1).

2. A realidade do pecado. Negar a existência do pecado é negar por extensão a veracidade da Escritura. Ela, no seu escopo geral, afirma do princípio ao fim que o pecado existe. O pecado é qualquer transgressão contra a vontade revelada de Deus. Para quem tem olhos para ver, o pecado está manifesto por toda parte. Realmente deve estar com visão enfraquecida quem não vê as operações arruinantes, maléficas, torcidas, brutais e bestiais do pecado, no mundo em geral e na vida humana. E além disso, após pecar contra Deus o homem tornou-se sensível ao pecado. Quando o homem peca por qualquer razão ou motivo, ele sente o remorso da consciência, devido ao mal praticado e, em alguns casos, sofre as consequências da ação praticada contra Deus ou contra a sociedade. O homem é dotado de uma consciência sensível. O animal não possui esta consciência com sensibilidade de culpa. O homem quando comete um crime (peca), sua tendência é fugir do local e ocultar qualquer prova de seu delito. O animal não. Ele comete um ato errado, mas permanesse no local como se nada tivesse acontecido (1 Rs 13.24,28). A besta não tem traço algum de consciência de Deus; não tem, portanto, natureza religiosa. Para ela não há sensibilidade do pecado nem o peso da consciência. Quando o homem peca, através de sua consciência, ele sente em sua alma ou em seu sistema psicossomático o peso do pecado (Nm 32.23). Se o pecado não fosse uma realidade jamais isso seria possivel de acontecer. Também presenciamos a realidade de morte, que entrou no mundo por causa do pecado. Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram (Rm 5.12).

3. O significado do pecado. Há quem afirme que o pecado é algo fragmentado. Ele acontece acidentalmente. Com efeito, porém, a realidade das Escrituras aponta outro ensino com respeito ao pecado. Ele surgiu no universo e depois no mundo humano, através da desobediência. O Diabo não foi enganado quando cometeu o primeiro pecado. Da mesma forma Adão não foi enganado (1 Tm 2.14). Tanto o Diabo como Adão pecaram de olhos abertos. De igual modo, o pecado não é apenas um ato de debilidade ou fraqueza, porque ele foi concebido por seres fortes e capazes (Ez 28.12-16; 2 Pe 2.4). O pecado em qualquer sentido— pensado, planejado e praticado — fere a santidade de Deus. O objetivo de Deus no Antigo Testamento era conservar para si ...um reino sacerdotal e o povo santo (Êx 19.6). No Novo Testamento a vontade santa de Deus é a mesma. Ele deu Jesus ...para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras (Tt 2.14b). Por outro lado, o Diabo procura incentivar os homens à pecarem contra Deus e contra a sua boa obra, levando-os assim para as ‘obras infrutuosas das trevas’ (Ef 5.11).

II. DEFINIÇÃO DO PECADO

1. Definição do termo pecado. A hamartiologia, é uma palavra usada no campo teológico para designar a doutrina do pecado, incluindo todos os seus aspectos sombrios e sua natureza destruidora, tanto aplicada no campo físico como no campo espiritual, mostrando em cada detalhe suas disposições hostis contra Deus, às coisas, os seres e qualquer entidade no mundo da existência. Em sentido etimológico — a palavra pecado conforme se encontra em nossas versões, vem da palavra hebraica hāttā’th, do qual origina–se da raiz hebraica hātā traduzido na septuaginta (LXX) da palavra hāmārtia. Existem algumas palavras que relatam significados semelhantes à palavra hebraica hāttā’th, como também para a palavra grega hamartia. Estes termos são aplicados no tempo e no espaço para descrever e dar sentido a tudo aquilo que o pecado é e suas formas de expressão. Os eruditos teológicos usam várias palavras deste gênero para descrever a natureza sombria do pecado, mostrando seus aspectos e suas disposições torcidas, maléficas em sua natureza daninha e perniciosa.

a) Relacionado com aquilo que se desvia do alvo, falhar — hātā. Os termos associados — ‘hāttā’th e hamartia’, e logo após, a classificação das palavras associadas a hāttā’th e também a hamartia. O primeiro engloba várias outras palavras. Mas, as mais usadas para descrever a natureza do pecado, são hê’t ou hāttā’t (hātā’=falhar, desviar, não acertar seu fim), que apresenta o pecado como uma falha [às vezes contra os homens, geralmente contra Deus]. O segundo, quer dizer tortuosidade no sentido próprio (conservando assim, a forma original da serpente que é torta ou curvada em todos os seus movimentos e ações). Há também em hebraico o verbo ‘chata’ e o substantivo ‘chāttāth’, — ‘chet’ (Gn 4.7; Ex 9.27; Lv 5.1; Nm 6.11; Sl 51.2, 4; Pv 8.36; Is 42.24; Os 4.7). Em grego, o vocábulo correspondente é hamatteno (verbo) e hamartia (substantivo), indicando em sentido primário ‘errar o alvo’ (Lc 11.4; 15.18, 21; Jo 1.29; 8.34; 16.9; Rm 3.23; 5.12; 6.23; 1 Co 15.3; 1 Jo 1.7, 9-10; 3.4; 5.17).

b) Relacionado com aquilo que é torcido — que dobra — ‛āwôn’. Palavra que ocorre cerca de 231 vezes, do qual também, temos os seguintes significados: Iniquidade, maldade, erro, pecado, culpa, enfermidade moral etc. Na verdade, a palavra āwôn origina-se da palavra āwâ, a qual traz o sentido de dobrar, torcer. Assim, a iniquidade é a inclinação má dentro do ser humano, ou a direção tortuosa, ou ainda ações deformadas dos pecadores. A missão de João Batista, como precursor de Cristo, era preparar um caminho plano nos corações, afim de que neles, o arrependimento tivesse lugar. Assim diz o texto divino: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro serão abatidos; e o que está ‘torcido’ se endireitará, e o que é áspero se aplanará (Is 40.3,4). Estes caminhos tortuosos nos corações foram construídos pelo pecado de Adão e se estendeu a todos os homens.

c) Relacionado com aquilo que tem a natureza de delito — ‘pesha’. Palavra que ocorre cerca de 93 vezes, da qual também, temos os seguintes significados: delito, crime, culpa, pecado, ofensa, rebeldia, transgressão, etc. Na verdade a palavra pesha origina-se do verbo pasha, que traz o sentido de rebelar-se, sublevar-se, violar etc. Em síntese, uma violação tinha a ver com uma revolta contra a lei, Deus ou o governo. Neste conceito, a pessoa, desprovida da graça divina, persiste em seguir e fazer aquilo que é errado. Isto é um erro que viola este ou aquele direito, o princípio de uma época e de todas as épocas do ponto de vista divino de observação. Este erro é ampliado pela transgressão e significa a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, noções que pressupõem a existência de uma norma que estabelece e demarca limites. Seu significado transitou da esfera geográfica, que fixava o limite para as águas do mar à concepção ético-filosófica, que abriga desde preceitos morais e religiosos até as leis do Estado. Daí, as contraposições entre bem e mal, mandamento e pecado, código e infração. Nas ações criativas humanas, transgressor e transgredido tendem a confundir-se. Por essa razão, o ato criador não se processa em série, como numa linha de montagem predeterminada. O criador/transgressor é o agente solitário que opera a superação de si mesmo na ruptura com o mundo que o cerca. Cada um, ao buscar, ao inventar, ao tentar o ainda-não-ousado, o novo, incorre em transgressão, não como subversão da ordem, mas como implementação, como criação. Ao longo da história foram muitos a transgredir as normas vigentes na sua época.²

d) Relacionado com tudo aquilo que é mal — ‘ra’. Palavra que ocorre cerca de 663 vezes, da qual também temos os seguintes significados: mal, maldade, desgraça, calamidade, desventura, aperto, etc. Na verdade, a palavra ra como substantivo nos traz as seguintes conotações: mal, aperto, prejuízo, calúnia etc, porém como adjetivo temos: mau, perverso, criminoso etc. Este termo é usado para designar tudo aquilo que não se deseja. Assim a ideia de mal geralmente se refere a tudo aquilo que não é desejável ou que deve ser destruído. O mal está no vício, em oposição à virtude. Em muitas culturas, é o termo usado para descrever atos ou pensamentos que são contrários a alguma religião em particular, e pode haver a crença de que o mal é uma força ativa e muitas vezes personificada na figura de uma entidade como o Diabo, Satanás ou Arimã. Em Plotino, a matéria é identificada com o mal e com a privação de toda forma de inteligibilidade. Em Kant, o ser humano teria uma propensão para o mal, apesar de ter uma disposição original para o bem. Hannah Arendt retoma a questão do mal radical kantiano, politizando-o. Analisa o mal quando este atinge grupos sociais ou o próprio Estado. Segundo a autora, o mal não é uma categoria ontológica, não é natureza, nem metafísica. É político e histórico: é produzido por homens e se manifesta apenas onde encontra espaço institucional para isso — em razão de uma escolha política. A trivialização da violência corresponde, para Arendt, ao vazio de pensamento, onde a banalidade do mal se instala.³

e) Relacionado com o pecado e o resultado do pecado — ‘hamartêma’. Palavra que traz a conotação de pecado, mas com o sentido de resultado de pecar (Mc 3.28 e ss). O pecado sempre foi um termo principalmente usado dentro de um contexto religioso, e hoje descreve qualquer desobediência à vontade de Deus; em especial, qualquer desconsideração deliberada das Leis reveladas. No hebraico e no grego comum, as formas verbais (em hb. hhatá; em gr. hamartáno) significam errar, no sentido de errar ou não atingir um alvo, ideal ou padrão. Em latim, o termo é vertido por peccátu. O Judaísmo considera a violação de um mandamento divino como um pecado. O judaísmo ensina que o pecado é um ato e não um estado do ser. A Humanidade encontrase num estado de inclinação para fazer o mal (Gn 8.21) e de incapacidade para escolher o Bem em vez de o Mal (Sl 37.27). O Judaísmo usa o termo pecado para incluir violações da Lei Judaica que não são necessariamente uma falta moral. De acordo com a Enciclopédia Judaica, O homem é responsável pelo pecado porque é dotado de uma vontade livre (behirah); contudo, ele tem uma natureza fraca e uma tendência para o Mal: Porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice... (Gn 8.21). Por isso, Deus, na sua misericórdia, permitiu ao homem arrepender-se e ser perdoado. O Judaísmo defende que todo o homem nasce sem pecado, pois a culpa de Adão não recai sobre os outros homens. Pecado designa todas as transgressões de uma Lei ou de princípios religiosos, éticos ou normas morais. Podem ser em palavras, ações (por dolo) ou por deixar de fazer o que é certo (por negligência ou omissão). Ou seja, onde há Lei, se manifesta o pecado. Pode ser tão somente uma motivação ou atitude errada de uma pessoa, e isso, é chamado de pecado no coração". No íntimo dos humanos, independente da cultura a que pertença, existe necessidade de estabelecer princípios de ética e normas de moral. Quando se viola a consciência moral-pessoal, surge o sentimento de culpa.

f) Relacionado com a transgressão — ‘parabasis’. Palavra que traz a conotação de transgressão, violação, desobediência, etc. A transgressão propriamente dita é um ato de desobediência consciente e deliberada. Paulo descreve isso, quando se referiu ao pecado de Adão no sentido geral. Então ele diz: No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão... (Rm 5.14). A palavra transgressão vem de uma raiz grega que é anomia e significa violação da lei, desordem, anarquia, ou ainda declínio para a margem esquerda ou direita da linha da santidade. Literalmente falando, isso quer dizer ir além do limite traçado (1 Jo 3.4,8). Em o Novo Testamento, a palavra grega parabasis, era usada com exclusividade para designar o pecado de Israel. Esse era um tipo de pecado especial dos judeus que agravava a culpa deles ante o tribunal de Deus (Js 7.15). Por isso é que lemos em Romanos 4.15: ... mas onde não há lei, também não há transgressão. É por essa razão que o pecado de Adão foi chamado de transgressão, porquanto violou um mandamento que lhe fora dado especialmente. Calvino declara, numa tradução livre de Romanos 5.14, Por igual modo, até hoje (os judeus) desonram a Cristo, ‘transgredindo’ contra o evangelho...por isso para eles a morte ainda reina.

g) Relacionado com a maldade — ‘ponêria’. Palavra que traz a conotação de malícia, maldade, iniquidade, etc. A palavra quando utilizada no plural traz o sentido de atos maliciosos em alguns textos. Algumas traduções enfocam a palavra maldade no texto de Marcos 7.22, porém o correto seria atos maliciosos. A iniquidade é um outro pecado descrito na Bíblia, como algo que fere o sentimento amoroso e a equidade de Deus. Toda a iniquidade é pecado: e há pecado que não é para morte (1 Jo 5.17). A palavra iniquidade é tomada como personificação do pecado quando este é praticado no sentido cruel. No hebraico essa palavra, é hattã’th e sua variante awôn, que significa desobediência merecedora, pela culpa, de um grande castigo (Jó 19.29; Hb 2.2). Nas Escrituras do Antigo Testamento a iniquidade já era reconhecida como tendo sentido especial, que designava o pecado em sua forma mais cruel e brutal. Davi descreve a natureza daqueles que a praticavam dizendo: Não terão conhecimento os obreiros da iniquidade, que comem o meu povo, como se comessem pão? Eles não invocam ao Senhor (Sl 14.4); enquanto que nosso Senhor Jesus Cristo, retrata a iniquidade como aquele elemento mortal que separa o homem de sua caminhada, quando exclama: Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade (Mt 7.23) e com relação a Deus o profeta Isaías apresenta o seguinte gráfico: ... as vossas iniquidade fazem divisão entre vós e o vosso Deus... (Is 59.2). Aqui, está, portanto, o verdadeiro sentido da iniquidade: aquilo que separa, ou de acordo com o conceito rabínico aquilo que coloca longe, isto é, que distancia.

h) Relacionado com aquilo que é falso — ‘paraptôma’. Palavra que traz a conotação de passo em falso, transgressão, pecado, etc. Temos um exemplo de paraptôma em Romanos 11.11 e ss., o qual relata: Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas pela sua queda (passo em falso), veio a salvação aos gentios.... Falsidade é a característica do que não é verdadeiro. De fato, o ser humano muitas vezes se sente, na nossa sociedade, quase obrigado a ser falso. A mentira, o engodo, o engano, a falsa aparência, a esnobação e a desfaçatez são gêneros de primeira necessidade nos relacionamentos entre as pessoas. O orgulho e a busca de reconhecimento trazem consigo a necessidade quase inadiável de aparentar algo que não se é. A falsidade em sua concepção traz à pessoa certos proveitos. Omitir sua condição, ou se mostrar de maneira diferente para levar vantagens, obter lucros, ascensão social, desmoralizar outras pessoas entre outros. Essa parece ser a ética do mundo. Rui Barbosa, o grande jurista brasileiro, afirmou certa vez, dentre outras coisas, que de tanto ver triunfar a mentira e a falsidade, tinha até vergonha de ser honesto. É fácil tornar um relato mais interessante acrescentando a ele alguns detalhes, como também é fácil fraudar uma história quando lhe dispensamos uma omissão ou ação. É simples deduzir que não existe o que se pode chamar de falsidade particular, ou seja, uma informação fora do verdadeiro não prejudica somente a pessoa que a pratica.

i) Relacionado com a ilegalidade — ‘anomia’. Palavra que traz a conotação de ilegalidade, transgressão, desobediência, etc. A palavra anomia é formada pela partícula negativa a (como o im do nosso português), e com o substantivo nomos o qual significa lei. Nas Escrituras Sagradas essa palavra é encontrada com mais frequência. Esta palavra pode indicar também uma ‘desobediência religiosa’ de certas normas e leis estabelecidas por Deus na sua palavra. Saul, fez por exemplo, aquilo que não lhe era lícito fazer: oferecer sacrifício como se ele pertencesse à ordem sacerdotal. Ele mesmo declara que o que fez — fez errado. ... ainda a face do Senhor não orei. E violentei-me, e ofereci holocausto (1 Sm 13.12).

j) Relacionado com a injustiça — ‘adikia’. Palavra que traz a conotação de injustiça, erro, impiedade, etc. A palavra adikia é formada pela partícula negativa a, e com o substantivo dike o qual significa direito. Em síntese é o oposto de veracidade, lealdade e integridade. Em sentido religioso, o significado do pensamento no tocante ao pecado, quer dizer: errar o alvo. Com efeito, porém, quando se aplica o conceito geral das Escrituras Sagradas, o sentido é mais vasto e tenebroso, pois o pecado é fracasso, erro, iniquidade, transgressão, contravenção, falta de lei, injustiça etc. Em seu sentido lato é sempre citado no singular, para denotar aquele princípio pecaminoso que produz a morte, tanto física como espiritual. Assim, o pecado, é então, personificado como sendo o grande tirano que impõe tristeza, desespero e morte, levando a criatura humana para uma região tenebrosa, onde ela permanecerá triste e inativa (Mt 4.16). Assim sendo, a sua característica primordial, desde o princípio, é depreendido em Gênesis 3. No pensamento humano e também angelical, o pecado tornou-se a falta de conformidade com a natureza do supremo Ser, que é Deus. A injustiça é como a inveja. Ela é uma arma sombria, usada por Satanás no campo da destruição. Por esta razão, Deus que é o Justo Juiz, manifesta sua ira contra tal atitude por parte dos homens. Paulo descreve também este pecado grosseiro, dizendo: Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens... (Rm 1.18a). Em algumas versões atualizadas, na passagem de 1 João 5.17, diz toda a injustiça é pecado, ao invés de toda a iniquidade é pecado. Essa é, talvez, a definição mais comum da injustiça. A lei fixa uma linha divisória entre o bem e o mal, entre o justo e o injusto, e qualquer passo que a transponha, é injustiça. A lei de Deus fala de um reino para aqueles que são justos (Mt 13.43), como também, de igual modo, um castigo eterno para os injustos (Ap 22.11). Os sábios helenistas que viveram antes de Cristo, usavam a palavra grega adikia, para designar delito contra Deus; dívida contraída, que não fora perdoada (cf. Mt 6.12). A Bíblia reputa os filhos das trevas como sendo inimigos de toda a justiça. Por isso são injustos (At 13.10 etc.). Do ponto de vista escatológico, Jesus é O Justo (Is 53.11), enquanto que o Anticristo será o iníquo (2 Ts 2.8). Paulo afirma que os injustos ficarão fora do céu (1 Co 6.9).

2. Definição da natureza do pecado. Por natureza, o pecado, segundo se diz, se entende como sendo qualquer falta que fere a santidade de Deus, quer em ato, atitude, estado, ou natureza. As Escrituras põem em relevo dois pontos principais ou qualidades morais: a santidade e seu antagonista, o pecado. Podese dizer que, na esfera moral, o primeiro corresponde ao Bem e o segundo ao Mal. Todos os demais princípios e qualidades morais podem ser classificados de maneira a se identificar com um desses dois grupos. E por isso mesmo o pecado, como sua antítese, recebe na Bíblia atenção ampla e adequada. Em seu escopo geral, sem nenhuma exceção, as Escrituras descrevem o pecado como sendo de natureza má em todos os seus aspectos, e como algo áspero, mau e nocivo.

a) O pecado opera em todas as esferas da vida e das atividades humanas.

1º. Na esfera moral. Quando Deus criou o homem, criou-o com um senso de responsabilidade. Jamais Deus iria dizer a um ser irresponsável: Você será como um de nós, como disse ao homem, dando-lhe instruções para sua vida e para sua prole. A responsabilidade imposta por Deus no homem envolve vários aspectos de sua vida e para que ele se conserve puro, é necessário não transgredir. A transgressão pode aparecer, em primeiro lugar, abrindo caminho nos atos ilícitos — nos crimes e contravenções. Todos estes atos e coisas semelhantes são condenados, tanto do ponto de vista religioso, como do social. Crime é a violação de uma norma de conduta imposta pela lei sob a sanção da pena. O crime pode ser cometido por um ato ou por omissão e pode ser de dois tipos: doloso — quando se trata de intenção pré-concebida de causar dano a alguém. Culposo — quando se trata da violação da lei sem premeditação, mas com imprudência, negligência ou imperícia. Mais ou menos como se fala que a pessoa humana pode pecar de duas maneiras: por omissão — quando sabe fazer o bem e não o faz. Aquele pois que sabe fazer o bem e o não faz, comete pecado (Tg 4.17), — e por comissão (Lc 3.19,20).

2º. Na esfera da santidade. A santidade é a regra geral de Deus em ambos os Testamentos. No Antigo, Ele disse: Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo (Lv 19.2). Em o Novo, Paulo diz: ... esta é a vontade de Deus, a vossa santificação (1 Ts 4.3), e acrescenta: ... o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo" (1 Ts 5.23). Assim, tudo que pertence a Deus, ou com Ele se relacionar, deve ser santo. Primeiro: a Trindade — Deus (Lv 19.2); Jesus (Lc 1.35); o Espírito Santo (Rm 1.4). Segundo: as coisas e os seres — a terra (Êx 3.5); o sábado (Gn 2.3; Êx 20.8; 31.14; Ne 13.22); as sobras dos sacrifícios (Êx 29. 34); o óleo da santa unção (Êx 37.29); as festas (Lv 23.2); o monte do Senhor (Sl 15.1); a aliança (Dn 11.30); a comida (1 Tm 4. 3-5); os dízimos (Lv 27.32); a oferta (Mt 23.19); o sangue (Hb 10.29); os anjos (Mt 25.31); os apóstolos e os profetas (Ap 18.20); os crentes (At 20.32; 26.18); os vasos (2 Tm 2.21); o altar (Êx 40.10); o caminho (Is 35.8); a cidade (Mt 4.5); o jejum (Jl 1.14; 2.15); os sacrifícios (Rm 12.1) os primogênitos dos filhos de Israel e dos seres (Êx 13.2; Dt 15.19). Este é o motivo porque o Diabo detesta e não quer santidade — porque do lado de Deus, tudo é santo e santificado.

3º. Na esfera da verdade. O primeiro pecador foi um mentiroso e introduziu o pecado na esfera humana, começando com uma mentira (Gn 3.1-5; Jo 8.44). Depois ele incentivou aos homens, fazerem da mentira um lugar de refúgio. No futuro, o Anticristo fará da mentira o refúgio de seu governo e a base de suas palavras. Na presente dispensação o espírito do Anticristo mente descaradamente, procurando negar a origem de nosso Senhor Jesus e de sua obra redentora. Também procurará, a todo custo, ocultar a concepção virginal do Filho de Deus, dizendo que, cientificamente, isso é impossível. Mas a palavra divina o chama de mentiroso, dizendo: Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo, esse mesmo que nega o Pai e o Filho (1 Jo 2.22).

4º. Na esfera da conduta fraternal. O princípio fundamental da fraternidade é o amor. E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22.37-39). A justiça da fraternidade deve estar inclinada para com o próximo. Esses deveres referem-se à pessoa física, à pessoa moral, à propriedade e ao trabalho alheio. De acordo com as regras estabelecidas, os deveres para com a pessoa alheia envolvem os seguintes requisitos — o respeito que se deve ter pela vida do próximo, que inclui não praticar:

O homicídio

A violência

A mutilação

A injúria

O duelo etc.

Lamentavelmente, o pecado violou e tem violado todos estes princípios fundamentais para o norteamento da conduta humana.

5º. Na esfera da sabedoria. Por meio da sabedoria, Deus capacitou a mente humana para entender todos os fatos e circunstâncias, leis e princípios, tendências, influências e possibilidades. A sabedoria encerra tudo: matéria primeira (celestial, humana e natural), poder e perícia. O Diabo, porém, por meio do pecado, procura dominar a esfera mental da sabedoria, e no lugar da sabedoria que Deus dera ao homem, implantar a sua própria sabedoria. Mas essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica (Tg 3.15).

6º. Na esfera do julgamento. Alguém divide as leis em dois grupos: leis da natureza e leis da mente. São termos usados para denotar princípios lógicos para que aquilatemos e julguermos qualquer coisa.

(I) A Lei Elementar. Esta é a lei entretecida nos elementos, substâncias e forças das criaturas racionais e irracionais. Por ser entretecida na constituição do universo material, chamamo-la de lei física ou natural. A lei física é e não é necessária; alguma outra ordem é concebível. Nem é tampouco um fim em si própria; existe por causa da ordem moral. Portanto, a ordem física tem uma substância apenas relativa; às vezes Deus a suplementa através de um milagre.

(II) A Lei Promulgada. Promulgação Positiva é a expressão da vontade de Deus em decretos publicados. Estes consistem de seus preceitos definitivamente morais, tais como o Decálogo (Êx 20); o Sermão do Monte (Mt 57). No Novo Testamento, todos os mandamentos são repetidos e sancionados com exceção do quarto. Consistem também da legislação cerimonial. Estes são: as ofertas (Lv 17), as leis do sacerdócio (Lv 810), as leis da pureza (Lv 1115). O pecado, com sua condução iníqua ignora todas as leis e normas estabelecidas por Deus — contudo, elas estão aí para serem observadas.

7º. Na esfera mental. A loucura espiritual é pior do que a loucura psicossomática. A Bíblia diz que ... mesmo os loucos, não errarão o caminho da vida (Is 35.8b). Enquanto que aqueles doentes da mente por causa do pecado, ignoram o caminho da salvação. Os loucos zombam do pecado... (Pv 14.9a). O pecado os tornou vítimas do ... deus deste século (o Diabo, que) cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus (2 Co 4.4).

b) O pecado torna o homem impuro perante Deus. Um dos aspectos sombrios da natureza do pecado é a impureza. Ele torna o homem impuro de mente e de coração, com a finalidade de afastá-lo de Cristo, que disse: Bemaventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus (Mt 5.8). Paulo relaciona a impureza com a torpeza (Ef 5.4). Segundo o Dicionário Aurélio, esta palavra tem os seguintes sentidos: desonesto, impudico, infame, repugnante, manchado, nojento, obsceno, indecente, vergonhoso, ignóbil, etc. Já o vocábulo grego aischrotes, empregado na citação que está em foco, significa feiúra, iniquidade. O termo envolve toda e qualquer imundície praticada com extravagância ou tortura, por alguém da mente doentia.

3. O pecado desperta a ira de Deus. Visto ser o pecado de natureza má, e evidentemente, nociva, este desperta aversão a ira da parte de Deus. Porém, este estado de ira de Deus contra o pecado é retratado como ferindo somente os ímpios. Embora Deus ame o pecador, contudo, Ele aborrece o pecado. E por causa deste, seu estado de ira recai sobre aquele que peca e continua pecando, sem se voltar para o arrependimento. Nesse caso, a ira divina se manifesta cada dia. O Senhor é longânimo para ira, isto é, seus passos são lentos quando seguem nessa direção (Nm 14.18; Ne 9.17; Sl 103.8; Jl 2.13), mas quando observa coisas que lhe desagrada ou vê manifestar-se o pecado, sua ira se manifesta (Nm 11.1; Rm 1.18; Tg 2.13). E ninguém pode subsistir a ela (Sl 76.7,8; Ap 6.16,17). Quando o pecado fere a santidade divina, desperta a ira de Deus, que é santa, sem sombra de pecado. Sendo livre, ela se exerce contra o pecado (cf. Os 11.9). Jesus Cristo, por exemplo, animou-se desta ira quando olhou os ouvintes de coração endurecido (Mc 3.5), pois a ira divina

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