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Análise do Discurso e Psicanálise: Matrizes Institucionais do Sujeito Psíquico
Análise do Discurso e Psicanálise: Matrizes Institucionais do Sujeito Psíquico
Análise do Discurso e Psicanálise: Matrizes Institucionais do Sujeito Psíquico
E-book185 páginas4 horas

Análise do Discurso e Psicanálise: Matrizes Institucionais do Sujeito Psíquico

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Sobre este e-book

Em Análise do Discurso e Psicanálise, temos à nossa disposição um denso e complexo trabalho intelectual que propõe – como objeto institucional do exercício da Psicologia – um modo de pensar as relações no discurso, tal como imaginadas por aqueles que as fazem, constituintes de subjetividade e contextualizadas pelo enlace entre lugares instituídos e singularidades históricas. Um trabalho que, assim, não define (mais) uma teoria do sujeito ou (mais) uma teoria da técnica, mas que delimita um campo específico a partir de uma estratégia conceitual-metodológica pela qual se pode pensar o exercício da Psicologia – em diferentes esferas da atuação profissional – como Análise Institucional do Discurso e como analítica da subjetividade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de jul. de 2019
ISBN9788547313326
Análise do Discurso e Psicanálise: Matrizes Institucionais do Sujeito Psíquico

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    Análise do Discurso e Psicanálise - Marlene Guirado

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSI

    Para Luisa.

    Apresentação da terceira edição

    Esta é a terceira edição de um livro que abriu, já em 1996, uma discussão que é até o momento intrigante: as possibilidades de pensar a Psicanálise para além do contexto no qual foi forjada e teve suas práticas consagradas, o consultório.

    Apesar de a escritura ter se mantido a mesma em suas linhas mestras, foram feitos acréscimos e alterações para abarcar o que, no decorrer de 20 anos, continuamos investindo no trabalho com esse tema, tanto no nível da pesquisa e dos arranjos conceituais quanto no nível dos desafios que a experiência concreta tem apresentado. É que o que instrumenta nossa ação em Psicologia é uma determinada estratégia de pensamento que coloca a Psicologia aproximada da Psicanálise (entre suas várias possibilidades de acontecer, historicamente), por um recorte intencional e justificado conceitualmente, e esta (a Psicanálise), na fronteira com outras áreas do conhecimento como a Sociologia das instituições concretas, a Análise do Discurso francesa e as ideias de M. Foucault. Nesse movimento, o saber psicanalítico recebeu um atento trabalho de ajustes da teoria e da técnica, para que se pudesse voltar a exercer a psicologia num terreno marcado sobretudo pelo pensamento de Foucault.

    Recentemente, nomeamos tal estratégia de pensar/fazer nossa profissão, da pesquisa à clínica, com todos os cuidados para garantir as especificidades dos contextos nos quais ela se exerce, de Análise Institucional do Discurso como Analítica da Subjetividade¹. Em diversos momentos desta edição, remetemos o leitor às atualizações necessárias.

    Pois bem. O presente livro foi o passo decisivo para essa orquestração do que hoje chamamos de método (AID). Como adianta o título, ele centra-se na Análise do Discurso (em seus princípios e em suas definições de campo e objeto) e na Psicanálise. Busca estabelecer diferenças e articulações pontuais em que isso é possível. Mais propriamente, na ADF pragmática de Dominique Maingueneau porque, como a análise das instituições concretas, alinha-se aos ditos e escritos de M. Foucault, bem como na psicanálise de Freud, porque foi nela que suportamos a configuração de um objeto institucional à psicologia.

    O subtítulo, entretanto, reserva a resultante dessas aproximações, diferenças e articulações pontuais: a discussão sobre sujeito/subjetividade de que se pode falar a partir desse pensar na interface com outros saberes. As Partes III e IV dedicam-se a apresentar até onde se chegou com o trabalho conceitual prometido: o matriciamento institucional do sujeito psíquico, a metáfora do sujeito-dobradiça como operador das análises de discursos. Mais: os relatos de experiências de pesquisa, da clínica e de supervisão institucional na saúde pública, bem como um texto sobre a necessidade de ajustes teóricos além dos técnicos quando a psicanálise e/ou o atendimento psicológico se fazem junto a instituições outras como a do próprio ensino da psicologia (clínicas-escola).

    É assim que o leitor terá em mãos um trabalho que, dentro de um recorte conceitual-metodológico, toma a liberdade de propor e demonstrar as possibilidades de pensar na fronteira entre áreas do conhecimento.

    Deixo a encargo do Prefácio, de Lucas Bullara da Silva, desta terceira edição, a análise circunstanciada desta produção intelectual, tanto numa perspectiva dos argumentos internos ao texto quanto em suas relações com outros textos.

    Creio que a leitura surpreenderá!

    Marlene Guirado

    Julho/2017

    PREFÁCIO

    Na consolidação de um discurso, uma nova política de produção de saber

    Publicado originalmente em 1995, o livro que o leitor tem agora em mãos, em sua terceira edição, com revisões e ampliações, permanece como uma das teses conceituais mais importantes na história do pensamento de Marlene Guirado e da constituição do campo de produção de conhecimento hoje nomeado Análise Institucional do Discurso (AID). Talvez a melhor maneira de o descrever seja como um divisor de águas, um acontecimento discursivo cujo impacto redefine elaborações intelectuais já bem configuradas e institui novos contornos para aquilo que até os dias atuais continua a sustentar as proposições da pensadora.

    Marcada pelos efeitos da atuação profissional concreta da autora, a produção deste livro atesta uma preocupação em repensar o próprio exercício da Psicologia como área de intervenção e de pesquisa. Uma preocupação, inclusive, que já se mostra no discurso de Guirado em publicações que antecedem a do presente texto, desde meados da década de 80 do século XX.

    Como exemplo, podemos destacar os livros Instituição e Relações Afetivas: o vínculo com o abandono, de 1986, e Psicologia Institucional, de 1987. Dois trabalhos centrais que nos permitem, como um recorte, contextualizar o texto que agora está em questão: justamente porque, mesmo que produzidos em contextos de enunciação diversos e versando sobre temas distintos, ambos apontam, já, a tendência no modo de produção do discurso de Guirado... Tendência essa cuja particularidade ganha expressão privilegiada no presente livro: a possibilidade de exercer a Psicologia na fronteira com outras áreas do conhecimento, a partir de uma estratégia conceitual de pensamento.

    No caso do trabalho de 1986, a autora desenvolve uma pesquisa sobre as relações e os vínculos afetivos possíveis no contexto institucional da antiga Febem... contudo ela o faz segundo um modo muito singular de pesquisar, diferente daqueles que até então se reconheciam na área. Já em 1987, ela discute a atuação profissional de psicólogos em instituições concretas... entretanto ela o faz propondo um modo muito peculiar de pensar a própria Psicologia e o seu exercício. Embora diferentes, tais trabalhos permitem reconhecer – no modo de produção do discurso de Guirado – a recorrência de estratégias intelectuais que delimitam certo jeito de pensar a Psicologia, operadas a partir de rigorosas interfaces com outros campos do saber e marcadas pelo reconhecimento do caráter político do exercício profissional. É possível propor que nessas estratégias repousam os primeiros movimentos de constituição da Análise Institucional do Discurso.

    Este livro – Análise do Discurso e Psicanálise: matrizes institucionais do sujeito psíquico –, entretanto, delimita outro cenário na história do pensamento de Guirado e da AID: para além dos primeiros movimentos que alicerçam um discurso, ele aqui toma forma conceitualmente. Dos anos finais da década de 1980 aos da primeira metade de 1990, a produção e a extensão do discurso da autora – no exercício cotidiano da docência, da clínica, da pesquisa – parecem culminar numa obra que inaugura oficialmente o método que veio a ser chamado de Análise Institucional do Discurso (mesmo que, no contexto deste trabalho, tal nomeação específica não tenha sido cunhada).

    Assim, tratando o discurso de Guirado, a partir desse enfoque na história de constituição da AID, é como se no presente trabalho fosse possível reconhecer o ponto de convergência entre um método de pesquisa, proposto em 1986, um modo de pensar o exercício da psicologia como instituição, defendido em 1987, e o trabalho clínico (tal como o leitor poderá verificar ao longo dos argumentos da autora). E, na complexidade dessa convergência, produz-se a ocasião de, entre novas elaborações conceituais, dispor certa maneira de pensar o sujeito e a subjetividade... sem a necessidade de operar com a suposição de alguma interioridade psíquica, subordinando a condição de produção do psíquico ao matriciamento institucional da singularidade. Na contramão daquilo que mais comumente reconhece-se no campo da Psicologia como... o psicológico.

    Aí está o caminho pelo qual escolhemos apresentar, nesta nova edição, este (ainda) inédito trabalho de Guirado. Como o momento no qual a enunciação das ideias da autora consolida a AID como discurso. O discurso de uma estratégia de pensamento como prática de produção de saber psicológico.

    Para aqueles que toparem o desafio, arriscando pensar para além daquilo que normatizamos e naturalizamos no fazer mesmo de nossa profissão, as páginas a seguir são uma verdadeira aventura intelectual que, na mesma medida, exige rigor e seriedade enquanto recompensa o pensamento com a liberdade de não repetir. E podemos garantir: a escritura favorece a compreensão. É só acompanhar a autora...

    As palavras que abrem o texto levam-nos numa espécie de viagem no tempo, pelas trilhas do percurso profissional e acadêmico de Guirado. Esse movimento coloca – de partida – as ideias ali desenvolvidas em estrita implicação com os contextos enunciativos que delimitam as condições de possibilidade de sua constituição. De rebote, é retomada a inegável vertente institucional de seu trabalho, junto à insistente preocupação com os efeitos políticos do exercício profissional cotidiano. Tudo isso, como que nos levando, entre núcleos de acaso e acontecimentos discursivos, ao tema central do livro: discutir a possibilidade de pensar um trabalho clínico apoiado em certo tipo de análise de discurso, tal como operada em estudos acadêmicos... uma análise de discurso específica, tomada a partir de uma interlocução com a psicanálise freudiana para que se proponha um modo de pensar um sujeito no e do discurso em análise.

    Análise do Discurso e Psicanálise, portanto. Áreas do saber diversas, até mesmo distantes, mas que se sustentam na proposta da autora justamente pela construção de interfaces possíveis. Eis o caráter indispensável, sempre declarado, da noção de recortes para o texto de Guirado, como aquilo que lhe permite circular entre tais áreas do saber distintas sem fincar raízes em suas regras de produção de verdade, embora com o rigor de trabalhar no limite das diferenças irreconciliáveis e pelo horizonte das articulações possíveis e pertinentes. Sempre no reconhecimento da instabilidade e das tensões que facultam o desenho de fronteiras entre campos do conhecimento.

    A tese defendida nas páginas que se seguem, por conseguinte, está abertamente circunscrita nesse e contextualizada por esse pano de fundo metodológico.

    Que se acompanhem, nesse sentido, as minuciosas descrições feitas ao longo do livro. Desenvolvendo uma apresentação geral do campo da Análise do Discurso e de sua multiplicidade, Guirado é precisa ao circunscrever com qual análise de discurso ela se propõe a trabalhar: aquela de Dominique Maingueneau, de tendência pragmática. Do detalhamento de noções como formação discursiva e enunciação à questão da cena enunciativa e do sujeito, sua discussão mostra um esforço de rigor ao buscar articular tais ideias com o aparato conceitual por ela já construído anteriormente, numa interlocução com a sociologia de José Augusto Guilhon Albuquerque. Articulações em fronteiras possíveis, sempre, suportadas por certa maneira de se apreender a noção de discurso.

    Não é à toa que em seu trabalho encontramos uma análise ímpar do texto A ordem do discurso, de Michel Foucault: as ideias desse autor (nas quais se baseiam tanto as proposições de Maingueneau como aquelas de Albuquerque) figuram como discurso fundamental na sustentação das interfaces construídas por Guirado, como uma pedra de roseta das tensões constitutivas da linguagem conceitual-metodológica proposta pela autora.

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