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Rumo a Canaã
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E-book317 páginas5 horas

Rumo a Canaã

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Sobre este e-book

Neste estimulante estudo, Oren Martin demonstra como, dentro do quadro redentor-histórico do plano de Deus, a promessa da terra avança para o lugar do reino que se perdeu no Éden. Essa promessa também serve como um tipo em toda a história de Israel, que antecipa a terra ainda maior, preparada para todo o povo de Deus, que resultará da pessoa e obra de Cristo e que será apreciada na nova criação para a eternidade. Dirigindo-se a questões-chave na teologia bíblica, a obra é um esforço criativo para ajudar os cristãos a entender melhor a Escritura.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de set. de 2019
ISBN9788576228455
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    Rumo a Canaã - Oren R. Martin

    concedida

    Prefácio do autor

    Este livro é uma ampla revisão da minha dissertação (Martin, 2013) e, embora ele leve o meu nome, não reivindico todo o mérito. O Senhor fez com que inúmeras pessoas cruzassem o meu caminho para incentivar-me durante o processo. Acima de tudo, sou grato pela maravilhosa oportunidade de ter tempo para poder concentrar-me na riqueza da sua Palavra pesquisando um tema crucial na teologia bíblica. Nesse empreendimento encontrei muita satisfação e por essas bênçãos sou profundamente grato.

    Seria necessário escrever outro livro apenas para agradecer o grande número de pessoas que oraram por mim e me encorajaram, mas gostaria de registrar minha gratidão especial por algumas delas. Agradeço aos meus pais, Bob e Nancy Wilson, e aos meus cunhados Lou e Mary Ann Abshire, pelo constante apoio e encorajamento. Também quero agradecer a alguns amigos que tanto me ensinaram quanto me encorajaram ao longo da escrita, e o resultado disso é que este livro ficou melhor: Ryan Lister, J. T. English, Matt Hall e John Meade.

    Sou especialmente grato a Bruce Ware, Tom Schreiner e Stephen Wellum, que são professores no Southern Baptist Theological Seminary, não apenas pela orientação e supervisão, mas também pelo encorajamento e aconselhamento. É um privilégio poder dizer que estudei com esses homens e, ainda mais, poder chamá-los de amigos. Também agradeço à Clifton Baptist Church, em Louisville, Kentucky, onde servi como pastor enquanto escrevia este livro, pelas incontáveis maneiras como ela tem usado os santos de lá para aumentar nosso amor pela glória de Deus em Cristo e em seu povo. Também sou grato pelos homens com quem pastoreei, em especial John Kimbell, Jeremy Pierre, Tom Schreiner e Shawn Wright, que constantemente incentivaram-me a ser fiel e a olhar para Cristo. Eles são presentes inestimáveis de Deus.

    Sou grato a Philip Duce, editor sênior de aquisição de livros teológicos na Inter-Varsity Press (Reino Unido), pelas suas interações graciosas, seu encorajamento e trabalho editorial que tornou este um livro melhor. Sou particularmente grato a Michael Dietzel, Joseph Pieri e Joel Rosario que habilmente me auxiliaram e fizeram o trabalho árduo de editar a bibliografia e as notas de rodapé. A tarefa amorosa deles poupou-me incontáveis horas e não tenho palavras que lhes possam demonstrar minha gratidão. Obrigado a Don Carson, o editor da série, por ter aceitado meu trabalho. Ao longo dos anos desenvolvi uma grande admiração pelos seus escritos e por esta série, e o admiro ainda mais pelos seus comentários úteis e encorajadores. Para mim é um privilégio enorme colaborar com uma série que tem contribuído muito para o meu próprio crescimento em Cristo e meu entendimento da sua Palavra que dá vida.

    Dedico este livro à minha amada esposa, Cindy, que não apenas nos deu três encantadores e lindos filhos – Jonathan, Anna e Benjamin – mas que também tem sido minha melhor amiga e fiel conselheira. Eu a amo mais do que nunca e não consigo imaginar minha vida sem ela. Ela é um lembrete diário de que a graça de Deus é maravilhosa e imerecida.

    Finalmente, e o mais importante, sou grato pelo fato de que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Esta obra não é resultado das minhas habilidades, mas da graça transformadora do nosso poderoso Deus. Minha oração é que Deus, que cumpre todas suas promessas salvíficas em Cristo, e que trabalha tudo de acordo com seu conselho e vontade, receba toda a glória por todo bem que possa vir deste livro, pois sua glória em Cristo é a alegria eterna do seu povo.

    Oren R. Martin

    Abreviações

    CAPÍTULO UM

    Teologia bíblica

    e a promessa da terra

    O lugar importa. Assim como Gênesis começa com a criação, em que os seres humanos vivem na presença do Senhor, do mesmo modo Apocalipse termina com uma criação ainda mais gloriosa na qual todos os remidos habitam com o Senhor e seu Cristo. Mas é crucial observar o desenvolvimento histórico entre o início e o fim, pois a jornada do Éden para a nova Jerusalém passa pela terra que foi prometida a Abraão. Em outras palavras, a Terra Prometida assume um significado especial depois da expulsão do Éden, pois ela é o lugar em que o povo de Deus irá mais uma vez viver sob seu senhorio e vivenciará sua abençoada presença. Então, a Terra Prometida liga o início e o fim.

    De uma perspectiva mais ampla, o Éden é apresentado como o reino inaugurado, e a nova Jerusalém é apresentada como o reino consumado, no qual o reino do mundo é o reino de Deus (Ap 11.15; 21.1–22.5).

    Assim, não é de admirar que o Antigo Testamento concentre-se na extensão do reino de Deus na terra de Israel. Em outras palavras, o projeto de Deus com Abraão e por meio dele é restaurar as condições originais do reino criado descrito em Gênesis 1–2, que não estará completo até que as primeiras coisas tenham passado e que sejam feitas novas todas as coisas (Ap 21.4-5). Assim, a convergência entre terra e reino, que se inicia no Éden, será consumada na nova Jerusalém. No intervalo entre essas duas extremidades históricas, Deus restabelecerá o seu reino na terra por meio de Abraão e da sua descendência vivendo na terra da promessa.

    O objetivo deste estudo é demonstrar que a terra prometida a Abraão desenvolve o lugar do reino que foi perdido no Éden, e ao mesmo tempo funciona como um tipo que no decorrer da história de Israel antecipa a terra mais grandiosa – preparada para todo o povo de Deus ao longo da História – que virá como resultado da pessoa e da obra de Cristo. Em outras palavras, a terra e as suas bênçãos encontram o seu cumprimento no novo céu e na nova terra obtidos por Cristo. Quando cada lugar do povo de Deus é situado dentro do contexto histórico-redentor do plano de Deus, a terra prometida a Abraão é entendida como um cumprimento progressivo do reino de Deus na terra. Portanto, a terra prometida ao povo de Deus, que foi possuída pelo povo de Deus e perdida em várias ocasiões ao longo do Antigo Testamento apontava para algo maior, algo que o povo de Deus de todas as épocas, em relação a Cristo, usufruirá eternamente na nova criação.

    Para entender a promessa da terra no plano de Deus, vamos examinar o desdobramento do tema da terra ao longo das Escrituras. Isto é, será feita uma investigação do tema à medida que ele se desenvolve do Antigo até o Novo Testamento, da promessa até o cumprimento. Essa investigação mostrará que a terra prometida a Abraão, que foi habitada e perdida ao longo da história de Israel, é importante porque retoma o lugar do reino de Deus perdido no Éden, desse modo servindo como um lugar subsequente no plano de Deus que está em desenvolvimento. Além disso, da perspectiva do exílio de Israel, esse lugar tanto antecipa a vinda de Jesus Cristo, que obtém uma nova criação para o seu povo quanto prepara o meio para essa vinda. E embora aqueles que estão unidos a Cristo por meio da fé na presente era da história da salvação desfrutem de toda bênção espiritual nos lugares celestiais, eles ainda esperam pelo seu destino definitivo – o novo céu e a nova terra – para os quais a terra da promessa apontava.

    A promessa da terra na erudição bíblica

    O tema da terra nas Escrituras é um componente importante na estrutura bíblica de promessa e cumprimento.¹ Curiosamente, ele não tem recebido muita atenção no que diz respeito a uma teologia bíblica da Bíblia como um todo.² O interesse pela terra de um ponto de vista teológico é relativamente novo na história da igreja.³ Essa observação não surpreende, dado o foco em Israel desde meados do século 20. Mesmo assim, teologias da terra que tenham uma exegese cuidadosa, que sejam bem fundamentadas na Escritura e que também sejam sistematicamente sensíveis são relativamente poucas. No entanto, é interminável a quantidade de livros que tratam da terra de um ponto de vista sociológico, ou que tratam do relacionamento entre terra/propriedade e ética.⁴ Então, esta seção pretende resumir e avaliar de modo breve as abordagens teológicas que foram desenvolvidas até o presente em

    relação à terra.

    A importância da terra como tema teológico foi descrita por Gerhard von Rad.⁵ Na sua esteira, surgiram várias outras obras dedicadas ao assunto. Dois livros publicados por volta da mesma época tratam a questão da terra como um tema bíblico-teológico de maior abrangência – Walter Brueggemann e W. D. Davies – e ambos citam o trabalho anterior de von Rad.⁶ Conquanto essas obras apresentem tratamentos abrangentes do tema bíblico da terra, ambas deixam a desejar em vários sentidos. Por exemplo, em relação a uma teologia bíblica da Bíblia como um todo,⁷ Brueggemann dá pouca atenção às passagens do Novo Testamento, e isso limita a sua análise do desenvolvimento da terra ao longo de todo o cânon cristão. Além do mais, a sua ênfase existencial e sociológica influencia o seu entendimento da terra.⁸ Em relação a

    Davies, quando se trata da natureza da Escritura, seu trabalho está repleto de uma antiquada visão da crítica da forma dos Evangelhos. Além disso, ele conclui que o Novo Testamento espiritualiza a terra e a desloca para Cristo.⁹ Como este livro mostrará, essa visão não apresenta de modo suficiente o cumprimento no Novo Testamento do que o Antigo Testamento antecipou.

    Outras três obras examinam o conceito da terra de uma perspectiva do Antigo Testamento. Em primeiro lugar, Moshe Weinfeld contribui para a discussão da terra com uma obra exegética substancial.¹⁰ Apesar de útil em seu trabalho exegético a respeito das passagens relevantes do Antigo Testamento, ele não consegue sintetizar isso numa teologia coerente. Por exemplo, em relação a diferentes visões das fronteiras da Terra Prometida, ele detecta atividade redacional e conclui que são visões contraditórias.¹¹ Sem dúvida essa falta de coerência pode ser atribuída à sua simpatia por visões críticas da Bíblia, especificamente a hipótese documentária. Em segundo, Norman Habel identifica seis ideologias no Antigo Testamento a respeito da terra: real, teocrática, residência ancestral, profética, agrária e imigrante.¹² Mas em vez de propor uma teologia bíblica abrangente, Habel busca relacionar a terra com conceitos econômicos, sociais, políticos e religiosos. Por último, e mais próximo à abordagem deste livro, Arie Leder trata a terra como uma teologia progressiva e coerente.¹³ Porém, ele restringe seu estudo ao Pentateuco antes de fazer a aplicação à Igreja. Portanto, uma teologia bíblica mais abrangente da Terra Prometida é necessária.

    Também há capítulos de livros e artigos que abordam o tema da terra no contexto do seu argumento principal. Primeiro, algumas teologias do Antigo Testamento limitam a discussão da terra a no máximo alguns capítulos, que com frequência são limitados a Deuteronômio e/ou Josué.¹⁴ Já outras teologias do Antigo Testamento incorporam a terra num dos seus temas centrais, desse modo dando-lhe maior proeminência.¹⁵ Segundo, há capítulos de livros e artigos dedicados a um ou mais aspectos de uma teologia da terra de várias tradições teológicas.¹⁶ Conquanto todos esses capítulos e artigos esclareçam o tema da terra de um modo único, eles não são abrangentes. Por último, G. K. Beale dedicou um capítulo da sua teologia do Novo Testamento onde relaciona as promessas de terra a Israel, ao cumprimento das profecias de restauração e da nova criação de Israel em Cristo e na Igreja.¹⁷ Apesar de ser semelhante ao argumento deste estudo, a análise de Beale a respeito do desenvolvimento da promessa de terra no Antigo Testamento é breve, e ele rapidamente mostra o cumprimento no Novo Testamento.

    Algumas obras mais recentes estão mais próximas deste estudo. Primeiro, um volume organizado por Philip Johnston e Peter Walker assemelha-se em alguns pontos à presente análise do tema da terra, especialmente os dois primeiros capítulos escritos por Paul Williamson e T. Desmond Alexander.¹⁸ Os colaboradores procuram oferecer perspectivas bíblicas, teológicas e contemporâneas a respeito da terra da promessa, embora de perspectivas diferentes.¹⁹ Contudo, a discussão sobre a terra é limitada por causa das visões conflitantes dos colaboradores (p. ex., cristãos palestinos, cristãos judeus). Segundo, uma obra recente de Gary Burge é mais promissora em relação à natureza e à abrangência da Escritura.²⁰ Burge primeiro tenta integrar tanto o Antigo quanto o Novo Testamento e depois mostrar como Jesus e o Novo Testamento reinterpretam a terra. Ele argumenta que Jesus é o grande rearranjador da terra e que todas as propriedades da terra santa agora estão realocadas nele.²¹ No entanto, muitos irão rejeitar suas conclusões porque ele não fornece base suficiente do Antigo Testamento para suas conclusões a respeito do Novo Testamento.²² Terceiro, Craig Bartholomew liga a terra prometida a Abraão ao tema mais amplo de lugar.²³ Mediante uma investigação bíblica, teológica, filosófica, histórica e prática, ele alerta seus leitores sobre a importância do lugar para a humanidade à medida que ela busca armar o jogo em suas cidades, jardins, lares e numa miríade de diferentes tipos de locais. Contudo, o propósito primordial do trabalho de Bartholomew não é examinar de maneira compreensiva a promessa da terra e seu lugar na história da redenção, mas sim reorientar os seus leitores, pela Escritura e pelo melhor da tradição cristã, na recuperação do lugar hoje.²⁴

    Finalmente, Peter Gentry e Stephen Wellum traçaram uma via media entre a teologia dispensacionalista e a teologia da aliança, uma investigação sobre o projeto de Deus de concretizar seu reino por meio de alianças, examinando de modo cuidadoso cada aliança bíblica dentro do seu próprio contexto histórico-redentor e no seu relacionamento com a chegada da nova aliança feita na pessoa e na obra de Jesus Cristo. Os últimos capítulos resumem e relacionam as implicações teológicas do reino por meio da aliança com os diversos loci teológicos, entre eles a promessa da terra.²⁵ Embora meu estudo esteja em substancial concordância com Kingdom through covenant [Reino por meio de aliança], de Gentry e Wellum, ele pretende ir mais fundo ao concentrar-se apenas no tema da terra.

    Algumas conclusões podem ser tiradas a partir dessa breve avaliação. Primeiro, apesar de vários livros e artigos tratarem do assunto da terra, muitas vezes o seu desenvolvimento teológico está emaranhado em questões éticas ou sociopolíticas, como o conflito Israel-Palestina. Segundo, apesar de várias teologias estudarem o tema da terra, muitas restringem o assunto à teologia do Antigo Testamento. Além disso, teologias do Antigo Testamento que tratam da terra geralmente limitam-se a Gênesis, Deuteronômio e/ou Josué. Terceiro, muitos argumentam que o Novo Testamento não dá continuidade à promessa da terra, por isso a teologia do Novo Testamento, de modo geral, não tem investigado como surge o tema da terra.²⁶ Consequentemente, uma teologia da terra permanece problemática para a teologia do Novo Testamento. Por fim, é necessário mais estudo sobre o tema da terra a partir de uma teologia da Bíblia como um todo. Portanto, esta obra busca esclarecer e completar o que está faltando.

    Abordagem e pressuposições

    Obras recentes de teologia bíblica têm tentado argumentar que não há ponto ou tema central que sintetize a rica e multifacetada mensagem da Escritura.²⁷ Paul House afirma: Deveríamos abandonar a ideia de que um tema, e apenas um tema, é o tema central da Bíblia, e começar a ressaltar os temas principais que abarcam outras ideias e subtemas.²⁸ Essa conclusão encontra apoio dada a diversidade do Antigo e do Novo Testamento. De acordo com James Dunn, é mais fácil ver um ponto central para o Novo Testamento devido ao foco unificado em torno de Cristo e da fé nele como o Senhor, mas quando o Antigo Testamento é incluído no escopo desse centro teológico, a busca por uma formulação única nunca foi satisfatoriamente resolvida.²⁹ Essa é a conclusão a que geralmente se chega porque nenhum centro é amplo o suficiente para englobar a múltipla variedade de textos bíblicos.³⁰ Porém, isso não significa que não há unidade na diversidade. De acordo com Richard Lints, o pressuposto de uma estrutura teológico-evangélica deve ser a unidade na diversidade dos Testamentos – e a unidade existe antes da diversidade, uma vez que trata do único Deus manifestando-se na diversidade das épocas históricas.³¹ Portanto, a continuidade entre as diferentes partes das Escrituras, entre o Antigo e o Novo Testamento, pode e deve ser ancorada no único Deus trino que lhe deu origem. Com essas qualificações em mente, é possível buscar uma teologia canônica.

    O propósito deste trabalho não é resumir nem entrar no debate sobre um/o ponto central da teologia bíblica. Se um ponto central é escolhido, é possível que outros temas que se manifestem no texto de maneira central sejam ignorados. Ao mesmo tempo, também é razoável concluir que alguns temas são melhores que outros para explicar a mensagem da

    Escritura à medida que estão ligados a ela e incorporam outros temas importantes. J. L. McKenzie afirma que a teologia do Antigo Testamento deve ser baseada naqueles temas que ocorrem com mais frequência e que parecem ser vitais para dar à crença do Antigo Testamento sua identidade distintiva.³² Essa ideia pode ser ampliada a uma "teologia bíblica da

    Bíblia como um todo",³³ porque assim como um tema no Novo Testamento não pode ser analisado sem levar em consideração as suas raízes no

    Antigo Testamento, do mesmo modo um tema no Antigo Testamento não pode ser examinado à parte do seu cumprimento no Novo Testamento.³⁴

    Assim, temas que se desenvolvem ao longo de todo enredo da Escritura devem ser seguidos até o seu clímax na pessoa e obra de Cristo.

    Por exemplo, várias teologias bíblico-canônicas do Antigo e do Novo Testamento foram organizadas em torno de temas centrais como Deus, ou reino de Deus,³⁵ aliança,³⁶ presença de Deus,³⁷ eleição,³⁸ Messias,³⁹ vice-regência humana (Gn 1.26-28)⁴⁰ e nova criação.⁴¹ Outras concentraram-se em alguma variação multitemática.⁴² Obras como essas demonstram que na Escritura há uma unidade na diversidade – um todo à luz das partes – que manifesta a riqueza da Palavra de Deus. Nas palavras de Al Wolters, há conexões entre qualquer parte da Escritura e o todo da história bíblica.⁴³ Juntamente com esses temas importantes e inter-relacionados, temas adicionais vão surgindo numa leitura cuidadosa da Escritura que demonstram os tesouros da Palavra de Deus e do seu plano redentor na História, um plano que foi inaugurado e que atingirá seu ápice congregando em Cristo todas as coisas: coisas nos céus e coisas na terra (Ef 1.10). O objetivo deste estudo é demonstrar que o tema da terra é um tema importante porque faz parte da complexa rede de alianças bíblicas.⁴⁴

    Na formulação de qualquer tema ou doutrina é importante perceber a natureza multifacetada do processo interpretativo. Portanto, é necessário dar atenção ao método teológico. Primeiro, estudiosos observaram corretamente o relacionamento entre exegese, teologia bíblica e teologia sistemática. É simplista demais reduzir o processo hermenêutico a uma sequência de etapas lógicas (p. ex., exegese, teologia bíblica, teologia sistemática). Antes, cada disciplina informa e afere as outras. Segundo, esse processo leva em consideração a teologia histórica e é informado por ela, pois cada pessoa aborda o texto com certas pressuposições (confessionais).⁴⁵ O método teológico não é formulado num vácuo nem é meramente teórico. Nem deve a metodologia impor ao texto categorias que lhe sejam estranhas. Em vez disso, o conteúdo da teologia deve moldar sua metodologia ao criar suas próprias categorias intrassistemáticas.⁴⁶

    Esse processo teológico e interpretativo é apresentado por Richard Lints no que ele chama de os

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