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Manual de doutrina cristã
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E-book462 páginas6 horas

Manual de doutrina cristã

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Sobre este e-book

Depois da publicação de minha obra, Teologia sistemática, os editores me pediram que preparasse um livro mais conciso sobre doutrina cristã, que pudesse ser usado em cursos do ensino fundamental e de nível superior, e também por nossos catecúmenos mais maduros. Certo da grande importância da doutrinação dos jovens da igreja, não tive coragem de recusar e aceitei o encargo de preparar este breve Manual. A obra pareceu-me particularmente importante em vista da grande indiferença doutrinária do presente, da resultante superficialidade e da confusão na mente de muitos que professam ser cristãos, dos erros insidiosos que são zelosamente propagados até mesmo em púlpitos, e do aumento alarmante de todas as espécies de seitas que surgem por toda a parte como cogumelos. Se já houve época em que a igreja deveria guardar a preciosa herança e o precioso depósito da verdade que lhe foram confiados, essa época é agora. Procurei explicar de forma concisa nosso conceito reformado da verdade, e espero sinceramente que sua clareza não tenha sofrido com a brevidade. No final de cada capítulo, há uma lista de perguntas que auxiliarão o estudante a testar seu conhecimento. Que o Rei da igreja torne este Manual uma influência abençoada na instrução da juventude da aliança. (L. Berkhof, do Prefácio)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de nov. de 2022
ISBN9786559891757
Manual de doutrina cristã
Autor

Louis Berkhof

(1874-1957) He taught for thirty-eight years at CalvinTheological Seminary in Grand Rapids, Michigan.

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    Manual de doutrina cristã - Louis Berkhof

    Louis Berkhof. Manual de doutrina cristã. Com perguntas para recapitulação. Cultura Cristã.Louis Berkhof. Manual de doutrina cristã. Com perguntas para recapitulação. Cultura Cristã.

    Manual de Doutrina Cristã © 2012, Editora Cultura Cristã. Publicado originalmente com o título Manual of Christian Doctrine © 1933 by L. Berkhof. Todos os direitos são reservados.

    1ª edição em português 1985

    2ª edição 2012

    B5129m

    Berkhof, Louis

    Manual de doutrina cristã / Louis Berkhof; traduzido por Joaquim Machado. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.

    Recurso eletrônico (ePub)

    Tradução Manual of Christian Doctrine

    ISBN: 978-65-5989-175-7

    1. Estudo bíblico 2. Fé cristã 3. Teologia

    CDD 230.041

    Editora Cultura Cristã

    R. Miguel Teles Jr., 394 – Cambuci – São Paulo – SP – 01540-040

    Fones 0800-0141963 / (11) 3207-7099

    www.editoraculturacrista.com.br – cep@cep.org.br

    Superintendente: Clodoaldo Waldemar Furlan

    Editor: Cláudio Antônio Batista Marra

    Sumário

    Prefácio do autor

    Prefácio da 1ª edição em português

    INTRODUÇÃO

    Religião

    A. Religião – fenômeno universal

    B. A natureza essencial da religião

    C. A sede da religião

    D. A origem da religião

    A revelação

    A. A revelação em geral

    B. A revelação geral

    C. A revelação especial

    A Escritura

    A. A relação entre a revelação especial e a Escritura

    B. A inspiração da Escritura

    C. As perfeições da Escritura

    A DOUTRINA DE DEUS E SUA CRIAÇÃO

    O SER DE DEUS

    A natureza essencial de Deus

    A. O conhecimento a respeito de Deus

    B. O ser de Deus como é conhecido por sua revelação

    Os nomes de Deus

    A. O nome de Deus em geral

    B. Os nomes de Deus no Antigo Testamento

    C. Os nomes de Deus no Novo Testamento

    Os atributos de Deus

    A. Os atributos incomunicáveis

    B. Os atributos comunicáveis

    A Trindade

    A. A Trindade em geral

    B. As três pessoas consideradas separadamente

    AS OBRAS DE DEUS

    Os decretos divinos em geral

    A. A natureza dos decretos divinos

    B. As características do decreto divino

    C. Objeções à doutrina dos decretos

    Predestinação

    A. Os objetos da predestinação

    B. As duas partes da predestinação

    C. A questão do supra e do infralapsarianismo

    A criação

    A. A criação em geral

    B. O mundo espiritual

    C. O mundo material

    Providência

    A. A providência em geral

    B. Os elementos da providência em particular

    C. As providências extraordinárias ou milagres

    A DOUTRINA DO HOMEM EM RELAÇÃO A DEUS

    O HOMEM NO SEU ESTADO ORIGINAL

    A natureza constitucional do homem

    A. Os elementos essenciais da natureza humana

    B. A origem da alma em cada indivíduo

    O homem como a imagem de Deus e a aliança das obras

    A. O homem como a imagem de Deus

    B. O homem na aliança (ou pacto) das obras

    O HOMEM NO ESTADO DE PECADO

    A origem e o caráter essencial do pecado

    A. A origem do pecado na queda do homem

    B. O caráter essencial do pecado

    C. Opiniões divergentes a respeito do pecado

    O pecado na vida da raça humana

    A. A relação entre o pecado de Adão e o de seus descendentes

    B. O pecado original e o atual

    C. A universalidade do pecado

    O HOMEM NA ALIANÇA DA GRAÇA

    A aliança da redenção

    A. A base escriturística para a aliança da redenção

    B. O Filho no pacto, ou aliança, da redenção

    C. Exigências e promessas na aliança da redenção

    A aliança da graça

    A. As partes contratantes na aliança da graça

    B. As promessas e as exigências da aliança da graça

    C. As características da aliança da graça

    D. A relação de Cristo com a aliança da graça

    E. Os membros da aliança

    F. As diferentes dispensações da aliança

    A DOUTRINA DA PESSOA E DA OBRA DE CRISTO

    A PESSOA DE CRISTO

    Os nomes de Cristo

    A. O nome Jesus

    B. O nome Cristo

    C. O nome Filho do Homem

    D. O nome Filho de Deus

    E. O nome Senhor

    As naturezas de Cristo

    A. A distinção das naturezas de Cristo

    B. A unidade da pessoa de Cristo

    C. Alguns dos erros mais importantes a respeito da doutrina de Cristo

    Os estados de Cristo

    A. O estado de humilhação

    B. O estado de exaltação

    A OBRA DE CRISTO

    Os ofícios de Cristo

    A. O ofício profético

    B. O ofício sacerdotal

    C. O ofício de rei

    A expiação por Cristo

    A. A causa motivadora e a necessidade da expiação

    B. A natureza da expiação

    C. A extensão da expiação

    D. A expiação na teologia contemporânea

    A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA OBRA DA REDENÇÃO

    As operações gerais do Espírito Santo

    A. As operações gerais do Espírito Santo na natureza

    B. Graça comum

    Vocação e regeneração

    A. Observações gerais sobre a ordem da salvação

    B. Vocação

    C. Regeneração

    Conversão

    A. Os termos escriturísticos para conversão

    B. A ideia bíblica da conversão

    C. Os elementos da conversão

    D. As características da conversão

    E. O autor da conversão

    F. A necessidade da conversão

    A. As palavras escriturísticas para fé

    B. Os diferentes tipos de fé mencionados na Bíblia

    C. Os elementos da fé

    D. O objeto da fé salvadora

    E. O conceito católico-romano de fé

    F. Fé e certeza

    Justificação

    A. Os termos escriturísticos para justificar

    B. A natureza e as características da justificação

    C. Os elementos da justificação

    D. A esfera em que se realiza a justificação

    E. O tempo da justificação

    F. A base da justificação

    G. Objeções à doutrina da justificação

    Santificação

    A. Os termos escriturísticos para santificação

    B. A ideia bíblica de santidade e santificação

    C. As características da santificação

    D. A natureza da santificação

    E. O caráter imperfeito da santificação nesta vida

    F. A santificação e as boas obras

    A perseverança dos santos

    A. A natureza da perseverança dos santos

    B. Prova da doutrina da perseverança

    C. Objeções à doutrina da perseverança

    A DOUTRINA DA IGREJA E OS MEIOS DE GRAÇA

    A IGREJA

    A natureza da igreja

    A. Usos diferentes da palavra igreja na Escritura

    B. A essência da igreja

    C. O caráter multilateral da igreja

    D. Definição de igreja

    E. A igreja nas diferentes dispensações

    F. Os atributos da igreja

    G. Os sinais ou marcas características da igreja

    O governo da igreja

    A. Diferentes teorias com respeito ao governo da igreja

    B. Os princípios fundamentais do sistema reformado ou presbiteriano

    C. Os oficiais da igreja

    D. As assembleias eclesiásticas

    O poder da igreja

    A. A fonte do poder da igreja

    B. A natureza desse poder

    C. Diferentes tipos de poder eclesiástico

    OS MEIOS DE GRAÇA

    A palavra como um meio de graça

    A. A Palavra de Deus – o mais importante meio de graça

    B. A relação da Palavra com o Espírito

    C. As duas partes da Palavra como meio de graça

    Os sacramentos em geral

    A. A relação entre a Palavra e os sacramentos

    B. A origem e o significado da palavra sacramento

    C. As partes componentes dos sacramentos

    D. A necessidade dos sacramentos

    E. Comparação entre os sacramentos do Antigo e do Novo Testamento

    F. O número dos sacramentos

    O batismo cristão

    A. A instituição do batismo cristão

    B. O modo correto do batismo

    C. Os administradores legítimos do batismo

    D. A quem o batismo deve ser ministrado

    A Ceia do Senhor

    A. A instituição da Ceia do Senhor

    B. As coisas significadas e seladas na Ceia do Senhor

    C. A questão da presença real na Ceia do Senhor

    D. A eficácia da Ceia do Senhor como meio de graça

    E. As pessoas a quem a Ceia do Senhor é destinada

    A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

    ESCATOLOGIA INDIVIDUAL

    Morte física

    A. A natureza da morte física

    B. A relação entre o pecado e a morte

    C. O significado da morte dos crentes

    O estado intermediário

    A. A ideia atual da existência do homem no hades-sheol

    B. A doutrina do purgatório, do limbus patrum e do limbus infantum

    C. A doutrina do sono da alma

    D. A doutrina do aniquilamento e da imortalidade condicional

    E. A doutrina do segundo período probatório

    ESCATOLOGIA GERAL

    A segunda vinda de Cristo

    A. Os grandes acontecimentos que precedem a segunda vinda

    B. A segunda vinda em si

    O milênio e a ressurreição

    A. A questão do milênio

    B. A ressurreição

    O último julgamento e o estado final

    A. O último julgamento

    B. O estado final dos ímpios

    Notas

    Prefácio do autor

    Depois da publicação de minha obra, Teologia sistemática, os editores me pediram que preparasse um livro mais conciso sobre doutrina cristã, que pudesse ser usado em cursos do ensino fundamental e de nível superior, e também por nossos catecúmenos mais maduros. Certo da grande importância da doutrinação dos jovens da igreja, não tive coragem de recusar e aceitei o encargo de preparar este breve Manual. A obra pareceu-me particularmente importante em vista da grande indiferença doutrinária do presente, da resultante superficialidade e da confusão na mente de muitos que professam ser cristãos, dos erros insidiosos que são zelosamente propagados até mesmo em púlpitos, e do aumento alarmante de todas as espécies de seitas que surgem por toda a parte como cogumelos. Se já houve época em que a igreja deveria guardar a preciosa herança e o precioso depósito da verdade que lhe foram confiados, essa época é agora. Procurei explicar de forma concisa nosso conceito reformado da verdade, e espero sinceramente que sua clareza não tenha sofrido com a brevidade. No final de cada capítulo, há uma lista de perguntas que auxiliarão o estudante a testar seu conhecimento. Que o Rei da igreja torne este Manual uma influência abençoada na instrução da juventude da aliança.

    L. Berkhof

    Grand Rapids, Michigan

    10 de maio de 1933

    Prefácio da 1ª edição em português

    As obras literárias de Louis Berkhof são notáveis pela clareza e por sua adesão à Bíblia Sagrada como a Palavra de Deus, a única regra infalível de doutrina e prática para a igreja. Eis a razão por que Deus se agrada de utilizá-las até hoje – mais de cinquenta anos depois da sua primeira publicação – para a instrução de jovens estudantes em colégios, faculdades, institutos bíblicos e seminários em muitos países ao redor do mundo, e também para orientar milhares de pastores e leigos quanto à sã doutrina.

    Muitos estudantes e pastores brasileiros que já conheciam e estimavam essas obras por meio do grande volume, Teologia sistemática, na sua tradução para o espanhol,* há muito tempo reclamavam a falta delas em português. Agora, afinal, Ceibel e Luz para o Caminho apresentam à comunidade evangélica de língua portuguesa o Manual de doutrina cristã. Apesar de não atingir a metade do tamanho de Teologia sistemática, este Manual apresenta todos os temas mais importantes da teologia, porém em forma mais resumida. Nestes dias quando se prega ousada incredulidade, humanismo materialista e toda espécie de filosofia e crença incorreta em nome de cristianismo, nenhum estudante de Teologia, pastor ou líder leigo que dá valor à fé histórica da igreja deve ficar sem a orientação bíblica e conservadora contida no Manual de doutrina cristã.

    Esta edição tem como base uma tradução feita há quarenta anos pelo Rev. Joaquim Machado, então pastor da Igreja Presbiteriana de Patrocínio, Minas Gerais, e colaborador do Instituto Bíblico Eduardo Lane. Ela foi submetida a revisões minuciosas com a ajuda de vários pastores brasileiros e americanos. Nosso ideal era apresentar uma tradução fiel ao sentido do inglês, língua original, usando ao mesmo tempo um português fácil de entender.

    Ecoando os pensamentos do autor do livro no seu prefácio, desejamos que o Rei da igreja torne este Manual uma influência abençoada na comunidade evangélica do Brasil.

    Patrocínio, 9 de novembro de 1984

    Louis Sherwood Taylor,

    Diretor do Curso por Correspondência do

    Instituto Bíblico Eduardo Lane (Ceibel)

    Nota

    * Teologia sistemática, de Louis Berkhof, foi publicado em português pela Editora Cultura Cristã.

    Introdução

    INTRODUÇÃO

    Religião

    A. RELIGIÃO – FENÔMENO UNIVERSAL. O ser humano tem sido descrito como incuravelmente religioso. Isso é apenas outra maneira de dizer que a religião é um fenômeno universal. Os missionários testemunham-lhe a presença, nessa ou naquela forma, entre todas as nações e tribos da terra. É um dos fenômenos mais notáveis da vida do homem, tocando-lhe as fontes mais profundas da existência espiritual, controlando-lhe os pensamentos, agitando-lhe as emoções, guiando-lhe as ações. Embora seja, de modo geral, saudada como uma das maiores bênçãos da humanidade, alguns a denunciam como um dos fatores mais perniciosos na vida do mundo. No entanto, nem mesmo os seus grandes inimigos podem negar a significação suprema que ela tem para a vida dos indivíduos e das nações, e nem a influência tremenda que exerce nessas vidas. Impõe-se naturalmente à atenção de todas as pessoas de disposição séria. Até mesmo o filósofo Hume, um cético e radical oponente do sobrenatural, disse uma vez: Cuidado com as pessoas inteiramente destituídas de religião, e se de fato as achardes, ficai certos de que estão apenas alguns degraus afastadas dos brutos.

    B. A NATUREZA ESSENCIAL DA RELIGIÃO. O que é mesmo religião? Em nossos dias, muitos procuraram uma resposta a essa pergunta estudando as religiões do mundo e várias manifestações religiosas da vida humana. Por meio desse estudo comparativo, descobriram a natureza real da religião, e porfiam para descobrir uma definição suficientemente ampla para abranger todas as formas em que se manifesta a vida religiosa entre as nações do mundo. Porém, esse não é o método próprio a seguir. Embora ele nos dê uma visão das manifestações atuais da vida religiosa do mundo, não nos habilita a determinar qual é a verdadeira natureza da religião. Só a Bíblia nos capacita a obter uma concepção correta do ideal.

    A religião está interessada no relacionamento do homem com Deus, e o homem não tem o direito de determinar a natureza desse relacionamento. É prerrogativa de Deus especificar como o homem se relaciona com ele, e ele faz isso na sua Palavra divina. A palavra religião não se encontra na Bíblia. É, com toda a probabilidade, derivada da palavra latina relegere, que significa reler, repetir, observar cuidadosamente, e servia com frequência para designar uma observação constante e diligente de tudo o que pertencia ao culto dos deuses. A religião é descrita no Antigo Testamento como o temor do Senhor. Esse temor não é idêntico ao medo – tão característico das religiões pagãs, embora o elemento medo nem sempre esteja ausente. Ele pode ser descrito como o sentimento de reverência para com Deus, temperado com temor, e receio de desobedecer ou (ocasionalmente) do castigo pela desobediência. Como tal, representou a resposta do israelita piedoso à revelação da lei do Antigo Testamento.

    No Novo Testamento, a mensagem do evangelho está indubitavelmente em primeiro plano e a resposta do homem à revelação divina assume uma forma um tanto diferente, ou seja, a forma da . Ainda que haja outros termos para religião do Novo Testamento, tais como piedade (Hb 5.7) e temor do Senhor (2Co 5.11), a palavra serve geralmente para descrever a atitude religiosa do homem. Por essa fé aceitamos o testemunho de Deus em sua Palavra como verdadeiro, e nos entregamos a ele como se revelou em Jesus Cristo para a nossa salvação. No Novo Testamento, o elemento confiança está bem no primeiro plano. Da parte do homem, há uma fé que corresponde à mensagem gloriosa de redenção que consiste numa confiança singela e sincera, como de uma criança, em Jesus Cristo, que se torna, ao mesmo tempo, uma fonte de amor a Deus e ao seu serviço.

    À luz da Escritura, aprendemos a entender que religião significa aquela posição em que o homem está em relação a Deus. O elemento característico da religião tem sido encontrado na piedade, no temor, na fé, ou sentimento de dependência e assim por diante. Porém, tudo isso são sentimentos que se tem também com relação ao homem. É realmente característico que em religião o homem fica consciente da majestade absoluta e do poder infinito de Deus e de sua própria insignificância e absoluta insuficiência. Isso não quer dizer, porém, que a religião seja meramente uma questão de emoções, nem que seja uma necessidade simplesmente imposta às pessoas. O relacionamento do homem com Deus na religião é consciente e voluntário, e, em vez de escravizá-lo, leva-o ao gozo da mais elevada liberdade. A religião pode ser definida como uma relação espiritual com Deus, consciente e voluntária, que se expressa na vida como um todo e particularmente em certos atos de culto. Deus é quem determina a adoração, o culto e o serviço que lhe são aceitáveis. Toda expressão de culto contrária à Palavra de Deus é absolutamente proibida.

    C. A SEDE DA RELIGIÃO. No que diz respeito à sede da religião na alma humana, as opiniões variam muitíssimo. Alguns perdem inteiramente de vista o seu significado central na vida do homem, e a concebem localizada somente numa das faculdades da alma e por ela funcionando. Outros dão ênfase ao fato de que toda a natureza psíquica do homem está envolvida na vida religiosa.

    1. TEORIAS PARCIAIS A RESPEITO DA SEDE DA RELIGIÃO. Para alguns, a sede da religião está no intelecto. Consideram-na como um tipo de conhecimento, uma espécie de filosofia incompleta e, assim, praticamente tornam a medida do conhecimento de Deus que o homem possui a medida de sua piedade. Outros a localizam nos sentimentos. De acordo com estes, tem pouco ou nada a ver com o conhecimento, mas é um sentimento de dependência de um ser superior. O homem não conhece realmente a Deus, mas torna-se imediatamente consciente dele no âmago de sua alma. Ainda outros afirmam que a religião tem sua sede na vontade. O homem está consciente da voz imperativa da consciência no seu íntimo, ditando-lhe o curso das ações. Em religião, ele simplesmente reconhece os deveres prescritos pela consciência como ordens divinas. De acordo com essa maneira de ver, a religião se torna uma moralidade prática. Essas opiniões não fazem justiça ao lugar fundamental e central da religião na vida humana. Elas são contrárias à Escritura e até mesmo à psicologia moderna, uma vez que elas ignoram a unidade fundamental da alma humana e partem da suposição de que uma faculdade de alma pode agir independentemente do resto. É sempre o homem todo que funciona em religião.

    2. A OPINIÃO ESCRITURÍSTICA A RESPEITO DA SEDE DA RELIGIÃO. A única opinião correta e escriturística é que a religião está sediada no coração. Na psicologia bíblica, o coração é o centro e o foco e toda a vida moral do homem, o órgão pessoal da alma. Dele procedem as saídas da vida, os pensamentos, as volições e as emoções. A religião está radicada na imagem de Deus, e essa imagem é central, revelando-se no homem todo com todos os seus talentos e faculdades. Consequentemente, o relacionamento do homem com Deus é também central, e envolve o homem todo. O homem deve amar a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua mente. Deve consagrar-se a ele inteiramente de corpo e alma, com todos os seus dons, talentos e em todas as relações de vida. Uma vez que a religião tem a sua sede no coração, abrange o homem inteiro com todos os seus pensamentos, sentimentos e volições. É o coração que o homem deve dar ao Senhor (Dt 30.6; Pv 23.26). Na religião, o coração controla o intelecto (Rm 10.13-14; Hb 11.6), os sentimentos (Sl 28.7; 30.12) e a vontade (Rm 2.10-13; Tg 1.27; 1Jo 1.5-7). O homem todo torna-se subserviente a Deus em todas as esferas da vida. Essa é a única teoria que faz justiça à religião, e lhe reconhece a importância suprema na vida do homem.

    D. A ORIGEM DA RELIGIÃO. A questão da origem da religião ocupou a atenção de muitos estudiosos durante o século 19, e ainda aparece amplamente nos tratados do século 20 a respeito desse tema. Sob a influência da teoria da evolução, algumas pessoas partem da suposição de que o homem se desenvolveu do ser irreligioso para o religioso, e fazem insistentes esforços por mostrar como se efetuou a transição. Os que procuram a solução desse problema à luz da revelação de Deus chegam, entretanto, a uma conclusão inteiramente diferente. Descobrem que o homem foi criado como um ser religioso.

    1. TEORIAS NATURALÍSTICAS A RESPEITO DA ORIGEM DA RELIGIÃO. Alguns consideram a religião como o produto da astúcia dos sacerdotes ou da artimanha dos governadores, que manipularam a credulidade e o medo das massas ignorantes, a fim de obter e manter o domínio sobre eles. Outros designaram o culto fetichista (isto é; o culto de objetos inanimados que foram considerados sagrados, tais como pedra, pau, osso, unha, etc.) como a semente da qual se desenvolveram as formas mais elevadas de religião. Ainda outros sugerem que o culto aos espíritos, talvez dos ancestrais remotos, fosse a forma fundamental da religião, da qual todas as outras formas se desenvolveram gradativamente. É uma ideia um tanto popular que o culto à natureza gradualmente tenha dado origem à religião. O homem sentiu-se fraco e desamparado na presença dos grandes e imponentes fenômenos da natureza e foi levado a cultuar esses fenômenos ou os poderes ocultos, que eram apenas manifestações externas. Em tempos mais recentes, está ganhando aceitação a ideia de que a religião, de certo modo, evoluiu de uma crença geral na magia. Essas teorias deixam de explicar a origem da religião. Elas partem de uma posição que é contraditada pelos fatos, ou seja, que o homem foi originalmente um ser não religioso. Esse homem não religioso jamais foi descoberto, e por esse mesmo motivo torna-se impossível ver a religião no seu processo de formação. Além disso, partem de uma pressuposição puramente naturalística de que a forma mais baixa de religião é necessariamente a mais antiga, que ela é resultado de uma evolução puramente naturalística. Perdem de vista o fato de que possa ter havido uma deterioração na vida religiosa da raça. E, finalmente, com frequência, assumem como certo, mas sem provas, exatamente aquilo que deveriam explicar. Os sacerdotes enganadores, o culto aos fetiches e aos espíritos, o sentimento de dependência de um poder superior e a ideia de que há algum poder invisível por trás das forças da natureza, são exatamente as coisas que carecem de explicação. Já são manifestações de religião.

    2. A POSIÇÃO DAS ESCRITURAS A RESPEITO DA ORIGEM DA RELIGIÃO. A revelação especial de Deus pode nos iluminar quanto à origem da religião. Ela nos familiariza com o fato de que a religião encontra sua explicação somente em Deus. Se quisermos explicar a sua origem, devemos partir da suposição de que Deus existe, porque a religião real sem Deus é inadmissível. Se ela não for fundamentada na realidade, é uma ilusão falsa que pode ter algum valor prático para o presente, mas desaponta no fim. Além disso, uma vez que o homem não pode, por si mesmo, descobrir a Deus e conhecê-lo, é necessário que Deus revele a si mesmo. Sem essa autorrevelação da parte de Deus, seria inteiramente impossível ao homem entrar em relação religiosa com ele. Deus realmente revelou a si mesmo e sua revelação determinou o culto e o serviço que lhe são agradáveis. Porém, nem mesmo essa revelação teria sido suficiente para o estabelecimento da relação religiosa, se Deus não dotasse o homem de capacidade para entendê-la e corresponder a ela. A religião está fundamentada na própria natureza do homem e não lhe foi imposta de fora. É um erro pensar que o homem existiu primeiro sem ela e foi depois dotado com ela como algo acrescentado ao seu ser. Criado à imagem de Deus, o homem possui uma capacidade natural para receber e apreciar a autorrevelação de Deus. Em virtude desses dotes naturais, ele procura a comunhão com Deus, embora por natureza a procure agora de maneira errada. É somente sob a influência da revelação especial de Deus e da iluminação do Espírito Santo que o pecador pode, pelo menos em princípio, prestar a Deus o culto que lhe é devido.

    Perguntas para recapitulação:

    1. Como muitos têm procurado em nossos dias descobrir a natureza essencial da religião?

    2. Qual é a única maneira de reconhecer essa natureza?

    3. Qual é a etimologia da palavra religião?

    4. Como é descrita a atitude religiosa no Antigo Testamento e no Novo Testamento?

    5. Como se define a religião?

    6. Que noções erradas há

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