Justiça para Belle

De Didi Oviatt

Ahnia tem um passado sombrio. Está borbulhando sob a superfície, louco para vir à luz.

Ela chegou ao fundo do poço. Falida e desesperada para subir de volta ao topo, ela se junta a Mac, um homem que ela mal conhece. Ele é completamente inalcançável, e logo ambos se colocam em risco.

Sua decisão perigosa será um sucesso, ou ela se encontrará nas garras de uma força impiedosa, provocada pelo pecado que cometera na adolescência? Nesse suspense de tirar o fôlego, ninguém é quem parece ser, e ninguém está realmente seguro com aqueles em quem confia.

★★★★★ - "Se você ama suspenses psicológicos que te fazem prender a respiração, você vai amar Justiça para Belle."

★★★★★ - "Uma montanha-russa de emoções."

• Idioma: Português
• Editora: Next Chapter
• Data de lançamento: 18 de jan. de 2020
• ISBN: 9781071525050

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Agradecimentos

À minha incrível mãe, Diane, obrigada por seu incentivo e apoio; sem você, minha escrita seria uma mera causa perdida. Ao muito talentoso autor TL Harty, um agradecimento especial: este livro não seria o que é sem você. E mais importante... Caleb, você é minha rocha, e nossos filhos são a minha razão. Obrigada por sua paciência e por aguentar minhas besteiras por todos esses anos. Eu te amo com todo o meu ser.

-  Didi

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Capítulo 1

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Há um homem desengonçado que parece estar na casa dos quarenta, sentado no banco curto de ferro forjado à minha frente, idêntico àquele em que estou desperdiçando minha tarde. É meio-dia de domingo, então a estação Amtrak está mais movimentada nesse horário do que geralmente fica durante a semana. Os viajantes do fim de semana estão, sem dúvida, voltando para suas casas e seus estilos de vida ocupados aqui na cidade de Flint, em Michigan. Eu não estou indo ou vindo de lugar nenhum; estou aqui apenas para observar as pessoas. Faço isso frequentemente quando preciso de inspiração.

O homem está batendo nervosamente seus sapatos compridos no tapete industrial cor de sujeira sob nossos pés. Ele é definitivamente culpado de alguma coisa; isso ou está ansioso e com pressa. De qualquer maneira, ele claramente quer sumir de cena. Ele provavelmente é um apunhalador.

Imagino seus dedos finos agarrados com tanta força ao cabo de uma faca de açougueiro que suas articulações salientes embranqueceram. A forma quadrada de sua mandíbula parece mais proeminente com os dentes cerrados. O branco de seus afiados olhos azul-oceano está vidrado, e um risco vermelho aparece em seu rosto.

É uma imagem impecável, definitivamente digna de nota. Acho que vou chamá-lo de Donovan. Donovan, o ex-presidiário, que escapou recentemente da penitenciária estadual depois de ter sido condenado por assassinar brutalmente sua família com uma faca de açougueiro e armazenar seus corpos mutilados no congelador da casa. Sim, isso funciona.

Me chame de estranha, obcecada, paranoica, maluca ou o que quiser, mas eu tenho esse pequeno e desagradável hábito de tentar adivinhar que tipo de assassino as pessoas seriam... Se elas realmente fossem assassinas, claro. Sempre que alguém na multidão se destaca entre os demais, eu consigo ver. Tudo depende do seu tamanho, da maneira como se movem, da expressão em seus olhos. Tudo se encaixa, e a imagem normalmente é bem detalhada. Então, eu anoto minhas observações para uso futuro.

A esposa do meu pai, Dorothy, atribui isso à minha imaginação sombria e hiperativa, proveniente da morte da minha mãe.  Dorothy é uma terapeuta, então, naturalmente, ela acha que sabe tudo. Minha mãe faleceu dezessete anos atrás em um acidente de carro. Dois anos depois, Dorothy apareceu, e vem tentando nos consertar desde então. Eu não acho que ela realmente se importe; é claramente tudo pelas aparências. Não houve nada de obscuro na morte da minha mãe; acidentes acontecem, e a vida é uma verdadeira porcaria, às vezes.

A Dorothy é claramente super instruída, mas deixa muito a desejar quando se trata de senso-comum. Ela se preocupa mais com dinheiro e aparências do que com qualquer outra coisa, e meu pai é passivo demais para fazê-la ficar quieta. Realmente não entendo como alguém em sã consciência pagaria a essa mulher centenas de dólares a hora por suas opiniões absurdas, ou ajuda, como ela chama. Mas, diga-se de passagem, essas pessoas NÃO estão em sã consciência. Aí reside a própria definição de ironia, eu suponho. Não me leve a mal; eu não sou completamente anti-terapeuta. É que sempre há uma exceção. Eu mesma já fui a alguns psiquiatras. No entanto, aqui estou eu, ainda imaginando constantemente mortes hediondas.

Para tornar as coisas ainda mais convenientes para a querida Dorothy, meu irmão foi recentemente aceito na faculdade de medicina. Aos trinta anos de idade, ele está realmente se recuperando da nossa juventude problemática. Só estou esperando que a Dorothy faça algum comentário sobre como seu subconsciente quer salvar vítimas de acidentes de carro para compensar a perda de nossa mãe. Essa é realmente a única coisa que ela tem para analisar em nós, que ela saiba.

Assim que termino de escrever os detalhes de Donovan queimando suas roupas ensanguentadas em uma fogueira no quintal, um corpo vivo e quente se senta ao meu lado no banco. Ele se senta um pouco perto demais para que eu me sinta confortável. Perto o suficiente para que eu possa sentir o seu cheiro e o calor da sua perna na minha. Seu perfume é delicioso. Será que ninguém mais tem noção de limite, eu penso. Eu deixo meus longos cabelos negros caírem sobre meu ombro, escondendo a lateral do meu rosto. Não ajuda; ainda posso sentir seu olhar divertido fixo em mim, abrindo caminho através do escudo formado pelo meu cabelo. Eu posso até perceber que ele está sorrindo. Quem esse esquisito pensa que é?

Posso te ajudar? Eu pergunto, olhando através das ondas do meu cabelo para que ele possa ver a curva irritada das minhas sobrancelhas, mas nada mais.

Ele é bonito, muito bonito. Droga, claro que é. Provavelmente da minha idade, também. Os finos pés de galinha ao lado de seus olhos sorridentes gritam "Estou no começo dos 30". São momentos como este em que eu gostaria de não parecer ter menos de metade da minha idade. Toda vez que um homem que parece ser tão velho quanto eu, ou até um pouco mais velho, mostra interesse em mim, eu automaticamente assumo que ele é suspeito de flertar com uma adolescente. Provavelmente atrairei pedófilos por toda a minha vida. Eu poderia passar facilmente por uma estudante do ensino médio em qualquer situação.

Tenho certeza de que, quando chegar aos sessenta, serei grata pela minha pele macia e levemente morena, que parece não ter envelhecido nada desde a minha infância. As vantagens de ser miscigenada a ponto de nem mesmo saber exatamente de onde são minhas raízes. Eu venho de pelo menos cinco gerações de heranças misturadas de todo o lugar. Alguns hispânicos, alguns irlandeses, alguns italianos... Até alguns gregos. E, honestamente? Quem sabe que outros espermatozoides invadiram minha árvore genealógica. Todos nós parecemos diferentes. Eu não sou exatamente negra, mas também não sou branca, e meu irmão é tão pálido quanto se pode ser, com cabelos vermelhos para combinar com suas sardas.

Nós já nos conhecemos? O homem de aparência perfeita e sem noção de limites pergunta.

Seus dentes impecáveis estão à mostra. O sorriso é acompanhado das covinhas mais profundas que eu já vi.

Provavelmente não.

Tem certeza? Você parece extremamente familiar.

Não, eu respondo com um murmúrio e volto minha atenção para o caderno no meu colo. Eu só tenho um rosto comum. Digo enquanto batuco minha caneta na página.

Não tem, não.

Eu posso ouvir o sorriso por trás de suas palavras. Não olhe para cima, Ahnia. Faça o que fizer, não ceda aos encantos deste estranho irritante e atraente.

Ah, é? Pergunto. Meu olhar está colado no caderno.

Não, nada comum. São seus olhos, eu acho; o verde é como neon... E seus lábios, também. Você tem feições bem peculiares. Eu definitivamente já te vi antes. Confie em mim; eu nunca esqueço um rosto. Especialmente rostos bonitos e detalhados como o seu.

Ok, agora eu estou intrigada. Se nada mais, pelo menos a sua abordagem é diferente. Olho através do meu cabelo mais uma vez. Não consigo evitar. Há uma pequena pitada de barba por fazer nas laterais de suas bochechas, e seu cabelo está completamente bagunçado. Parece que ele não o penteia desde... Bem, nunca. Normalmente não gosto do visual desleixado, mas, por alguma razão inexplicável, ele cai maravilhosamente bem nesse homem. Ele parece relaxado e despreocupado de uma maneira natural.

Apesar do cabelo bagunçado, suas roupas estão limpas. Passadas, até. E o cheiro dele, ai Deus, o cheiro dele. Quanto mais perto ele fica, mais divino parece. É um perfume fresco, como um sabonete leve e rústico. Nada tão forte e enjoativo como o da maioria dos homens que estão tentando pegar garotas em locais públicos aleatórios, como as estações da Amtrak. Eu odeio aquele cheiro persistente de loção pós-barba, principalmente se for Old Spice. Me faz querer vomitar.

Eu tenho certeza de que nunca o conheci. Estou totalmente certa de que também me lembraria do rosto dele. Olho para a minha página, lendo minhas últimas anotações de assassinato. Eu não acho que possa ficar vendo-o coçar o queixo de modo pensativo nem por mais um segundo, sem ceder ao meu desejo de me inclinar e sentir o cheiro da sua camisa. Apenas para me enterrar em seu frescor e tentar descobrir que tipo de sabão ele usa. Talvez eu até vá a uma loja de departamentos depois disso para ficar andando pelo corredor de detergentes. Eu mataria para cheirar como ele nesse momento.

Hummm... Ele pensa em voz alta, com um murmúrio suave como um zumbido.

E aí? Já descobriu? Eu pergunto secamente.

Ainda não. Mas não se preocupe. Ele ri. Eu vou. O que você está escrevendo?

Mando para ele o mesmo olhar irritado de antes. Não respondo nada; estou realmente apenas tentando construir o meu muro de proteção o mais alto possível. Esse cara é teimoso. Ele ri de mim novamente, empurra meu cabelo para trás do ombro e depois se inclina sobre mim. Ele agora está invadindo ainda mais o meu espaço.

Quem ele pensa que é? Eu não reclamo, porque o polegar dele roçou minha clavícula no gesto. O arrepio chocante que isso me deu praticamente fechou minhas passagens de ar. É impossível protestar, ou pronunciar qualquer palavra que seja.

Não importa, assim que ele ler minha página mórbida, ele irá fugir correndo. Que melhor maneira de dizer para um cara te deixar em paz do que deixá-lo ler alguns parágrafos aleatórios descrevendo o homem sentado à nossa frente brutalizando a própria família com uma faca de açougueiro?

Ele lê a página e depois se endireita casualmente. Uma expressão completamente vazia