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A Cabana
A Cabana
A Cabana
E-book134 páginas2 horas

A Cabana

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Sobre este e-book

É o sonho de toda garota, ser resgatada por um estranho lindo. Quando acordo e vejo Kit Green parado sobre mim, achei que ele fosse um anjo. Eu não vi suas asas sombrias.

O que ele está fazedo aqui completamente sozinho? Eu não questiono no começo. Estou ocupada demais sendo cegada pela intriga e pelo desejo. Se não fosse por ele, eu estaria morta. Quero recompensá-lo com o meu corpo.

Mas as coisas rapidamente começam a não fazer sentido. Esta cabana cheia de segredos. Está frio lá fora, mas estou começando a achar que ele veio aqui para queimar seus pecados.

Disclaimer: A Cabana é um romance sombrio único. Esta estória liga com as lutas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático e em encontrar um motivo para viver quando tudo ao seu redor parece não fazer sentido.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento3 de jun. de 2019
ISBN9781547590674
A Cabana

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    A Cabana - Sky Corgan

    -

    CAPÍTULO UM

    KIT

    ––––––––

    Os sonhos são sempre iguais. Em um minuto tem uma arma na minha mão. Estou lado a lado com meus colegas soldados atirando no inimigo. Meu irmão está a alguns metros à frente de mim. Consigo vê-lo, mas ele não é meu foco. Meu foco é ficar vivo. Fazer meu trabalho. Proteger os homens dos meus compatriotas.

    Eu sei o que vem a seguir. Tem um abismo de enjoo se formando no meu estômago, enquanto espero. Mais profundo do que no dia que mudou minha vida. Naquela época, eu não tinha o dom de prever o futuro. Nossas vidas sempre estiveram em perigo. A cada respiração que dávamos poderia ser nossa última por causa de uma bala bem disparada, uma mina estrategicamente colocada ou uma bomba. Medo, adrenalina e determinação era o que nos mantinha seguindo. A direção dos nossos superiores e a esperança de que nosso plano poderia continuar com a quantidade mínima de vítimas.

    Mas o sonho é diferente. É como correr de algo horrível, mas sendo incapaz de escapar. Aquele pânico está lá, mas suas pernas não se mexem. O monstro continua se aproximando e você está preso.

    Naquele dia, meus olhos estavam no inimigo. Mas no sonho, estava focado inteiramente no meu irmão. A arma está no seu ombro batendo contra ele com fogo rápido. Ele nem sabe o que está por vir. Mas eu sim.

    Eu grito, mas ele não consegue me ouvir. O tiroteio é alto demais. Tudo é ensurdecedor. É como se eu estivesse mudo. Ninguém presta atenção em mim, embora eu seja o único soldado que não está mais atirando.

    Meu irmão é explodido aos pedaços diante dos meus olhos. O desespero que sinto é como lava, me queimando por dentro. Mas não tenho tempo para ser emotivo. Porque eu tenho outro trabalho a fazer.

    A arma está fora das minhas mãos. No lugar, estão torniquetes e suturas e tudo que preciso para recompor meus amigos como colchas remendadas. Um depois do outro, eles morrem apesar dos meus melhores esforços. Sou o médico de guerra mais inútil que já existiu.

    Imagens de suas famílias chorando piscam na minha mente. Pessoas que eu na verdade nunca vi. Rostos que puxei de lugares aleatórios, que meu psicológico danificado compilou para me torturar por toda eternidade. Eles me culpam. Dizem que se eu fosse melhor, seus entes queridos ainda estariam vivos. Dizem que deveria ter sido eu.

    Acordo gritando e suando frio, da mesma forma que sempre acordo. Noite após noite.

    Meu psicólogo diz que eventualmente irá melhor, mas já faz dois anos. Não posso aguentar mais dois anos disso. Estou quebrado a ponto de ficar irreconhecível. Uma casca da pessoa que eu era antes da guerra. Na maioria dos dias, tento não sentir nada. Tomo antidepressivos. Assisto televisão o dia todo como um velho, tentando mergulhar em outros mundos e outras vidas para poder fingir que a minha nem existe. Mas não importa os remédios que me dão para fazer os sonhos irem embora, eles nunca funcionam. Exaustei todas minhas opções. Há apenas uma sobrando se eu quiser paz.

    O silêncio no meu apartamento consome tudo enquanto eu faço minha mochila. Ligo o rádio para afogar meus pensamentos. Minhas dúvidas. Uma música que o meu irmão amava começa. Eu tomo isso com uma confirmação de que estou fazendo a coisa certa, mas ainda não consigo me forçar a escutá-la. Me vem uma memória de Rob berrando as letras enquanto dirigíamos até a loja do canto para eu comprar uma cerveja para ele. Lágrimas queimam meus olhos enquanto penso que ele nunca chegou ao seu aniversário de vinte e um anos. Que tipo de mundo vivemos em que uma jovem é considerado velho o suficiente par matar pessoas, mas não para beber?

    Porra. Enxugo os olhos com a parte de trás do braço antes de pegar a foto de família da mesa de canto e enfiá-la na minha mochila.

    Não posso mais lidar com isso. Não posso pensar nessas coisas. Mas não posso apenas ir embora também.

    Eu carrego meu jipe; então volto para dentro para fazer a coisa mais cliché do mundo. Escrevo um recado para minha mãe. Mas não explico porquê tenho que fazer isso. Ela sabe porquê. Ela vai entender. Em vez disso, rabisco uma breve desculpa e então faço uma lista de todas minhas contas e senhas para que ela tenha acesso a tudo que precisar para fechar meus negócios facilmente. Eu digo para ela não ir à cabana. Para apenas enviar as autoridades quando encontrar o recado. Ela não precisa ver.

    Deixo o recado na cama, então dou uma última olhada prolongada no meu apartamento. As paredes estão nuas e sem alegria como minha vida desde aquele dia. Não vou sentir falta desse lugar. Não vou sentir falta de nada na minha vida.

    Subo no jipe e me encaminho à floricultura local para  comprar o maior e mais extravagante buquê que eles têm. Com mais nada em que gastar meu dinheiro, posso muito bem exagerar, embora mamãe possa achar suspeito. Quem imaginaria que flores pudessem ser tão caras, que alguém pagaria tanto dinheiro para ver algo lindo lentamente murchar e morrer na sua frente. Há coisas em que você não pensa a menos que tenha passado pelo que passei. Pessoas são oblíquas às sutis maldadas no mundo. Ou talvez eu apenas esteja hipersensível. Elas são apenas flores.

    Eu prendo o buquê no assento do passageiro e dirijo alguns quilômetros pela estrada até a casa da minha mãe. Culpa me puxa enquanto eu paro no estacionamento do seu apartamento. Ela sofreu quase tanta perda quanto eu.

    Meu pai a deixou depois que meu irmão morreu. Ela sempre foi a encorajadora, nos incentivando a ir em frente com nossa escolha de nos alistar ao exército. Nosso pai que não queria que fôssemos. Ele culpou mamãe pela morte do meu irmão, por tê-lo encorajado quando ela deveria ter nos perturbado sobre todos os perigos em ser do exército. Ele me culpou por ser a influência que fez Rob querer se alistar. Desde que éramos pequenos, Rob sempre tentava copiar tudo que eu fazia. Ele nunca perdeu isso.

    Desta vez, eu que o seguiria.

    Suspirei enquanto desligava o motor, forçando um sorriso e verificando no espelho para ver se parecia sincero. Não parecia. Como alguém sequer conseguia fingir ser feliz quando se sentiam como eu? Mas tenho certeza que quando minha mãe e eu estivermos frente a frente, conseguirei fingir.

    Puxei o buquê do lado do passageiro e o carreguei até a porta, batendo duas vezes. Ouvi passos se aproximando de dentro antes que a porta se abrisse. Mamãe sorri para mim, e eu a surpreendo com as flores.

    Kitt. Os olhos dela ficam enormes quando recaem sobre o vaso cheio de lírios e rosas. Você não deveria ter se incomodado.

    Tenho que mimar minha garota preferida. Pisquei para ela antes de entregar o vaso.

    Sua garota preferida, ela me imita e torce o nariz. Preferia ouvir você dizer isso de outra pessoa.

    Nunca vou. Talvez em outra vida, eu poderia ter tudo que ela queria para mim. Uma esposa. Filhos. Em outra vida, Rob ainda estaria vivo. Moraríamos a algumas casas de distância um do outro, e nossos filhos cresceriam juntos. Mas não nesta vida.

    Vou para a cabana por alguns dias. Apenas queria deixar isso antes de ir, dei a notícia a ela.

    Como esperado, seu rosto instantaneamente se encheu de preocupação. Tem certeza de que é uma boa ideia? Sua terapeuta não disse que você não deveria ficar sozinho?

    Sim, ela disse, suspirei. Mas acho que ficar sozinho agora é exatamente o que eu preciso.

    Não parecia uma ideia muito boa. Mamãe coloca o vaso no bar que divide a cozinha e a sala de estar e me apressa para me sentar no sofá.

    Eu já tentei de tudo, confesso. Talvez ficar em algum lugar nostálgico, onde tenho algumas memórias boas ajude.

    Poucas coisas tinham permanecido da nossa vida antiga. Mamãe vendeu a casa depois do divórcio e se mudou para um lugar menor. Todos os pertences do meu irmão estão guardados em um depósito. Nenhum de nós teve o coração de mexer neles. Apenas pago ao depósito uma taxa mês após mês.

    Você e Rob amavam mesmo ir acampar e caçar com seu avô. Um sorriso suave assume as feições da minha mãe. Mas está um pouco tarde para ir acampar este ano. O meteorologista diz que uma tempestade de neve vai estourar em breve.

    Vou ficar bem, mãe.

    Quer que eu vá com você? Ela muda de apoio. Posso ver que ela não quer mesmo que eu vá. Inferno, quem iria querer ir a uma cabana no meio da floresta, sem eletricidade, ou encanamento a essa época do ano? O lugar é velho e raquítico. Só alguém louco iria querer ficar lá quando sabem que tem uma tempestade de neve vindo. Ou alguém com ideação suicida.

    Sei o quanto você ama o frio. Puxo o colar da minha camisa. Ela colocou o termostato a quase vinte e sete graus. Já estou começando a suar.

    Quem sabe, pode ser divertido. Ela dá de ombros. Não vou lá faz tanto tempo. Felizmente, ninguém invadiu.

    Não chamaria exatamente de invadir. Vovô nunca estalou fechadura na porta. Ele queria que o lugar ficasse aberto caso alguém se perdesse na floresta e precisasse de um lugar para ficar. A cabana é a apenas alguns quilômetros de parte da Trilha da Costa do Pacífico. Não era incomum nós irmos e encontrarmos coisas fora do lugar. Mas as pessoas geralmente eram respeitosas. Às vezes

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