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Deite-me: Um Livro de Kellam High
Deite-me: Um Livro de Kellam High
Deite-me: Um Livro de Kellam High
E-book360 páginas9 horas

Deite-me: Um Livro de Kellam High

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Sobre este e-book

Kylee se encostou na porta do quarto, seu coração batendo de forma irregular. Mesmo aqui ela podia ouvir Bill xingando e gritando na sala de estar. Ela fechou os olhos. Porque isso ainda estava acontecendo? Ele deveria ter esquecido dela agora.

“Por favor, fique no outro quarto. Por favor, fique no outro quarto”, ela cantou para si mesma. Ela olhou para seu braço latejante, observando o pequeno riacho de sangue se acumulando no canto do cotovelo.

Os gritos de sua mãe se misturavam com os de Bill, e algo grande colidiu contra a parede. A casa sacudia quando os trovejantes passos de Bill se aproximaram.

“Kylee!” ele rugiu, a extensão total de sua fúria ecoando em uma única palavra.

Ela choramingou. Seus olhos pousaram na poltrona contra a mesa de madeira ao lado do armário. Ela pulou em sua direção com a intenção de empurra-lo contra a maçaneta da porta assim como fez tantas outras vezes no passado.

Ela mal tinha desocupado seu lugar perto da porta antes que ela se abrisse, batendo na parede oposta com força. Kylee virou-se e gritou.

“Me desculpe,” ela gaguejou, com suas mãos esticadas a sua frente por proteção. “Eu deveria ter ficado fora disso. Eu—”

IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de dez. de 2020
ISBN9781071577561
Deite-me: Um Livro de Kellam High
Autor

Tamara Hart Heiner

I live in beautiful northwest Arkansas in a big blue castle with two princesses and a two princes, a devoted knight, and several loyal cats (and one dog). I fill my days with slaying dragons at traffic lights, earning stars at Starbucks, and sparring with the dishes. I also enter the amazing magical kingdom of my mind to pull out stories of wizards, goddesses, high school, angels, and first kisses. Sigh. I'm the author of several young adult stories, kids books, romance novels, and even one nonfiction. You can find me outside enjoying a cup of iced tea or in my closet snuggling with my cat. But if you can't make the trip to Arkansas, I'm also hanging out on Facebook, TikTok, and Instagram. I looked forward to connecting with you!

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    Deite-me - Tamara Hart Heiner

    Deita-me

    Portuguese edition

    copyright 2016 Tamara Hart Heiner

    capa por Tamara Hart Heiner

    Outras publicações de Tamara Hart Heiner:

    Perigoso (WiDo Publishing 2010)

    Altercação (WiDo Publishing 2012)

    Distribuidor (Tamark Books 2014)

    Inevitável (Tamark Books 2013)

    A vida extraordinariamente comum de Cassandra Jones:

    Gatos selvagens andarilhos ano 1 (Tamark Books 2016)

    Tornado Warning (Dancing Lemur Press 2014)

    Hardcover Edition, notas de licença:

    Este livro é licenciado apenas para seu prazer pessoal. Este ebook não pode ser revendido ou dado a outra pessoa. Se você gostaria de compartilhar esse livro com outra pessoa, por favor, compre uma cópia adicional para cada pessoa. Se você esta lendo esse livro e não o comprou, ou se ele não foi adquirido apenas para o seu uso, então adquira a sua cópia. Obrigado por respeitar o trabalho duro deste autor.

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, lugares, eventos e incidentes são produtos da imaginação da autora ou usados de maneira fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência.

    Primeiro capítulo

    Kylee se encostou na porta do quarto, seu coração batendo de forma irregular. Mesmo aqui ela podia ouvir Bill xingando e gritando na sala de estar. Ela fechou os olhos. Porque isso ainda estava acontecendo? Ele deveria ter esquecido dela agora.

    Por favor, fique no outro quarto. Por favor, fique no outro quarto, ela cantou para si mesma. Ela olhou para seu braço latejante, observando o pequeno riacho de sangue se acumulando no canto do cotovelo.

    Os gritos de sua mãe se misturavam com os de Bill, e algo grande colidiu contra a parede. A casa sacudia quando os trovejantes passos de Bill se aproximaram.

    Kylee! ele rugiu, a extensão total de sua fúria ecoando em uma única palavra.

    Ela choramingou. Seus olhos pousaram na poltrona contra a mesa de madeira ao lado do armário. Ela pulou em sua direção com a intenção de empurrá-lo contra a maçaneta da porta assim como fez tantas outras vezes no passado.

    Ela mal tinha desocupado seu lugar perto da porta antes que ela se abrisse, batendo na parede oposta com força. Kylee virou-se e gritou.

    Me desculpe, ela gaguejou, com suas mãos esticadas a sua frente por proteção. Eu deveria ter ficado fora disso. Eu—

    Ele interrompeu o restante de seu pedido de desculpas com um gancho de esquerda no queijo dela. Kylee tropeçou para trás e caiu de joelhos, um pouco surpresa que ela não tinha visto isso vindo. Bill estava mais furioso do que o de costume.

    O que eu fiz— ela começou, mas dessa vez o soco dele a derrubou na mesa. Uma dor terrível atravessou a sua testa. O instinto repentino de fugir passou pelos seus membros. Ela tinha que fugir. Bill bloqueou a saída para o seu quarto, que deixou a sua janela como o único refúgio.

    Kylee disparou para frente, colocando todo o seu esforço em chegar a janela antes que Bill pudesse chegar até ela. Mas ele foi mais rápido. Sua mão se fechou ao redor de seu rabo de cavalo, a chicoteando para trás com tanta força que a sua cabeça girou.

    Não! ela chorou quando Bill agarrou seus ombros.

    Cale a boca, ele disse.

    Deixe-me ir. Ela se contorcia sob as mãos dele. Por favor.

    Eu disse para calar a boca, disse ele antes de bater a cabeça dela contra o chão.

    Tudo que saiu de Kylee foi um pequeno gemido antes que a escuridão a tomasse.

    Segundo capítulo

    O sol já havia caído no horizonte do céu da Virginia quando um carro preto estacionou na garagem do vizinho. Kylee não sabia nada sobre carros, qual era o modelo e qual marca, mas ela soube apenas sobre o som—ou a falta dele —quando o veículo estacionou, ele era um dos melhores.

    Um homem saiu do lado do motorista, mas a visão de Kylee foi bloqueada por um caminhão de mudança que estacionou ao lado do carro. Ela se sentou mais alto no degrau da varanda em ruínas. Vizinhos. Ninguém morava ao lado dos Mansfields a anos.

    Kylee olhou por cima do ombro, através da porta de tela que impedia as moscas de entrar na casa de sua mãe. Ela podia ouvir o zumbido arrastado da voz de seu padrasto na sala de estar e as respostas tépidas de sua mãe. Ninguém estava prestando atenção nela.

    Ela correu para fora da varanda e atravessou as ervas daninhas na altura dos joelhos que sufocavam o jardim. O sol mostrava a silhueta dos homens que estavam atrás do caminhão, bloqueando suas feições. Ainda assim, não foi difícil distinguir o terno sob medida que o motorista do carro usava enquanto os dois homens usavam camisetas e macacões.

    Kylee queria olhar novamente o carro. Até agora, eles estavam muito ocupados descarregando a van em movimento para nota-la. Ela deu uma olhada para a casa que estava no final da longa entrada. Era linda, edifício caiado de branco, cheio de caráter e história, como muitas das casas em Pungo. Infelizmente, algum idiota perdeu o memorando e construiu um bangalô de dois quartos a menos de cinquenta metros de distância.

    Não é de se admirar que ninguém quisesse morar ao lado deles. Como as ervas daninhas ameaçassem ficar nativas no quintal, a picape azul enferrujada e a carroça surrada de Bill já não bastasse, havia caído metade da telhada da casa. A tinta descascou dos lados e a sarjeta se soltou. Ele agora pendia precariamente sobre os degraus de concreto.

    Um mosquito zumbiu no ouvido dela, e Kylee bateu em seu pescoço antes de mordê-la. Ela de alguma forma escapou do verão sem uma única picada de inseto. Provavelmente porque ela passou a maior parte do tempo presa do lado de dentro.

    Kylee.

    A voz de sua mãe chegou aos ouvidos de Kylee. Ela se afastou da cerca que separa os dois metros e correu de volta para casa antes que sua mãe a chamasse novamente. A última coisa que ela queria era que os novos vizinhos a notassem. Ela abriu a porta de tela e entrou na sala de estar. O ventilador de teto ligado não fez nada para aliviar o calor úmido que agarrava as paredes ou para dispensar as trilhas retorcidas de fumaça flutuando na sala de estar. Kylee resistiu ao impulse de voltar para trás. Mãe?

    Sua mãe se sentou na mesa da cozinha, com a cabeça sobre as suas mãos. Ultimamente ela estava sempre doente e raramente se arrastava para fora da cama. Ela levantou a cabeça, seus olhos se fixados na porta de tela atrás de Kylee. Você estava lá fora?

    Apenas na varanda.

    Bill não gosta que você vá lá fora. Você lavou os pratos?

    Ainda não. Ela mordeu seus lábios para não reclamar. Sua mãe precisava dela. Bill tornou suas vidas miseráveis a única coisa que ela podia fazer era ajudar sua mãe.

    No ano passado, quando Kylee ainda estava na escola e ainda tinha amigos, ela foi a casa de Jessica para uma festa do pijama. Haviam muitos aparelhos de alta tecnologia na casa, mas o que mais impressionava Kylee era a máquina de lavar louça. A mãe de Jessica simplesmente limpou a mesa, enfiou tudo na caixa branca e apertou um botão.

    Kylee nunca iria falar sobre a caixa branca na frente de sua mãe e seu padrasto novamente. Após a quarta vez que falou sobre isso, Bill agarrou Kylee pelos cabelos e segurou seu braço em baixo da torneira até que a água ficou tão quente que ela gritou.

    Nós não somos bons ’hunff para você, é isso? Você merece algo melhor? Acha que você não pertence à aqui? ele rosnou, sua respiração rançosa em seu rosto.

    Kylee implorou e soluçou até que ele a soltou. Ela nunca mais foi para a casa de um amigo novamente. E o céu proíbe que ela mencione qualquer aparelho eletrônico.

    Um pássaro gritou do lado de fora, assuntando-a. O prato que estava na mão de escorregou de seus dedos e caiu no chão de linóleo arranhado, cacos de cerâmica barata voando sob o foção e no respiradouro.

    Kylee? sua mãe disse grogue da mesa da cozinha.

    Kylee já estava no chão, juntando os cacos afiados. Não foi nada. Você pode voltar para a cama. O som da televisão ainda soava da outra sala, e ela não ouviu o ranger da cadeira que indicava que seu padrasto havia se levantado. Ele não ouviu nada.

    Theresa! Bill gritou da sala de estar.

    Sua mãe deu um gemido baixo. Kylee pegou a vassoura e limpou os últimos pedaços. Ela fechou a lata de lixo e empurrou a vassoura de volta para o canto.

    Bill não se importaria com um prato a menos. Ela pegou o próximo, o segurando com dedos mais cuidadosos.

    Venha aqui, Theresa! gritou Bill.

    A cadeira se arrastou para trás da mesa e sua mãe se levantou com um forte suspiro. Seus ombros se curvaram para frente e sua cabeça para baixo.

    Mãe, não vá até ele, disse Kylee, vendo sua mãe se embaralhar pelo corredor da cozinha que levava até a sala.

    Termine seu trabalho, disse Theresa. E fique aqui.

    Certo, suspirou Kylee.

    O baixo murmúrio da voz de sua mãe entrava na cozinha. Ela ouvia o grunhido da resposta de seu padrasto, e depois um grito estridente. Kylee se encolheu.

    Kylee! convocou Bill.

    Ela largou a toalha, se preparando.

    Não, disse sua mãe. Deixe ela fora disso.

    Ela endireitou seus ombros e correu para a sala de estar. O medo estremeceu ao longo de sua espinha. Ela desceu para o quarto escuro, a luz azulada da televisão e a luz do sol filtrada através das persianas era a única coisa a mostrar-lhe o caminho. Levou um segundo para seus olhos se ajustarem, mas ela percebeu a figura sombria de sua mãe ao lado da poltrona reclinável. Os olhos de Kylee só podiam ver onde ela pressionou a mão sobre uma horrível marca vermelha em sua bochecha.

    Sempre enfiando o nariz onde não é chamada, rosnou Bill, enquanto balançava a cadeira e tomava um gole da garrafa long-necked em sua mão.

    Kylee, volte para a cozinha, disse sua mãe.

    Kylee não se mexeu. Seu coração batia forte, o sangue batia forte atrás de suas orelhas. Foi preciso toda a sua coragem para dizer, Só se você voltar comigo.

    Inútil, assim como sua mãe. Bill se levantou. Sua altura total aproximadamente um metro e oitenta, ele estralou seu pescoço. Como se ele precisasse de mais alguma coisa para intimidá-la. Você tem algo mais a dizer, garota?

    As entranhas de Kylee congelaram, e ela se sentiu murcha diante dele. Não, senhor, ela disse, tentando manter contato visual. Eu só preciso da ajuda de minha mãe na cozinha, com os pratos.

    Não se atreva a falar comigo dessa maneira! ele disse.

    Vá para seu quarto, Kylee, disse sua mãe.

    Sim, Kylee, zombou Bill, pronunciando seu nome. Vá para o seu quarto para que eu possa cuidar de sua mãe.

    Por um instante, ela se esqueceu de sua própria necessidade de autopreservação. Você a deixe em paz!

    Ele tropeçou em sua direção, mas o braço de sua mãe se esticou, o agarrando pela cintura.

    Kylee, ela disse, com sua voz forçada, vá. Agora.

    Um aviso arrepiou a parte de trás de seu pescoço, e Kylee sabia que essa não era hora de desobedecer. Ela se virou e correu pela cozinha antes de virar a esquerda para a sala de jantar. Seu quadril esbarrou na mesa, mas ela continuou. Ofegante, ela fechou a porta de seu quarto e se encostou nela.

    Ela podia prever o que iria ocorrer a seguir. Era a mesma cena, de novo e de novo. Seus pais gritavam e jogavam coisas se agrediam fisicamente antes que sua mãe chegasse na cama e Bill desmaiasse na sala de estar. Ela o ouviu rugir seu nome e a casa tremeu com o impacto de seus passos.

    Por que, oh porque, não pensei em trazer o telefone? Não que isso ajudasse. O tempo que a polícia do começo da cidade até o território de Pungo, a briga geralmente já tinha terminado. Ela enfiou a cadeira debaixo da maçaneta para se caso Bill tentasse entrar.

    Caindo de joelhos em frente a cama, as mãos de Kylee procuravam algo debaixo do travesseiro. Seus dedos roçaram em uma faca afiada, mas isso não era o que ela queria. Ela continuou procurando, cautelosamente, para não causar uma lesão indesejada.

    Aqui. Ela puxou uma lâmina de barbear extensível. Puxando a manga para cima, ela fez um pequeno corte na dobra de seu cotovelo, ofegando com a dor aguda que subia pelo seu braço. Ela ainda podia ouvir os barulhos da briga, mas a sua atenção era mantida no sangue que se acumulava na dobra de seu braço.

    De sua visão periférica, ela viu um leve movimento na porta ao lado. Ela correu ao redor da cama para olhar melhor. Ela viu a silhueta de um menino enquanto atravessava a sala iluminada do segundo andar. Ele desapareceu de sua vista, depois reapareceu brevemente antes de apagar a luz.

    Kylee!

    O grito de Bill a trouxe de volta ao presente, mas Kylee o ignorou. Ela fez um corte mais profundo ao lado do primeiro, e a dor branca a fez ofegar. Ela deixou a lâmina de barbear de lado e se enrolou ao lado da cama. Ela fechou os olhos e se concentrou na dor latejante em seu braço.

    Terceiro capítulo

    Sábado. Kylee trocou as cobertas e pegou uma muda de roupa. Ela entrou no banheiro para tomar um banho e se trocar antes que Bill pudesse notá-la. A pior parte do final de semana foi saber que ele ainda estava aqui, por dois dias inteiros.

    Ela terminou o seu banho antes que a água corrente pudesse atrair a sua atenção. Ela entrou em seu quarto e encontrou um par de jeans e capuz cinza para vestir.

    A cozinha estava vazia. Kylee começou a trabalhar na maça que faria para o jantar mais tarde. Fazendo uma pausa, ela escutou para Bill. Nada ainda. A briga da noite passada deve ter o deixado exausto. Ela precisava checar a sua mãe, mas ela não queria esbarrar com ele. Ela andou nas pontas dos pés até o quarto de sua mãe. Apenas a sua mãe estava em cima das cobertas.

    Mãe? Você já saiu do quarto? Kylee colocou uma caneca de café na mesa da cabeceira. A única resposta foi um gemido suave.

    Você precisa sair dessa casa. Kylee bebeu um gole de café. Nós poderíamos ir conhecer os vizinhos. Coma um pouco de pão fresco.

    Muita luz, sua mãe sussurrou.

    Sua mãe tinha terríveis dores de cabeça que as vezes a faziam vomitar. Kylee fechou a persiana e saiu do quarto. Ela precisava pegar os ovos.

    O ar fresco da manhã soprava em seu cabelo loiro e fino para longe de seu rosto, e ela parou um momento para respirar. Como sempre, o cheiro salgado da vida aquática carregava o aroma da terra e da mata. A menos de uma hora de distância, o Oceano Atlântico colidia contra a costa da Virginia.

    Vinte quilômetros do calçadão de Virginia Beach, mas Bill a proibiu absolutamente de ir.

    Então ela pensou sobre isso, ela ainda não havia o ouvido gritar esta manhã. Na verdade, ela nem havia ouvido a televisão estridente. Onde ele estaria?

    Ela destrancou a porta do galinheiro. As galinhas pularam em suas mãos até que ela despejou comida o suficiente para distraí-las. Os ovos estavam desprotegidos, e Kylee cuidadosamente pus um por um na cesta.

    No lado de trás da casa, ela ouviu vozes chamando de um lado para o outro. Os vizinhos. Ela pegou a cesta de ovos e correu para o jardim da frente.

    Um cachorro grande com pelo avermelhado e desgrenhado corria pelo quintal, ofegante enquanto ele abaixou e correu entre as pernas de um menino adolescente e uma menina. O homem estava no caminhão de mudança, entregando caixas para as duas crianças.

    Kylee andou devagar. O cabelo castanho da menina estava em um rabo de cavalo bagunçado, como se ela tivesse dormido com o penteado. O cabelo do menino era de uma cor parecida, mas estava arrepiado em um estilo moderno que Kylee reconheceu de alguns comerciais de televisão. Ele estava de costas para ela, então Kylee não podia ver seu rosto, mas a julgar por sua altura ele deveria ter mais ou menos a sua idade. Quinze, no máximo. Ela sentiu uma energia. Ter um vizinho com a mesma idade que ela, especialmente um menino, era mais do que ela podia esperar.

    Como se ele tivesse sentido o seu olhar, ele se virou e seus olhos se encontraram através da cerca. Por um instante, eles não se mexeram. Então Kylee sorriu e acenou. Ela estava certa. Ele não podia ter mais do que dezesseis anos, no máximo. Olá. Eu sou Kylee.

    Ele não sorriu de volta. Ele apenas olhou para ela mais uma vez, depois lhe deu as costas e disse algo para o homem na van.

    Talvez ele não me ouviu, Kylee disse para si mesma, a familiar sensação de frieza da decepção se infiltrando por seus membros. Ele poderia ao menos sorrir.

    Ele se virou e encontrou seus olhos novamente. Ele deu dois passos para trás, seus olhos não deixando os dela. Então ele desapareceu ao redor do lado da van. Kylee podia ouvir seus passos quando ele correu para dentro da casa.

    Tudo isso para fazer um amigo, ela suspirou. Toda a animação por ter novos vizinhos foi embora. Drenada, cansada, e sem vontade para fazer qualquer coisa exceto voltar para a cama, Kylee abriu a porta de tela e entrou em casa.

    Ela deixou a cesta de ovos no balcão, depois pensou melhor. Ela achou melhor lavar eles primeiro. Ela ligou a água morna e colocou o sabão em uma esponja, o tempo todo amaldiçoando sua família por ela ser uma praga na comunidade. Ela não sabia quais eram os rumores, mas ela sabia que as pessoas falavam sobre eles. Ela se lembrava dos olhares para ela quando ia para a escola. Ela ouvia os sussurros mesmo de seu quarto, a maneira como as pessoas apontavam e passavam apressadas.

    Ela não esperava que a nova família os ouvisse. Talvez o corretor de imóveis os tenha avisado quando vendeu a casa. Seria justo, certo? Eles deveriam saber onde estavam se metendo. Talvez eles obtinham essa casa apenas para ouvir música e dançar por causa dos vizinhos malucos.

    Ela encontraria uma oportunidade para conversar com o garoto. E assim ela poderia mostrar para ele que nem todos da família Mansfield eram loucos.

    O ovo que ela segurava em sua mão escorregou entre seus dedos. Kylee tentou impedir isso, fazendo uma dança desesperada antes que a gravidade vencesse a batalha. Ele se abriu no linóleo, nos ouvidos de Kylee o som foi tão alto quanto o tiro de uma arma. Ela segurou sua respiração. Talvez Bill não tivesse escutado.

    Silêncio.

    Ela foi até a janela da frente e levantou as cortinas persianas. Onde ela esperava ver o carro amassado e enferrujado, mas a entrada estava vazia.

    Bill não está aqui, ela sussurrou.

    Kylee pegou o cesto de roupas brancas nos braços e foi para fora com as roupas molhadas, subitamente ansiosa para falar com sua mãe. Ela pendurou as roupas molhadas e rapidamente começou a retirar as roupas secas do varal. Ela parou quando sua mãe entrou no quintal com uma mão sobre a cabeça.

    Mãe? Você está bem o suficiente para estar de pé?

    Temos que nos apressar, Theresa disse, parando ao lado do varal. Eu ouvi no rádio que irá chover essa tarde.

    Eu queria falar com você, disse Kylee, golpeando um mosquito que zumbia perto de seu ouvido. O Bill está trabalhando hoje?

    Não é bom o suficiente, não está bom o suficiente.

    Conversas com sua mãe frequentemente eram assim. Às vezes Kylee temia que sua mãe estivesse perdendo a cabeça.

    Precisamos de mais dinheiro, é isso? Então ele está trabalhando?

    Sua mãe deslizou as roupas pelo varal para dar mais espaço a outras. Talvez ela não sabe a resposta, supôs Kylee. Então ela não sabe o que responder. Desculpa esfarrapada, mas isso é tudo o que ela tinha. Ela viu seu sutiã no varal e o puxou, o colocando dentro do cesto. Um menino se mudou para a casa ao lado.

    Sua mãe pegou uma camiseta, alisou e a pendurou novamente. Cuidado, Kylee.

    Cuidado? Kylee retrucou, irritada novamente. Há algo de errado em falar com um menino?

    Sim. Sempre um problema. Sua mãe começou a cantarolar.

    Kylee odiava esse som. Isso geralmente significava que ela estava fora da realidade. Kylee terminou o cesto de roupa sujo e suspirou. Obrigada, Mãe.

    Em apenas três anos, Kylee estaria fora daqui. A faculdade estava no horizonte, e ela não ligava para onde ela iria ir, entanto que estivesse longe demais para visitar. Ela fugiria se fosse necessário. Bill não poderia mantê-la aqui para sempre. Ela tinha sonhos, planos, tantas coisas que gostaria de fazer em sua vida. Talvez estudasse arte ou literatura. Talvez ela se tornaria uma grande cozinheira que poderia fazer algo que não envolvesse frango ou pãezinhos.

    E ela teria amigos. Tantos amigos e admiradores que ela teria que carregar uma agenda no bolso onde quer que fosse.

    Ela se imaginou como uma adulta, passeando pela calçada em um vestido glamoroso, parando para cumprimentar todas as pessoas que a adoravam. Todos os homens bonitos que queriam a sua companhia. Eu adoraria fazer o jantar, Andrew. Oh, sexta-feira? Me desculpe, sexta não vai dar para mim. O almoço no sábado também. Eu posso jantar no sábado!

    Ela riu da idéia. Eu estou indo agora. Kylee pegou o cesto novamente. Mãe?

    Sua mãe se sentou na grama. Estou tão cansada.

    Vamos lá, Mãe. Kylee pegou sua mão e a ajudou a levantar. Volte para a cama.

    Theresa se levantou. Ela parecia um pouco mais firme em seus pés agora. Ela soltou a mão de Kylee e andou na frente.

    Kylee guardou as roupas dobradas, primeiro verificando se sua mãe tinha voltado para a cama. A massa estava subindo. Ela tinha um tempo antes de precisar assar o frango. Ela pegou o telefone e ligou para Jessica.

    A linha fez um barulho estranho, mas não tocou mais. Bill provavelmente não pagou a conta. Irônico. Ela desligou o telefone e se trancou em seu quarto, deitando-se de bruços na cama, com um livro na sua frente.

    Ela leu novamente as informações sobre os espanhóis que colonizaram as Américas, mas logo a sua mente começou a vagar. O estudo em casa esperava que o aluno se auto motivasse, para aprender todos os conceitos sem que alguém lhe desse tarefas de casa. Talvez isso dava certo com algumas pessoas, mas Kylee lutava com isso. Ela precisava da responsabilidade de um grau, a competição de seus colegas.

    Ela deixou o seu livro de lado e procurou de baixo de sua cama o A Garota da História. O título tinha se desgastado, ela o leu tantas vezes, mas Kylee nunca se cansou da personagem principal e de suas histórias e viagens. A biblioteca tinha desistido de tentar recuperá-lo a anos atrás, e Kylee apenas o continuou lendo.

    Bill foi embora novamente antes que Kylee se levantasse no domingo de manhã. Ela não podia acreditar na sua sorte. Ele devia ter pego um turno de final de semana nos estaleiros das docas. Se ele quisesse não pegar o trânsito, ele teria que sair mais cedo. Kylee espirou a nova família enquanto eles saíam com seu carro preto, todos vestidos para ir à igreja. Com mais nada para fazer, Kylee se focou em fazer a sua lição de história.

    O galo cantou, e Kylee abriu seus olhos em um quarto escuro. O brilho rosado do nascer do sol entrava pela janela aberta. Já amanheceu? Ela sequer se lembrava de ter adormecido. Seu livro estava ao seu lado, aberto na página que estava lendo.

    Kylee levantou-se com um bocejo. Pelo menos as segundas eram previsíveis. Bill estaria no trabalho agora. Ela pegou a cesta de ovos e foi para fora.

    O sol estava forte, um laranja suave coloria o céu enquanto a esfera amarela começava a subir no horizonte. No final da estrada, os freios a ar do ônibus rangeram. Kylee fez uma pausa no galinheiro para ver o longo veículo passar. Kylee acenou para suas antigas amigas de escola Amy e Michael, tentando chamar sua atenção, porém eles não olharam para ela.

    Lisa, corra! uma voz masculina gritou.

    Kylee virou a cabeça e viu os novos vizinhos correndo pela estrada.

    Espere! o menino gritou para o ônibus, o parando antes que ele fosse embora.

    As galinhas cacarejavam para ela, ansiosas por sua comida. Ela tirou a sua atenção das crianças que iam para escola e se concentrou nos pequenos animais.

    *~*

    Kylee manteve seus olhos no relógio do forno enquanto descascava as batatas. O ônibus da tarde estaria aqui em cinco minutos. Quatro.

    Ela largou a batata e enxugou as mãos no avental antes de pegar o cesto de roupas sujas.

    O ônibus já havia estacionado no ponto e as crianças corriam pela rua como formigas saindo do formigueiro. Kylee foi até a beira da calçada

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