Azul com Verde Não Combina, Graciosa Menina!
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Sobre este e-book
Chicklit no seu melhor, assim espero.
Se você ama Chicklit, vai adorar esta história. Minha protagonista, a GiGi, passa de secretária a Assistente de Compras, vivenciando suas diversas etapas intermediárias. Ela encara muitas provações e tribulações que cruzam seu caminho. Será que, no final, ela salvará a pátria? Há muitos eventos engraçados, humorísticos e deliciosos que cruzam seu caminho, mas sua forte ética de trabalho, com uma pequena ajuda de seu amigo Ritchie, sempre prevalece... Ou não? A moda pode ser o tema principal deste livro, mas tem ainda muita amizade, uma mãe implicante, um vilão, boa comida e muito mais. Este livro já foi traduzido para o italiano, pelo meu marido, e seu título é "Senza Tacchi non mi Concentro!".
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Azul com Verde Não Combina, Graciosa Menina! - Colette Kebell
Azul com Verde Não Combina, Graciosa Menina!
(assim Mamãe diria)
––––––––
COLETTE KEBELL
AZUL COM VERDE NÃO COMBINA, GRACIOSA MENINA!
(Assim Mamãe Diria)
UM LIVRO DA SKITTISH ENDEAVOURS:
Publicado originalmente na Grã-Bretanha pela Skittish Endeavors 2015
Direitos Autorais © Colette Kebell 2015
Primeira Edição
O direito de Colette Kebell de ser identificada como a autora deste
trabalho foi declarado de acordo com as seções 77 e 78 do Copyright Designs and Patents Act 1988.
Este livro é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produto da imaginação da autora ou são usados ficticiamente. Qualquer semelhança com eventos reais, locais ou pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.
Condições de Venda
Este livro é vendido sob a condição de não ser, por meio de comércio ou de outra maneira, emprestado, revendido, alugado ou distribuído em qualquer forma de encadernação ou capa diferente daquela em que tenha sido publicado e sem um condição semelhante. Inclusive esta condição é imposta ao comprador subsequente.
Os livros da Skittish Endeavors são fornecidos e impressos por Ingram Spark
Impresso e encadernado por Ingram Spark www.ingramspark.com
Graças a:-
Desenho © www.Lizziegardiner.co.uk; ilustrações © Shutterstock.com.
Leitor de Provas e Revisor: Patrick Roberts
Para obter mais informações sobre Colette Kebell, consulte seu site em
www.colettekebell.com
ou
Siga-a no Twitter @ColetteKebell
e/ou
https://www.facebook.com/ColetteKebellAuthor
DEDICATÓRIA
É aqui onde devo agradecer ao meu marido. Por ser minha rocha, por colaborar, ser solidário e por me permitir saltitar em torno de ideias, não importando o destino a que me conduzam. Sem ele eu não teria sido capaz de chegar onde estou.
CONTEÚDO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 1
––––––––
Suéteres noruegueses para o Natal?! Ora bolas, deixe de onda, meu! Afinal de contas, ainda tenho um pouco de ética.
Esse cara está me deixando maluca.
Você pode até pensar que o declínio tenha começado em 2008, quando a recessão nos atingiu a todos, mas não é bem assim. O GRANDE problema começou quando decidi que poderia melhorar o mundo expandindo o meu negócio. Acrescentar uma seção masculina ao meu site de compras pessoal parecia a coisa certa a ser feita naquela época. Afinal, por que limitar minha especialização a apenas metade do mundo? Estava errada - não, eu estava profundamente errada, em diversos níveis.
A princípio as pessoas pensaram, inacreditavelmente e por algum motivo qualquer, que era um site de encontros amorosos e começaram a me encher a caixa de spam. Ei, é você nessa foto?
ou, pior ainda, Qual é o tamanho que você veste?
Entre eles, havia aquela pessoa estranha e genuína que poderia ter se beneficiado de algum conselho de moda. Mas sejamos francos: era um ou outro. Apesar de minhas respostas educadas (afinal de contas, sou uma Assistente de Compras), logo percebi que não havia esperança.
O último pedido recebido tinha sido do Jasper Barnes, supostamente um empreendedor trabalhando em Londres, pedindo-me para encontrar para ele um suéter norueguês. O tamanho havia sido incluído no e-mail. Particularmente, não tenho nada contra suéteres noruegueses. Alguns deles são lindos. Meus melhores amigos os usam. O problema seria como explicar a um homem adulto que aqueles suéteres o fariam parecer o tio norueguês da revistinha Pippi Longstoking. Ei, quer provar um pouco de carne seca de rena enquanto aguarda?
Ser uma Assistente de Compras é uma arte sombria, com poucas recompensas tangíveis. É um negócio espalhado de boca em boca, e meus clientes nunca admitiriam que precisariam da minha ajuda. Nem mesmo se fossem torturados. Sejamos honestas: quem admitiria precisar de uma consultora de moda?
As pessoas precisam de conselhos e, muitas vezes, um novo ponto de vista ajuda a rejuvenescer um guarda-roupa que, com o tempo, tenha se tornado enfadonho. Mas alguém admitiria isso? Sem chance!
É como ser uma alcoólatra: o primeiro passo é admitir que precisa de ajuda e reconhecer que esse par de leggings, agora que você está com seus cinquenta e poucos, já não combina mais com você. Quando reconhecer isso, estará então no caminho da recuperação, e meus serviços irão ajudá-la.
Comecei por acaso, quando tinha quase trinta anos. Sou uma compradora compulsiva, e não digo isso de uma forma depreciativa. O direito de fazer compras deveria estar previsto na constituição (isto é, se eu ainda vivesse nos Estados Unidos), logo abaixo do livre exercício de religião
e da liberdade de expressão,
e acima do direito de posse e porte de armas
(tudo grafado apropriadamente em cores diferentes).
Uma espécie de Emenda 1B: o Congresso não fará nenhuma lei a respeito do livre exercício de compras; ou restringir a liberdade de uma farra de compras; ou o direito do povo de se reunir pacificamente (exceto durante o período de vendas) e gastar com roupas e sapatos. Os bancos devem investir no direito das pessoas em sua busca pela felicidade, por meio do projeto de moda.
Portanto, a grande questão é: eu satisfaço um cliente potencial - alguém que poderia ter milhares de reais para gastar - e me esqueço de minhas crenças?! Vale a pena driblar minha ética para agradar um cliente, só porque estamos em um período pós-recessão (e eu realmente preciso do dinheiro)?
A resposta simples é: NÃO. Nunca. Nem em sonhos. Zero.
Prezado Jasper,
Agradeço por entrar em contato comigo no GiGi-Assistente de Compras. Analisei o seu pedido para ajudá-lo a encontrar um suéter norueguês para este Natal, mas infelizmente tenho que indeferir a solicitação.
Como Assistente de Compras, devo informá-lo que não compramos itens específicos mediante solicitação. Preferimos uma abordagem mais pessoal, na qual dedicamos um certo tempo para entender as necessidades de nossos clientes e fazemos uma revisão completa de seus estilos atuais para então propormos alternativas adequadas. É um processo lento, suponho, que não atenderia aos seus requisitos.
Compreendo as dificuldades pelas quais tenha passado para encontrar o item mencionado acima. Para ser sincera, lembro-me de que meu avô teve um, muito tempo atrás, mas desde então parecem ter desaparecido totalmente da face da terra.
Definitivamente tenho na memória uma cena do filme norueguês Troll i Ord,
de 1954, onde usam um. Desde The Eiger Sanction
(estrelado por Clint Eastwood, em 1975), onde o personagem principal desfilava com um suéter de gola alta, a moda parece ter evoluído, de certa forma, inexplicavelmente.
Pedi ao meu sócio para pesquisar sobre o assunto e entendo que existem nichos de mercado para o item que você solicitou. Por favor, veja a lista anexa contendo sites e lojas (principalmente na Noruega) que podem satisfazer seu desejo de tradição.
Calorosas (se você encontrar o seu suéter) saudações
GiGi Griswald.
Você deve estar se perguntando sobre o meu sobrenome. Meu pai é sueco com talvez uma pitada de alemão (daí o sobrenome), enquanto a minha mãe é de fato italiana. Também temos um pouquinho de maltês e francês em algum lugar de nossa ancestralidade, mas isso é outra história. Minha paixão por roupas e moda vem de minha mãe; caso contrário, atualmente eu teria a minha própria loja de móveis modulados. O que eu achei engraçado é que eles me chamavam de Griselda, que significa Batalha Sombria
ou algo parecido em alemão. A razão por trás disso ainda é um mistério, e os dois não estão dispostos a revelar o segredo tão cedo.
Cresci em Nova York até alcançar o décimo aniversário, e então a família voltou para Milão para passar alguns anos. Aquele período na Itália foi fundamental para o meu conceito de moda. Em seguida nos mudamos para o Reino Unido.
Quando eu tinha vinte e poucos anos, tive o que eles
chamam de probleminha com o cartão de crédito. Para mim, não era um problema e, embora eu admita que estava atrasada com os meus pagamentos, pensava que estava exercendo meus direitos, conforme a Emenda 1B acima. Infelizmente, o gerente do banco, que era um sujeito triste e sem nenhum senso de imaginação ou compaixão social, pensava exatamente o contrário. Ele me deu um ultimato: pague suas dívidas ou então!!
Naquela época, eu trabalhava para uma pequena firma de advogados, em Berkshire, e odiava cada minuto daquilo. Na escola eu não fui muito bem - não fui mal, mas definitivamente não fui muito bem. Achava que muitos dos assuntos eram chatos, ou pelo menos eram apresentados como tal. Não é à toa que tomei bomba em Economia Doméstica, no Segundo Grau – apesar de que depois me tornei uma das mais influentes criadoras de tendências de moda do reino. Sim, há aquele pequeno detalhe de que ainda não estou super rica mas, ei, o negócio está prosperando. Assim que não tenho nada que reclamar.
Depois de uma reunião familiar na minha adolescência, nós (?) decidimos que, devido à minha não brilhante carreira escolar, eu deveria me contentar com uma profissão menos exigente e, eventualmente, a palavra secretária
saiu da boca de alguém; não me lembro de quem. Eu era realmente rápida na digitação e bem esperta e, durante aqueles anos de preguiça adolescente, o trabalho me caiu bem. Ganhar dinheiro não era mais um problema, exceto pelo fato de que gosto de fazer compras.
Sim, pode apostar: até o décimo dia do mês eu já havia feito muitos lojistas felizes. Em alguns casos, acho que até contribuí para mandar alguns de seus filhos para a faculdade, considerando a quantidade de dinheiro que havia gasto. Algo precisava ser feito. Para ter sucesso na vida, você precisa ter um plano. Eu tinha um, embora talvez não fosse o mais inteligente.
Meu plano seguia o ditame das principais universidades de negócios do mundo, como Harvard e Oxford, e era um top de linha
na indústria. Era simples, claro e conciso: eu precisava de mais dinheiro. Como você pode imaginar, ele não me levou muito longe; afinal, eu ainda era uma simples secretária. Mas mesmo no mundo do secretariado, as pessoas podem progredir e se aprimorar. Existem CEOs em todo o país que precisam de uma mente brilhante para resolver suas desordens - o que eles chamam de assistente pessoal, que nada mais é que uma secretária com um nome chique e um salário polpudo. O mundo era a minha ostra, e eu só precisava da faca e da técnica corretas para abrir aquele maldito molusco. Eu precisava encontrar meu nicho.
O primeiro objetivo era bem simples: encontrar um emprego, ganhar alguma experiência com o meu cinto rosa Ferragamo e depois passar para um trabalho melhor remunerado. Depois de um ano batendo pernas e sofrendo com a luta, eu estava pronta para dar o próximo passo. E foi o que fiz. O novo emprego estava pagando substanciais três mil reais a mais por ano (bruto) que o primeiro. Chega de remexer na cesta de pechincha da TK Maxx, como uma sem-teto em busca daquele tesouro jogado no lixo, que nunca é encontrado. Chega de vasculhar a loja de departamentos Primark em busca daquela camisa que, se bem combinada com uma saia e um acessório adequados, não parecerá barata. Talvez eu pudesse até mesmo evitar atrasar as compras até a chegada da temporada de liquidações. Para ser honesta, gostei bastante da palavra temporada
associada a liquidações. Essa era uma descrição perfeita de mim - uma verdadeira caçadora de pechinchas, que deixava a população de presas crescer até chegar o momento exato, e então partia para a matança.
A realidade me bateu à porta dois pagamento depois, quando percebi que havia um cara por aí chamado Sr. Inflação,
que tirou toda a graça do meu salário suado e merecido. Sr. Inflação:
uma criptonita que sugou todo o poder de compra do meu salário.
O bastardo.
Uma estratégia revisada logo foi bolada, então comecei a trabalhar algumas noites e fins de semana como babá. Não ganhava muito e nem mudei a minha vida, mas a coisa deu um pouco de oxigênio às minhas finanças, muito embora eu soubesse desde o início que seria mais como o último suspiro em um Titanic
afundando que um brisa fresca na primavera. Mas eu me dei claramente muito bem, com uma família paquistanesa não muito longe de onde eu morava. Naquela época, eu ainda vivia com os meus pais em uma casa de tamanho decente, perto de Bray. Os vizinhos eram endinheirados e precisavam de babás boas e confiáveis que pudessem cuidar dos preciosos e amados filhos enquanto saíam para uma noite ou outra de bebedeira. Eram amigos da família, moravam do outro lado da rua e, com um pequeno empurrão de mamãe, aí estávamos. Fui contratada.
CAPÍTULO 2
––––––––
Apesar de trabalhar horas extras em um bairro rico, não se anime muito; eles não pagam bem. Com o dinheiro extra, agora eu poderia pagar meus Clarks, sem deixar um arranhão sequer naquele vidro enorme, grosso e a prova de balas da alta costura. No entanto, o trabalho provou ser - como devo dizer? - recompensador. Era muito divertido cuidar das meninas, o Papai estava frequentemente ao redor do mundo a negócios ou levando a Mamãe para uma jantar de negócios e a Mamãe... bem, a Mamãe precisava realmente de ajuda. Mas não vamos divagar ainda. As duas meninas eram Laila e Uzma, de oito e dez anos respectivamente. Dois lindos anjos com cabelos longos e escuros e olhos castanhos profundos que ficariam facilmente satisfeitas com alguns jogos divertidos à noite e um pote de sorvete. Costumávamos brincar no salão, um espaço enorme com mais sofás que uma loja de móveis e algumas pinturas que deveriam estar, na verdade, em um museu. A estranha peça de escultura se encontrava espalhada pela casa, e as meninas sabiam muito bem que deveriam evitar jogos perigosos como futebol ou tênis dentro de casa. Não que elas não tenham feito isso, mas pelo menos entendiam que precisavam ter cuidado. Isso tornava meu trabalho extremamente fácil.
No entanto, na maioria das vezes, seria suficiente para entretê-las um jogo de cartas, um jogo da memória ou brincar de esconde-esconde. Considerando que eu estava trabalhando lá à noite, as meninas se cansavam logo o suficiente para permitir que eu as colocasse para dormir. Geralmente ainda me sobrava tempo, antes do retorno dos pais, para me colocar em dia com o Esquadrão da Moda
na tevê, com Trinny e Susannah, meus super-heróis pessoais em uma missão para salvar o mundo das roupas ruins.
Lembro-me claramente - isso ficará gravado em minha mente pelo resto da minha vida - de uma noite de verão, quando brincávamos de esconde-esconde. Laila, a menina mais nova, decidiu se esconder no guarda-roupa da Mamãe. Elas sabiam que os quartos do andar de cima eram proibidos, exceto os delas. Mas depois de um bom tempo procurando por ela nos lugares habituais, tive que me render e expandir a minha busca. Comecei a vasculhar o quarto principal e naquele ponto percebi o horror total do que presenciei, diante destes mesmos olhos, quando abri as portas do guarda-roupa.
Dizem que antes de morrer se pode ver a própria vida passando, como num filme, diante dos olhos. O que estava diante de mim era a cena mais horrível que eu já havia experimentado: um enorme guarda-roupa repleto do mais horrível conjunto de roupas que eu poderia imaginar. Fiquei sem palavras, paralisada e mal conseguia respirar. Era o tipo de vestimenta que minha avó poderia usar em uma festa de casamento, se ela sentisse que não gostava muito da noiva. Roupas em tons pastel com botões gigantescos na parte superior. Pensei que o vinil tivesse sido abandonado anos atrás em favor dos CDs e MP3s, mas aparentemente algumas pessoas ainda usam esses discos antigos em algum lugar; bom, ali era a mesma coisa, devidamente transposta para o mundo da moda. Aquelas roupas poderiam ter sido muito boas para a nossa amada Rainha em seus oitenta, mas para com isso; Mamãe tinha apenas trinta e poucos! Um em particular me horrorizou: um vestido de lantejoulas azuis e amarelas com enormes flores rosas por todas as partes. Eu o cutuquei com um pedaço de pau à distância para garantir que não estava vivo e pronto para me matar. Você sabe, às vezes eles nos assombram. Seriam mesmo as roupas dela ou eram lembranças de uma tia velha e falecida?
Bem, isso deu à pequena Laila a oportunidade de se esgueirar e ganhar o jogo, mas naquele ponto comecei a questionar as habilidades parentais do casal. Sério, deixar uma garotinha se esconder dentro daquela monstruosidade?! Pensei por um breve momento em ligar para os serviços sociais; como eu poderia salvar as duas meninas de um futuro sem estilo?
Não, aquilo era algo que precisava de um enfoque mais profundo; Eu teria que proteger aquelas pobres criaturinhas abordando o problema na fonte: a mãe. A Marianne era uma boa mulher, uma mãe afetuosa e uma pessoa generosa; ela nascera na Dinamarca e era uma boa amiga da nossa família, embora, por qualquer motivo, ela e o marido não viessem frequentemente à nossa casa. Eu ousaria dizer que ela era uma mulher perfeita, vivendo uma vida perfeita - isto é, exceto por seu gosto por roupas. Se dinheiro não pode comprar felicidade, certamente não pode comprar estilo. Avaliei que ela estava naquela situação embaraçosa, depois de alguns anos cuidando da família, mudando-se pouco a pouco para uma fase da vida em que as pessoas gostam de se sentirem confortáveis.
Os piores crimes da moda da história foram cometidos em nome do conforto.
Confortável é o Jack o Estripador de estilo, e logo em seguida vem a perda de interesse, o divórcio e uma vida de miséria passada alimentando os pombos, sozinha no parque, ou pior ainda, dividindo sua vida com 20 gatos.
Não me interpretem mal: ela possuía muito dinheiro e podia comprar coisas caras; estava apenas comprando o estilo errado. Eu estava pronta para explorar outro de meus astutos planos, sobre como abordá-la, quando ela me deu uma bela oportunidade. Oh, Griselda,
disse um dia quando eu tinha acabado de chegar à casa dela para mais uma noite de babá (eu realmente não pensava naquilo como babá,
e sim como uma doação para o meu fundo de sapatos), você sempre se veste tão bem; você deve gastar uma fortuna.
De fato, eu me vestia elegantemente, mas acho que tínhamos um conceito diferente do que seria gastar uma fortuna.
Eu não diria isso. O top custou apenas 20 mangos. A calça de couro é Nicole Farhi, mas comprei na ponta de estoque. É na verdade uma amostra, então você não verá outra par por aí,
eu disse.
Sério?! Você está dizendo que é uma peça única?!
A isca foi lançada e o peixe grande estava a ponto de engoli-la com anzol, linha e chumbada.
Claro: há vários lugares, se você souber onde procurar e, com o seu figurino, acho que não seria difícil encontrar algo para você. Claro, apenas se você estiver interessada...
Eu podia ver seus pensamentos girando em torno de sua cabeça. De um lado, havia a oportunidade de ter um guarda-roupa menos antiquado e, pela primeira vez, não parecer estar na casa dos trinta como se tivesse o mesmo estilista da nossa querida rainha. Por outro lado, ela era uma mulher rica; não podia se dar ao luxo de ser vista em uma das lojas de pechinchas e pontas de estoque que eu costumava frequentar. Aparência é tudo, dizem. Devolvi uma oportunidade para ela. Não precisa comprar nada, e se alguém a encontrar, você pode dizer que está apenas me acompanhando...
Ela refletiu a respeito por um instante, as dúvidas consumindo sua carne por dentro enquanto ponderava a relação riscos-benefícios. Então, eventualmente: Que tal neste sábado?
Sábado será. Você vai amar!
CAPÍTULO 3
––––––––
O que você quer dizer com ‘Ele está de volta!’?
perguntei ao Ritchie, que estava me esperando encabuladamente em meu escritório.
Jasper, o cara do suéter norueguês, está de volta. Ele enviou outro e-mail.
Ritchie?! Qual é, você sabe que não tenho tempo para isso. Mande uma resposta genérica e diga a ele, com educação, para ir para o inferno.
Eu tentei, para dizer a verdade. Já trocamos uns doze e-mails. Ele quer você.
Colocou o dedo indicador nos lábios, como sempre faz quando está pensando se é o caso de me dizer toda a verdade ou não.
OK, desembuche! O que está acontecendo?
Perguntei eventualmente.
Ele é fofo,
disse ele com aquela cara de quem tem culpa no cartório e com olhos de cachorrinho, sabendo muito bem que havia tocado em um assunto proibido.
Conheço o Ritchie há muitos anos, desde o colégio, e temos sido melhores amigos desde