Até que o amor nós abandone
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Sobre este e-book
A obra da Elena Chernikova é dedicada as dramáticas histórias de amor que se desenrolaram na mesma família em diferentes gerações no final do século XX. O tema principal da peça é amor, política, paixão, carreira, sexo, vingança, ciências psiquiátricas, memória, a busca da felicidade.
A obra é traduzida para o chinês, sueco e português. Esta obra foi uma finalista do concurso internacional de dramaturgos "Eurasia-2007". Em russo, a peça foi publicada na revista "Southern lights" (Odessa, Ucrânia).
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Até que o amor nós abandone - Elena Chernikova
ATÉ QUE O AMOR NOS ABANDONE
Drama lírico
––––––––
Personagens:
O Velho
A Senhora, sua amada
O Médico-chefe de um hospital psiquiátrico
A Filha do Velho
O Amante da filha
A Enfermeira
Cena 1
––––––––
Jardim florescendo. Sol brilhante. Um gazebo entre uvas no centro do jardim. O Velho e a Senhora estão a sentar em cadeiras de rodas.
––––––––
A Senhora. Maravilhoso, maravilhoso! Vinho, vinho! Cidade do Vinho! O reino do vinho... o lúpulo do sol alto que alimenta a videira! Uma vida!
O Velho. Oh sim, a Senhora sente tudo! Uma cidade de luz e vinho! Aliás, tenho certeza (baixa a voz) que ele, esse... nosso ... Mordomo! Mon bonheur n'a pas de bornes! J'adore la vie! (Minha felicidade é ilimitada! Eu amo a vida!
- FR. nota do autor)
A Senhora. O Mesmo? Eu também! Veja os reflexos âmbares! "Mon bonheur n'a pas de bornes! J'adore la vie! Estamos nas ondas do beaujolais! Beaujolais é sempre jovem, não apenas em novembro, oh, como é chato - trivialidade do calendário francês... Por que o Senhor fala do... médico... assim? ... Tem medo dele?
O Velho. Pode ter certeza, Senhora, ele é um problema. Para ele (em voz mais alta) eu sou como um verdadeiro viajante ... eu conheço a alma da Terra! Mas eu conto mais tarde... Prächtig, prächtig! Entzückend, entzückend! Wie es leicht ist, glücklich zu sein! (Sumptuosamente! Delicioso, delicioso! Como é fácil de ser feliz!
– AL. nota do autor.)
A Senhora. E assim sempre será... que felicidade ... ela vem se esperar! A felicidade pode ser esperada! Sumptuosamente! Até que a morte separe nós ... Contudo, a frase não é boa.
O Velho. Nada separe-nos, o meu amor, a minha bela senhora, a minha conquista...
A Senhora. Deve viver uma vida longa na Rússia! Só agora entendi porque o meu marido falava assim, ele que fique em paz... Na Rússia é de saber esperar pela felicidade! Nós conseguimos! O meu querido homem! Eu amo-te mais do que a vida.
Sons de música. Ao ouvir a bela melodia, O Velho e A Senhora abanam as cabeças como se fossem a dançar e a cantar juntos. Eles são felizes
A Enfermeira entra, a balançar ao ritmo da música. Tem duas seringas em sua mão.
A Enfermeira. Almoço senhores, por favor, são servidos! Hoje tem um prato novo. Uma adição ao menu principal.
Dá injeções. O Velho e A Senhora, olhando se profundamente nos olhos, adormecem em cadeiras de rodas com rostos felizes.
O sol põe-se. A música flutua.
A Enfermeira (em voz baixa). Sim, doutor... um grande homem faz perguntas, gente pequena busca respostas. O Doutor é uma grande pessoa. Ele perguntou-me que resposta foi encontrada para Si? Eu realmente quero ajudar a Si, o querido doutor...
Cena 2
O Médico-chefe à sua mesa no seu gabinete lê um depoimento da Filha do Velho, que está a sentar-se calmamente no sofá, à espera de uma decisão favorável: ela quer levar o seu pai do hospital para casa.
O Médico-chefe. Tenho receio, estimada, que a minha resposta será negativa! ... Infelizmente, recuso. O seu pai não pode ser tirado daqui.
A Filha do Velho. Mas por que? Mas... ele é o meu pai!
O Médico-chefe. Não parece possível.
A Filha do Velho. Eu tenho dinheiro. Muito, muito. O suficiente. Ele terá tudo. Vou levá-lo aos teatros...
O Médico-chefe. Isso não é obrigatório. Ele não está interessado no papel dos outros.
A Filha do Velho. Vou comprar um cinema em casa para ele. Vou conectar uma internet. Ele vai ter normal... realidade virtual!!! Eu posso levá-lo para as montanhas, para o mar, o Doutor disse que ele tem um coração forte, os aviões não fazem mal a ele.
O Médico-chefe. Querida, ele viaja de uma forma diferente, não como a senhora.
A Filha do Velho. Ele vai viajar o tempo que quiser. Eu posso fazer tudo agora! Eu morava em Espanha, lá o meu marido abandonou-me, mas agora eu tenho dois apartamentos, uma filha, uma casa fora da cidade, um gato, um cachorro, tenho tudo! Entenda, ele deu-me a vida, e eu ainda não lho agradeci. Nunca, nunca. Eu notei que como crianças nunca dizem obrigado.
O Médico-chefe. A menina é uma observadora.
A Filha do Velho. Eu preciso do pai! Para mim! Eu preciso! Do Pai! O meu pai!!!
O Médico-chefe. Eu compreendo, compreendo.
A Filha do Velho. Aqui não deve haver recusa, algo está errado. O que aconteceu? Por que precisa deste paciente? Talvez eu devo compra-lo (ironicamente)?
O Médico-chefe. Não é preciso. Ele é ambientalmente perigoso.
A Filha do Velho. Parece que o Doutor está a gozar comigo. Tem polícia ambiental aqui?
O Médico-chefe. Não. Eu estou a ajuda-la.
A Filha do Velho. Eu preciso do pai, não é da sua ajuda.
O Médico-chefe. Acha?
A Filha do Velho. Pare!
O Médico-chefe. Por favor, sente-se, porque levantou-se?
A Filha