O cuidado em saúde e suas dimensões: A questão do Holocausto Brasileiro
De Paolo Cugini
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O cuidado em saúde e suas dimensões - Paolo Cugini
PAOLO CUGINI-TOBIAS SANTANA DE CARVALHO
(Organizadores)
O cuidado em saude e
suas dimensoes
A questao do Holocausto Brasileiro
2
UNIAO DE ENSINO SANTA CRUZ - UNIESC
FACULDADE SANTA CRUZ DA BAHIA - FSC
I CAFE FILOSOFICO INTERNACIONAL DA FSC
Filosofia e Enfermagem - Reflexoes e
aproximacoes: o cuidado em saude e suas
dimensoes:
A questao do Holocausto Brasileiro, vidas,
desumanidade, silencio do Estado e a outra face do horror.
3
APRESENTACAO
A Faculdade de Santa Cruz da Bahia - FSC e o componente curricular Filosofia, mantendo-se fieis a proposta e responsabilidade da entrega de uma educacao superior solida, contextualizada e da propria praxis pedagogica, sobretudo, ‘nestes novos tempos’: tempos de desafios impostos pela pandemia; nos vislumbramos dinamicas e metodologias ativas como o I Cafe Filosofico em ambiente virtual, que se intenciona alcancar a maxima filosofica entre pergunta/resposta, investigacao/reflexao, sujeito/sujeito, sujeito/objeto e a abertura ao senso critico atrelado a area da formacao em enfermagem e tambem servico social, alem, de um ensino/aprendizagem contextualizados com a area da saude e sua realidade historica, mas tambem, com o atual cenario historico-cultural vivenciado, evidenciando a praxis pedagogica e a praxis do cuidado em saude e todas as suas dimensoes com seus desafios e perspectivas, juntamente com as novas tecnologias, aprendizados e os novos rumos para a educacao superior do seculo XXI e frente a Pandemia.
A pontual e ousada obra da jornalista mineira Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro
, enquanto material teorico e base para o desvelamento do conhecimento e verdade em si, evidenciam a estreita relacao entre Filosofia, a Enfermagem e o cuidado em saude e todas as suas dimensoes. As denuncias e o escancarar dos tristes episodios de maus tratos, a barbarie e ausencia do cuidado integral as vidas e a humanidade das pessoas que eram subjugadas as atrocidades e desrespeito a dignidade da pessoa humana no interior daquele que fora considerado o maior hospicio do Brasil
- o hospital psiquiatrico de Barbacena em Minas Gerais. O hospital foi colonia de Barbacena foi criado em 1903, entretanto, viveu uma triste historia de exterminio de 60 mil pessoas - a outra face do horror
entre 1930 e 1980. O silencio do Estado, das instituicoes de poder, inclusive daquele contexto, e, vistas grossas
que eram desencadeadas pela propria sociedade civil brasileira e, em especial, mineira. Portanto, este e um debate importante e necessario para a discussao/reflexao/entendimento sobre a historia da saude mental do Brasil, percebendo que intolerancia e o desrespeito a vida, as diferencas e a estigmatizacao gera barbarie. Objetivamos desenvolver e exercitar a pontual e necessaria empatia e acolhimento do Eu do Outro. Mergulhemos neste Brasil profundo que o Holocausto Brasileiro
nos desvela e faz saltar a luz dos olhos e, que o entendimento do respeito a dignidade 4
da pessoa humana faca-nos entender melhor que a construcao da memoria coletiva do Brasil nao so e necessaria, mas, e caminho para a busca e entrega da justica!
Emmanuel Levinas aborda em sua obra Totalidade e Infinito
, sobre rosto e etica
- as relacoes mais puras do hodierno a partir de uma filosofia que trata da relacao do homem com si e com o outro, a partir do contato face-a-face pela via da alteridade. O objetivo e apresentar um carater etico da expressao do outro que interpela na relacao de possibilidades com o Mesmo. Para Levinas, o Mesmo, nao e simplesmente um eu sou eu
, mas a relacao de propriedade estabelecida entre o Eu e o mundo e a minha participacao como parte integrante desta propriedade e deste mundo, para tanto, e um Eu Sou
com os outros Eus
que merecem respeito integral. Ainda sobre esse tema e acerca da Filosofia africana do Ubuntu, segundo o Arcebispo anglicano e sul-africano, Desmond Tutu: Uma pessoa com Ubuntu esta aberta e disponivel para as outras, apoia as outras, nao se sente ameacada quando outras pessoas sao capazes e boas, com base em uma autoconfianca que vem do conhecimento de que ele ou ela pertence a algo maior que e diminuido quando outras pessoas sao humilhadas ou diminuidas, quando sao torturadas ou oprimidas
. Portanto, o conceito exprime a crenca numa comunhao que conecta toda a humanidade: sou o que sou gracas ao que somos todos nos
.
Assim, o pressente trabalho e producao academica, e uma importante e singular chave de leitura e reflexoes acerca da historia de genocidio e atrocidades cometidas no Brasil, no Hospital Colonia de Barbacena no estado de Minas Gerais… Holocausto Brasileiro: Genocidio e 60 mil mortos no maior hospicio do Brasil
nos deixa a certeza da indignacao perante a insensibilidade humana, silencio do Estado e instituicoes de poder
da epoca e, provocar-nos diante da necessidade de como melhor conduzir as assistencias em atencao basica e direta na area da saude e, principalmente na area da saude mental e na dimensao do cuidado integral a pessoa humana ser. Reafirmar que, hospital nunca foi, jamais sera e nao podera voltar a ser lugar de moradia
.
Assim sendo, resta-nos algumas questoes fundamentais: que e isto a vida? Que e isto o direito a dignidade da pessoa humana? Que e isto o direito ao cuidado em saude em todas as suas dimensoes e, em especial cuidado e atencao as pessoas com transtornos mentais? Que e isto homem/mulher? Que e isto a saude e o cuidar em saude? Por tanto, a curiosidade filosofica e a busca pelo Arche - o elemento primordial e essencial de todas as coisas, o entusiasmo, a 5
alegria e vibracao de viver a vida, sao marcas constituidas e que devem nos determinar frente a formacao academica e a excelencia do exercicio profissional enquanto enfermeiros/as em potencia e aos desafios e, mais do que nunca, frente a este desafio de nos reinventarmos mediante a pandemia do COVID-19… Este I Cafe Filosofico Internacional Virtual deseja ser um pontua e significativo evento dinamizado em nosso ano letivo e percurso de aprendizado: animo, coragem, persistencia, resiliencia, sao os nossos desejos e votos para toda a comunidade academica da Faculdade de Santa Cruz da Bahia.
Finalmente, e satisfatorio perceber que mesmo diante das varias adversidades encontradas no processo, desejamos chegar em nossa meta - executar as projecoes e planejamentos propostos pela FSC e pelos proprios componentes curriculares em suas areas afins do conhecimento. Seguramente, e na dialogicidade entre sujeito/objeto e/ou sujeito/sujeito na ceara que e a academia, onde efetiva-se a arte materna/paterna que e a educacao, e, uma educacao encarnada e preocupada com vidas - afinal, A academia, a educacao superior, a sala de aula sao vidas que passam por nossas vidas
… Portanto, objetivamos ser uma IES -
Instituicao de Ensino Superior ativa, efetiva e afetiva em todas as dimensoes do campo do saber e da busca filosofica.
Como sempre pontuamos em nossas aulas, a partir do pensamento cartesiano do cogito… Nos sabemos que sabemos, o cavalo la do pasto nao sabe que nao sabe, ousemos saber para transformar
!
Itaberaba - Ba, 09 Nov. 2020 - Faculdade de Santa Cruz da Bahia, Prof. Esp. Tobias Santana de Carvalho
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PRIMEIRA PARTE:
SINTESE E APRESENTACOES DOS/AS ESTUDANTES
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CAPITULOS I - II
Estudantes: ELEN VIRGINIA FERREIRA DE FRANCA, JESSICA REBOUCAS
COSTA
MARINA CARLA ALMEIDA FRANCA COSTA, PEDRO PAULO SOUZA FERREIRA NETO, STALLEM SANTOS OLIVEIRA, THAINA SILVA OLIVEIRA DE CARVALHO
INTRODUCAO
O presente trabalho sobre a obra de Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro: vida, genocidio de 60 mil mortos no maior hospicio do Brasil, visa abordar a experiencia de quem testemunhou a historia de assassinato em massa dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, num enorme hospicio chamado de Hospital Colonia na cidade de Barbacena, em Minas Gerais, a partir dos depoimentos das pessoas que foram torturadas, violentadas e mortas.
Foi um periodo que custou mais de 60 mil vitimas, assim 70% dos atendidos nao sofriam de doenca mental, sendo apenas diferente ou ameacava a ordem publica, e assim a colonia se tornou o endereco de homossexuais, epileticos, militantes politicos, maes solteiras, alcoolatra, prostitutas, mendigos, negros, pobres e todos os tipos de indesejados trazidos pelo trem que cortava o interior, o qual ficou conhecido com expressao trem de doidos
.
Uma frase que nos despertou foi Nada se perdia, exceto a vida
.
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CAPITULO I - O PAVILHAO AFONSO PENA
O capitulo O Pavilhao de Afonso Pena, se inicia contando como foi a chegada de Marlene Laureano, ao hospicio Colonia, filha de mae italiana e pai descendente de indios, a moca de vinte anos estava apreensiva, porque nao sabia o que a esperava. Marlene havia sido recem contratada para a funcao de atendente psiquiatrica. Suas primeiras impressoes foram de um lugar de horror, asqueroso, todo de cor cinza, tomada por predios e com janelas amplas. Em seu trajeto, parou em frente do Pavilhao Afonso Pena, um dos sete pavilhoes destinados como dormitorio para os internos em condicoes subumanas. As pessoas dormiam no capim, a maioria passava o tempo completamente sem roupa, sem nenhuma condicao minima aceitavel de higiene. Em condicoes tao extremas nao e dificil adivinhar que muitos acabavam morrendo no local, mas era exatamente o que a direcao do local queria. Quando ocorreu uma super lotacao da unidade, ocasionou varios exterminios de dezenas de pacientes, as camas foram substituidas por capins para que nao houvessem gastos, na intencao de economizar para receber mais e mais pessoas infelizes, gerando o crescimento na politica e economia de Barbacena. Diante disso, Marlene era responsavel por recolher o capim que deveria ser colocado para secar todos os dias ate que os guardas pudessem colocar a forragem vegetal de volta no pavilhao no final do dia. Os duzentos e oitenta homens que ocupava o departamento B dormiam sobre montes de capim, pelo chao dividindo espaco com esgoto que passava pelo pavilhao e cadaver ja que no intuito de aquecer do frio durante a noite eles dormiam empilhados e com a saude fragilizada e alimentacao precaria, muitos iam a obitos. Apos o banho gelado recebia o famoso azulao, como assim era conhecido o uniforme do hospital, os homens era encaminhado para o departamento B, os em boas condicoes iam trabalhar e eram levadas para o pavilhao Milton Campos, as mulheres para o departamento A, deixando de ser a filha, a mae, a irma, a esposa. As que nao tinham como arcar com os custos pela internacao, sendo, mas de 80%
eram considerados indigentes, e como muitos estava sem os documentos eram rebatizados pelos funcionarios. No decorrer do capitulo conta a historia de Antonio Gomes da Silva de sessenta e oito anos um dos sobreviventes do hospital, nao sabe pelo qual motivo, foi enviado para o hospital, o que ele sabe e que depois de perder o emprego, teve problemas e da cadeia foi mandado pelo delegado, onde ficava pelado, mesmo havendo muita roupa na 9
lavanderia, segundo ele se existe inferno a colonia era esse lugar. Durante os vinte e