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Audismo e Surdez: A Formação de Subjetividades Surdas no Ensino Superior
Audismo e Surdez: A Formação de Subjetividades Surdas no Ensino Superior
Audismo e Surdez: A Formação de Subjetividades Surdas no Ensino Superior
E-book255 páginas2 horas

Audismo e Surdez: A Formação de Subjetividades Surdas no Ensino Superior

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Sobre este e-book

O livro Audismo e surdez: a formação de subjetividades surdas no ensino superior lança um olhar para as entranhas de uma instituição federal e, a partir dela, discute a formação de subjetividades de acadêmicos surdos e as percepções deles sobre si mesmos. As tensões instauradas sobre o próprio sujeito surdo, as práticas audistas e a questão pandêmica são temas que atravessam a escrita e traçam os fios de ligação desta obra.
Por sua abordagem clara e direta, esta leitura se torna uma excelente fonte de apoio para todos aqueles que apresentam interesse nas discussões atuais sobre educação de surdos, buscando olhar para esses sujeitos como indivíduos singulares, sujeitos diferentes até mesmo na própria surdez.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de ago. de 2022
ISBN9786525020228
Audismo e Surdez: A Formação de Subjetividades Surdas no Ensino Superior

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    Audismo e Surdez - Carlos Roberto de Oliveira Lima

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSICOPEDAGOGIA

    AGRADECIMENTOS

    Esta pesquisa não foi feita solitariamente, apesar de que, em muitos momentos da jornada, a solidão é a melhor palavra que adjetiva este processo. Embora eu não possa compor a essência dos meus sentimentos em palavras, gostaria de mencionar aqui meus profundos agradecimentos a todas as pessoas que, de alguma forma, estiveram ao meu lado durante este ciclo.

    Primeiramente, gostaria de expressar minha imutável gratidão ao Dr. Keith Diego Kurashige, com quem tive a oportunidade de conviver intensamente durante nove meses e, nesse período, foi quem me auxiliou no processo de criação do projeto que se converteu neste estudo. Sem as horas e mais horas de conversas e todas as orientações para que eu pudesse adentrar neste mundo acadêmico, nunca teria iniciado esta jornada. Obrigado pela dedicação de construir em mim o seu mais arrojado projeto. Sua edificação está em minhas subjetivações e será sempre honrada neste caminho que me proponho a seguir. Sumimasen.

    Registro meu agradecimento à Katicilayne Roberta de Alcântara, que esteve comigo, mesmo a distância, todos os dias (sem falta) durante este processo. Choramos e rimos diversas vezes pelas adversidades e pelas conquistas que as etapas da pesquisa nos impõem. Sem esses momentos, dificilmente o fim de cada dia seria tão significativo como têm sido. Gratidão!

    Quando principiei as tentativas de escrita, fui tomado pela insegurança. Procurei por grupos de pesquisas que se aproximassem em estética e em teoria do que eu tentava dizer. Nesse período, aceitei participar de uma roda de conversa para a pesquisa de um mestrando e doutorando, Cassio Pereira Oliveira, para compor o material de sua pesquisa.

    Cassio, pertencente ao Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Libras e Educação de Surdos (Giples) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), aproximou-me das discussões e das leituras realizadas no grupo. Apresentou-me a pesquisa da Drª. Lucyenne Matos da Costa Vieira-Machado e da relação foucaultiana que o grupo mantém com as pesquisas em Educação de Surdos.

    Ao Cássio, minha sincera gratidão, tanto pelas noites em claro conversando sobre Foucault, quanto pelas dicas de leituras que, em sua extensa maioria, foram meu aporte teórico nos dias de escrita. Nunca nos vimos pessoalmente, mas sinto que já nos conhecemos de muitas e muitas outras vidas. Obrigado pela paciência e pelo apoio.

    De uma forma especial, registro meu afeto e agradecimento às pessoas que confiei uma primeira leitura dos meus textos. À doutoranda Michelle Sousa Mussato, por apontar meus rascunhos como possíveis capítulos.

    Ao Dr. Aguinaldo Rodrigues Gomes, que, com uma sabedoria imensa, conversou comigo por telefone, acalmando-me e mostrando que o caminho da pesquisa apareceria. Minha ansiedade e minha necessidade de estar no controle precisaram ser desconstruídas para poder andar em meio à explosão pirotécnica que Foucault propõe.

    Ao Dr. Marcelo Victor da Rosa, que, com muita atenção, fez uma chamada de vídeo dedicando seu tempo a apontar meus exageros de escrita. Agradeço pelas dicas de leituras e pela importância demonstrada com o meu estudo.

    À Janete de Melo Nantes, que, sem hesitar, contribuiu com seus posicionamentos e provocações para a construção de novos pensamentos e outras possibilidades de análises que a pesquisa poderia ser encaminhada.

    De uma mesma forma, sou grato ao doutor, Fabrício Ângelo Gabriel, que ouviu toda a história sobre meu levantamento e, mesmo estando do outro lado do país, compartilhou comigo informações que, daqui, não poderia ter alcançado.

    Este estudo me aproximou de pessoas em diversos lugares deste Brasil. Sou grato pela construção e pelo apoio recebido de cada um em cada etapa do processo.

    Agradeço à minha mãe, Oraides de Oliveira Lima, que sempre foi uma peça fundamental para que eu me tornasse o que sou hoje; pela força e coragem; por acreditar que, na vida, a gente tem de ter garra. E assim, sem desistir, novos ciclos são iniciados e concluídos.

    Preciso registrar um agradecimento a mim mesmo; pela audácia; pela ousadia de não ser sempre o mesmo; por querer entender o que está fora do meu alcance; pelo atrevimento de querer viver o novo; pela intrepidez de largar tudo e ir parar em Corumbá, onde este estudo se inicia.

    Agradeço aos meus colegas de trabalho do CPAN, Agnaldo Gomes Proença, Franciele Ariene Lopes Santana e Lourdes Benedita Tomichá de Mello, que me acolheram não apenas no trabalho, mas em minha adaptação na cidade, e me ampararam nos momentos de crise e ânsias das dores passadas.

    Sou eternamente grato a cada um de vocês.

    O que era certo eu aprendi

    a sempre questionar

    (LIMA; LIMA, 2007)

    APRESENTAÇÃO

    Gostaria de utilizar este espaço para dividir com os leitores processos que esta obra gerou para além da pesquisa, transformações pessoais que considero fruto do caminho percorrido.

    Conhecer e discutir a relação de subjetividades surdas no ensino superior proporcionou-me a oportunidade de olhar para as minhas próprias formas de ver e interpretar o mundo e (re)conhecer os dispositivos que haviam me capturado e me normalizado ao longo da minha vida.

    Meus olhos, minhas lembranças e meu corpo voltavam-se ao passado a cada novo elemento que a pesquisa apresentava, e, em uma reconstrução imagética dos fragmentos que formaram a minha existência, fui aprendendo a dar nome aos acontecimentos. Fui conseguindo enxergar a minha realidade e perceber as intersecções que me atravessam e o quanto meu corpo é realmente político.

    Essas mudanças vieram acompanhadas de muitas noites sem dormir, pensando se realmente pode o subalterno falar..., imaginando por que ele nunca deixará de ser subalterno... E a resposta não estava no sujeito. Foi preciso deslocar o olhar para enxergar a norma social que transita entre os indivíduos e que os fazem ora incluídos, ora excluídos, uma eterna in/exclusão, como diria Maura Corcini Lopes.

    Vejo, hoje, os processos de normalização aos quais fui/estou submetido e percebo, não sem dor, o quanto me custou querer entrar, estar e aplicar as normas em meu próprio ser, privando-me de conhecer outras versões possíveis de mim mesmo.

    O desejo de conquistar a branquitude, de ser visto partícipe da norma heteronormativa, os princípios da religiosidade... Busquei caminhos que não me cabiam para evitar a exclusão. Fiz isso porque doía por dentro a cada vez que a exclusão se manifestava. Fiz isso para não ser visto como o diferente, o outro, o forasteiro. Fiz isso para pertencer a algum lugar.

    Reprimi minhas próprias vontades, meus desejos e interesses. Tratei-os como sintomas de alguma doença. Escondi-me, por vezes, querendo não sentir a dor. Anulei-me para servir ao outro considerado completo e modelo de uma felicidade desejada. Procurei ser amado, e minha busca deixava claro o lugar que a norma me alocava.

    A pesquisa com Foucault trouxe a vontade de me sentir confortável em minha própria pele, com minha própria transitoriedade. Hoje, andar nas ruas é um ato de protesto. Reconheço as nuances desse ato. Entendo que meu corpo grita. Minha sexualidade grita. E eu permaneço vivo. Permaneço resistência.

    O resultado mais importante que este texto pôde apresentar não pode ser narrado em linhas de uma escrita. Esse resultado está grafado nas tábuas da memória, do corpo e da vida do próprio autor desta obra.

    Acredito que esta leitura, em alguma proporção, é capaz de despertar o olhar para si. Desejo que esta leitura não seja somente para fins acadêmicos, mas que transcenda esta camada e alcance a subjetividade de tantos e outros que, como eu, precisam ver a beleza de ser quem se está sendo.

    Carlos Roberto de Oliveira Lima

    PREFÁCIO

    Desatino

    A vida, como a ficção

    É um teatro de desatino

    Meus personagens:

    Amantes, suicidas, sonhadores,

    seres rastejantes, criaturas aladas,

    simples humanos,

    - crianças e seus segredos.

    O bem, o mal, o riso, o esgar,

    A procurada morte,

    A sorte,

    A sombra.

    (Na beira do palco, como estrelas,

    penduro palavras: esse

    é o meu destino)

    (Lya Luft, 2017)

    Eu confesso, aqui, que o título deste poema me chamou a lê-lo... Desatino! Eu acredito mesmo que Roberto estava desatinando quando me convidou de forma muito educada e honesta a prefaciar seu livro, que é o resultado de sua dissertação de mestrado da qual participei como banca avaliadora. Eu também acredito que dei uma desatinada quando aceitei escrever este prefácio. Eu, até um dia desses, nunca tinha feito um prefácio (apesar de paradoxalmente já ter pedido a algumas pessoas para que escrevessem um prefácio para meus livros). Então, reli o prefácio que fiz antes deste e aleatoriamente os prefácios que pedi para escrever em meus livros.

    Então, desde já agradeço por termos desatinado juntos, e vamos ao prefácio.

    Lya Luft registra que a vida é uma ficção e, assim, caminhamos nesta via, sempre por acreditarmos que criamos nossa existência, pois levamos a nossa vida como obra de arte, e junto a Ranciére (2009, p. 58), insistimos que o real precisa ser ficcionado para ser pensado.

    Ao escolher caminhar (e não sobrevoar) benjaminianamente (BENJAMIN, 1995) no texto, consigo ver Roberto ali presente de forma muito intensa na defesa do direito dos sujeitos surdos estarem no ensino superior. Essa temática é muito importante tanto ontem quanto hoje, porém quero destacar que principalmente quando vivemos um estado de exceção em que há uma prerrogativa de que a universidade deve ser apenas para poucos devemos defender os direitos de todos ascenderem educacionalmente.

    O livro Audismo e surdez: a formação de subjetividades surdas no ensino superior é uma versão/ficção da dissertação de mestrado de Roberto intitulada: As percepções dos discentes surdos sobre o ensino superior no âmbito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul: entre o pessoal e o institucional, que tem como objetivo compreender nas percepções de um grupo de discentes surdos o processo de subjetivação desses sujeitos no âmbito dessa universidade.

    O processo metodológico incluiu um mergulho nos documentos institucionais, mas não poderia deixar de notar a sensibilidade do pesquisador que, para além do que os documentos diziam sobre os surdos, foi buscar tais sujeitos a fim de que pudessem relatar aquilo que os documentos institucionais jamais capturariam: toda a sua dura travessia na instituição baseada na normatização ouvinte.

    Vale ressaltar que a pesquisa foi toda realizada em meio a uma pandemia mundial da Covid-19, que exige um distanciamento social entre as pessoas. Faço questão de marcar esse momento em que vivemos pelo fato de que nos atravessa emocionalmente quando nos encontramos sós. Contudo, foi justamente com a interligação de pessoas de forma remota, por meio das redes, que possibilitou a Roberto produzir múltiplos encontros com outras pesquisas formativas. Foram nesses encontros que nos encontramos.

    Quero destacar aqui que curiosamente os resultados no atravessamento dos documentos institucionais e as narrativas dos sujeitos mostram uma dificuldade institucional de lidar com as diferenças surdas, mostrando dados completamente discrepantes, o que invisibiliza esses sujeitos. E ao fim e ao cabo, apontam que a formação de subjetividades surdas desses discentes está sendo realizada ora com base em uma norma social auditiva que causa uma tensão no próprio sujeito, exigindo que ele encontre meios de se aproximar do padrão auditivo, ora em uma norma social linguística que opera nos sujeitos entrevistados um julgamento de si mesmos depreciativo como sujeito, inscrevendo-se negativamente abaixo da linha da normalidade instaurada socialmente. E por fim, ainda sobre o trabalho, ele dialoga brilhantemente com autores dos Estudos Surdos nacionais e internacionais.

    Para finalizar este prefácio, quero falar das normas sociais que atravessaram o sujeito-autor Roberto. Isso mostra que ele levou e leva a pesquisa como modo de vida. Roberto assume todo o trabalho e a preocupação de mostrar como as normas são complicadas e podem atravessar de forma muito negativa e forjar subjetividades tristes e deslocadas.

    O próprio Roberto buscou as normas para enquadrar a sua vida. Buscou os caminhos como a branquitude, a heteronormatividade e a religião cristã para fugir da exclusão (como ele conta na apresentação). O medo de estar excluído produz nele uma subjetividade adoentada e infeliz...

    Por isso, ele desatinou, desatou nós e decidiu que ninguém o definiria!¹ Assumiu todos aqueles personagens de Lya Luft, e seguiu! Por isso, Roberto, achei que esse poema, lá no início do prefácio, tinha a ver com você. Somos um bando de desatinados!

    Enfim, acho que consegui dar conta de escrever um prefácio e não podia deixar de falar de/com Roberto, pois sua vida e seu texto andam de mãos dadas. Parabéns pela sua produção e obrigada por esse convite desafiador.

    Prof.ª Dr.ª Lucyenne Matos da Costa Vieira-Machado

    Universidade Federal do Espírito Santo

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    AEE Atendimento Educacional Especializado

    BB Bonebridge

    CAA Coordenação de Administração Acadêmica

    Caae Certificado de Apresentação de Apreciação Ética

    CAE Centro de Atendimento Estudantil

    CAE/Preae

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