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Perigos da Mediunidade
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E-book271 páginas4 horas

Perigos da Mediunidade

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Sobre este e-book

Depois de duas décadas a lidar com a mediunidade alheia, e de mais de quatro a lidar com a própria, sinto o dever de alertar para as dificuldades e perigos que lhe são inerentes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de abr. de 2021
ISBN9791220295475
Perigos da Mediunidade

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    Pré-visualização do livro

    Perigos da Mediunidade - António Pinho

    sim

    Agradecimentos

    Fácil e espontâneo seria endereçar agradecimentos aos companheiros e amigos de ambos os lados da vida, mas sinto que os devo dirigir, principalmente, aos ferretes espirituais que não permitem a vaidade e abatem o orgulho. Querendo-me mal fazem-me bem. Obrigado, então, a estes. Os outros, os amigos, sabem que os amo, mas não posso deixar de trazer aqui os nomes de António Mota, Rosa Fernandes (bisavó), Felismina Fernandes (avó), Uhro, Martti, Friedrich e Maluda, todos eles Espíritos, que foram e são especiais entre os especiais.

    Siglas

    ESE – O Evangelho Segundo o Espiritismo

    FEB – Federação Espírita Brasileira

    LE – O Livro dos Espíritos

    LM – O Livro dos Médiuns

    OP – Obras Póstumas

    RE – Revista Espírita (Revue Spirite)

    Pródromo

    Apesar do título algo sombrio para a mediunidade, queremos, desde já, afirmar que esta é bela. Para todos que a usem com Jesus¹, além de bela é redentora – ou é, sobretudo bela, porque redentora. E, talvez, para alguns raros médiuns a questão dos perigos nem se ponha. Mas, para a esmagadora maioria dos médiuns ela é moeda de pagamento de débitos morais e ferramenta de trabalho para eliminar imperfeições. Ora, sendo a esmagadora maioria dos médiuns Espíritos altamente endividados, logo, de imperfeições bem vincadas, a mediunidade é o que habitualmente se diz ser pau de dois bicos, que tanto pode espetar para o lado do bem, como pode espetar para o lado do mal. E isto porque na faixa vibratória onde opera a imensa maioria dos médiuns, também opera a mole imensa de Espíritos como os médiuns, e demais homens, marcados por muitos e graves vícios. E entre estes aqueles contumazes no mal, que ainda odeiam a luz. Daí, também como instrumentos de prova que a Sabedoria utiliza, investem nas vulnerabilidades dos médiuns e acirram-lhes as idiossincrasias negativas. Então, ou se está na mediunidade com Deus como chão e apesar dos abanões não se cai, ou não se está e a queda é certa.

    Na mediunidade, mais que em qualquer outra circunstância, é necessário orar (a forma nada vale, o pensamento é tudo) e vigiar (e acrescentamos, ter um bom grupo de apoio que sustente e ampare. E jamais que idolatre).

    Os perigos da mediunidade existem, sim. E tendemos a ignorá-los como se não existissem, ou a esquecê-los como se estivéssemos imunes. Mas, quem pode dizer que está imune?

    Sem outra pretensão que a de ser um alarme pronto a soar para nós próprios e uma resposta a um desejo de alma amiga, surge este livro em que demos o nosso melhor, tendo perfeita noção de que muitos fariam melhor.

    Casos

    1.

    N1. acredita que mediunidade é limitação: limitação na saúde, na vida conjugal e social – enfim, não acredita na mediunidade sem psicofármacos e sem uma vida diferenciada pelo isolamento e pela solidão. Quando convidada a integrar um grupo espírita (o espiritismo não lhe é de todo estranho), recusou alegando não necessitar dele, grupo e espiritismo, porque já tratava directamente com Jesus.

    Entender que mediunidade é sinónimo de sofrimento é um equívoco ainda frequente. Entendimento também fruto de um património teológico secular que cultua a dor e o sofrimento.

    Torna-se, assim, fenómeno cultural e social corrente que místicas e santas - no fundo, médiuns, - sejam sofredoras à imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo; e quanto maiores as dores e os sofrimentos maior a proximidade com Ele.

    Está tão fundo este sedimento teológico/cultural (religioso)², que não é o primeiro contacto com o espiritismo que o erradica; daí, também, que mesmo entre espíritas confessos ocasionalmente ainda aflore à superfície esse atavismo, pelo que continuem sem perceber que mediunidade é oportunidade de trabalho.

    Neste caso concreto importa, sobretudo, reter o perigo da fascinação.

    Fascinação: tipo mais grave de obsessão, a fascinação é basicamente uma ilusão produzida na mente do paciente pela acção directa do agente obsessor. Utilizando técnicas telepáticas, o obsessor passa a dominar o pensamento da vítima com sugestões de grandeza que, agasalhadas por seu orgulho, podem levá-la até à própria desestabilização psíquica. (Teoria da Mediunidade, Zalmino Zimmermann).

    Desestabilização psíquica. Vemos, no caso de N1, que já não consegue viver sem psicofármacos. Quando falámos, estranhou deveras que não tivéssemos necessidade de tal.

    No Livro dos Médiuns, no item 309, lê-se: Os grandes termos – caridade, humildade, amor de Deus – lhe servem como que de carta de crédito, porém, através de tudo isso, deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber. Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme são as pessoas que vêem claro. Daí o consistir a sua táctica, quase sempre, em inspirar ao seu intérprete o afastamento de quem quer lhe possa abrir os olhos.

    Não é o primeiro caso, nem será, infelizmente, o último, em que alguém acredita ser porta-voz medianímico do Cristo sem se dar conta de que o conteúdo, que não suporta uma análise mais rigorosa, não é condizente com tal Espírito. Revela também um não entendimento da grandeza do Cristo, pois o que lhe atribuem põe-no num patamar próximo da mediocridade em que nós outros nos colocamos e movemos.

    Uma outra situação que ocorre junto de quem está fascinado, é a de os que o rodeiam estarem eles enredados numa teia de fascínio por essa figura muitas vezes dotada de forte magnetismo, ou então que se envolve de uma aura mística que ilude e entusiasma.

    Muito facilmente idolatramos homens e Espíritos, só que a idolatria causa cegueira intelectual, reduz o sentido crítico e quase anula o discernimento. Se quem é fascinado está capaz de se crer o único certo num universo de errados, quando alimentado nessa convicção irracional por uma corte de aduladores e de acríticos mais longínqua fica ainda a possibilidade de alguma vez prestar atenção e aceitar uma voz que tente chamar à razão.

    Parece mais atrair a mentira evidente sob um nome importante do que a verdade clara sob anonimato, porque sempre se olha mais à forma do que ao conteúdo; porque sempre se valoriza mais o parecer do que o ser; porque, no limite, ainda não se tem ideia do que seja adorar a Deus em Espírito e Verdade.

    2.

    Havia largos anos que dois dos irmãos de N2. não davam notícias. Todas as suposições eram válidas. N2. frequentava reuniões mediúnicas em casa de pessoa amiga e lá uma ou outra comunicação garantiu que estavam mortos.

    Posteriormente N2. veio a frequentar um Centro Espírita e a integrar um dos grupos mediúnicos, onde se lhe desabrochou a mediunidade. Através dela própria, Espíritos que se identificaram como sendo os irmãos confirmaram a morte, tendo a própria manifestado a certeza absoluta em tal.

    Paralelamente, e no mesmo grupo, por outra médium foi dito que estavam vivos e que não tardariam a aparecer. E assim foi; em breve um deu notícias de ambos.

    Não vamos aqui enfocar a presença da mistificação, que é por demais evidente, como evidentes são os perigos acrescidos de reuniões mediúnicas em locais inadequados e sem grupo de apoio e controle.

    Para que se entenda o motivo do que realçaremos neste caso, importa se diga que N2. foi controlada, tendo-se verificado uma grande semelhança no padrão conteúdo/estilo na comunicação em transe e fora de transe, o que desemboca na forte possibilidade de animismo.

    No animismo, ou transe anímico, o sujeito apenas exterioriza o seu próprio mundo, o que fará de modo quase sempre involuntário. O que vale dizer que, em si mesma, uma comunicação anímica pode ser tão válida quanto uma comunicação mediúnica. A responsabilidade do crédito caberá a quem lho atribuir; daí a importância de ter presente a advertência do evangelista João quanto à necessidade de verificar se os espíritos são de Deus, ou seja, verificar se o que é dito acrescenta algo de útil a quem possa tomar contacto com a comunicação. 

    Ernesto Bozzano, no livro Animismo ou Espiritismo? diz no seu término: Animismo ou Espiritismo? Qual dos dois explica o conjunto dos factos? Respondo: nem um, nem outro, pois que ambos são indispensáveis à explicação do conjunto dos fenómenos supranormais, cumprindo se observe, a propósito, que eles são efeito de uma causa única: o espírito humano que, quando se manifesta em momentos fugazes, durante a existência «encarnada», determina fenómenos Anímicos e, quando se manifesta na condição de «desencarnado» no mundo dos vivos, determina fenómenos Espíritas³. Ora, vem reafirmar que em termos fenoménicos os dois modos são validados; o que importa, perante as comunicações, é a averiguação da veracidade sempre que possível, e mantê-las sob grande reserva sempre que essa averiguação seja inconclusiva ou impossível.

    Vimos que a certeza absoluta de N2. afinal não tinha fundamento. O que a enganou? Aquilo que já acreditava relativamente aos irmãos e cujo pensamento foi reflectido por aqueles com quem se afinava?

    Se cabe a uns testar as comunicações para lhes garantir a veracidade, cabe aos médiuns estarem atentos à vibração dos comunicantes. O fraseado pode enganar (há sofistas em todo o lado), mas o sentir que a vibração que quem fraseia transmite não engana.

    Se um animista pode facilmente evoluir para a solidez mediúnica, também pode resvalar para a fraude (como o médium, quando lhe falha o concurso dos Espíritos). E também se sabe que no melhor médium às vezes surgem comunicações poderosamente anímicas. No caso desta médium, embora não tenhamos posto a hipótese de fraude (que é uma acção de má-fé, bem distinta do animismo e da mistificação) ela não deixa de existir, já que foi detectada em outra ocasião.

    3.

    N3. é, na sua cidade, uma pessoa conhecida, com estatuto social e algum, relativo, poder económico. Depois de algumas peripécias dolorosas, acabou por encontrar no espiritismo uma forte razão para viver. Passou a frequentar um Centro Espírita e muito pela posição social e pouco pelo conhecimento da doutrina, que não tinha, rapidamente foi integrada em todas as actividades, incluindo as mediúnicas.

    Se há um bom ambiente espiritual, estudo, discernimento, disciplina – do mal, o menos, porque existe a retaguarda indispensável para dar suporte; o problema surge quando há o médium principal e esse médium principal repetidamente transmite mensagens à novata exortando-a, sob mil pretextos e razões, a ajudar financeiramente o medianeiro, e até a não descartar um possível relacionamento amoroso.

    Desconfiada, N3. quis questionar o suposto mentor que assim falava, mas isso foi-lhe interdito sob a alegação de que os mentores não são questionáveis. O resto da história diz que antes de abandonar o Centro Espírita, N3. ainda tentou que fizesse parte das actividades o estudo da doutrina espírita, mas esse estudo não foi autorizado.

    O conhecimento da verdade liberta, mas como se adquire o conhecimento sem estudo e sem questionamento, contrariando em tudo as directrizes de Allan Kardec e dos Espíritos da Codificação?

    Os bons Espíritos não se importam de ser questionados; aliás,

    quantas vezes o aconselham. Ora, se um dirigente vem negar um procedimento correcto, ou extrapola da autoridade e sujeita-se a perder o concurso dos bons Espíritos, ou sabe que não são bons Espíritos e não quer que se descubra.

    Numa reunião séria não se permitiriam tais comunicações, porque o objectivo de uma reunião séria é afastar os Espíritos mentirosos (LM, 330).⁴ E se o intuito era sugestionar ao ponto de tornar aceitável a concessão indevida de benefícios ao intermediário da sugestão, longe anda dos fins espíritas quem se diz espírita.

    Sintomático (diz tudo) que não haja estudo da doutrina espírita organizado, nem se o permita a quem o deseja. Manter na ignorância para dominar.

    Para este caso, é oportuno recorrer ao capítulo XX de O Livro dos Médiuns.

    Transcrevemos: "O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns?

    - Não; a faculdade propriamente dita se radica o organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium". 

    Ainda: "A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atracção, ou de repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar

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