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Mundos Imprevisíveis
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E-book284 páginas3 horas

Mundos Imprevisíveis

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Sobre este e-book

Uma professora controla os alunos com microchips comestíveis. Uma repórter vira um rinoceronte. Os esforços de um casal para consumir a comida local dão terrivelmente errado. Se está querendo se surpreender, ficar intrigado ou apenas se divertir, leia este volume. Há algo para todos!

Com mais de vinte anos em produção, MUNDOS IMPREVISÍVEIS contém todos os publicados e premiados contos de ficção de Jessica Knauss até março de 2015 e alguns de seus melhores contos nunca vistos impressos ou em ebooks. Enredos insanos e personagens atrevidos desafiarão suas crenças e tocarão seu coração.

AVISO: Esses contos contém exageros, elisão e desprezo pelo "mundo real". Alguns até exibem um tom de otimismo ousado. No entanto, eles respeitam o padrão de fala dos humanos, admiram boa gramática e possuem alta consideração por pontuação adequada.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de set. de 2021
ISBN9781667412757
Mundos Imprevisíveis

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    Mundos Imprevisíveis - Jessica Knauss

    Mundos Imprevisíveis

    Histórias

    ––––––––

    Jessica Knauss

    ––––––––

    Editora Açedrex

    2021

    Mundos Imprevisíveis: Histórias

    Jessica Knauss

    2021

    Copyright © 2021 por Jessica Knauss. Todos os direitos reservados.

    Design de capa © 2021 por Jessica Knauss. Todos os direitos reservados.

    Ilustração da capa O Naufrágio (detalhe), Hubert Robert (1733-1808), situada no Museu de Arte de Worcester. Fotografia por Jessica Knauss.

    Este é um trabalho de ficção. Qualquer semelhança à pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência. Todos os direitos reservados.

    Nenhuma parte desta publicação pode ser armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico ou outro, exceto pequenos trechos para revisão e crítica, sem permissão por escrito do editor. Para informações sobre permissão, escreva para acedrexpublishing@yahoo.com

    Editora Açedrex

    Ler é o mais nobre passatempo.

    Zamora

    Visite nosso site

    Acedrex.com

    para saber as últimas novidades sobre nossa editora bilíngue.

    *Caso encontre qualquer problema com este ebook, por favor explique para nós através do e-mail acedrexpublishing@yahoo.com. Faremos o possível para corrigir o problema sem custo adicional para você.*

    Sumário

    ––––––––

    1. Realismo Mágico

    Fatores Imprevisíveis na Obediência Humana

    Superstição Real

    Os Residentes da Pousada

    Homem do Machado

    2. Microficção

    Experiência

    Pantufas

    Um Casamento Desastroso

    Rico em Cálcio

    A Maior Cadeira de Balanço do Mundo

    Cuidado Comprador

    Não é o Sabor que Esperávamos

    O Sonho Molhado da Soneca do Escritor

    Ossos de uma História

    Anônimo

    Feira de Profissões

    Comprazer

    Escada para a Praia

    3. Histórias de Rinocerontes

    Sonhos de Rinocerontes

    Ainda Não Estão Extintos

    Um Empreendimento de Cola

    Cinco Espécies para Sempre: Safari

    Clara

    Depois da Arena

    O Último Ultrassom

    Pinturas Antigas

    4. Histórias de Mulheres

    Justine

    Fios Tecidos

    Consequências da Negligência

    Clube Amor

    O que Faltava Nela

    5. Um Tributo à Ernest Hemingway

    Alternativa

    O Novilheiro

    6. Na Previsibilidade: As Histórias e Suas Origens

    Agradecimentos

    7. Bônus: Realismo Mágico Inicial

    Dia Negro

    Verde Quente

    Reconhecimentos

    Realismo Mágico

    Fatores Imprevisíveis na Obediência Humana

    Eu estava indo ao jantar beneficente porque, como trabalho para a escola, é de graça. Esse é o tipo de caridade que um professor realmente precisa. Como a maioria, não me tornei professora pelo dinheiro. Nem porque gosto de crianças. Não acredito que elas são o futuro – mas sim o oposto.

    A única razão que me fez ter sucesso como professora é que meu ex noivo desenvolveu um chip de computador biológico e programável e estava disposto a testar em humanos. Eu não fiz perguntas, não sou cientista. Coloquei um único chip minúsculo dentro de cada biscoito da sorte que distribuí no primeiro dia de aula – cem por cento de presença, zero desconfiança – conhecido como um preditor para o ano escolar. Aqueles que encostaram a língua exatamente na molécula do chip, comentaram sobre um amargor, mas a maioria dos trinta e quatro alunos da quarta série, seguiram mastigando contentes.

    Crianças que não recebem instruções de obediência em casa, frequentemente também não recebem uma refeição pela manhã, então não iriam reclamar caso presenteadas com qualquer tipo de comida, muito menos um inofensivo biscoito da sorte.

    No próximo dia, dei espinafre para eles – mole, fedido, repugnante – e disse:

    – Comam seu espinafre, crianças. – Do mesmo jeito que minha mãe costumava falar quando queria que eu comesse coisas nojentas, me tornando obstinadamente contra o que quer que fosse.

    Apesar dos olhares de desânimo, até mesmo de terror, todos eles pegaram o garfo de plástico provido e levaram uma garfada de coisa verde para dentro da boca.

    O chip era um sucesso!

    Logo, as secretarias foram inundadas com ligações e cartas agradecendo e parabenizando a senhorita Matheson (eu ainda não estava casada) pelas incríveis mudanças no comportamento dos meus alunos da quarta série. Como eu era novata, minha professora assistente tinha muitos anos de trabalho na escola e espalhou para todos os cantos que não havia nada especial, nem mesmo muito bom, sobre o que eu fazia na sala de aula. Comecei a sentir que estava sendo perseguida pelos outros professores, eles queriam saber por que uma professora no primeiro ano de trabalho era tão efetiva e por que meus alunos reagiam daquela forma quando questionados.

    – Cody, todos nós achamos maravilhoso como você se concentra tão melhor agora que está na turma da Senhorita Matheson. Pode nos falar o que você gosta sobre a Senhorita Matheson?

    Cody olhou para o chão e respondeu honestamente:

    – Nada.

    Com a testa franzida, a orientadora preocupada continuou:

    – Qual é sua parte favorita sobre as aulas da Senhorita Matheson?

    – Nada.

    Não tinha como melhorar o projeto. Querendo ou não, as crianças se tornaram perfeitas e não podiam reclamar, pois não percebiam o que estava acontecendo. O chip não poderia ser encontrado com um detector de metais ou qualquer exame médico de rotina. Mesmo se eles soubessem ou se opusessem, tudo que eu teria que fazer seria instruí–los a não reclamar ou contar. É incrível quão longe um pouco de obediência pode te levar.

    Porque eu falei, as crianças, todas as trinta, passaram a levar a sério as tarefas da escola e logo pude introduzir material da quinta série. Fiz com que os mais inteligentes usassem livros de leitura da sexta série, que eram fáceis de conseguir, pois trocávamos pelos nossos livros da quarta série, que era praticamente tudo o que aquelas crianças conseguiam lidar.

    Nesse ponto, os professores experientes e credenciados começaram a ficar desesperados. Obedientes e comportados era mistério suficiente, mas lendo acima do nível da série e fazendo experimentos de física ao invés de milhares de problemas de adição e subtração! Eles passaram a me procurar, humilhados e subjugados, não mais fazendo perguntas, somente suplicando.

    Eu queria ajudar. Não era justo que apenas trinta crianças por ano pudessem ser perfeitas. Queria oferecer visitas às salas de aula deles trazendo sanduíches, mas precisava de mais biochips. Então liguei para meu ex noivo, lá longe no Vale do Silício.

    – Ei, Joseph, obrigada por aqueles chips experimentais. Eles realmente funcionam.

    – Uau, isso é ótimo! Eles causaram algum efeito colateral?

    – Não que eu tenha notado. Por acaso absoluta perfeição conta como efeito colateral?

    – Uau – ele suspirou aliviado. – Nunca fiz um projeto envolvendo humanos completamente desenvolvidos antes. Tantos fatores imprevisíveis. Não acredito que está indo tão bem. Eles estão totalmente obedientes?

    – Sim e como sugeri, eles nem aparentam que prefeririam resistir. É por esse motivo que liguei. Os outros professores estão com inveja e eu gostaria de ajudá-los. Você consegue me enviar mais mil chips?

    – Mil? Calma lá. Quer dizer que você já usou todos os trinta chips?

    – Claro. Não deveria?

    – Só não consigo acreditar que você conseguiu permissão para tantos...

    Fiquei feliz por ele não poder me ver. Devo ter ficado super vermelha de vergonha e culpa.

    – Ah sim, não foi grande coisa – gaguejei.

    – Sério? Trinta conjuntos de pais e responsáveis legais te deram permissão para alterar a química cerebral dos próprios filhos?

    – Bem, não expliquei exatamente dessa forma.

    – De que outra forma você explicaria que quando o chip entra na corrente sanguínea ele começa a multiplicar e realizar alterações em cada célula dos cérebros deles?

    – Ah, você sabe. Eles não são sofisticados como você e eu. Apenas resumi.

    – Nunca imaginei que pais pudessem ser tão negligentes.

    – Pais hoje em dia são muito diferentes do que quando nós éramos crianças. Mas essa era a outra coisa que queria pedir. Acho que não conseguiria mil permissões. Digo, isso é um pouco demais. Existe alguma forma de fazer o chip sumir do corpo depois de algum tempo, talvez um ano? Talvez ser especificamente direcionado a certos problemas infantis? Quem sabe assim seria mais atrativo.

    – Nós estamos desenvolvendo um chip temporário agora, – ele respondeu automaticamente, distraído pela ciência. – Se soubéssemos que teríamos um grupo de teste, talvez conseguiríamos terminar o projeto em um ano ou dois.

    – Bem, me mantenha informada. Envie assim que puder.

    Felizmente, seu entusiasmo pela descoberta o conquistou para mim. Depois de desligar, levei minha mente inquieta com o restante do meu corpo para o armário e tirei de lá a caixa que guardei do primeiro pacote de biochips. Debaixo de uma pilha de plástico bolha estava o que posso chamar apenas de manuscrito, que eu tinha ignorado completamente. Claro, ali explicava em detalhes o processo que Joseph mencionou e incluía formulários de permissão para os pais e diretrizes sobre os tipos de relatórios que eu deveria fazer com os dados obtidos e mandar para o laboratório. Quase senti como se estivesse na escola de novo e o problema me frustrou. Não consegui lembrar de nada que fosse tão complicado de quando era adolescente ou estudante na faculdade. Não conseguia me acostumar com ser uma adulta de verdade.

    As coisas não eram mais simples.

    Por um lado, eu já tinha mudado trinta crianças e a direção das vidas delas para sempre, sem consultar ou conhecer elas primeiro e não tinha nenhuma forma de devolver para elas a escolha que fiz. Será que eles pensariam em se tornar grandes artistas ou cientistas se eu tivesse esquecido de sugerir? Por outro lado, eles foram muito bem nas provas e no final do ano letivo recebi vários prêmios juntamente com um pequeno aumento e subsídio para desenvolver um programa de melhorias para toda a escola. Minha foto foi publicada no jornal e fui entrevistada pelo Canal 5. Meu esposo, Claude, era o câmera. Não teríamos nos conhecido em nenhum outro lugar, então tive que concluir que todo o experimento estava destinado a acontecer. Talvez vendi a alma para poder encontrar minha alma gêmea. Parecido com o escritor O. Henry, mas valeu a pena. Antes de Claude minha alma era solitária, velha desgraçada com sede de poder. Agora ela não era mais solitária.

    Enquanto isso, mantive Joseph me enviando um fluxo constante de protótipos de chips, então tinha um estoque preparado para qualquer ocasião que pudesse surgir. Meu programa de melhorias subsidiado acabou sendo uma série de palestras baseadas na ideia original que tive por pena dos outros professores. Eu ia para cada sala de aula onde era convidada e ensinava uma oficina de habilidades de estudos para um grupo de crianças que invariavelmente começava indisciplinado, até mesmo inquieto, mas passava a mostrar verdadeira dedicação depois do intervalo, durante o qual eu distribuía torradas adulteradas e vários patês.

    Claro que a diferença entre antes e depois de eu visitar uma sala de aula era pontual e fenomenal: todos os professores comentavam sobre isso.

    Experimentei com a dosagem e descobri que nas crianças mais velhas, da sexta séria acima, apenas um chip não produzia as mudanças comportamentais radicais que estava acostumada a ver nos menores. Eles tendiam a fazer a contragosto tarefas solicitadas e a atitude geral permanecia muito inconvencional. No entanto, dois chips produziam robôs que até eu achava pouco atraente. Diminuí meu contato com as séries mais avançadas e considerei os estudantes do Ensino Fundamental II uma causa perdida.

    Entre observações como essa, distração fingida e desculpas como a de me preparar para meu casamento, fui capaz de manter o grupo do Vale do Silício, que estavam sempre ansiosos por relatórios científicos e milhares de assinaturas, moderadamente satisfeitos ou pelo menos controlados.

    Os chips modificados chegaram dentro do prazo, quase um ano depois que pedi por eles, a tempo das festividades de natal. Haviam mil deles em solução salina, o que novamente tomava muito menos espaço do que o material escrito que os acompanhava.

    Dessa vez tirei bastante tempo para ter certeza de encontrar todas as páginas dentro da embalagem e sentei para ler imediatamente. Descobri que minha memória das aulas de química do ensino médio, refrescada pelos experimentos que fizemos na sala de aula ao invés de fazer somas, era tudo o que precisava para entender as palavras entre os símbolos e diagramas bioquímicos.

    Basicamente, os chips funcionariam por seis semanas, depois disso desligariam e seriam expelidos pelo corpo, deixando tudo como se nunca tivessem estado lá. As possibilidades eram infinitas.

    Claude veio para casa no horário normal, pois não tinha nenhuma transmissão ao vivo para trabalhar, me encontrou desprevenida, na poltrona grande e confortável, com os materiais metodicamente espalhados ao meu redor, no chão e braços da poltrona e falando:

    – Ah! Entendi!

    – Olá, o que é tudo isso? – Ele disse.

    Olhei para cima e parecia que ele estava flutuando em uma nuvem de Cs, Hs, Os e outros elementos. Pensei no frasco de solução salina na mesa de jantar, bem atrás dele. Minha inclinação foi responder com sinceridade e contar toda a história, basicamente a razão pela qual nos conhecemos, mas quando a nuvem se dissipou e vi seus inocentes olhos azuis me encarando tão ingenuamente, desviei o olhar e disse:

    – Ah, apenas novos materiais de ensino que uma amiga mandou.

    Fomos para a cozinha e fizemos arroz cubano para o jantar, ele contou tudo sobre a entrevista que gravou com o senador naquela manhã, eu fiz uma pergunta com uma importância que talvez ele nunca perceba.

    – Você era uma criança obediente? – Nós não tivemos um noivado muito longo; era esperado que esse tipo de pergunta aparecesse algum dia.

    – Na verdade não. Não lembro de me importar com nada até depois do ensino médio. Gostaria de ter sido um pouco mais obediente. Então teria ido direto para a faculdade e seria em geral um cidadão melhor – ele parou de mexer o arroz e olhou para mim. – Por quê?

    Me encarando com seus penetrantes olhos azuis. Meu Claude, meu perfeito Claude, estava dizendo que poderia ter sido muito mais perfeito. Eu poderia estar jantando com o prefeito ou um professor de estudos cinematográficos ao invés do câmera do canal 5. Não que este seja um trabalho ruim.

    – Me pergunto se poderia levar um prato para o jantar beneficente. Estou com muita vontade de levar biscoitos com pasta de amendoim amanhã – respondi.

    Ele nunca saberá quão exatamente ao ponto foi meu comentário.

    Distribuí mais de cinquenta biscoitos salgados em uma enorme bandeja que herdei dos meus pais, passei pasta de amendoim em cada um, então, quando Claude já estava na transmissora para a programação da manhã, usei um conta gotas para colocar exatamente um chip no canto superior direito da pasta de amendoim de cada biscoito. Coloquei palitos de dente em alguns deles e cuidadosamente cobri com plástico filme, formando uma cabana, para ter certeza que eles não seriam bagunçados.

    No fim das contas, não estavam aceitando pratos no jantar beneficente, minha elegante bandeja ficou no escuro, no balcão da cozinha da escola, ao lado de pilhas de latas de ravióli de carne, sem dúvida destinadas ao almoço da próxima semana. Eu deveria apresentar a escola ou talvez mostrar o quanto precisávamos de caridade, a sala multiuso foi decorada de forma simples, com fitas e toalhas de mesa de papel colorido, lá eles serviram os pratos de comida que custaram R$ 100,00 cada, para pessoas usando jeans e moletons. Todos os magnatas da cidade estavam presentes – o conselho municipal, o conselho da escola, transmissoras de televisão – exatamente os alvos dos meus biscoitos com pasta de amendoim. Com poderosos adultos obedientes à minha autoridade, mesmo que temporariamente, bem, as melhorias seriam mais que fenomenais! Reclamei que a comida não tinha proteína suficiente, na esperança de que mais tarde poderia pegar minha bandeja de biscoitos da cozinha e acalmar os estômagos que estavam roncando.

    O diretor, estereótipo típico com cabelo grisalho e terno com remendo no cotovelo, levantou para falar.

    – Amigos, como sabem, vocês estão aqui para ajudar nossa escola, que é uma pedra fundamental para o futuro. Nós não poderíamos criar os cidadãos responsáveis de amanhã sem sua ajuda, os cidadãos responsáveis de hoje. Como também sabem, a arrecadação deste jantar irá financiar um programa de melhorias criado pela mulher que já fez tanto em sua pequena carreira, Emily Matheson. (Não mudei meu nome quando casei.)

    O diretor não me avisou que seria homenageada dessa forma, estava colada na cadeira quando ele gesticulou para que eu levantasse para os aplausos. Assim que comecei a levantar, vi com o canto do olho um movimento pela janela. Virei e identifiquei uns cinco estudantes do Ensino Fundamental II, nos espiando com seus olhos de inconvencionalidade. Eles saíram correndo quando viram que foram notados.

    – Esse é exatamente o tipo de coisa que precisamos melhorar nessa escola – disse para todos os presentes e saí rapidamente do salão com uma grande suspeita.

    Enquanto caminhava por fora do prédio mais escuro, descobri que estava deixando uma trilha de adultos preocupados por onde passava, enquanto todos os cidadãos responsáveis me seguiam, curiosos sobre meu agora famoso instinto materno. Não consegui encontrar os delinquentes em lugar nenhum.

    – Talvez eles se assustaram com a quantidade de pessoas que viram e foram embora – supus para as pessoas reunidas, mas enquanto falava, uma das crianças de doze anos colocou a cabeça para fora do prédio principal e gritou algo incompreensível, então correu novamente para dentro.

    Pedi para Claude manter a multidão calma, então o diretor e eu seguimos o menino. Nós três chegamos juntos ao vestiário masculino, onde, sabe Deus porquê, havia uma banheira ao lado dos chuveiros. Algo estava evaporando de dentro da banheira e praticamente jorrando para dentro do duto de ar logo acima. Os meninos olhavam atentamente a banheira, supervisionando, mas quando perceberam nossa presença se afastaram e nos convidaram para chegar mais perto.

    Nós nos inclinamos por cima da banheira. Dentro dela tinha um líquido azul dramático que começou a borbulhar.

    – O que é isso? – Perguntou o diretor.

    – Isso é a façanha mais estúpida que já vi – eu disse, virando para as crianças. – Por que nos importaríamos que vocês colocassem corante azul dentro da banheira? – nesse momento, meus olhos começaram a lacrimejar.

    Quando viu nossos olhos lacrimejando, o menino porta-voz gritou:

    – Todos os que frequentam essa escola vão morrer! – Então todos eles saíram correndo do vestiário, sem se incomodar em nos prender lá dentro.

    Corri atrás deles. Eles estavam indo em direção à entrada principal, mas enquanto passavam pela cozinha pensei rápido. Peguei duas latas de ravióli e, com uma precisão espantosa, acertei uma delas na cabeça do último garoto. Ele caiu e ficou ensanguentado, mas os outros quatro continuaram correndo. Esperava que Claude e as outras pessoas fossem suficiente para detê-los e antes de fazer qualquer outra coisa, desembrulhei a bandeja de biscoitos com pasta de amendoim. Virei o menino machucado e forcei para dentro da boca dele um dedo cheio de pasta de amendoim do canto superior direito. Quando acordasse, seria uma nova pessoa. Então lembrei que esses chips eram temporários, analisei seu tamanho e

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