Crônicas Lucianas
De Lúcio Felipe
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Crônicas Lucianas - Lúcio Felipe
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1ª Crônica Luciana:
O Seu Espaço
Vendo todos os dias a mesa vazia nas refeições de sua casa, onde a mãe e quatro irmãozinhos pouco tinham mais que água e farinha todas as manhãs, um rapaz de nome Eduardo decide tentar encontrar um emprego que o aceitasse só com a vontade de trabalhar, já que experiência anterior ainda não tinha.
Recolhendo do lixo um jornal que um senhor abastado jogara após sua leitura, Eduardo encontra um anúncio que em muito o interessa. A Tecelagem Mariana contrataria cinco jovens sem experiência anterior, e os interessados deveriam comparecer no dia tal e tal, no endereço tal e tal.
Era naquele dia. Vendo que ainda havia tempo, caminhou apressadamente vários quilômetros e chegando ao local, avistou uma enorme fila com trinta e nove candidatos tão desejosos e necessitados da vaga quanto ele.
Não seria estranho se desanimasse. Talvez não houvesse paciência do entrevistador para mais que os dez ou vinte primeiros da fila e ele seria apenas o quadragésimo pelo horário de chegada. Cronologicamente eliminado, mas na esperança, o primeiro. Feliz e confiante porque conseguiu chegar a tempo, coloca-se sorridente e respeitoso na última posição, e um pouco depois com outros que chegaram após ele, os candidatos somavam cinquenta e cinco ao todo.
Algum tempo depois, chega o diretor da empresa e passando os olhos pela enorme fila, informa a todos que só teria tempo de entrevistar vinte pessoas. Que entrevistaria apenas os dezenove primeiros por ordem de chegada e dentre os demais, escolheria só mais um conforme a frase de uma única linha que eles escreveriam no cabeçalho da proposta de emprego. Eduardo era um desses excedentes, pois era apenas o quadragésimo da fila, mas foi a sua frase, tão diferente de todas as outras, que fez o diretor modificar sua opinião, acabando por entrevistar não só a ele, e sim a todos os cinquenta e cinco.
Ao contrário de todas as outras frases que basicamente pediam uma oportunidade para si, Eduardo beneficiou a todos, quando assim escreveu:
Caro Sr. Diretor, quanto mais extensa for a sua busca, maior será o valor do seu achado.
Para aquelas vagas, o Diretor acabou contratando outros rapazes. Não eram vagas adequadas ao positivismo de Eduardo. Para ele, algo melhor. Daquele dia em diante, o rapaz se tornou, primeiro, assistente direto e duas décadas depois, sócio. Eduardo foi realmente um achado tão grande quanto à procura do Diretor.
Sempre haverá um espaço para quem o saiba criar, e não importa o quanto se diga, importa que se diga o suficiente, e não importa o quão alto se fale, mas importa o quão fundo penetre.
2ª Crônica Luciana:
Diferentes Motivações
Naquela semana haveria uma festa na cidade e as três irmãs decidiram pedir autorização do pai para comparecerem a tal festa. Elas não tinham irmão ou irmãos, que pudessem