Augusto
De Christa Wolf
()
Sobre este e-book
Relacionado a Augusto
Ebooks relacionados
Arkaios Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Pequeno Príncipe Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAo de Leve Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Engomadeira: Novela Vulgar Lisboeta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO lugar das árvores tristes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO poço de Júlia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA viúva: E outros contos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEscola Para Deuses Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Conjura Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Crônicas De Taileus Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Noivas De Robert Griplen Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSegredo vergonhoso Nota: 5 de 5 estrelas5/5Chão de barro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Governanta Nota: 2 de 5 estrelas2/5A dona do Café Mühle Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Mão e a Luva Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Que Desaparecem Nunca Morrem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSegredos enterrados à beira mar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO xeque e a ladra Nota: 4 de 5 estrelas4/5Em nome da mãe Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTriste fim de Policarpo Quaresma (Coleção Biblioteca Luso-Brasileira) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMrs Dalloway 2ª edição - Vencedor do Prêmio Jabuti 2013 de Tradução Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA mulher da estrela azul Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Engomadeira Novela Vulgar Lisboeta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs aventuras de Miss Boite e outras historias a vapor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÀ condenada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPaulino e Roberto e A melhor amiga dois contos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRessurreição Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEsau e Jacob Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Esquecida História de Hans Wolf Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ficção Literária para você
O vendedor de sonhos: O chamado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Declínio de um homem Nota: 4 de 5 estrelas4/5Dom Casmurro Nota: 4 de 5 estrelas4/5Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem Nota: 5 de 5 estrelas5/5Memórias Póstumas de Brás Cubas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Box - Nórdicos Os melhores contos e lendas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPrimeiro eu tive que morrer Nota: 5 de 5 estrelas5/5Livro do desassossego Nota: 4 de 5 estrelas4/5O que eu tô fazendo da minha vida? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aprender a falar com as plantas Nota: 4 de 5 estrelas4/5O vendedor de sonhos 2: A revolução dos anônimos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO vendedor de sonhos 3: O semeador de ideias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRua sem Saída Nota: 4 de 5 estrelas4/5Eu que nunca conheci os homens Nota: 4 de 5 estrelas4/5O amor vem depois Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Avaliações de Augusto
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Augusto - Christa Wolf
Créditos
editora Paula Cajaty
diagramação M. F. Machado Lopes
tradução Fernando Miranda
revisão Marina de Almeida Ernst
título original August
copyright © 2014 Suhrkamp Verlag Berlin 2012
imagem Bundesarchiv Bild
183-B0509-0010-006
Christa Wolf CC-BY-SA-3.0-de
ISBN 978-85-66605-29-7
Nenhuma parte desta obra poderá ser
reproduzida ou armazenada, por quaisquer
meios, sem a autorização prévia e por
escrito da editora.
Editora Jaguatirica
rua da Quitanda 86, 2º andar, Centro
20091-902 Rio de Janeiro-rj
tel.: (21) 3185-5132, (21) 3747-1887
e-mail: jaguatiricadigital@gmail.com
www.editorajaguatirica.com
Augusto
Augusto se lembra: ele era igual a cada uma daquelas crianças que chegavam sem os pais à estação de Mecklenburg após o fim da guerra, e a quem perguntavam quando e onde tinham perdido suas mães. Mas isso ele realmente não sabia. Tampouco sabia se o trem de refugiados fora bombardeado antes ou depois da travessia pelo grande rio, que eles chamavam de Oder. Afinal, estava dormindo. Quando se ouviu o estrondo e as pessoas começaram a gritar, uma mulher desconhecida, não a sua mãe, o pegou pelos braços e o lançou do vagão. Ele se jogou atrás de um barranco na neve e ficou deitado até que o barulho passasse e até que o maquinista gritasse para todos os sobreviventes que embarcassem logo. Augusto nunca mais as viu: nem sua mãe, nem esta mulher desconhecida. Sim, havia pessoas espalhadas pelo chão e que não tinham subido no trem, que logo então partiu.
E seu pai? Augusto não achava a mulher da Cruz Vermelha bonita. Cabelos grisalhos, rosto enrugado, muito cansada, cansaço que ele percebeu pela fala. Seu pai era soldado. Augusto não lhe disse nada além disso. Sua mãe tinha amassado a carta que acabara de chegar, depois a esticou novamente e chorou. Ele está vivo, ela disse, está vivo, eu sei. E a vizinha, a senhora Niedlich, também dissera: desaparecido não é morto. Mas Augusto não contou nada disso para a mulher da Cruz Vermelha. Seu pai, que ele mal conhecia, estava vivo e procuraria por ele e pela mãe, que ele tinha perdido e que não desistiria de procurá-lo, até encontrar. A data de seu aniversário ele sabia, pois a mãe tinha ensaiado isso com ele, para qualquer necessidade. Tinha acabado de completar oito anos. Sabia também o nome de seu povoado. Ah, Prússia Oriental, a mulher disse. Você vem mesmo de longe. Então ela pendurou em seu pescoço um crachá com as informações que ele lhe tinha dado, e onde se lia órfão
. Augusto fitou o papel, que manteve nas mãos durante um bom tempo.
Depois ele foi para uma outra sala, a do médico, que parecia tão cansado quanto a mulher da Cruz Vermelha. Ele o examinou, auscultou e, ao fim, disse: o de sempre. Assim, ele foi para o Castelo, chamado hospital, em que todos os moradores tinham uma única doença, a tísica
, e onde ele permaneceu por um bom tempo. Um verão, um