O xeque e a ladra
De Maya Blake
3.5/5
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Sobre este e-book
"A caixa antiga pode ser o meu presente de casamento para ti".
Allegra di Sione, diretora de uma fundação de caridade, não podia falhar na sua missão. Tinha de recuperar a adorada caixa do avô, que estava nas mãos do xeque Rahim Al-Hadi, e, por isso, encontrou-se presa no sumptuoso quarto de Rahim quando tentava roubá-la.
A única possibilidade de fugir era seduzindo o impressionante xeque, mas, na manhã seguinte, quando escapou, não sabia que levava algo infinitamente mais precioso... e, quando Rahim descobriu, não teve outra escolha a não ser transformar a sedutora ladra em sua rainha.
Maya Blake
Maya Blake's writing dream started at 13. She eventually realised her dream when she received The Call in 2012. Maya lives in England with her husband, kids and an endless supply of books. Contact Maya: www.mayabauthor.blogspot.com www.twitter.com/mayablake www.facebook.com/maya.blake.94
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O xeque e a ladra - Maya Blake
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2016 Harlequin Books S.A.
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O xeque e a ladra, n.º 75 - março 2018
Título original: The Di Sione Secret Baby
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9170-974-9
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
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Capítulo 1
Allegra olhou para o comissário de bordo e sorriu. Rejeitou a taça de champanhe com um movimento da cabeça e um sorriso fraco. Felizmente, o compartimento da primeira classe estava quase vazio. Ninguém podia presenciar a sua preocupação, ninguém podia saber que continuava impressionada com a notícia que o irmão Matteo lhe dera há dois dias. Como era possível que o avô lhe tivesse escondido a gravidade da doença? Ela sabia que estava a fazer testes porque os médicos suspeitavam que a leucemia voltara, mas tirara-lhe importância quando, há dois meses, lhe perguntara qual era o prognóstico. Naquele momento, sabia que tinha um ano de vida. Tinha o coração apertado. Não conseguia acreditar que o homem que parecia maior do que a própria vida não ia estar presente no próximo Natal. Os olhos encheram-se de lágrimas. Secou-as precipitadamente quando viu que o comissário de bordo voltava. Não podia perder a compostura. Estavam todos a olhar para ela e tinha de manter as aparências, sobretudo, quando as tecnologias avançavam à velocidade da luz. Era Allegra di Sione, a neta mais velha de um dos homens mais poderosos do mundo. Também era a cara da Fundação Di Sione, uma fundação de beneficência a que dedicava a sua vida. Era feliz a fazer esse trabalho tão absorvente, mesmo que significasse que se sentia quase sempre muito sozinha.
Tentou pensar noutras coisas e olhou pela janela do avião que ocupava a sua posição na pista do aeroporto internacional do Dubai. Era o princípio de maio e o sol era deslumbrante. Quase tão deslumbrante como tinham sido os convidados e o sucesso do último evento que a fundação celebrara. A sua equipa assegurara-lhe que fora o melhor até à data, que angariara quase o dobro do que no ano anterior, mas ela, embora estivesse muito orgulhosa, não conseguia pensar nisso quando continuava a pensar no que Matteo lhe contara. Para além da notícia sobre a saúde do avô, o irmão deixara cair outra bomba. A pequena história que o avô lhes contava não era uma fábula, segundo Matteo.
Sempre se entusiasmara com a história que o avô lhes contava sobre as Amantes Perdidas. Até chegara a questionar-se se o avô tivera uma vida tão dissoluta como a dos próprios pais. No entanto, descartara essa possibilidade, pois sabia que o avô adorara a esposa até ela morrer. A integridade era uma das muitas virtudes que ela tentara emular. Além disso, a sua prioridade absoluta sempre fora aumentar a fortuna dos Di Sione. No entanto, não estava preparada para descobrir que as Amantes Perdidas tinham um significado verdadeiro. Porque é que o avô pedira a Matteo para recuperar um colar perdido há muito tempo? Além disso, a expressão dos olhos do irmão quando lhe pedira para voltar a casa sem demora…
Respirou fundo quando o avião descolou. Quando tinha seis anos, enfrentara a perda dos pais da forma mais atroz e sob os focos de todos os meios de comunicação social. Contivera a própria dor para ajudar os seis irmãos, apesar de sentir a falta da mãe, cujo amor fora tão volátil como abundante. Enfrentaria o que o avô tinha para dizer, fosse o que fosse.
Apesar de se encorajar durante o voo, não conseguia parar de tremer enquanto o carro seguia o caminho que levava ao lugar a que ela chamava lar. Tinha um apartamento com três quartos em Manhattan, mas a residência dos Di Sione, em Long Island, onde fora criada com os irmãos, era o seu verdadeiro lar. Como acontecia com quase todos os lares, tinha lembranças agridoces, ainda que, no seu caso e no dos irmãos, fossem mais azedas do que doces. Não conseguia desviar o olhar da mansão impressionante. Estava rodeada de relva impecavelmente cortada e via-se ao longe o Estreito de Long Island. Tinham-na levado para lá depois da noite em que esteve em casa dos pais e presenciara a que seria a última discussão induzida pelas drogas. Duas horas depois, chegara um carro da polícia, um agente saíra e, com quatro palavras, os irmãos e ela tinham-se tornado órfãos.
Allegra enterrou essa lembrança terrível no canto mais recôndito da sua mente e saiu do carro. A porta dupla abriu-se e viu Alma, a governanta que fizera parte da família desde que se lembrava. Embora o sorriso da idosa italiana fosse tão amplo e acolhedor como sempre, Allegra viu a preocupação nos seus olhos castanhos e na sua forma de lhe agarrar as mãos.
– Menina Allegra, há tanto tempo… – cumprimentou-a Alma, quando entrou no vestíbulo enorme.
Allegra assentiu com a cabeça, mas já estava à procura do avô com o coração acelerado devido à possibilidade de o terem levado dali.
– Onde está? Como está?
O sorriso de Alma apagou-se um pouco mais.
– O médico aconselhou que descanse na cama, mas o senhor Giovanni… insiste que está um bom dia. Está sentado lá fora, no seu lugar favorito.
Allegra afastou-se da escada imponente de ferro fundido que subia os três andares e dirigiu-se para a ala oeste da villa, para o lugar onde o avô tomara o pequeno-almoço durante toda a vida.
– Menina Allegra…
Parou e virou-se para olhar para Alma. O desassossego que viu no seu rosto causou-lhe um calafrio nas costas. Não duvidara do irmão, mas a verdade era que Matteo estivera um pouco absorto com a mulher que o acompanhara ao evento da fundação. Em certo sentido, esperara que tivesse exagerado a gravidade da situação quando falara com ela no Dubai. No entanto, a expressão da governanta confirmava que Matteo não exagerara.
– Não está como da última vez que o viu. Prepare-se.
Allegra assentiu. Tinha a boca seca e passou as mãos húmidas pelo vestido de linho azul-marinho enquanto seguia pelo corredor. Não via a luz que entrava pelas janelas e iluminava as obras de arte que decoravam as paredes. Só queria chegar ao fundo do corredor e sair pelas portas que davam para o terraço com colunas.
Alma pedira-lhe para se preparar, mas, apesar do aviso, ficou boquiaberta quando saiu. Esperara que o avô estivesse sentado na sua poltrona favorita. Ficou gelada quando viu a cama com o que parecia uma botija de oxigénio. O avô estava deitado com umas mantas de caxemira por cima da cintura. O peito subia e descia lentamente e tinha os olhos fechados. No entanto, o que mais a impressionou foi que o seu rosto, normalmente resplandecente, estivesse pálido e cansado. A mudança, desde a última vez que o vira há dois meses, era incrivelmente espantosa.
– Vais ficar aí todo o dia como uma estátua?
Allegra aproximou-se daquela figura, cuja fragilidade era cruelmente realçada pela luz do sol.
– Avô…
– Senta-te! – ordenou Giovanni, dando umas palmadinhas na cama com uma mão nodosa.
Ela sentou-se na beira da cama e teve de conter um soluço quando olhou para o avô nos olhos. Não teria conseguido suportar se o espírito indomável do homem que chegara à ilha de Ellis há mais de meio século também se tivesse apagado. No entanto, e felizmente, os seus olhos cinzentos eram tão penetrantes como sempre, embora um pouco escurecidos pela dor.
– Porque não me disseste? – sussurrou ela, num tom rouco por causa das emoções que tentava conter. – Falámos muitas vezes ao telefone desde a última vez que estive aqui. Porque não me chamaste?
– Tinha outras coisas em mente.
– Como o quê? – perguntou ela, com o sobrolho franzido.
– Sei como o evento da fundação era importante para ti e, a julgar pelo que ouvi, foi um sucesso. Não queria que te preocupasses com um idoso quando esse acontecimento tão importante exigia toda a tua atenção.
– O meu trabalho nunca será tão importante como tu. Sabes. Devias ter-me avisado!
– Considera-me devidamente repreendido – troçou ele.
Allegra, envergonhada, abanou a cabeça.
– Lamento muito.
– Não lamentes. A tua paixão serena é uma das muitas coisas que admiro em ti, piccola mia. – Estendeu-lhe uma mão muito grande e ela aceitou-a. Era quente e tranquilizadora, mas não tinha a força de antes. – Então, o Matteo falou contigo?
Allegra assentiu enquanto engolia em seco.
– A leucemia voltou e o prognóstico é que resta um ano, se tivermos sorte, não é?
Tremeu-lhe a voz ao perguntar-lho e sentiu um vazio enorme quando olhou para o avô. Desejara com cada célula do seu corpo que não fosse verdade, mas Giovanni assentiu.
– Sim. – Olhou para ela nos olhos para que não virasse as costas à realidade. – Além disso, desta vez, não haverá intervenção. A última vez já foi bastante arriscada ou, pelo menos, foi o que os médicos disseram.
– Tens a certeza de que não pode fazer-se? Podia fazer algumas chamadas…
– Allegra, querida, não te chamei por isso. Venci todos os prognósticos durante mais de quinze anos, desde que mo diagnosticaram pela primeira vez. Vivi muito bem e abençoaram-me de muitas formas. Aceitei o meu destino, mas antes de me ir embora…
– Por favor, não fales assim! – interrompeu Allegra.
O avô observou-a com compaixão e abanou a cabeça.
– Assimilarás isto como assimilaste muitas coisas dolorosas na tua vida. És forte, Allegra. Sei que serás ainda mais forte agora.
Queria tapar os ouvidos como uma criança, mas nunca evitara a realidade. Era uma criança quando tivera de se tornar responsável pelos irmãos mais novos de um dia para o outro. Alessandro, o irmão mais velho, e Dante e Dario, os gémeos que tinham tornado a vida impossível a todas e cada uma das pessoas que tinham estado em contacto com eles na residência Di Sione, foram para um internato assim que tinham tido idade suficiente, mas os três irmãos mais novos tinham sido responsabilidade dela. Embora soubesse, no fundo do seu coração, que não conseguira ser o melhor modelo, tentara fazer com que as suas vidas como órfãos fossem o mais fáceis possível. Tentara dar-lhes estabilidade num mundo onde as amas entravam e saíam como se as portas fossem giratórias e onde o avô estivera plenamente dedicado a criar o seu império. Fracassara muitas vezes e Giovanni tivera de intervir. Com cada fracasso, duvidara se tinha a capacidade de ser o que tinha de ser para a família, mas nunca deixara de fazer o que tinha de fazer e o que tinha de fazer era cuidar da família. O avô e os irmãos eram sempre o mais importante. Conteve a dor que sentia, respirou fundo e assentiu.
– O que precisas que faça?
Quer fosse por causa da decisão da sua voz ou porque aceitara que não podia mudar os intuitos do destino, o avô sentou-se com mais cor na cara. Ela alegrou-se, embora tivesse o coração acelerado. Giovanni não a teria chamado se não quisesse pedir-lhe algo importante.
– Preciso que recuperes uma coisa única e muito prezada que perdi há muito tempo.
– Está bem. Vou ligar ao diretor da agência de detetives que uso para…
– Não, percebeste mal. Não quero que encontrem essa coisa, preciso de