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Meus Encontros com um espirito: As revelaçoes da princesa-deusa
Meus Encontros com um espirito: As revelaçoes da princesa-deusa
Meus Encontros com um espirito: As revelaçoes da princesa-deusa
E-book267 páginas4 horas

Meus Encontros com um espirito: As revelaçoes da princesa-deusa

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Sobre este e-book

A narrativa em primeira pessoa conta a historia de um sertanejo nordestino, simples e tranquilo, que de repente passa a receber as visitas periódicas de uma entidade feminina ,que tem como objetivo ensinar lhe 'as verdades da vida' O auge da narrativa ocorre quando ele, não suportando a pressão da esposa, acaba se separando dela para seguir a 'sua deusa'. Abandonando a família e rumando para são paulo, o homem passa o resto da vida entre a culpa e a duvida de nunca saber se tomou a decisão correta.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jul. de 2022
ISBN9781526013422
Meus Encontros com um espirito: As revelaçoes da princesa-deusa

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    Meus Encontros com um espirito - kaboclinho

    MEUS ENCONTROS COM UM ESPÍRITO

    Copyright 2011 © Mauro Soares Nardes

    Dados da Catalogação Internacional na Publicação (CIP)

    Nardes, Mauro Soares: Meus encontros com um espírito -- 1. ed.

    Juquiá, SP : Edição do autor, 2019.

    2200Kb, ePub.

    1. Literatura Brasileira. 2. Espirituaidade. I. Título 

    CDD 600

    Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total deste ebook.

    Table of Contents

    INTRODUÇÃO

    EM MONGAGUÁ

    UM REINO SUBMARINO?

    A CIVILIZAÇÂO PERDIDA

    SERIA MESMO EU?

    AS CONTRADIÇÕES DAS RELIGIÕES

    O JOIO E O TRIGO SEMPRE JUNTOS.

    A MUDANÇA

    A SEPARAÇÃO

    O DIABO

    AS APARENTES CONTRADIÇOES DA BIBLIA.

    QUE RAPAZ SIMPATICO!

    O ETERNO EXPLICADO CIENTIFICAMENTE.

    PRA QUE TUDO ISSO?

    O ULTIMO ENCONTRO

    O ELO PERDIDO

    DIMENSÕES: O QUE SÃO?

    AS APARENTES CONTRADIÇÕES DA BIBLIA (II)

    NATURAL OU SOBRENATURAL?

    A ANALISE DE ALGUMAS PREVISÕES DO PONTO DE VISTA CIENTIFICO

    GUERRAS

    O FUTURO

    AS MALDIÇÕES DA DEUSA SOBRE BABILONIA

    A ENTREVISTA: O QUE SEO EDMAR ACHAVA DA DEUSA, DOS SEUS ENSINAMENTOS E DE TUDO QUE PRESENCIOU.

    PEREGRINO A PROCURA DE UMA IDENTIDADE.

    O DIREITO DE NÃO SER NORMAL

    FIM: DUVIDA OU LETARGIA?

    SETE DIMENSÕES

    SEGUNDA DIMENSÃO: TERRA-UMA PROVA.

    O MAPA

    TERCEIRA DIMENSÃO: ESPERA

    QUARTA DIMENSÃO-DOMINIO DO DIABO.

    QUINTA DIMENSÃO: GRAÇA

    SEXTA DIMENSÃO: MAIS UM PASSO.

    SETIMA DIMENSÃO: VOLTA AO COMEÇO

    INTRODUÇÃO

    O relato que se segue é a integra fiel de uma impressionante historia narrada por um sertanejo piauiense sobre as estranhas aparições de um espirito em sua vida, cujas revelações ele me confiou. Sem me responsabilizar pelos episódios aqui contados, eu todavia, assumi o compromisso de publica los, como prometi a seo Edmar de frança Fonseca, o sertanejo mencionado. Conheci o nos idos de 1983, quando me aventurava jovem ainda a morar na cidade, eu próprio um roceiro também. Ele me pareceu uma pessoa perfeitamente equilibrada, normal, ainda que de tímido relacionamento. Não pretendo que os fatos aqui expostos sejam verdades imutáveis e nem necessariamente concordo com eles. Publica los é um dever de consciência e um ponto de honra entre eu e Seo Edmar. Creio que, além disso eu estou fornecendo subsídios adicionais para os pesquisadores do assunto, visto que alguns temas aqui tratados são polêmicos e foram abordados pelo tal espirito por ângulos inéditos e curiosos. Se esse livro chegar ao conhecimento de algum descendente de Seo Edmar, certamente saberão o que ocorreu com ele após o seu desaparecimento. O que eu desejo é que essa historia saia do anonimato a que foi confinada até hoje e seja submetida a avaliação daqueles que se interessam pelo tema, independente do parecer que irão emitir se a favor ou contra. Nessa breve explicação, pretendo deixar claro o que penso a respeito.

    Espero que essa leitura seja proveitosa para alguém, afinal duvidas todos nos temos e seria pretensioso dizer que não. Esclarecer definitivamente as nossas incertezas não é o objetivo desse livro; Talvez ate aumente as, mas o que é a certeza senão uma duvida que já foi resolvida? A verdade é a conclusão de uma serie de experiências e as experiências servem para nos fazer evoluir. Portanto não estranhe se ficar cheio de duvidas. Elas são um sinal de que não dominamos toda a verdade suprema e por isso podem funcionar como degraus que uma mente sabia usa para galgar o topo da evolução pessoal, avançando mais e mais a cada dia. Afinal cada duvida resolvida é um passo a mais em direção a esse aperfeiçoamento espiritual. Naturalmente Seo Edmar narrou a historia a sua moda com sua linguagem cabocla, cheia de regionalismos que eu traduzi a minha maneira. Procurei simplificar ao máximo pois pretendo que esses livro seja entendido por pessoas de todas as classes. Por outro lado procurei ser fiel a narrativa original, nada tirando ou acrescentando e sempre evitando emitir uma concepção pessoal. 

    Ha varias imprecisões ao longo do texto, mas elas não devem ser atribuídas a memoria de seo Edmar, alias ótimas por sinal e sim, ao fato de os depoimentos serem coletados por mim de maneira aleatória, sem uma ordem sistemática. Alias, devo quanto a isso, explicar que a sugestão de seo Edmar foi assim: Nós nos encontraríamos em sua casa quando pudéssemos e ele contaria em cada uma dessas ocasiões trechos de sua historia. Isso ocorreu em sete vezes e, nesses momentos, entre um cafezinho e outro eu fui me inteirando de toda aquela sucessão fantástica de aparições e revelações. Munido apenas de caneta e caderno eu ia escrevendo o relatos e foi aí que muitos detalhes me escaparam, embora a narrativa de Seo Edmar fosse bem pormenorizada. Ele, por exemplo, contou detalhes como a data da primeira aparição (que eu esqueci) A data do seu casamento (também esqueci). E assim por diante, mas creio, nada que comprometesse a integra da historia. Essa incertezas e algumas suposições foram colocadas como notas de rodapé, sempre que necessário para que o próprio leitor tire as suas conclusões. 

    Um aspecto intrigante se constata no fato de Mitchalla Dorkas se levantar contra certas crenças comuns em alguns segmentos espiritualistas, como o ato de consultar os mortos. Até aí tudo bem, não fosse ela própria também uma mortaEstranha essa oposição. Parece contraditório, mas essa historia começa de maneira surpreendente e termina de maneira igualmente interessante. Espero que ela seja proveitosa para todos. Acompanhe comigo e depois tire suas próprias conclusões.

    EM MONGAGUÁ

    Conheci Edmar de França Fonseca quando ele já era um alquebrado velhinho nos seus sessenta e três sessenta e quatro anos. Isso foi entre a primavera e o verão dos anos de 1983-1984. Nós trabalhávamos na construção de um prédio na pequena cidade litorânea no sul paulista. Eu era apenas um garoto que ainda não completara dezoito anos, vindo de uma família de caiçaras para trabalhar como servente de pedreiro, o mesmo oficio de Seo Edmarcomo eu o chamava. Nordestino do sertão piauiense, serio e de uma honestidade a toda prova, Seo Edmar foi conquistando o meu respeito e admiração. Quase não falava e o seu jeito reservado impedia a intimidade dos outros peões da obra. Ele não gostava de brincadeiras. Ninguem perguntava sobre sua vida e seu passado. Ele também não falava a respeito. Sabia se apenas que morava sozinho em um barraco nalgum ponto da cidade. Apesar da diferença de idade, nós tínhamos algumas coisas em comum. Eu percebi que os nossos temperamentos eram muito parecidos e isso também foi notado por seo Edmar. 

    Meses se passaram e mais e mais aquela simpatia reciproca ia crescendo. No começo trocávamos algumas palavras quase sempre na hora do almoço pois trabalhávamos para pedreiros diferentes e quase não nos víamos. Depois aceitavamos pequenos convites um do outro para irmos até um bar próximo e tomarmos uma bebida após o trabalho. Eu sempre esvaziava uma garrafa de cerveja e ele nunca passava de uma ou duas doses espaçadas de uma aguardente chamada pitu. Dizia que aquela bebida era de origem pernambucana. Com o tempo eu sentia crescer mais que uma amizade, uma intimidade paternal entre eu e aquele calejado caboclo que parecia esconder um grande mistério e uma grande tristeza em sua vida sempre dura. Ele não tinha uma boa saúde e após consolidarmos uma amizade mais pessoal, revelou me que sabia que classe de doença o afligia e que logo terminaria a sua jornada na terra. As vezes me falava de coisas estranhas como a tarefa espiritual a cumprir na outra vida ou o patrão do além que é rígido e possessivo Mas Seo Edmar não dava maiores explicações e eu também não demonstrava a minha curiosidade. Fomos levando a vida naquela construção até que meses depois, alguns dias antes de concluirmos a obra, ele me convidou para fazer uma visita em seu barraco. No dia marcado eu estava lá. Entrava o inverno. Lembro me que era um sábado 14 de julho de 1984, por volta das quinze horas. Andei talvez uns mil e quinhentos metros até o ponto que seo Edmar me indicara, uma rua tranquila onde havia em sua maioria, casas de veraneio. Por isso, embora fosse um bairro residencial, era deserto, fora da época da alta temporada. Naturalmente na época das férias de verão o movimento ali aumentava consideravelmente. Pois naquele barraco presenciei e ouvi coisas que me deixaram cheio de duvidas sobre o domínio espiritual ate hoje. Seo Edmar disse que me chamou ali por um motivo muito especial e que me escolhera para contar o maior segredo de sua vida. Sua casinha alugada se localizava numa rua muito curta que terminava na praia, uma moradia rustica com pouca mobília. Serviu me um cafezinho e começou a me contar sua longa historia. Então passei a anotar um relato impressionante.

    Há dezessete anos* disse me ele "entrei em contato com um fenômeno inimaginável para um homem como eu.(Ainda que tivesse boa memoria, para mim seo Edmar estava errado; Acho que fazia mais de dezessete anos) Contava então quarenta e sete anos e era um homem comum para os padrões do lugar onde eu vivia, o longínquo rincão de Catolé do Rocha, em território paraibano, estado onde me estabeleci por uns anos. Tinha esposa e seis filhos e trabalhava por conta própria em um pedaço de terra de minha propriedade, cuja aquisição eu havia feito mediante a troca por um cavalo, um jegue e uma carroça. Um dia eu trabalhava sozinho em meu canavial por volta das dez horas de um sábado, como este. Quando me preparava para voltar para casa para o almoço, eu endireitei o corpo e olhei ao longe. Me assustei ao ver uma luz esbranquiçada na linha do horizonte. Parecia uma estrela. Com mais medo fiquei ao perceber que ela vinha em minha direção. A luz foi ficando maior na medida em que se aproximava. Eu quis correr, mas constatei incrédulo que estava imóvel, petrificado. Tambem descobri que estava mudo, pois não consegui gritar. Ouvi um vento sibilante e aquela luz forte foi se tornando cada vez mais intensa até que me pareceu formar uma imagem a principio difusa mas que aos poucos foi ganhando contornos até se materializar em uma imagem de mulher. Suas vestes resplandescentes ofuscaram os meus olhos atônitos. Acreditei que era um anjo. Então ouvi sua voz macia e flutuante:

    — Não tenha medo, humano. Eu já estive na terra tal qual você esta agora. Isso foi a três mil e quinhentos e sessenta e oito anos atrás. Fui filha de rei e vivi em um mundo completamente diferente do seu, em uma época remota de uma civilização que possuía cultura e valores diferentes. Voce foi escolhido pelos seres do infinitopara se apoderar de um conhecimento sobrehumano, não por méritos próprios mas apenas por que os deuses fazem a sua própria vontade. Voce foi predestinado desde milênios.

    UM REINO SUBMARINO?

    A deusa, como seo Edmar a chamava, desapareceu então de diante dos seus olhos como uma luz que se apaga abruptamente sem maiores explicações. Mas a partir daquele dia ele passou a andar muito assustado. Depois de sair do seu estupor, ele parecia ainda ouvir a ultima frase da Deusa: Guarde segredo; Nada diga a ninguém. Mal sabia ele que essas aparições se tornariam constantes e periódicas. Nos encontros seguintes ela passou a lhe dar porções de instrução a respeito da missão que ele desempenharia dali por diante.Ela disse me que a vida terrena é feita de dúvidascontou Seo Edmar.e o sonho de todo ser humano é descobrir os porquês de todas as coisasA deusa disse lhe posteriormente que ela própria tinha uma missão que consistia em ensinar aos homens o pouco que ela sabia sobre outras dimensões.De agora em diante, humano, você terá a obrigação de publicar o conhecimento superior que adquirir, sem se importar se as pessoas irão acreditar ou não.

    Seo Edmar prosseguiu contando que:

    — Uma semana depois eu estava limpando um pequeno pedaço de terra com a mulher e meus três filhos maiores para plantar feijão de corda. Tudo transcorreu normalmente até a hora do almoço. Então eu falei para a minha esposa e filhos que fossem para casa preparar a nossa refeição, enquanto eu continuava na tarefa de preparara terra. Eles foram. Continue i normalmente por uns dez minutos. Depois eu comecei a sentir um medo estranho e um arrepio tomou todo o meu corpo. Um vento singularmente quente tirou o meu chapéu. Então aquele vento começou como que a falar rosnando comigo: Voce não pode se apoderar desses mistérios transcendentais que geram eternas duvidas em sua cabeça. O homem deve permanecer na ignorância.Era uma voz medonha, assustadora mesmo. De repente uma luz azulada surgiu entre as arvores. Aquele vento falante cessou subitamente. Eu estava novamente estático. A luz veio direto em mim e se apagou no ar antes de chegar perto. Aquela mulher se materializou ante os meus olhos atônitos.

    — Não tema, humano-ela me confortou.-esse é o espirito das trevas tentando te atemorizar e te dissuadir de cumprir sua missão mas ele não vai te impedir. Doravante você começara um longo aprendizado. Esta noite voltarei a te encontrar. Prepare se. Quando todos estiverem dormindo, saia até o quintal- Dizendo essas palavras, Mitchalla Dorkas desapareceu novamente. Nem preciso dizer que naquela noite eu esperei pelo encontro tenso e nervoso. Como eu era muito católico, cheguei a rezar aos meus santos protetores para que afastasse aquele fantasma de mim. Como naquele tempo e lugar as pessoas se recolhiam cedo ao seu repouso, as oito e meia da noite o silencio ja imperava. Eu também tentei dormir depois das minhas orações e estava tremulo debaixo das cobertas. Não queria apagar o lampião de querosene, mas como nunca dormia de luz acesa, Telvina, minha esposa poderia desconfiar. Acho que por volta das nove da noite todos já estavam dormindo quando uma belíssima e tremeluzente luz aul iluminou todo o nosso barraco. Eu perdi os sentidos e por algum tempo não vi mais nada. Quando recuperei os sentidos não tinha noção nenhuma do tempo e espaço. Entendi que estava num lugar desconhecido. Uma mata densa pelos arredores, gritos de corujas e ruído de grilos me fizeram perceber que alguma força estranha me arrebatara e abandonara em um local totalmente selvagem. Ouvi um ruído desconhecido como de aguas que se agitavam . Eu nem pensei de imediato que fosse o mar. Nunca o havia visto e em Catolé do Rocha não existia mar. A atmosfera ao redor era sinistra e o meu medo era enorme. Fiquei ouvindo por um momento o cricrilar dos grilos e o murmúrio das aguas que pareciam querer falar alguma coisa. Eu queria mesmo era ouvir uma voz humana, um latido de cachorro, algo que eu pudesse reconhecer e pelo qual eu pudesse me orientar. Comecei a crer que aquilo tudo era diabólico e que a tal Deusa não passava de um espirito das trevas a me enganar. Estava entrando em desespero e só me restava tentar achar uma saída, enquanto o medo ia crescendo cada vez mais. Medo de que uma onça me encontrasse na escuridão medonha e até de que um monstro marinho saísse do mar e me tragasse, se é que aquele ruído era do mar. Permaneci nessa agonia até sete minutos para meia noite (a deusa me diria as horas depois) Nesse momento um brilho intenso me envolveu e eu pude vislumbrar o espectro da Deusa no núcleo daquela luz. Ouvi sua voz aveludada:

    — Prepare se para mergulhar em outra dimensão, humano.-Agora eu via a mulher bem mais próxima de mim, mas temia encara-la. Ela colocou as mãos sobre a minha cabeça Gritei em agonia quando me senti desaparecendo, meus sentidos fugindo como se eu estivesse morrendo. Pareceu me assumir uma forma imaterial, um corpo astral e senti me como se fosse um balão se elevando da terra. Flutuei acima da floresta escura e da altura que estava pude ver o oceano noturno. A velocidade era vertiginosa. Uma força sobre humana me impulsionava enquanto eu permanecia em pé no espaço. Subia como um foguete.Talvez isso seja a morte pensei. Foi então que vi a deusa diante de mim. Ela começou a caminhar pelo espaço como se estivesse no chão. Ordenou que eu a seguisse. Sem acreditar eu cumpri a ordem. Mudei o primeiro passo e senti como se um solido degrau me sustentasse. Mudei o segundo, o terceiro e fui caminhando por aquela estrada suspensa e invisívelA Deusa caminhava diante de mim sem olhar para tras. Talvez estivéssemos a uns cincoenta metro de altura e eu sentia me como se o coração fosse parar de tanto medo .

    — Não tema, humano-Ela pareceu advinhar o que eu estava sentindo. Andavamos em linha reta em direção ao alto mar. Eu caminhava vacilante sobre a ponte aéreaaté que chegamos a um ponto tão silencioso quanto escuro do mar. Ja não se ouvia mais o marulhar das ondas. Então começamos a descer lentamente, enquanto o terror se apoderava de mim ao imaginar que cairíamos nas profundezas do oceano sombrio. Para minha surpresa quando os meus pés tocaram as aguas elas estavam tão firmes como se estivessem congeladas. Então Mitchalla disse me que eu a seguisse sem nada temer. De repente aquela firmeza desapareceu de sob meus pés e as aguas me tragaram inapelavelmente. Eu gritei em pânico, me debatendo mas fui sugado para baixo por uma força e velocidades estonteantes. Foi algo além da minha resistência humana (?) e eu desmaiei. Algum tempo depois eu não sabia se havia recuperado os sentidos ou se havia sido teleportado a um outro plano de existência. Eu havia perdido a noção de tempo. Então forcei os olhos ao meu redor e não acreditei no que eles viam. Parecia me estar em um salão de festas. A cor branca estava presente em tudo. Mesas com toalhas brancas, pessoas vestidas de branco, paredes brancas, flores brancas... No meio daquele sãlao redondo estava uma mulher vestida de branco em trajes de rainha ornamentados exoticamente. Ela estava sentada em um trono branco e eu via os presentes trata la de rainha ou majestade. Perto dela estava em pé uma outra personagem estranha numa indumentária branca, onde se destacava um curioso objeto que ela segurava, algo como um espanador que chamava a atenção. O objeto tinha cabo de cobre e parecia ser feito com cauda de cavalo. Tinha um alfanje na mão esquerda. As vezes as pessoas batiam palmas nos momentos em que a rainha discursava com palavras ininteligíveis pra mim. Então as pessoas gritavam: Sacode o eiruexim! Sacode o eiruexim!* (termo desconhecido pra mim, Mauro-O autor) E aquela que estava perto da rainha balançava o estranho objeto que tinha nas mãos. Essa mulher também era tratada de majestade e tinha uma pequena coroa. Usava guias vermelhasque distoavam da brancura do ambiente. Eu estava em meio a uma pequena multidão radiante e ruidosa. Entendi que se realizava ali uma solenidade especial cujo significado a deusa me diria em seguida. Foi então que a multidão bateu palmas freneticamente olhando em direção a porta grande que parecia ser de cristal. Aí entrou um mensageiro vestido de branco com a cabeça velada até os olhos por algum tecido leve e transparente e anunciou se:

    — Eis que vem chegando nossa convidada especial como iansã, aquela que a rainha do rio oxum, na africa.-Novo coro de palmas e eu fitei a porta curioso. Então entrou outra senhora coroada vestida num longo vestido rodado com saias sobrepostas. Estava toda ornada com pulseiras de ouro e seu rosto ficava semi oculto atrás do leque dourado que usava. Foi até diante da rainha sentada no trono e a saudou respeitosamente. A rainha anfitriã abriu os braços e exclamou uma frase ininteligível pra mim, mas que guardei na memoria. Ela disse: Ora-iê-iê-ô! E a multidão entusiasticamente repetiu : Ora-iê-ie-ô! (seria uma espécie de saudação?)

    Depois daquelas formalidades, a recém chegada, que trouxera uma pequena comitiva, se postou a direita da rainha, enquanto os súditos que com ela vieram, se dispersaram discretamente na multidão. Todos conversavam e brindavam entre si. Alguns falavam o meu idioma outros não. Mitchalla Dorkas se mantinha impassível ao meu lado. Foi então que começou a me explicar: Hoje é sábado, dia consagrado a Iemanjá, que muitos consideram a rainha do mar. Essas pessoas que aqui estão, foram pessoas

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