João Bom Nas Artes
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João Bom Nas Artes - João Batista Araújo
Agradecimentos
Expresso minha gratidão:
Ao grande construtor do Universo, que me protege em tudo, mesmo
sendo um filho indigno e sem merecimento de tantas graças.
A todos aqueles que me inspiraram a escrever este livro.
Aos meus pais; minha maravilhosa e querida mãe e meu alegre pai, que
descansa no tempo eterno.
Sem dúvida, foram os que me conduziram com exemplos e orientações
nos mais preciosos princípios da boa vivência e do norteamento de como ser
um bom cidadão, um bom homem e um ser humano normal.
Aos meus sogros; meu sogro (In memoriam), que entre tantas boas
ações, presentearam-me com o nascimento de sua querida filha, minha
primorosa esposa.
A minha querida esposa; um exemplo de alegria, esforço, nobreza,
compaixão aos mais desfavorecidos e um amor imenso às crianças. Para
estas, um porto seguro onde ancorar e encontrar paz e esperança.
Aos meus filhos; pois significam para mim: alegria, honradez, além de
serem ótimos filhos, não merecedores do pai que sou.
Ao meu filho, designer gráfico, idealizador e criador desta magnífica
capa.
Aos meus irmãos que me ajudaram na convivência com a alegria.
Às crianças e jovens que ainda mantêm em seus corações a
simplicidade, a espontaneidade e a vivência sem complicação.
A todos os leitores, crianças e adultos, que tenham se dado ao interesse
de percorrer estas páginas.
João Bom nas Artes
Prefácio
Escrevo este livro, com título de João Bom Nas Artes
, com dois
objetivos:
O primeiro é de alguma maneira ser útil à sociedade, e o farei levando
um pouco de alegria às pessoas, já que muitos de nós vivemos em uma
coletividade repleta de dificuldades de toda ordem. Acredito que um pouco
de pequenas histórias, vividas em sua maioria por mim, possa realizar a meta
a que me proponho.
O segundo trata-se de um sonho recente e que buscarei de todas as
maneiras realizá-lo, uma vez que os sonhos são deveras importantes para
alentar-nos e naturalmente com bastante esforço, podermos realizá-los.
Não podemos deixar os sonhos e os nossos ideais, por mais difíceis que
nos pareçam ser, esvaírem-se.
Quanto a esse, ainda não posso revelá-lo, em virtude de não estar ainda
concretizado.
Creio ser prudente, e assim sinto que não devemos revelar nossos
projetos pessoais, enquanto estejam em desenvolvimento.
Quando já tenham sido realizados, poderemos então mencioná-los.
E qual seria o motivo deste nome para o livro?
Venho de uma família mineira e os nascidos nas Minas Gerais muitas
vezes gostam de contar histórias, os famosos causos.
Desde pequeno, eu ficava muito atento aos narrados por meu pai, como
também aos do nosso irmão mais velho.
Do mesmo modo, os causos que me contavam de primos que
oportunamente os relatarei neste livro.
Em minha infância e adolescência, fui um menino considerado
bonzinho
. Um tanto tímido. Muitas vezes, em um diálogo concordava com
os demais, só para não esticar a conversa.
Assim atuava, quando a conversa não era muito conveniente para mim,
mas com as pessoas que considerava mais amigos, era extrovertido.
Sob outra perspectiva, atrás dessa aparência quietinha, havia o moleque
inquieto, que não podia ficar parado nem um minuto sequer.
Pareceria haver sempre uma formiguinha me beliscando, para que eu
buscasse desvendar tudo a minha volta.
Descobrir o encoberto, abrir o que estava fechado, solucionar o que
parecia estar sem solução.
Experimentar algo novo, diferente e resumindo: o mundo sempre me
pareceu uma grande expectativa a ser desvendada.
Poderia dizer que a vida representava para mim uma grande tela, com
muitas possibilidades. Daí fazer o que nesse grande quadro? Ora, pintar o
sete, claro.
Caro leitor, você me perguntaria? Por que esse nome João Bom nas
artes? Bem, a questão é a seguinte: desde pequeno, a fama de Pedro
Malasartes chegou até mim. E quem era esse tal de Pedro Malasartes?
Ficou bem conhecido e se tornou um personagem tradicional da cultura
portuguesa, e posteriormente da cultura brasileira. Essa figura era exemplo de
esperteza, de criatividade, mas não se sentia nenhum pouco culpado em usar
a mentira e enganar as pessoas em proveito próprio. Assim, era astucioso,
cínico e sem escrúpulos.
Porém, algo me incomodava nesse personagem e eram justamente essas
atitudes de enganos, bem como tirar proveito egoistamente das situações,
propositalmente.
Fiquei então, desestimulado com algumas de suas atitudes, pois
considero que nas boas artes deva prevalecer a espontaneidade, a alegria, e os
fatos engraçados que decorrem delas, sem a busca de passar os outros para
trás, como tal personagem buscava fazer.
Assim, em contraposição a algumas ações desse, achei por bem, criar o
João Bom Nas Artes
.
Também há um fato bem interessante que é comum, até nos dias de
hoje. Quando alguma situação desconcertante ocorre em nossa casa, como
um aparelho doméstico que apresenta algum defeito.
Se por ventura o problema não se apresente grande e fora de minha
alçada, busco abrir tal aparelho, tentando consertá-lo. É aí que ouço minha
esposa dizendo: — Eh! Malasartes! Cuidado para não sobrar parafuso! Por
outro lado, qualquer situação que possa parecer impossível, lá vem minha
esposa dizendo: — Oh! Malasartes! Dá um jeito nisso aí.
Então, creio que este título está na medida certa.
Também deixo aqui uma recomendação: de que nenhuma criança ou
adolescente deva seguir os exemplos aqui narrados, pois estes causos estão
aqui para deleitar-nos, para que nos alegremos e soltemos umas ótimas
gargalhadas, só isso.
João Bom Nas Artes
Capítulo 1
O causo do Primo Juca
Iniciaremos nossos causos, com a história do nosso primo Juca.
Essa veio possivelmente de meu pai ou mesmo de algum tio, que a um
dado momento, deixou-me registrado. Também pode ter sido contada pelo
nosso irmão mais velho.
Inicio por essa, já que todas as vezes que começo a fazer uma
narração, este causo, como diria os mineiros, é o que primeiro me inspira, e
é como o aquecimento que faz um atleta, para me sentir mais preparado
para as seguintes.
Da mesma forma, essa está mesclada com acontecimentos da época
de meu pai, já que ele em sua juventude era vendedor de medicamentos
veterinários, fabricados por um nosso tio de Minas Gerais.
Contava que quando moço, cavalgava muitos dias visitando
propriedades rurais, vendendo esses produtos para serem utilizados pelos
fazendeiros em seus animais.
Além do mais, afirmava que eram dias onde tudo era mais simples, e
as pessoas relacionavam-se com mais confiança, respeito e afetividade.
Dizia que naquela época, lá pelos anos de 1940, havia um costume
entre os mineiros, que ao serem visitados por algum forasteiro, que por
ventura parasse em alguma propriedade rural, durante sua viagem,
recebiam-no com a primorosa hospitalidade mineira, visto que os
responsáveis pelo local ofereciam pouso, banho e jantar, a quem chegasse
como viageiro.
Esclareço que esta história é a única de todas aqui narradas, que tenho
dúvidas de sua veracidade, já que o primo Juca, quando expressava alguns
de seus causos, contava com tanta convicção, que ai daquele que se
prestasse a duvidar de uma narrativa sua.
Então, vamos lá.
Conta nosso primo Juca que em certa feita, viajando pelas fazendas de
Minas Gerais, ao chegar à noite, ainda não se encontrava próximo a
nenhuma pousada e sentindo-se cansado pela longa caminhada do dia ao
lombo de seu cavalo, sugeriu aos demais amigos que o acompanhavam que
pernoitassem ali mesmo.
Era um lugar tranquilo, e acima de tudo, havia um frescor no
acampado pelo vento que soprava nessas bandas.
E dessa forma, depois de uma boa comida no jantar e muita prosa, se
prepararam para adormecer.
O Primo Juca tinha um relógio de bolso muito bonito e se gabava de
que igual ao seu tão estimado aparato não havia outro.
Não só era de rara beleza, como