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Morte E Vida De Um Escritor
Morte E Vida De Um Escritor
Morte E Vida De Um Escritor
E-book363 páginas4 horas

Morte E Vida De Um Escritor

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Sobre este e-book

George Waden é um escritor investigativo, pois seus livros são baseados em fatos supostamente reais, tirados de casos que, em diversas vezes, foram solucionado por ele. Apesar de ser um intelectual, por vezes tem visões que não consegue entender e nem mesmo dizer se ocorreram antes ou depois da sua provável morte. É um livro feito para explorar a criatividade do leitor, tentando se mostrar imprevisível porém solucionável. Vários outros contos foram acrescentados sempre com o foco no sobrenatural e no mistério promovido por vidas atormentadas. Quantas vezes em vida acompanhamos o sofrimento daqueles que perderam alguém, um ente realmente querido. Também entre nós sempre pode ocorrer algo assim entre nós, principalmente naqueles momentos que menos se espera. Assim é a morte. Tira todos de nossa vida, nossos sonhos e projetos e todos os bens que tenhamos e até aqueles que ainda não conquistamos. Somos feitos de vidro, ou se preferir, de barro. Todos os personagens são fictícios. Morte e Vida de um Escritor é uma antologia que acompanha a trajetória deste renomado escritor que se enreda em enigmáticos crimes, frequentemente não resolvidos, em busca de inspiração para suas obras literárias. Contudo, a fronteira entre o sobrenatural e a insanidade se revela delicada, lançando-o em um turbilhão de indícios que insinuam a presença de entes talvez falecidos, que sutilmente moldam suas ações. Embora os crimes sob investigação permaneçam enraizados em nosso mundo tangível, a influência do sobrenatural ascende de forma inexorável, erodindo a estabilidade mental do protagonista e transmutando sua existência em um cenário que antes habitava apenas em sua imaginação. O ambiente exala uma atmosfera misteriosa, onde a penumbra suave é quebrada apenas pela suave luz do sol que penetra através das folhagens. A tranquilidade reina soberana, como se o próprio tempo tivesse desacelerado para respeitar a memória dos que descansam ali. Um círculo de pedras, um símbolo ancestral de proteção e harmonia, encontra-se no coração do cemitério, emanando uma sensação de paz que abraça tanto os vivos quanto os que já partiram. Este é um livro para assustar e também emocionar o leitor. Descubra os segredos ocultos entre as páginas desta antologia de contos de suspense e deixe-se envolver por enredos arrepiantes que exploram os limites entre a mortalidade e a resiliência humana. Cada história é um convite para mergulhar no desconhecido, onde o suspense tece fios de mistério e reviravoltas que vão deixar você ansioso por mais. Prepare-se para uma jornada literária que vai te prender do começo ao fim - vida e morte nunca foram tão intrigantes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de dez. de 2023
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    Morte E Vida De Um Escritor - Joseni Carvalho Ramos

    Sumário

    CARTA AO LEITOR

    PREFÁCIO

    A INVESTIGAÇÃO

    A ÚLTIMA HISTÓRIA

    O JULGAMENTO

    MISTÉRIO EM TÓQUIO

    TERROR NA AMAZÔNIA

    HISTÓRIA DE HORROR

    FANTASMAS DO PASSADO

    O MAL NÃO PODE VENCER

    A HISTÓRIA DEVE CONTINUAR

    CARTA AO LEITOR

    Sonhar sempre ajuda a elevar a mente onde apenas a alma poderia chegar. Descrever sentimentos, ver conforme os olhos de outra pessoa. Sentir o que outros sentiram poder ser não apenas uma tarefa, mas uma missão árdua e também uma vocação. Acreditamos que não adianta sonhar apenas hoje e desistir amanhã. Este livro traz uma mensagem clara da dificuldade promovida pelo individualismo em nossa realidade. Pensar por si só pode ser prejudicial, podendo nos ferir, ou até mesmo perder pessoas próximas. Enquanto escrevia este livro, eu pensava nas inúmeras historietas que ouvimos dentro de um ônibus, ou em um bar e até mesmo num almoço de família. Quantas vidas perdidas, caminhos desencontrados e fracassos diversos descritos de forma eloquente e breve em uma pequena viagem ao local de trabalho.

    Todas as histórias têm um protagonista que a leva a frente, e um antagonista, que gera os motivos para o primeiro ir à luta, e também cria obstáculos. Muitas vezes o herói vence, sendo o protagonista ou não. Mas acontece que o vilão pode vencer, ou pensar que venceu. O que gera o conflito na verdade é exatamente o mal dentro de nós, que nos torna incapazes de ver nossa miséria e, a partir daí, nossas fraquezas.

    É importante ressaltar que nem toda história precisa ter um antagonista claro ou tradicional. Às vezes, o conflito principal pode ser interno, dentro da mente do protagonista, ou derivar de circunstâncias externas em vez de um personagem específico. Além disso, em algumas histórias mais complexas, os papéis de protagonista e antagonista podem ser mais fluidos, com personagens diferentes desempenhando esses papéis em momentos diferentes da narrativa. George Walden era assim. Incapaz de escolher um lado. Ele apenas lutava pelo que amava, sendo capaz de morrer por isso.

    Seja bem-vindo ao nosso universo, onde histórias ganham vida. Explore e conheça meu novo livro que irá cativar sua imaginação!

    Um abraço a todos:

    Joseni Carvalho Ramos

    Escritor

    PREFÁCIO

    O importante de tudo é que a vida segue adiante. Não se deve perder a esperança, é o que nos dizem outras pessoas, baseado em suas experiências de vida, e por que não dizer, de morte. Senti uma grande alegria em escrever estas poucas páginas, apesar do tema, pois consegui ver em outros passageiros desta vida, as minhas próprias dúvidas e os meus sentimentos. Encontrar a saída. Esta é nossa meta sempre. O que aconteceu? Como cheguei aqui? Que fizeram? Respostas é o que queremos, mas nem sempre podemos vê-las. Tudo é noventa e nove por cento. Sentir o gosto amargo da verdade, e todas as suas consequências, incluindo o perdão.

    Descrever a ação de fantasmas sob a forma de fantasia é algo complexo, por não haver uma definição científica concreta sobre sua presença entre nós, deixando a criatividade poética livre, como tem que ser. Creio que, considerando sua existência como algo invisível, nos seja impossível manter contato com eles, pois assim teríamos uma prova concreta da vida após a morte, ou se preferir, vida além-túmulo. Essas histórias descritas neste livro têm a finalidade de mostrar soluções de mistérios de maneira surpreendente, e até romântica.

    Espero que as pessoas que vierem a ler estas breves narrativas possam vir a sentir algo semelhante ao que eu senti quando as escrevi e ver seus sentimentos descritos pelos personagens destes contos. Vivo atualmente em uma clausura especial, por longos seis anos. Mas a observação a pequenos fatos diários me permitiu criar personagens e roteiros diversos, além da má influência de grandes mestres do mistério e do suspense. Creio que perceber como os grandes trabalham nos criam um universo de possibilidades, e quem sabe, conseguir crescer também.

    Este livro procura mostrar em uma história sem bases reais, um conflito entre algumas pessoas deste mundo e outras que já partiram de forma intensa e até violenta. Ao longo do desenrolar da história, cresce uma dúvida sobre quem realmente morreu e quando aconteceu. Aqui, onde a ação da justiça dos homens termina, a ineficiência dos vivos faz com que uma pessoa já morta volte para solucionar não somente o mistério da sua morte, mas também levar o responsável consigo e até resolver outros casos. Quando penso no andamento dessa obra, passo a lembrar de alguns casos não solucionados e também em quantas vítimas não tiveram sua justiça. Balbucio estas palavras pensando nos que entraram no esquecimento, por um infortúnio e conhecer pessoas não deveriam. Pessoas vão desaparecendo no ar, simplesmente, sendo filho de alguém, a esposa, ou parente de outros. Alguém vai sofrer, até que tudo se apague.

    HISTÓRIA DE TERROR

    Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste.

    Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,

    E já quase adormecida, ouvi o que pareciam

    O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.

    Uma visita, eu disse, "está batendo a meus umbrais.

    É só isto, e nada mais

    O CORVO

    Edgar Allan Poe

    A INVESTIGAÇÃO

    A vida é curta, e cabe a nós torná-la doce.

    Sarah Louise Delany

    PREÂMBULO

    Caríssima Natasha,

    Estou escrevendo esta carta porque não vejo outra forma de me comunicar com você. Além disso, escrever é exatamente o meu dom, ou pelo menos costumava ser. Infelizmente, não consigo mais fazer com que você me ouça, o que é triste para mim. Desde que cheguei aqui, isso não é permitido a mim ou a qualquer outro. Quando ainda éramos jovens e eu a via passar, pensava em te conhecer de alguma forma, mas não sabia como me aproximar sem demonstrar ser um homem interessado em compromisso imediato e nem tampouco aquele amante eventual. Por vezes pensei: ela precisa ver que eu sou o homem ideal, que se ela me deixar ir, vai sentir minha falta. Mas não pensei que fosse acontecer da forma que ocorreu. Não posso dizer onde estou agora, e nem para onde vou, mas acredite: se eu tiver pelo menos uma oportunidade, eu vou vê-la.

    Tenho alguns amigos aqui que estão me ajudando a entender essa nova realidade e como reagir. Muitas vezes sinto um frio imenso e em outros momentos uma tristeza imensurável. Nosso universo é lamentavelmente ínfimo e tão vasto. Como é bom ver de outro ângulo a obra do nosso Criador, que fez tudo e viu que era bom. Por último, Ele percebeu que eu não poderia viver sem ninguém e então enviou você para ser minha esposa.

    Estamos intimamente ligados um ao outro, eu percebo isto agora. Mas se peço que não fique triste, é porque ainda ficaremos juntos, no momento certo. Parti de nossa casa e também da nossa cidade de forma injusta, em um momento inapropriado, mas Deus sabe a hora de tudo e de todos. Por isso te peço mais uma vez: seja forte e paciente. Tudo terá o seu tempo.

    Desta forma me despeço, minha senhora:

    George Walden

    01

    FUGA NA RODOVIA

    O tempo é algo realmente divino. Ele nos dá uma escolha. Podemos reviver os bons momentos ou sofrer pelos maus bocados. Podemos procurar pistas deixadas com o objetivo de nos levar a um futuro melhor e sempre podemos viver o presente com base no aprendizado acumulado com toda experiência anterior ao dia de hoje.

    Eu estava seguindo uma estrada e uma música que tocava no rádio naquele momento me fez voltar no tempo, até o dia que um escritor experiente promoveu uma noite de autógrafo em uma livraria local, em Campinas, São Paulo. A chuva estava torrencial e ninguém surgiu naquela noite. Os fantasmas mais temidos daquele escritor e de qualquer outro surgiram de imediato.

    Posso dizer que sou um escritor experiente e já percorri muitas estradas em busca de inspiração para suas histórias. No entanto, a que eu estava viajando agora em direção ao encontro com meu amigo Antônio é diferente de todas as outras que eu já havia passado. Ela estava cheia de curvas subidas e descidas perigosas, mesclando-se com a paisagem exuberante.

    Apesar do desafio que a estrada impunha, eu estava animado para encontrar seu amigo. Eu havia recebido uma ligação do meu amigo alguns dias atrás, pedindo para que o visitasse e também a cidade onde ele trabalhava como federal. Antônio queria me mostrar algumas coisas interessantes que ele havia descoberto sobre o lado oculto da cidade.

    Enquanto viajava, me peguei pensando em como a viagem estaria se Natasha estivesse aqui. Comecei a divagar e então voltei no tempo... Havia algum tempo que eu a conhecia, mas ainda não tínhamos nenhum relacionamento. Então algo aconteceu exatamente no primeiro dia da minha vida como um escritor profissional.

    Nada mais degradante de que uma pilha de livros escritas com tanto trabalho e esmero estar parada ao lado de uma mesa, onde o autor espera por aqueles que certamente não virão. Tudo permaneceu assim até que a porta se abriu. Uma jovem entrou e seguiu na direção do balcão, enquanto que as poucas pessoas que estavam ali a olharam. Preciso acrescentar aqui que ela possui esse dom de atrair olhares assim até hoje. Nesse dia ela deveria ter cerca de dezoito anos e então pediu uma HQ qualquer. O balconista lhe entregou a revista, ela pagou e então virou-se para sair. Foi quando o milagre aconteceu.

    Ela viu o escritor sentado na sua mesa, foleando um livro e foi até ele. Pode-se dizer que foram os passos mais importantes e lentos também para aquele garoto. Era como se tudo estivesse em câmera lenta. Perguntou se ele estava vendendo livros ali e este respondeu que na verdade era o autor, sendo que estava ali para sua noite de autógrafo. A jovem disse que nunca conhecera um escritor de verdade e ficou feliz por isso. Conversaram por um tempo, ambos contaram algumas histórias e então o escritor fez algo que mudou a vida daquela jovem e a sua também: autografou um de seus exemplares e entregou a ele. Depois disso foram horas de leitura além do prazer de mostrar aquele autógrafo a todos que conhecia.

    Essa jovem amadureceu, leu bastante, formou-se em uma excelente universidade e acabou tornando-se excelente consultora financeira, especializada no mundo das grandes corporações. Seu nome é Natasha Walden, conhecida no mundo das grandes corporações como uma mulher que não tem medo.

    Aquele momento mágico, contudo, ficará marcado em sua vida para sempre. Agora desejo esclarecer algo muito importante para o caro leitor: esse garoto sou eu. Desenvolvi habilidades com a escrita criativa e emotiva. Passei a usar a investigação de crimes estranhos e muitos casos não solucionados como base para minhas histórias.

    Agora que você já conhece um pouco da minha história, vou me apresentar para você: meu nome é George Walden e sou escritor romancista. Estou muito interessado no desenrolar dessa história e espero que vocês também estejam.

    Vamos então continuar com a narrativa.

    Normalmente eu ando à noite sem maiores preocupações, pois moro em uma cidade tranquila, sem maiores ocorrências, além de uma briga qualquer no bar ou desentendimentos juvenis. Também já rodei muito por essas estradas e creio que não exista uma encruzilhada que eu não tenha passado.

    Nesta noite em especial eu procurava achar um lugar onde eu pudesse comprovar minhas ideias perturbadoras e incoerentes. Não sou exatamente um autor medíocre, mas a criatividade corre irregularmente, conforme minha vida pessoal segue adiante, sem seguir uma geometria perfeita. Entretanto, não posso negar que tive meus momentos de glória.

    Eu sou autor de vários romances, principalmente na área de suspense e terror sobrenatural. Pensei na possibilidade de escrever minha própria história, mas não sabia o que dizer. Biografias sempre são complexas e perigosas. Então resolvi colocar apenas a verdade. Assim comprariam meu livro na esperança de conhecer o meu segredo e então apenas dessa vez, pensariam que enfim eu enlouqueci totalmente.

    Eu andava a horas pela BR-101, considerada a estrada mais perigosa do estado do Espírito Santo, bem próxima da capital Vitória, no trecho entre o Pavilhão de Carapina e Nova Carapina, no município da Serra, onde curvas e superfícies inacreditáveis tinham uma presença constante. Meu objetivo naquele lugar esquecido pela razão era chegar ao local combinado, um velho terminal de ônibus abandonado a anos.

    Quando eu estava me aproximando do local, surgiu a minha frente um homem muito bem-vestido, com um rosto alegre, porém suspeito. Parei o carro, desci lentamente, observando os movimentos e ele veio ao  meu encontro, sempre atento e observando tudo ao redor também. O sol já estava bem forte, apesar que o dia estava apenas começando.

    Talvez vocês devam estar se perguntando o que um policial federal e um mero escritor estão fazendo trabalhando juntos. Tudo começou há seis meses atrás. Eu o conheci em um momento difícil, pois estava investigando um incêndio em uma universidade, onde alguns estudantes foram mortos e outros saíram feridos. Descobri que por trás disso havia um esquema de desvio de verbas que seriam destinados para a reitoria promover melhorias na universidade. A questão é que ele também estava investigando, e então nossos passos se cruzaram.

    Parecia pouco dinheiro na época, mas na verdade eram alguns milhões. Alguns dos alunos que morreram no incêndio participavam do grêmio e estavam investigando a rota da verba enviada pelo governo. Não pensei que o negócio ia tão longe e foi aí que conheci meu parceiro nessa missão. Ele chamava-se Antônio, e era um delegado, pertence à força da Polícia Federal localizado no estado do Amazonas.

    O fato é que eu estava por dentro da papelada e o prefeito, confirmado como cabeça do esquema, tinha interesse nela. O Antônio então resolveu me usar como isca, embora ele afirme firmemente que não é esse o caso. Agora tínhamos terminado nossa investigação, conseguimos as provas que incriminavam a quadrilha do prefeito e no momento ambos estavam felizes por voltar para casa. Ele talvez receberia uma promoção e eu teria uma excelente história. Os restos do tormento político que nós investigávamos não teria fim nunca, com toda a certeza, mas muita coisa estava mudando.

    Quando cheguei no lugar combinado ele já estava aguardando:

    - Como você está? Muito trabalho? Está com um rosto bem cansado, perguntei.

    Eu acreditava ser uma espécie de consultor, e meu nome de disfarce naquele momento era Fábio Melo.

    - Nada além do comum, mas muita gente vai ficar chateada, quando ver o seu rosto no jornal. E embaixo um artigo descrevendo coisas terríveis que espantam qualquer um. Aproveitando, gostaria de dizer que você, além de abatido, é muito feio.

    - Se for para discutir o assunto, gostaria de convocar algumas testemunhas que atestam o contrário, mas vamos lá. Chega de pilhéria e perda de tempo. Creio que as novidades devam ser boas, como me disse no telefone.

    - Sim, achamos o chefe desta vez. Está acima do prefeito e pertence à polícia federal. Eu tenho provas da distribuição do dinheiro, das reuniões e dos contratos que foram feitos para beneficiar alguns.

    - O velho esquema de sempre. Nada que ninguém nuca tenha visto.

    - Meus companheiros fizeram um bom trabalho com grampos telefônicos, câmeras escondidas, falsas acompanhantes e outros detalhes de investigação. Um garçom aqui, um motorista ali e então se consegue muitas informações destes corruptos como esses.

    - Agora, devo lhe dizer que precisamos ficar em silêncio, escondidos até a prisão de todos eles.

    Andávamos em uma área bastante famosa pelas paragens e os diversos pontos turísticos. Alguns desses lugares estavam relacionados com crimes que ocorreram no passado e nunca forma solucionados. Em 1992, por exemplo, um vizinho entrou na casa da família Stenner e encontrou todos os seis mortos a golpes de machado, junto com duas meninas que por acaso dormiam lá nessa noite. De alguma forma, o assassino conseguiu entrar e matar cada um deles na sua cama enquanto dormiam. Nunca encontraram o responsável. Tentei escrever sobre esse caso, mas as pistas eram raras e se havia outras, tinham sido apagadas para que ninguém, nem mesmo eu, pudesse encontra-las.

    E agora estávamos ali. Não para solucionar esse caso, mas mostrar algo concreto relacionado à política corrupta do local, que parara de crescer a muito tempo, devido ao desvio de verba e também à falta de desenvolvimento, pois as empresas que cada vez mais fugiam daquele lugar onde seriam extorquidos. Tudo estava correndo de acordo com o planejado. Pelo menos assim nós dois pensávamos. Estava um clima bem agradável, embora a vegetação estivesse secando e não houvesse nuvens.

    Quando pensávamos que tudo estava bem, um carro chegou jogando poeira em mim e no meu parceiro. Saíram de dentro dois homens de má candura.

    O mais alto deles foi logo dizendo:

    - Abra a mala e afastem-se do carro!

    - Estão preocupados à toa pois há somente roupas aqui. O que procuram já foi enviado para a capital. Aliás uma cópia está em um cofre no banco e outra foi enviada a um advogado especialista em investigações desse tipo, caso obviamente aconteça algo comigo.

    Ele estremeceu um pouco, como se estivesse decepcionado. Contrariando meus pensamentos, disse:

    - Entre no carro! Agora mesmo, e em silêncio. Vamos fazer um passeio.

    O Antônio fez uma careta e falou:

    - Não estamos interessados. Temos uma longa viagem pela frente.

    - Se fosse vocês fariam o que estamos falando.

    Então virou-se para mim e falou entre os dentes:

    - Alguns dos nossos já açoitaram muito a sua mulher hoje pela manhã. Acabaram de me ligar da sua bela mansão. Acredite em mim: não queremos ter que bater em mais ninguém!

    Parei abruptamente e disse, como se fosse explodir ali mesmo:

    - Bateram na minha esposa?

    - Entre logo e não me irrite!

    - Você bateu na minha esposa?

    - Ela não é muito de falar, então tivemos que ajudá-la…

    Antes que continuassem a falar, minha calma tão elogiável sumiu totalmente e então acertei um soco em seus dentes, enquanto o outro, que não havia falado nada ainda ficou bem espantado (e paralisado também), pensando obviamente em reagir de alguma forma. O mal estava me dominando novamente. Suas visitas ao meu corpo eram raras, mas em momentos bem definidos, como o que eu estava passando agora. Então peguei um cano de ferro que estava no chão e acertei os dois, voltando minha atenção principalmente para o primeiro, que afirmara que alguém havia batido na minha esposa. Cheguei a golpear no seu estômago com a ponta do cano, para confirmar que estaria imobilizado de tanta dor. Pensei em tomar medidas mais drásticas, porém algo como uma brisa passou por mim.

    Entrei no meu carro, deixando-os bem machucados no chão, acelerei então e fui embora rapidamente, enquanto que o Antônio fez o mesmo no seu carro, saindo dali abismado com minha atitude agressiva e sombria. Com certeza passaria a me vigiar em nossas idas e vindas a partir de agora.

    Outros dois carros apareceram e começaram a nos seguir de longe, mas sem se aproximar. Parecia um racha, porém havia algo mais ali do que jovens imbecis em uma disputa. Liguei imediatamente para minha esposa, Natasha. Porém ao atender, eu comecei a falar em tom de desespero, porém ela ficava dizendo apenas alô. Depois de um silêncio ela simplesmente desligou. Fiquei sem entender nada. Enfim, talvez o telefone estivesse com defeito.

    Eu estava casado a alguns anos e nunca me acontecera algo assim: ver minha amada em perigo. Ela sempre foi cuidadosa também, pois exercia um cargo importante, tornando-se visível às pessoas e à mídia também. Muitos rumores apareceram em todos os pontos do país, inclusive sobre nossa relação e o nosso patrimônio, menor do que a imprensa declarava.

    Meu caro Antônio estava naquele momento bem assustado comigo. Fugimos, como havíamos combinado antes, nos separando assim que possível, sendo que os dois carros continuavam atrás de mim. Na dúvida, creio que eles preferiram continuar me perseguindo, mas sem se aproximar. Havia algo estranho nisso tudo. Eu, contudo, estava preparado. Que eles viessem então. Eu realmente não estava muito bom além de muito irritado.

    Liguei então para Natasha. O telefone tocou algumas vezes e então ela atendeu, com aquela voz tranquila de sempre, que tanto me animava, porém, apesar da minha voz ansiosa, perguntando várias vezes como ela estava, não obtive resposta nenhuma e ela apenas ficou repetindo ‘alô’, como se não estivesse me ouvindo. Desliguei com a expectativa de ligar para algum vizinho mais tarde na esperança que ele pudesse visita-la para ver como estava sua segurança. Certamente o telefone estava ruim.

    Enquanto eu tentava me acalmar, simplesmente do nada surgiu a ideia de que a delegacia de polícia estava próxima daquela área onde estávamos e então resolvi descer até lá, pois parecia o lugar mais seguro no momento.

    Liguei imediatamente para o Antônio:

    - Vamos para a delegacia.

    - Estava pensando nisso. E a sua esposa? Ela está bem? Fiquei realmente preocupado. Não gosto de expor ninguém e ainda por cima perdi minha filha recentemente. Não desejo isso para ninguém.

    - Creio que sim, ela está bem. Fique tranquilo, pois foi só uma forma de nos desestabilizar. Ela estava em casa e tinha a voz tranquila. Mas acho o telefone estava com defeito, pois eu estava quase gritando e ela não me ouvia. Mais tarde volto a ligar, só para ter certeza.

    - Vamos seguir com o plano então. Quanto antes isso acabar vai ser melhor para todo mundo.

    Estamos no outono e o tempo está muito seco nessa estação, com matos rolando e muita poeira, fazendo lembrar o velho oeste americano. Tínhamos pressa, pois alguma coisa não estava cheirando bem. Passamos por uma trilha que dava para a cidade, porém era pouca utilizada, pois além de não ter asfalto, passava em frente a uma casa onde ocorreram vários assassinatos.

    O brutal assassinato não resolvido da família Maia, formada pelo velho Russell, delegado aposentado e a sua esposa, a filha ainda não nascida e o seu filho de três anos foram mortos nessa casa, que hoje está abandonada, sendo apenas um dos crimes que ocorreram ali, pelo que eu entendi. As velhas histórias sobre movimentos e barulhos estranhos também serviram de incentivo, além um corpo que fora encontrado por jovens que perambulavam pelo local. Tudo isso serve apenas para espantar futuros compradores e visitantes também, isolando a área do resto do mundo. Era como se fosse um lugar amaldiçoado. Mas garantia a paz e o isolamento dos moradores da região.

    Tempos depois um grupo de trilheiros encontraram um corpo amarrado em uma cruz. Esse pertencia a uma senhora e encontrava  com a cabeça esmagada e sem as mãos. Ninguém sabe quem a matou ou o porquê . Também não se sabe quem ela era, apesar de todas informações coletadas, como DNA e arcádia dentária. A perícia, em comum acordo com o médico legista responsável, afirmaram que ela não falecera onde fora encontrada, significando que alguém a trouxera e a abandonara naquele local. Eu começaria investigando a quadrilha do prefeito, só para começar.

    Nós estávamos aparentemente tranquilos, mas no nosso íntimo uma leve desconfiança surgia, pois não éramos feitos de aço. Jamais admitiríamos que tínhamos receios quanto àquela casa. Ainda havia covas ali, sabe-se lá de quem, em volta da propriedade, embora fossem consideradas como pertencentes à família, não imagino o porquê. Outra desculpa para a polícia local não levar a investigação em frente. Tem que admitir que o lugar era bem sombrio e angustiante.

    Fiz então a seguinte proposta ao meu parceiro, pelo celular, sabendo obviamente qual seria a resposta:

    - Não gostaria de aproveitar que estamos no caminho daquela casa velha e dar uma olhada. Caso não esteja com medo.

    - Tenho medo de entrar lá e encontrar algum corpo recente, que certamente teríamos que notificar à polícia, e perderíamos muito tempo com isso. Talvez na volta, quando tudo estiver resolvido, possamos fazer isso, caso você não tenha medo de entrar lá!

    Tivemos que rir, até chegar às gargalhadas, coisa que não fazíamos a muito tempo.

    02

    HOTEL

    O Hotel Sant'Angelo é um dos mais antigos e assustadores hotéis abandonados de toda a cidade. Localizado em uma rua escura e estreita do centro histórico, o hotel já foi frequentado por hóspedes ricos e famosos, mas agora está esquecido e coberto de teias de aranha. Entretanto, a sua fama se deve à lenda de que é

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