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Contos de Mulheres Modernas
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Contos de Mulheres Modernas
E-book84 páginas1 hora

Contos de Mulheres Modernas

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Sobre este e-book

O Livro 'Contos de mulheres modernas' apresenta um conjunto de histórias narradas por seis mulheres, amigas há mais de trinta anos, que resolveram compartilhar suas alegrias, decepções e tristezas. As autoras preferiram manter-se no anonimato para preservar seu passado e seu presente. As histórias são instigantes, chocantes, engraçadas, tristes, mas trazem em seu bojo os dilemas de ser mulher na nossa sociedade moderna.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de mai. de 2022
ISBN9798630655547
Contos de Mulheres Modernas

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    Contos de Mulheres Modernas - Julien Spoul

    Contos de mulheres modernas

    Volume I

    Julien Spoul (Org.)

    Sara Ketlen

    Vichy Smith

    Poliana Vitti

    Bia Polski

    Dyanna Florick

    Copyright © 2020 Julien Spoul (Org.)

    Todos os direitos reservados.

    ISBN: 9798630655547

    DEDICATÓRIA

    Dedicamos às mulheres que carregam em seu coração histórias vividas que, talvez, nunca serão reveladas.

    CONTEÚDO

    Agradecimentos, i

    Infância Marcada, 1

    Adolescência e Frustrações, 6

    Juventude e Sonhos, 15

    Idade Adulta, Sonhos e Metas, 29

    AGRADECIMENTOS

    Ao nosso Grandioso Deus, pela oportunidade de viver agradecendo dia após dia pela experiência e amores vividos.

    À nossa amizade, que permanece firme e inabalável por mais de trinta anos.

    1 INFÂNCIA MARCADA

    As marcas de um abuso

    O dia amanheceu radiante, o sol brilhava e aquecia a terra com o seu calor. Pássaros cantavam demonstrando alegria pela vida. Tudo parecia tranquilo e rotineiro. O vai-e-vem dos agricultores para as suas lidas diárias; Donas de casa começavam suas correrias para a limpeza de casa, o desjejum para a família; crianças organizavam suas mochilas para se encaminhar para as escolas. Juntavam-se em pequenos grupos nas calçadas esperando uns pelos outros para chegarem juntos na escola. Tudo parecia normal como em todos os dias.

    Entre todas essas crianças estava eu. Sentia-me encantadora, cheia de vida, alegre, dona de uma personalidade exuberante e que liderava com maestria todos os amigos da escola; nas brincadeiras de rua, eu sempre estava à frente conduzindo os colegas nos jogos, discutindo, argumentando e com isso conseguia prender a atenção e admiração dos amigos. Esse era meu mecanismo de defesa. Como não amar uma menina tão cheia de vida, de sonhos, de esperança...? Porém eram nas madrugadas que vinham os dissabores, as tristezas, a solidão, o medo e a saudade daquele abraço aconchegante, daquelas mãos colocando aquele lençol sobre mim com o objetivo de saber se eu estava bem agasalhada, como eu sentia falta de uma mãe.

    E assim cresci, rodeada de amigos, carinhos e muito cuidado dos familiares. Minha família consistia em avós, primos, tios, mas o que eu considerava mais importante não tinha: Pai, mãe e irmãos. Como era sofrido não comemorar o dia das mães como as demais crianças (minha mãezinha havia morrido quando eu tinha ainda 1(um) ano e 10 meses); como doía não ter um pai para me proteger das dificuldades da vida, das maldades das pessoas, do medo da noite. Ele vivia na mesma cidade, porém o contato era bem pouco, me visitava esporadicamente; presentear com alguma coisa era mais difícil ainda, mas nada disso me impedia de sonhar, de desejar o que de melhor lhe fosse permitido: Estudar para trabalhar, comprar uma cama, ser dona de quarto só seu, eram sonhos distantes, mas não impossíveis.

    O tempo foi passando. A dedicação aos estudos e a brincadeira com os amigos me consumia todo o tempo. Como era puro brincar, estudar sem se preocupar com o que vinha pela frente. Sem se preocupar com a maldade humana. Tudo fluía como a leveza do vento.

    Aos dez anos senti um misto de alegria e felicidade pelo nascimento de um sobrinho-primo. Lindo, forte. Fiquei radiante, queria pegá-lo no colo sempre que possível. O que era muitas vezes impedido por seu pai que me mandava lavar as mãos, tomar banho e coisas do tipo para que pudesse ter o direito de segurar aquele bebê que eu amava tanto. Eu, claro, obedecia a cada ordem porque não conseguiria me imaginar longe daquela criança.

    Logo após a licença maternidade, minha tia retornou ao trabalho, ficando a criança a cargo do seu marido que não tinha trabalho fixo, vivia de pequenos bicos e do trabalho da esposa. E eu que estudava no turno vespertino tinha a manhã inteira para me dedicar aos afazeres domésticos da minha casa e ajudar a cuidar da criança na casa da minha tia sempre que necessário.

    Não sei quando ao certo, mas um dia comecei a observar um comportamento estranho do pai daquela criança (eu o considerava meu tio); Quando estávamos sozinhos, ele parecia mais íntimo, audacioso, dizia brincadeiras; quando eu estava na pia lavando alguma louça, ele passava por mim roçando suas partes íntimas em minhas costas, eu me assustava, me afastava um pouco, mas não falava nada, nem o repreendia. Tinha vergonha, afinal ele era adulto, sério, gente boa, respeitado. Quem ia acreditar em uma menina boba, que talvez estivesse mentindo, inventando histórias. Não. Nunca. Ninguém iria saber. Foi somente uma coincidência. Era coisa da minha cabeça.

    Ele não fez por querer. Comecei a relutar em minhas visitas quando ele estava sozinho. Já não queria mais estar ali com aquele homem que me tratava como sobrinha na frente das pessoas e era tão promíscuo quando estava a sós comigo. Minha avó, em sua inocência, insistia todas as manhãs para que eu fosse até a casa da minha tia com o objetivo de ajudar, limpar a casa, segurar o bebê enquanto seu pai cuidava dos demais afazeres. Eu já não sentia mais o mesmo prazer de estar naquela casa, mas obedecia; relutava sempre, mas diante das ameaças de uma surra ou até mesmo das brigas eu obedecia, já com certa tristeza, imaginando o que me esperava dessa vez.

    Lembro-me que uma das últimas vezes era por volta de 10 horas da manhã, quando depois de limpar a casa (aquele piso chamado vermelhão), lavar a louça e colocar a criança para dormir, percebi que a porta da frente da casa estava sendo fechada. Indaguei o motivo pelo qual o mesmo estava fazendo isso. Respondeu-me que era por causa da poeira. Suspeitei que alguma coisa ruim estaria por vir. Podia ser visto o medo estampado em meus olhos. Não tinha a quem pedir ajuda. E agora o que fazer?

    A criança dormia na rede. Lá fora o sol quente aquecia a terra. O vai-e-vem das pessoas na rua. O carro propaganda passava anunciando seus produtos. Ninguém ouvia meu grito silencioso. Ninguém foi enviado para me socorrer. Pensei em minha avó, que naquele instante estaria atarefada, eu poderia estar

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