Por Tudo E Apesar De Tudo

De Alessandra San Diego

Após passar anos a espera de um transplante de pulmões, a jovem Lisa decide aceitar seu destino, no mesmo tempo em que passa a ter sonhos com um misterioso rapaz. No intuito de esquecer sua enfermidade e aproveitar o tempo que ainda lhe resta, Lisa dedica a maior parte do seu tempo navegando na internet. Em uma rede social ela conhece Marcus Vinicius. O garoto com o qual vinha sonhando a meses. Apesar do seu futuro incerto Lisa se apaixona. Juntos eles vivem uma linda e doce história de amor. Pouco tempo depois inexplicavelmente Vinicius rompe com Lisa. Decepcionada, Lisa mergulha em um mar de dor e desilusão, passa a desejar a morte com a mesma intensidade que desejou ser curada. Mas milagrosamente sua doença desaparece. Após perder o grande amor da sua vida e o desejo de viver, Lisa ganha uma bolsa de estudos na Europa. Decidida a esquecer Vinicius, ela vai estudar em Londres. Anos depois se torna uma jornalista de sucesso. Casada, com um filho e bem sucedida, Lisa é obrigada a retornar ao Brasil devido ao estado de saúde de sua mãe. O que ela não imaginava é que por meio de um livro, o destino a colocaria frente a frente com o único homem que amou em sua vida, e que apesar de tudo jamais esquecera, Marcus Vinicius.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 29 de mai. de 2015

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 Por tudo e Apesar de Tudo

Alessandra San Diego

Copyright © por Alessandra San Diego, 2015.

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Revisão: Vicente Andrade

Capa: Anderson Freire   

Diagramação digital: J. Fagner

Dúvidas e sugestões:

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Alessandra San Diego

Por tudo e Apesar de Tudo

Dedicatória

Dedico este livro a Jesus Cristo. Todas as coisas foram feitas por ele, e  sem ele nada do que foi feito se fez.                                                

João 1:3

Há momentos em que desejo fazer o tempo voltar e apagar toda a tristeza, mas tenho  a sensação de que, se o fizesse, também apagaria a alegria. 

NICHOLAS SPARKS, Um Amor Para Recordar

Sumário

Prefácio

Introdução

Os Sonhos

Destino

A Chave

Encontro com Deus

Um Natal Inesquecível

Um Mês em Silêncio

Começo do Fim

Milagre

A Viagem

A Descoberta

Por Tudo e Apesar de Tudo

Reencontro

Referência

Prefácio

Existem várias maneiras de amar e as vivências nos proporcionam um grande aprendizado sobre tudo isso. O livro Por Tudo e Apesar de Tudo mostra uma certeza da vida, a de que as barreiras, por mais que estabeleçam nossos caminhos, são fáceis de serem superadas por meio da fé. Talvez a condição seja um estímulo para viver tranquilo e sem medo do que há por vir. Por outro lado, nem tudo que pensamos na verdade é. O que importa é termos coragem para seguir em frente, enfrentar as chegadas e despedidas. Foi assim que interpretei esse belíssimo livro que nos enche de esperança, desejo e fé por dias melhores.

Sempre nos perguntamos, o que é o amor e o que ele nos proporciona? Mas jamais teremos como base o julgamento de certas atitudes.

O ciúme, o egoísmo e talvez a falta de amor fomentam pessoas que tentam nos derrubar na estrada. A parte boa é que, mesmo caíndo, podemos levantar de cabeça erguida sem nos arrependermos dos atos, mas sim, reconhecendo os erros e acertos. Essa é uma ótima senda para respirar cada vez mais forte e entender a trajetória da vida.

Um amor cego e enlouquecedor deu forças a uma garota que já tinha se conformado com o seu destino. O amor mais simples bateu à porta do coração e se perpetuou, mesmo distante, assim como, as estrelas e o azul do céu, qual podemos sentir e enxergar a beleza que nos representa. Gostaria de escrever uma história baseada nessa realidade, mas apenas senti a cada parágrafo e a cada capitulo, isso já é o bastante para externar o sentimento.

Li a primeira vez, li a segunda e só na terceira vez pude perceber a existência do amor incondicional e sublime, sem nostalgia, apenas com simplicidade. Por mais que escrevamos para diagnosticar um sentindo, jamais representará a história vivida, porém, a escrita é o trilho mais próximo da realidade em que nos encontramos. O livro apresenta um suspense único que nos faz ler até chegar ao final.

Uma garota que já nasceu praticamente morta ou, com dias contados, mas que desencadeou uma linda luta para viver em paz.

Por Tudo e Apesar de Tudo é um livro emocionante, do começo ao fim. Além disso, a obra nos deixa um legado importantíssimo sobre o que realmente é o amor.

Nada além do impossível.

Deguste a obra e não será mais o mesmo.

Vicente Andrade

Introdução

Cinco anos. Esse foi o tempo que os médicos disseram que eu teria de vida. Nasci na tarde do dia 30 de agosto de 1987, na bela capital baiana, Salvador. Quando completei quinze anos fui diagnosticada com fibrose cística, uma doença genética. Minha única esperança seria um transplante de pulmões. Os médicos disseram que a cirurgia deveria ser realizada no máximo até que eu completasse vinte anos ou estaria condicionada a morte. Entrei na longa fila de espera. Não me desesperei, apenas tentei viver da forma mais normal possível. Se não fosse pela falta de ar que ocorria de vez em quando, ninguém iria perceber que havia algo de errado comigo.

Meu pai morreu pela mesma enfermidade quando eu era criança, por isso, minha mãe me criou sozinha. Nossa única fonte de renda era a pensão que recebíamos pela morte do papai.

Sei o quanto foi difícil para minha mãe me criar, mas nunca reclamou. Passava a maior parte do tempo indo à igreja em busca de um milagre para mim. Eu já estava conformada com o futuro que à vida tinha reservado. A aproximação do meu aniversário de vinte anos não me causou medo, pois a vida me trouxe ele. Ele fez brotar em mim a força e a coragem que eu precisava para enfrentar as barreiras que haviam em meu destino. No começo do inverno de 2007 a minha vida mudou. Se a experiência que vivi valeu a pena ou não? Deixo essa conclusão a seu critério. Meu nome é Lisa, e enquanto estiver lendo a minha história, quero que compreenda, que apesar de saber como seria o fim, eu viveria tudo outra vez.

Os Sonhos 

A manhã ensolarada de outono em nada lembrava à chuva que caiu intensamente na noite anterior. O relógio marcava 8h quando respirei aliviada ao ver o brilho do sol refletir na janela. Foi apenas um pesadelo! - suspirei - o mesmo que se repetia nos últimos três meses. Senti o cheiro dos ovos fritos vindo da cozinha, era minha mãe que preparava o café da manhã. Levávamos uma vida simples. Nossa casa era muito humilde, tinha apenas três cômodos, um quarto onde dividíamos a cama, a sala e o banheiro. Tudo que meu pai me deixou foi um baú velho e nele, eu guardava as coisas mais preciosas que possuía, a minha bíblia, uma fotografia antiga de quando eu era bebê e o meu diário.

- Dormiu bem? - perguntou minha mãe enquanto colocava panquecas com ovos em meu prato.

- Não, nada bem.

- Aquele pesadelo de sempre?

- Sim, já perdi as contas de quantas vezes já tive esse sonho. É sempre a mesma floresta, olho para trás e vejo cães me perseguindo no meio da chuva, corro apavorada e me deparo com uma coluna de pedras que dá no alto de uma colina. No desespero tento subir apressadamente, mas não consigo e caio no chão. É nesse momento que escuto passos atrás de mim. Viro-me e vejo um garoto - Eu vim para te salvar - É o que ele diz estendendo sua mão para mim. Sem pensar aceito sua ajuda e com muita dificuldade conseguimos chegar ao alto da colina. Então, olhei para baixo para ver se estávamos em segurança e quando virei-me para agradecer não o encontrei. Ele desaparece como em um passe de mágica. É aí que acordo.

- Você tem certeza que não é alguém que conhece?

- Nunca o vi na vida e não sei o que esses sonhos querem dizer - respondi no exato momento em que ouvimos batidas na porta. Era Sheila, minha melhor amiga. Conhecemo-nos na escola e éramos inseparáveis. Nossa amizade era um mistério, pois, não tínhamos nada incomum. Eu era de paz e ela de guerra, jamais levava desaforo para casa. Sheila podia dormir fora de casa, eu não, vivia ao contrário de mim. Enquanto eu ia para à igreja ela ia a shows. Sua condição financeira era excelente. Tinha o rosto lindo, mas sofria de baixa estima por ser gorda. Sheila era uma das poucas pessoas que minha mãe me deixava sair. Mas minha mãe era muito conservadora e tinha medo que me relacionasse com más companhias. Mas eu a entendia, ser mãe solteira é muito difícil.

- Oi tia, a Lisa já acordou?

- Há uns trinta segundos - sonolenta antecipei-me em responder. Detestava acordar cedo.

- Quer dar uma volta? Preciso muito falar com você.

Eu sabia que não ia adiantar dizer não, ela iria insistir até eu não aguentar mais. Afinal, ninguém suportava mais suas lamentações além de mim. Levantei do sofá e saí contrariando minha mãe, ela odiava que eu saísse sem tomar café da manhã. Minha situação exigia que eu cumprisse uma dieta rigorosa. Eu nunca dei a mínima para isso.

Apesar de não ser cristã, Sheila estava indo com mais frequência à igreja, o motivo era o Bruno. Quando ela descobriu que estava sendo traída terminou o namoro. Mas ela ainda o amava e dedicava a maior parte do tempo pensando ou falando dele. Naquela manhã de outono enquanto caminhávamos decidimos parar no Mirante da Lagoa do Abaeté para conversar, dava pra ver o mar ao longe e uma parte do bairro de Itapuã. Sentia-me privilegiada em morar naquele lugar. Eu acho Itapuã um dos bairros mais belos de Salvador.

- Eu vou emagrecer e ele vai voltar pra mim -murmurou enquanto sentávamos na grama.

- Se ele te amasse de verdade iria gostar de você da maneira como é e não teria feito o que fez – afirmei surpreendendo a mim mesma. Eu não era a pessoa mais adequada para dar conselhos amorosos, afinal eu nunca tinha tido um namorado.

- Eu sei Lisa, mas ainda gosto dele e não sei o que fazer para esquecê-lo.

- Me sinto de mãos atadas por não poder ajudá-la - lamentei.

- Queria ser igual a você Lisa.

- Como assim?

- Você nunca amou alguém de verdade, você é pura, ainda é virgem, e não perde tempo com os meninos.

- Amiga, a diferença entre nós duas é que eu espero no Senhor e sei que as coisas acontecem no momento certo, já você é precipitada demais.

Ela sabia que eu fazia tudo de acordo com os princípios no qual acreditava, mas ela não imaginava o quanto eu temia meu futuro incerto. Minha única experiência com os garotos tinha sido um beijo roubado de um amigo da escola. Mas sempre acreditei no amor, apesar de não conhecê-lo. Provavelmente jamais conheceria, tinha convicção de que certamente não teria tempo para isso. Meu prazo para conseguir um transplante estava se esgotando.

Naquela manhã contei pela primeira vez a Sheila sobre o garoto misterioso que aparecia em meus sonhos.

- Usava calça jeans azul e uma camisa rosa. Sua pele morena combinava perfeitamente com seus grandes olhos castanhos. Seus lábios eram carnudos e rosados. E o seu rosto comprido destacava ainda mais as sobrancelhas grossas e...

- Era bonito? - interrompeu-me com um olhar malicioso.

- Ai você não tem jeito! Ao invés de me perguntar como ele me salvou você quer saber se é bonito?

- Pergunto o que interessa - respondeu sorrindo.

- Eu não sei, não deu pra ver direito. Tenho sonhado com ele já faz algum tempo.

- Amiga tá na hora de vir pro mundo real, se continuar à espera de alguém que só existe enquanto dorme vai deixar de viver com as pessoas que existem enquanto está acordada.

- Vamos embora - ordenei chateada. Às vezes sentia vontade de revelar meu segredo, mas não queria que ninguém sentisse pena de mim, isso só eu podia sentir.  Sheila teve seus sonhos destruídos, mas podia restituí-los, enquanto a mim... Saber que meus sonhos nunca seriam realizados nunca me impediu de sonhar. Queria ser jornalista, mas como