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Chorar é essencial: Uma nova perspectiva sobre o choro, a birra e os comportamentos desafiadores
Chorar é essencial: Uma nova perspectiva sobre o choro, a birra e os comportamentos desafiadores
Chorar é essencial: Uma nova perspectiva sobre o choro, a birra e os comportamentos desafiadores
E-book401 páginas4 horas

Chorar é essencial: Uma nova perspectiva sobre o choro, a birra e os comportamentos desafiadores

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Sobre este e-book

Você já se perguntou por que seu filho chora tanto? Ou o porquê de ele fazer tanta birra? Será mesmo uma fase que vai passar?
Por que a criança bate? Por que morde? Por que responde? Por que desafia? Por que não escuta e não quer fazer o que
pedimos?
Você consegue entender as atitudes irracionais do seu filho?
A Abordagem de Conexão e Escuta, apresentada neste livro inovador, ajuda a prevenir e curar traumas nas crianças, uma vez que existe apoio e acolhimento ao mecanismo natural de cura do istema emocional.
Em Chorar é Essencial, Vanessa Galvani busca compartilhar todo o seu conhecimento em Neurociência e Neurobiologia com sua vasta experiência com crianças e como mãe, ajudando mães, pais e cuidadores a entender como funciona o Sistema Emocional da criança e a adquirir um novo olhar para os choros, as birras e os comportamentos desafiadores e, assim, aprender a lidar com as grandes emoções das crianças de forma gentil e amorosa. Por meio da Ciência, Vanessa busca comprovar a importância de permitir que a criança chore e que possa expressar suas emoções de maneira assistida, natural e intensa para poder se sentir bem. Resiliência emocional, empatia e amor incondicional são alguns dos presentes que podemos dar às crianças que são educadas podendo ter liberdade e acolhimento emocional.
IdiomaPortuguês
EditoraSkoobooks
Data de lançamento26 de nov. de 2021
ISBN9786587039640
Chorar é essencial: Uma nova perspectiva sobre o choro, a birra e os comportamentos desafiadores

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    Pré-visualização do livro

    Chorar é essencial - Vanessa Galvani

    Por que será que uma criança bate?

    Por que algumas vezes o seu filho está bem e faz tudo o que você pede alegremente e em muitas outras vezes ele é tão difícil de lidar e de colaborar?

    Você já se perguntou o porquê de às vezes, quando estamos tomados por grandes sentimentos e emoções, perdemos a cabeça e fazemos coisas das quais nos arrependemos depois?

    Você já deve ter falado algo para o seu filho ou para uma amiga que se arrependeu depois, não é mesmo?

    E por que será que isso acontece?

    Por que será que, mesmo amando tanto algumas pessoas, nós nos descontrolamos?

    O que será que acontece dentro do nosso sistema emocional que nos faz agir de forma tão irracional e até mesmo fazer coisas que não gostaríamos ou das quais discordamos completamente?

    Essas foram algumas das perguntas que sempre me acompanharam durante tantos anos convivendo diariamente com crianças pequenas. Sempre acreditei na pureza e na essência boa delas, mas havia algo obscuro ali também. Havia uma peça faltando nesse quebra-cabeça.

    Existe uma forte crença social de que a criança precisa aprender muitas regras, ser educada e respeitar os adultos, mas ao mesmo tempo há muito pouca informação sobre o porquê de às vezes ela fazer algo que sabe ser errado ou que não pode, como bater ou mentir.

    E há 18 anos, minha busca estava somente começando. E, assim como muitas de nós, segui por padrões considerados normais, usei castigos, ameaças, punições e muita recompensa por longos anos até encontrar as respostas que realmente faziam sentido para mim.

    Confesso que fui me lapidando nessa caminhada e, buscando uma educação cada vez mais gentil e respeitosa, fui entendendo que até mesmo as consequências ditas naturais, como, por exemplo, ficar sem um brinquedo porque quebrou, começaram a me parecer sem sentido quando fui refletindo a mensagem implícita que eu estava transmitindo às crianças, a mensagem de que ela somente era aceita quando fazia algo bom ou quando se comportava da forma que eu esperava.

    O meu ponto de virada foi quando me tornei mãe, há um pouco mais de quatro anos. E numa busca ainda mais profunda por respostas, cheguei à Educação Gentil, baseada em Ciência e na Abordagem de Conexão e Escuta do Hand in Hand Parenting. Encontrei ali as respostas que estava procurando há tanto tempo, e é isso que quero compartilhar com vocês neste livro.

    Entender como o sistema emocional funciona foi a grande virada de chave que tive e que pude confirmar cientificamente todas as minhas hipóteses sobre a natureza boa das crianças e das suas emoções.

    COMO NOSSO CÉREBRO FUNCIONA

    Para entendermos melhor como funciona o nosso sistema emocional, precisamos conhecer um pouco sobre como o nosso cérebro é estruturado e como ele opera.

    Para dar uma breve explicação anatômica, podemos dizer que o cérebro é divido em três regiões gerais: o cérebro reptiliano, o cérebro neocortical e o cérebro mamífero.

    O cérebro reptiliano – tronco cerebral

    O tronco cerebral é o núcleo interno do cérebro que se estende do topo da espinha até a parte baixa do cérebro. É o gerente operacional e o responsável por controlar as funções vitais do corpo, como a respiração, regular a temperatura, a frequência cardíaca, a deglutição, o equilíbrio do sal e da água no sangue, a pressão arterial e os reflexos básicos, ou seja, ele responde pelas funções básicas de manutenção da vida. Não existe emoção aqui, nem pensamento, nem consciência de si mesmo.

    O cérebro neocortical – córtex cerebral (andar de cima)

    De forma simples, gosto muito da explicação do neurocientista, Dr. Daniel Siegel, que descreve o nosso cérebro visualmente como se fosse dividido em dois andares: a parte de cima representando a parte racional e a parte de baixo representando a parte emocional.

    A parte de cima é a maior parte do cérebro e a mais bem desenvolvida, na qual fica o córtex cerebral responsável pela parte lógica e racional. O cérebro neocortical controla o movimento, a capacidade de usar a linguagem, a de prestar atenção e a de pensar abstratamente. Essa é a parte do nosso cérebro que é capaz de construir modelos mentais que nos permitem planejar, criar estratégias e resolver problemas. É a sede da razão, em que acontece o controle dos impulsos, e local no qual ficam as memórias de curto prazo.

    O córtex pré-frontal, uma parte de massa cinza que fica atrás de nossa testa, é o que nos faz seres humanos únicos. Quando essa parte está funcionando, podemos pensar, racionalizar, experimentar e aprender, podemos esperar a nossa vez e tomar a melhor decisão, pois é aqui que o julgamento se desenvolve no decorrer do tempo.

    Cérebro mamífero – sistema límbico (andar de baixo)

    A parte de baixo, o sistema límbico, é o centro social e emocional. Essa é a parte do cérebro que coleta as informações sensoriais, filtra a relevância emocional e decifra mensagens complexas que recebemos. É como se dentro dele tivesse uma antena que ficasse o tempo todo investigando e procurando um sinal de que está tudo bem. O tempo todo ele se pergunta: Eu estou seguro?, Tem alguém aqui prestando atenção em mim?, Essas pessoas são amigáveis?, Existe tensão emocional neste ambiente?. Ele lê as respostas por meio de sinais não verbais, como contato visual, tato, expressão facial, tom de voz e linguagem corporal, que contam a história do estado interior de uma pessoa sem que nenhuma palavra seja dita. Portanto, é essa parte do cérebro que passa o sinal para o nosso corpo dizendo que está tudo bem.

    O sistema límbico, então, é responsável por sinalizar para o restante do nosso corpo se estamos seguros ou se devemos sair correndo porque estamos em perigo. Ele é o responsável pela nossa sobrevivência. No entanto, é ainda uma parte do cérebro um tanto quanto primitiva, pois, segundo Peter Levine, um doutor em Psicologia e pesquisador da Universidade de Berkeley, herdamos essa genética dos nossos ancestrais e dos mamíferos. Em seu livro Walking the Tiger, Levine diz que o nosso cérebro foi evoluindo até a estrutura mais elaborada que temos hoje, conhecida como cérebro límbico, e que é por conta dessas evoluções que nós, mamíferos, somos capazes de ter mais escolhas de respostas instintivas do que os répteis.

    Assim, acredito que não é à toa que essa parte do cérebro é chamada de mamífero. E quando digo primitivo, é porque ele não consegue diferenciar que uma situação vivida no passado não é igual à que está vivendo agora. Ele se apega aos sinais não verbais, ou seja, o cheiro, o ambiente, e se isso tudo se parece com algo que você já viveu, para ele não há diferença exata de quando aconteceu ou se está acontecendo. Por exemplo, se você foi mordido por um cachorro quando pequeno, entrar em um local que tem cheiro do animal — mesmo se ele não estiver lá — pode ser um gatilho que dispara em você certa reação emocional.

    E por que esse detalhe é tão relevante? Bem, você entenderá mais para a frente que muitas vezes a criança vai reagir num momento de uma forma muito irracional e completamente sem sentido naquele contexto, mas isso acontece exatamente porque o sistema límbico dela não consegue diferenciar essa experiência de nenhuma anterior.

    Além disso, o sistema límbico também detecta o estado emocional interno de outro mamífero e ajusta a fisiologia para coincidir com a do outro. É daí que vem a empatia e a simpatia. Muito tempo atrás na civilização, a sobrevivência da criança dependia de saber se algum adulto poderia cuidar de suas necessidades num ambiente imprevisível. E foi por isso que as crianças desenvolveram uma consciência interessada no estado interno das pessoas, porque suas vidas dependiam disso desde sempre!

    Agora, você já deve ter ouvido falar sobre a resposta instintiva de paralisar, lutar ou fugir, que é uma resposta do nosso sistema límbico. Pois bem, isso acontece diante de uma experiência que o sistema límbico considera assustadora ou ameaçadora, e essa reação é para que consigamos sobreviver diante da ameaça.

    Você se lembra de que é ele que decide o que devemos fazer, se a experiência em que estamos é segura ou ameaçadora? Levine diz que, se observamos os animais mamíferos diante de uma experiência de vida ou morte com um predador, uma das possíveis respostas desse animal será paralisar e fingir-se de morto para depois tentar fugir ou tentar lutar e vencer. A resposta instintiva de paralisar, lutar ou fugir do sistema límbico foi o que nos fez sobreviver por milhares de anos.

    Por isso, entender como o sistema límbico funciona e essa reação automática e primitiva vai ajudar você a compreender melhor o comportamento da criança. Vamos aprofundar mais sobre isso na Parte 2 do livro.

    Amígdala: nosso HD interno

    Outra parte muito importante do cérebro mamífero que precisamos conhecer é a amígdala. Ela é como se fosse uma pequena caixinha muito importante de arquivamento de memórias de longo prazo. Podemos chamá-la de nosso HD interno. Nascemos com a amígdala parcialmente desenvolvida e, por isso, ela se torna nosso principal mecanismo cerebral de alarme ante o perigo.

    Um especialista no estudo de amígdala, Joseph LeDoux, afirma que, ao vivermos as diversas experiências do nosso dia a dia, vamos, aos poucos, inconscientemente, armazenando dentro da amígdala algumas experiências particulares, geralmente as que nos geraram medo durante a infância. As funções desse órgão são, portanto, configurar e armazenar informações e lembranças do que aprendemos sobre perigo desde o início da nossa vida como sinais que tendem a se tornar um repertório inconsciente durante toda a nossa história.

    Nosso cérebro é projetado para lembrar informações salientes emocionalmente de forma mais clara Dr. Bruce Perry, psiquiatra e estudioso sobre o cérebro e sobre traumas, escreve:

    Momento a momento, a amígdala – uma parte do sistema límbico, o centro emocional do cérebro – destaca o que é relevante e importante para você: o que é agradável e desagradável, o que é uma oportunidade e o que é uma ameaça. Ela também molda suas percepções, avaliações de situações, atribuições de intenções a outros e julgamentos. Ele exerce essas influências em grande parte fora de sua consciência, o que aumenta seu poder, uma vez que eles operam fora da vista.

    Mas, Van, pra que eu preciso entender tudo isso?

    Simples, porque quando o nosso sistema límbico (andar de baixo) está cheio de tensões emocionais, fica entupido e então desativa o andar de cima, que se desconecta e para de funcionar. É nessa hora que ficamos praticamente irracionais, falamos coisas que não gostaríamos, fazemos coisas que nos arrependemos e depois que a tempestade passa parece que nada daquilo que foi feito ou dito fazia sentido. Claro, é verdade, pois nessa hora a nossa parte pensante do cérebro estava fora de funcionamento.

    Com a criança não é diferente. A amígdala armazena as informações do que vai acontecendo, principalmente as experiências assustadoras, que geraram medo, e isso tudo fica lá bem guardadinho. É como se fosse uma caixa que armazena essas informações superpreciosas e, quando a criança está bem, nem se lembra delas.

    Quando, no entanto, ela revive a experiência assustadora, mesmo apenas tendo alguns sinais não verbais como gatilho, pode ter uma reação irracional e descontrolada. Por exemplo, se uma criança ficou longe da mãe quando nasceu – como ficar na UTI para se recuperar ou tomar banho de luz para curar icterícia –, toda vez que a mãe se afastar, a criança pode reagir e ter muito medo.

    Essa resposta pode não fazer muito sentido no momento – a mãe pode apenas ter ido ao banheiro, o que não é o mesmo que estar na UTI –, mas o sistema límbico não consegue diferenciar, e é por isso que a criança pode ter uma reação inesperada e completamente sem sentido às vezes, simplesmente porque, dentro do cérebro dela, não acontece essa distinção e para ela é como se fosse a mesma experiência.

    Nós vamos aprofundar isso na Parte 2, e você vai conseguir visualizar bem claramente como esse processo acontece na prática, no dia a dia com a criança.

    AS EMOÇÕES

    As crianças são únicas! Elas aprendem em um ritmo incrível durante os primeiros anos da vida: absorvem muitas experiências, aprendem uma ou duas línguas, descobrem do que gostam e do que não gostam e desenvolvem um estilo pessoal de aprendizagem. Elas constroem relacionamentos únicos com você e com cada uma das outras pessoas importantes na vida delas. São aprendizes e gênios em descobrir brincadeira e diversão em todos os momentos possíveis.

    O cérebro do seu filho o torna inigualável! Não há nenhuma criança no mundo como ele! Ele é especial, e o caminho que o trouxe até este dia também é único. Sua mente está ativa, crescendo e é exclusiva. O desenvolvimento dele pode ser semelhante ao caminho de outras crianças, mas a mente dele será sempre única.

    A singularidade de seu filho provavelmente encantou você e também a enganou. Como uma criança que é tão amorosa e esperta pode ficar tão chateada por algo tão pequeno como você ter colocado o suco no copo vermelho em vez do roxo? Por que será que, após momentos tão gostosos que vocês passaram divertindo-se com brincadeiras que a criança ama, de repente ela se transforma e explode quando você pergunta quem poderia levar o prato do lanche à pia?

    A explicação está na forma como a mente da criança funciona e no seu sistema emocional. Os sentimentos desempenham um papel surpreendentemente importante na vida dela e na sua. Espero que todas essas novas ideias intriguem você.

    Por que temos emoções?

    As emoções são nossas amigas. Não podemos controlar os sentimentos que temos, o que queremos, quem amamos ou se estamos felizes em determinado momento. A vida emocional pode ser influenciada, mas não pode ser comandada. Apenas o cérebro neocortical (o andar de cima) é lógico e capaz de raciocinar.

    Mas as emoções existem e têm várias funções que podem nos ajudar em diferentes aspectos. Elas nos diferenciam de animais e robôs, trazem um brilho para nossa vida. As emoções têm funções positivas, e ter clareza desse processo nos faz compreender melhor como o nosso sistema emocional funciona e, assim, conseguirmos utilizar e expandir o melhor dele.

    Veja algumas das principais funções das emoções.

    Para nos manter saudáveis

    Nossa saúde emocional e física está indissoluvelmente ligada. Se estamos felizes ou tristes, nosso corpo responde fisicamente à maneira como pensamos, sentimos e agimos.

    Sabe aquela discussão que você acabou de ter com seu parceiro que deixou seu sangue fervendo? Você telefona para uma amiga, que a escuta e, em pouco tempo, está rindo. Incrível isso, né?

    Nossas emoções têm a capacidade de prejudicar e curar – não apenas psicologicamente, mas também fisicamente. Então, como os sentimentos afetam nossa saúde?

    MERGULHO NA CIÊNCIA

    AS EMOÇÕES IMPACTAM DIRETAMENTE A NOSSA SAÚDE

    Quando você declara o seu amor a uma pessoa querida: Expressar seus sentimentos afetuosos diminui os níveis de colesterol. Um estudo publicado na revista Human Communication Research mostrou que, quando as pessoas passam três sessões de 20 minutos por semana escrevendo sobre as pessoas que amam, sua contagem de colesterol cai em cinco semanas.

    Quando você está discutindo: De acordo com cientistas da Ohio State University, uma discussão de 30 minutos com seu parceiro pode diminuir a capacidade do seu corpo de se curar por pelo menos um dia. Se você argumenta regularmente, esse tempo de cura é dobrado. Os pesquisadores testaram casais com um dispositivo de sucção que criava pequenas bolhas nos braços. Quando os casais foram convidados a falar sobre uma área de desacordo que provocou emoção, as feridas levaram cerca de 40% mais tempo para cicatrizar do que as do grupo controle. Essa resposta, dizem os pesquisadores, é causada por um aumento nas citocinas, as moléculas imunológicas que desencadeiam a inflamação. Altos níveis de citocinas estão ligados a artrite, diabetes, doenças cardíacas e câncer.

    Quando você está estressado: Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford descobriu que breves períodos de estresse podem aumentar a imunidade e aumentar os níveis de moléculas de combate ao câncer — e o efeito dura semanas após o término da situação estressante. No entanto, o estresse duradouro ou crônico é uma questão diferente. O estresse deixa você em um estado de luta ou fuga em que seu corpo desativa projetos de construção e reparo de longo prazo, diz Robert Sapolsky, professor de ciências biológicas em Stanford. A memória e a precisão ficam comprometidas. Você se cansa com mais facilidade, pode ficar deprimido e a reprodução é prejudicada. A exposição ao estresse crônico aumenta então o risco de doenças cardiovasculares e diabetes.

    Quando você guarda o que sente: Quando se trata de expressar nossa raiva ou contê-la, o corpo decide sobre o que funciona melhor ou pior para nós. Um estudo de longo prazo em Michigan analisou mulheres que suprimiram sua raiva em confrontos com seus parceiros e descobriram que elas tinham o dobro do risco de morrer de condições como ataque cardíaco, derrame ou câncer. Formas sutis de raiva, como impaciência, irritabilidade e mau humor, também prejudicam a saúde.

    Quando você está apaixonado: Apaixonar-se aumenta os níveis de fator de crescimento nervoso por cerca de um ano, de acordo com pesquisadores da Universidade de Pavia, na Itália. O fator de crescimento nervoso, uma substância semelhante ao hormônio, ajuda a restaurar o sistema nervoso e melhora a memória, desencadeando o crescimento de novas células cerebrais. Também está associado à sensação de ser amado e estar satisfeito, induzindo um efeito calmante no corpo e na mente.

    Quando você está triste: Depressão, pessimismo e apatia afetam nossa saúde de várias maneiras. O mau humor está ligado a baixos níveis de serotonina e dopamina, os neurotransmissores de bem-estar no cérebro, diz a médica Jane Flemming, médica de Londres. A serotonina desempenha um papel na regulação da percepção da dor e pode ser a razão pela qual 45% dos pacientes com depressão também sofrem dores.

    Quando você ri: Em um estudo sobre os efeitos do riso, o Dr. Lee Berk, da Universidade Loma Linda, na Califórnia, descobriu que os níveis de beta-endorfina que ampliam o humor aumentavam 27%, enquanto o hormônio do crescimento humano, uma substância que ajuda no sono e no reparo celular, aumentou 87%. Os efeitos foram alcançados assistindo a um filme engraçado. Em outro estudo, a mera antecipação do riso foi suficiente para reduzir os níveis dos hormônios do estresse, cortisol e adrenalina. Cardiologistas do Centro Médico da Universidade de Maryland descobriram que rir pode reduzir o risco de um ataque cardíaco, reduzindo o estresse indesejado.

    Quando você chora: O bioquímico norte-americano William Frey comparou as lágrimas de mulheres que choravam por razões emocionais com aquelas cujos olhos brilhavam com a exposição à cebola. Verificou-se que as lágrimas emocionais contêm altos níveis de hormônios e neurotransmissores associados ao estresse. Frey concluiu que o objetivo do choro emocional é remover os produtos químicos do estresse. A retenção de lágrimas deixa o corpo propenso à ansiedade, incluindo imunidade enfraquecida, memória prejudicada e má digestão.

    Quando você é consumido pelo ciúme: O ciúme é uma das emoções humanas mais poderosas e dolorosas – e a mais difícil de controlar. O ciúme das mulheres geralmente é desencadeado pela suspeita de traição emocional, enquanto os homens geralmente ficam com ciúmes quando suspeitam que têm competição sexual. O ciúme é uma mistura complexa de medo, estresse e raiva, diz Jane Flemming. Esses três estados desencadeiam a resposta de luta ou fuga, geralmente de maneira bastante intensa. É provável que alguém sob o ciúme sofra pressão arterial elevada, batimentos cardíacos e níveis de adrenalina, imunidade e ansiedade enfraquecidas.

    Quando você não para de pensar em uma discussão que teve: Pesquisadores relataram no International Journal of Psychophysiology que descobriram que não são apenas as explosões de raiva que causam o aumento da pressão arterial – durante o período de uma semana, toda vez que os sujeitos se lembraram da situação, os níveis de estresse subiram.

    Quando você agradece: Os sentimentos de gratidão aumentam a imunidade, diminuem a pressão sanguínea e aceleram a cura. Dr. Rollin McCraty, do Institute of HeartMath, nos EUA, estuda a ligação entre emoções e saúde física e descobriu que, assim como o amor, a gratidão e a satisfação também desencadeiam a ocitocina. A ocitocina é secretada pelo coração sempre que você se sente aberto e conectado, diz McCraty. "Ela desliga o estresse, fazendo com que o sistema nervoso relaxe. A oxigenação dos tecidos aumenta significativamente, assim como a cicatrização. Descobrimos que a gratidão também está associada a atividades elétricas mais harmoniosas ao redor do coração e do cérebro — o próprio estado em que esses órgãos operam com mais eficiência.

    Para nos comunicar e conectar

    Emoções comunicam muita informação não verbalmente e têm esse papel fundamental de demonstrar como estamos nos sentindo.

    Emoções nos conectam. Pense nos filmes: ao assistir, todos nos sentimos muito parecidos ao mesmo tempo, seja comédia, drama ou terror. Pense agora em um jogo de futebol: um estádio inteiro de pessoas torcendo com entusiasmo quando há um gol ou demonstrando frustração quando há uma falta. Pense em um show, quando ouvimos uma música ao vivo em que todos cantam juntos. Sentimentos nos conectam.

    Veja algumas das razões.

    MERGULHO NA CIÊNCIA

    As emoções são um guia, uma bússola ao longo da vida! Segundo o Dr. Daniel Goleman, conhecido mundialmente pelo seu famoso livro Inteligência Emocional (1995), nossos sentimentos mais profundos, nossas paixões e anseios são guias essenciais; nossas emoções nos apontam na direção correta e nos ajudam a agilizar as decisões.

    As emoções nos fazem sentir vivos e é por senti-las que a vida vale a pena! As emoções nos tornam seres únicos e especiais!

    Dr. Candace B. Pert, médico do Centro Médico de Georgetown, afirma:

    (…) Acredito que todas as emoções são saudáveis, porque as emoções são o que une a mente e o corpo. Raiva, medo, tristeza, as chamadas emoções negativas, são tão saudáveis quanto a paz, a coragem e a alegria. Reprimir essas emoções e não deixá-las fluir livremente é estabelecer uma des-integridade no sistema, fazendo com que ele aja com objetivos opostos, e não como um todo unificado. O estresse que isso cria, que toma a forma de bloqueios e fluxo insuficiente de sinais peptídicos para manter a função no nível celular, é o que configura as condições enfraquecidas que podem levar à doença.

    TENSÕES EMOCIONAIS: QUANDO AS EMOÇÕES SE TORNAM TÓXICAS

    Estresse

    Estresse é uma palavra muito conhecida, especialmente porque todo mundo se sente estressado em alguns momentos. O estresse é definido por psicólogos como qualquer situação que incomoda o equilíbrio natural do corpo. Ou seja, quando o corpo sai do estado relaxado para um estado em que se sente ameaçado ou que algo incomum esteja acontecendo.

    Segundo a Dra. Aletha Solter, uma grande estudiosa e pesquisadora sobre o choro, existem dois tipos de estresse tóxicos, o físico e o psicológico, que são causados por estressores. O estresse físico é causado por estressores que envolvem trauma imediato do corpo, como uma perna quebrada ou um corte no dedo, assim como pode ser estressores do ambiente, como estar com fome. O estresse psicológico (também chamado de estresse emocional) é causado por estressores como uma briga com a mãe, problemas financeiros ou um teste importante que está chegando.

    Acontece que frequentemente nos esquecemos de que as crianças e os bebês também experimentam estresse. E as fontes de estresse psicológico nas crianças são bem diferentes dos adultos.

    Fonte de estresse e tensões emocionais nos bebês e crianças

    São muitas as fontes de estresse e tensões emocionais nos bebês e crianças. Como mães e pais, o nosso trabalho deve ser realizado com o objetivo de reduzir o estresse na vida das crianças. Isso não é fácil, porque as fontes de estresse nem sempre estão relacionadas diretamente a nós. Além disso, algumas crianças são mais sensíveis do que outras, e em um incidente como uma mudança na rotina poderia afetar profundamente e gerar tensões emocionais em uma criança a ponto de deixá-la chateada enquanto pode não afetar outra.

    Seguem algumas das fontes de estresse e tensões emocionais segundo Solter:

    Secundário (ato cometido por outra pessoa)

    •Abuso físico, sexual, verbal ou emocional

    •Tratamento desrespeitoso (insultos, mentiras)

    •Disciplina punitiva (incluindo todos os tipos de punição, desde castigo a corte

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