Gênero, Intersubjetividade e Performatividade
()
Sobre este e-book
A constituição identitária de gênero, de certa forma, é uma pretensão dos sujeitos que precisam ser reconstituídos a partir da práxis comunicativa. Os autores apontam que não é mais possível uma constituição identitária no paradigma subjetivo, desprovido de um discurso que vise à reconstituição consensual na comunidade originária. A possível saída apresentada em seu texto é a partir do paradigma intersubjetivo. Portanto, não há indivíduos puros nas relações identitárias, toda constituição identitária pressupõe que ela seja transpassada pelas experiências coletivas e mediada pela linguagem.
Relacionado a Gênero, Intersubjetividade e Performatividade
Ebooks relacionados
O que Pode um Corpo? Diálogos Interdisciplinares Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSubjetividade no Pensamento do Século XX: Uma Introdução Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Corpo que nos Possui: Corporeidade e Suas Conexões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Ursos e Seus Corpos: Uma Antropologia Erótica das Diferenças Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desvendando os segredos do texto Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pluridimensionalidade em Psicologia Fenomenológica:: O Contexto Amazônico em Pesquisa e Clínica Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Desenho Arquitetônico: fenomenologia e linguagem em Joan Villà Nota: 2 de 5 estrelas2/5Viagem ao coração do mundo: A apreensão da imaterialidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIdeologia, Cultura E Consumo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConstruindo Contextos: Uma contribuição sociológica para compreender a relação indivíduo e sociedade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlém da Autoconsciência Proposicional Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuem Somos? Diálogos sobre o Conhecimento e a Realidade Cognitiva do Sujeito Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Saga do Espírito o Que Transpassa o Conflito Além da Lei II Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA espécie que sabe: Do Homo Sapiens à crise da razão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Vulnerabilidade Psíquica, Miscigenação e Poder: o Caso Boliviano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNos Rastos da Solidão. Deambulações Sociológicas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLinguagem, Conhecimento e Formas de Vida em Wittgenstein Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMetafísica do Ser – Ser ou Não Ser Ainda é a Questão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLiteratura & Vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPerceber: Raíz do conhecimento Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNovos diálogos sobre a história da educação dos sentidos e das sensibilidades Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA potencialidade narrativa do sintoma psicossomático Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Experiência Mística E Os Símbolos Entre Os Primitivos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiálogos e Dissidências: M. Foucault e J. Rancière Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBullying contra surdos: a manifestação silenciosa da resiliência Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm Olhar sobre a Solidão e os Relacionamentos Interpessoais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sartre e o humanismo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Sombra Do Cristal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIndividualismo X Coletivismo: A Questão do Ser Social Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Ciências Sociais para você
Um Poder Chamado Persuasão: Estratégias, dicas e explicações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manual das Microexpressões: Há informações que o rosto não esconde Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Manual do Bom Comunicador: Como obter excelência na arte de se comunicar Nota: 5 de 5 estrelas5/5Psicologia Positiva Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo sobre o amor: novas perspectivas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Detectando Emoções: Descubra os poderes da linguagem corporal Nota: 4 de 5 estrelas4/5Liderança e linguagem corporal: Técnicas para identificar e aperfeiçoar líderes Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Prateleira do Amor: Sobre Mulheres, Homens e Relações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Segredos Sexuais Revelados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFenômenos psicossomáticos: o manejo da transferência Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres que escolhem demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5A máfia dos mendigos: Como a caridade aumenta a miséria Nota: 2 de 5 estrelas2/5O livro de ouro da mitologia: Histórias de deuses e heróis Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pele negra, máscaras brancas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quero Ser Empreendedor, E Agora? Nota: 5 de 5 estrelas5/5As seis lições Nota: 0 de 5 estrelas0 notasApometria: Caminhos para Eficácia Simbólica, Espiritualidade e Saúde Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Criação do Patriarcado: História da Opressão das Mulheres pelos Homens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Um Olhar Junguiano Para o Tarô de Marselha Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO corpo encantado das ruas Nota: 5 de 5 estrelas5/5A perfumaria ancestral: Aromas naturais no universo feminino Nota: 5 de 5 estrelas5/5Verdades que não querem que você saiba Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Bíblia Fora do Armário Nota: 3 de 5 estrelas3/5O marxismo desmascarado: Da desilusão à destruição Nota: 3 de 5 estrelas3/5Seja homem: a masculinidade desmascarada Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Ocultismo Prático e as Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Avaliações de Gênero, Intersubjetividade e Performatividade
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Gênero, Intersubjetividade e Performatividade - Terezinha Richartz
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Dedico este livro aos meus pais, Livina e Daniel, a quem devo toda a minha formação ética e que me ensinaram a perseverar e superar as dificuldades.
APRESENTAÇÃO
O conceito de intencionalidade e subjetividade é um problema da fundamentação fenomenológica da intersubjetividade. A fundamentação fenomenológica não garante pensar uma experiência intersubjetiva, pois nos obriga a lançar mão de um sentido compartilhado por diferentes sujeitos, que pensam o outro a partir de suas representações, ainda dentro dos limites do paradigma da consciência. Essa é a tese que os autores desta obra colocam em questão sobre Gênero, intersubjetividade e performatividade. A universalidade abre para uma teoria da constituição da sociedade, com normas e regras descritivas, e sujeitos intersubjetivantes socializados, que se produzem à medida que suas práticas cotidianas se orientam a objetos susceptíveis de experiências, em uma experiência intersubjetiva socializada que se expressa em sistemas simbólicos de linguagem natural, em que o saber acumulado está dado ao sujeito particular, como tradição cultural (HABERMAS, 2001).
De tal modo, a distinção entre experiência depende da formação da consciência e da exposição contextualizada, isto é, o mundo social objetivo. Mas o ato de consciência manifesta-se por meio do sentido do objeto pretendido e antecipa o fático desse objeto a que a intenção se dirige (HABERMAS, 2001). A formação da consciência se dá frente à experiência fenomenológica, da observação do eu transcendental, mas a compreensão desse fenômeno depende de uma construção, a priori, da linguagem e a sua socialização. Portanto, há um entrelaçamento entre o eu
, o fenômeno e a linguagem. Esse entrelaçamento acontece por causa do envolvimento de turbilhões de experiências, valores, símbolos mediados pela linguagem em uma comunidade socializada. Não seria possível conceber um sujeito puro desnudado de linguagem. Por exemplo, ao se referir ao sol em um ato de fala, o ouvinte só entenderia a intenção do falante se ele estivesse dentro de um contexto socializado, de estrutura simbólica da linguagem. Toda vez que o falante faz jus a esse discurso, o eu
, ele se dirige a um objeto de seu entorno e se ocupa dele dessa ou daquela maneira.
Esse processo da nossa consciência é universal, pois a vida tem que poder fazer-se derivar da execução de atos de uma subjetividade, cujas operações se explicitam nos entrelaçamentos de sentidos, que são os objetos possíveis, acessíveis à intuição.
Na relação entre consciência e verdade, podemos supor que a verdade se define por referência ao cumprimento intuitivo de uma intenção mediante a presença direta do objeto intencional. Se tal presença corresponde à violência de uma evidência? Eis a questão.
Portanto, essa situação obriga-nos a uma elaboração conceitual de uma teoria que explique como é possível estabelecer uma concepção de uma falsa consciência. Talvez se dê pela ausência de uma teoria crítica. Por outro lado, se o eu
, o que se constitui na relação com o outro, passa a ser um elemento de meu mundo, mas o outro não pode estar dado originariamente nas operações constituintes que ele exercita, como teria que ser em princípio se o outro fora na verdade algo constituído por mim? Retomaria o dilema da consciência monológica; o outro é uma construção do meu eu
, constituo o "alter em uma perspectiva subjetivista, pois estaria na ilusão dessa constituição do
alter. Dessa forma, não há como fugir da constituição do
alter" em bases monológicas, pois a objetividade do mundo está aí como ela mesma, o mundo para todos só me é dado como objetivo, a natureza que eu constituo nas formas de autorrepresentação idêntica para todos os demais. Portanto, neste mundo da vida, os sujeitos socializados se movem, já sempre no plano transcendental que é a intersubjetividade.
A minha corporeidade vivenciada como um corpo extraordinário em que eu constituo o meu mundo ordena e se estrutura a partir de subjetividades individuais. Encontramos nesses argumentos a possibilidade de algumas reflexões. Essa compreensão irá nos conduzir às reflexões presentes em Gênero, intersubjetividade e performatividade; a intersubjetividade presente aqui sob a perspectiva da relação entre corpo e corporeidade, objetividade, subjetividade e intersubjetividade.
A relação entre os corpos dessa natureza, propriamente reduzida só em um único corpo que vem caracterizado como meu corpo
; o eu
, a princípio, ainda é o primeiro a tomar consciência da experiência originária de sua corporeidade. O "alter se forma da percepção do mundo corpóreo consciente da primeira experiência do
eu. A corporeidade do
alter apresenta uma vida – ato estranho que em princípio não me é acessível de forma direta. Mas, a compreensão do
alter já está a priori transcendentalmente constituída de forma subjetiva no âmbito da consciência fenomenológica de um saber epistêmico. Contudo, o
alter" como objeto da minha consciência manifesta-se no contexto do mundo social e nas interações sociais mediada pela linguagem.
Os autores
PREFÁCIO
GÊNERO, INTERSUBJETIVIDADE E PERFORMATIVIDADE
A patologização de identidades de gênero e identidades sexuais, vistas como desviantes
, orientadas por julgamentos de ordem moral, causa preconceitos e discriminação e extrapola seu efeito discursivo, embasando diferentes formas de violências contra mulheres e pessoas da população LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexo, assexuais e mais). Os esforços isolados, para a conquista de direitos legitimados junto às instituições estatais, não são suficientes para garantir justiça e, sobretudo, o reconhecimento dessas pessoas como seres humanos e não cidadãos de segunda categoria
em nossa sociedade. É preciso