Pós-colonialismo: uma breve introdução
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Pós-colonialismo - Robert J. C. Young
CAPÍTULO 1 - SABERES SUBALTERNOS
VOCÊ SE DESCOBRE UM REFUGIADO
Você acorda em uma manhã de sonhos perturbados, e então descobre que seu mundo foi transformado. Sob o manto da noite, você foi transportado para outro lugar. Antes de abrir os olhos, ouve o som do vento soprando em um terreno plano e vazio.
Percebe que está caminhando com sua família ao longo das fronteiras ingovernáveis entre o Afeganistão e o Paquistão, em direção a Peshawar, cidade das flores, dos espiões. Uma cidade de fronteira, é a primeira parada tradicional para os viajantes que vêm de Cabul e que passam pelo portão esculpido da cidade de Torkham, abaixo das longas e estreitas curvas de rocha cinza do passo Khyber, até a planície que fica do outro lado, na estrada Grand Trunk, que corre, se estende e percorre todo o caminho até Calcutá.
Na Cidade Velha, nos arredores da mesquita Darwesh, entre as muitas lojas e tendas no Khyber Bazaar, você encontra uma rua estreita onde as casas com suas varandas ornamentadas sobem até o céu, amontoadas umas nas outras. Ela é conhecida como Qissa Khawani Bazaar, a rua dos contadores de histórias. Ao longo dos séculos, contos fabulosos e intrincados foram elaborados nesse lugar, entre homens relaxando com shishas âmbares borbulhantes, que tentavam superar os contadores profissionais de histórias; ou entre aqueles que rapidamente bebericavam em copos um chá doce grosso, como um xarope, nas tendas de chai. Antigamente, essa rua fornecia um destino exótico e romântico para turistas e viajantes estrangeiros, mas eles não mais ousam ir a Peshawar; não são para você as histórias que estão sendo negociadas lá agora.
Você está distante, a oeste, além do acantonamento colonial. Além dos enormes subúrbios de moradias temporárias daqueles que chegaram há muito tempo para as planícies que ficam diante das montanhas. O resto de sua família – dois de seus filhos – está desaparecido. Você carrega consigo um saco de roupas, um tapete para orar e dormir, um grande recipiente de plástico para água e alguns potes de alumínio. Soldados na estrada o impedem que continue andando. O campo de refugiados de Jalozai, o cemitério vivo
perto de Peshawar, foi fechado, seus habitantes foram transferidos para novos locais remotos em Kotkai, Old Bagzai, Basu, Shalman e Ashgaro, nas Agências Khyber, Bajaur e Kurram, no território das chamadas Áreas Tribais. Os pashtuns que conseguem sair do Afeganistão são guiados a Chaman, que não é oficialmente um campo de refugiados, mas uma área de espera ou campo de preparação
, a apenas algumas centenas de metros da fronteira. Aqui, quando seus olhos se movem acima do nível da tenda, a terra fica plana e inexpressiva, até atingir no horizonte as formas distantes e escuras do sopé do Himalaia.
Como este não é um campo de refugiados oficial, não há ninguém aqui para registrar ou marcar sua chegada. Enquanto seus filhos se sentam exaustos e famintos na terra nua, marrom-arenosa, com a pele de suas barrigas inchadas marcadas com as estrelas carmesim da infecção, você sai em busca de água e comida, e com a esperança de ser provido com materiais para habitação – três varas de madeira e uma grande folha de plástico (Figura 1). Esta será a sua tenda, onde você e sua família irão viver, isto é, aqueles que conseguirem sobreviver à falta de comida, à desidratação, à disenteria, à cólera. Você pode partir dentro de alguns meses. Ou, se tiver azar – como os refugiados somalis no Quênia, os refugiados palestinos em Gaza, Jordânia, Líbano, Síria, Cisjordânia, ou os deslocados internos
no Sri Lanka ou na África do Sul da década de 1970 –, pode descobrir que ficará aqui por uma década, ou por várias. Este pode ser o único lar que seus filhos e netos alguma vez