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Cosmopolítica do cuidado: percorrendo caminhos com mulheres líderes quilombolas
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Cosmopolítica do cuidado: percorrendo caminhos com mulheres líderes quilombolas
E-book105 páginas1 hora

Cosmopolítica do cuidado: percorrendo caminhos com mulheres líderes quilombolas

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Sobre este e-book

A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro Cosmopolítica do cuidado: percorrendo caminhos com mulheres líderes quilombolas, de Nathalia Dothling, a grande vencedora do 2º "Prêmio Marielle Franco de Ensaios Feministas" (realizado em 2021), promovido pela Contracorrente em parceria com o Instituto Marielle Franco.

O trabalho, avaliado por três referências no pensamento e na militância feminista – Marcia Tiburi, Sueli Carneiro e Anielle Franco –, refuta o feminismo hegemônico, o qual, para a autora, confere autoridade apenas às mulheres brancas, eruditas e de classe média.

Assim, aliando muita sensibilidade e precisão científica, Nathalia Dothling adentra duas comunidades quilombolas, Toca de Santa Cruz e Aldeia, ambas localizadas no litoral sul de Santa Catarina, num processo de descoberta e valorização das "formas de conhecimento e vivências de mulheres negras e não brancas".

Para tanto, seu ensaio faz uso de um vasto repertório teórico – sempre apresentado de modo crítico e acessível – para assumir um feminismo negro e descolonial e uma postura etnográfica em que se entrelaçam a biografia da própria pesquisadora e a dos sujeitos em foco. No livro, portanto, "a produção de conhecimento é vista como resultado do encontro e da aprendizagem com colaboradoras e colaboradores e suas experiências vividas e narradas, na construção de uma reflexão autobiográfica e um conhecimento científico".

É a partir desse método arrojado que emergem relatos de sonhos da autora –em seu caminho de "enegrecer e aquilombar-se" – e todas as histórias de figuras como Mariana Crioula, Francisca, Preta, Dandara, Vó Ciloca, entre outras, cuja trajetória é marcada, de modo geral, por condições opressivas e exploratórias de trabalho, pela ausência de educação formal, pela experiência da oralidade e pelo exercício do papel de liderança a partir do cuidado, termo-chave do ensaio.

Nas palavras da autora: "as mulheres da Toca e da Aldeia ensinaram-me que há uma diferença tênue, porém crucial entre servir e cuidar. No caso, quando são exploradas nos trabalhos para as famílias brancas, estão servindo; mas quando trabalham dentro de suas próprias casas, estão cuidando. Foi, então, que percebi que esse cuidado para dentro é o que leva as pessoas que exercem o cuidado às lideranças. Também aprendi que os cuidados podem ser de muitos tipos – cuidar da saúde dos demais, escutar e aconselhar, ensinar a ler e a escrever, envolver-se com a questão da luta quilombola etc. – e que, portanto, há mais de um tipo de liderança aí, podendo ser religiosa, política ou sociocultural. No entanto, não importa qual seja o tipo de liderança, o cuidado é sempre o pré-requisito fundamental para uma pessoa ser considerada líder, já que esse é um atributo muito valorizado nas comunidades".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de set. de 2022
ISBN9786553960343
Cosmopolítica do cuidado: percorrendo caminhos com mulheres líderes quilombolas

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    Cosmopolítica do cuidado - Nathalia Dothling

    TOCA DE SANTA CRUZ E ALDEIA

    Para a pesquisa de mestrado, fiz trabalho de campo em duas comunidades quilombolas: Toca de Santa Cruz e Aldeia, ambas localizadas no litoral sul de Santa Catarina. A comunidade da Toca de Santa Cruz localiza-se no município de Paulo Lopes e é composta por mais ou menos 130 pessoas, distribuídas em cerca de 30 casas. O regime de casamento é majoritariamente endogâmico. Há uma certa quantidade de casas em alvenaria na comunidade – algumas construídas com financiamento da Caixa Econômica Federal –, mas uma boa parte das casas é de madeira e está em condições precárias.

    Várias dessas casas de madeira, chamadas ranchos pelas moradoras e pelos moradores, não têm banheiro. O índice de escolaridade da comunidade é bastante baixo, sendo que a maioria não é alfabetizada formalmente. As pessoas mais velhas tiveram que ajudar seus pais na roça desde pequenas e, portanto, não puderam aceder ou permanecer na escola, sendo a maioria sem escolarização formal. As pessoas mais jovens vêm aumentando o grau de escolaridade, mas há alta taxa de repetência e abandono escolar antes de finalizar o ensino fundamental. No que diz respeito à luta pelo território, a comunidade já tem o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) concluído, porém não publicado. Dessa forma, ainda lhes restam muitos passos para alcançar a titulação de seu

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