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A Morte da Cuca & outras histórias
A Morte da Cuca & outras histórias
A Morte da Cuca & outras histórias
E-book186 páginas2 horas

A Morte da Cuca & outras histórias

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Sobre este e-book

O livro possui doze peças teatrais, nas quais os personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo se metem nas mais variadas aventuras: deuses gregos, personagens de Hollywood, bruxas e seres mágicos, animais que falam e personagens clássicos da nossa literatura infantil vão invadir essas histórias e conquistar desde o público infantil ao mais adolescente. É importante lembrar que esses textos já foram encenados no Parque Municipal Vale do Itaim em Taubaté/SP e foram um grande sucesso. Outro detalhe é que os textos vão desde peças teatrais com muitos personagens, até peças com três ou quatro atores, proporcionando para grupos de teatro com muitos ou poucos atores a montagem de uma peça inspirada na obra infantil de Monteiro Lobato.
São elas: A Morte da Cuca, Sítio in Hollywood, A vingança de Mister Wood, O nascimento do Príncipe Escamado, Viagem ao Céu, Forrobodó, Abracadabra, A nova velha história, Deuses e Monstros, Deu a louca no Sítio, De volta ao País da Gramática e A chave da mata.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento11 de jul. de 2022
ISBN9786525418582
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    A Morte da Cuca & outras histórias - Jefferson Machado

    Morte Da Cuca

    Personagens:

    Narizinho

    Emília

    Nastácia

    Cuca

    Saci

    É noite no Sítio do Pica Pau Amarelo. Na sala, Narizinho está pronta para dormir e vai desligando as luzes e fechando janelas, enquanto a casa está em total silêncio. Começa a chover, é uma chuva com trovões.

    Narizinho: — Pode deixar que eu fecho tudo! Será que a porta da cozinha está fechada?!

    (Narizinho vai para a cozinha, deixando um livro na sala. Um trovão revela que a Cuca está ali. Narizinho volta da cozinha e seu livro não está mais lá.)

    Narizinho: — Tem alguém aí?

    (Outro trovão revela a Cuca, bem pertinho dela. Porém, ela ainda não a vê.)

    Narizinho: — Emília, é você?

    (Outro trovão mostra a Cuca tapando a boca de Narizinho e só um grito ecoa na sala. As duas desaparecem. Emília aparece e, logo em seguida, Tia Nastácia.)

    Emília: — O que aconteceu por aqui? Ué, não tem ninguém? (Emília sai)

    Nastácia: (Entra de pijama) Que foi esse grito? Que estranho... (Nastácia sai)

    Emília: — Tia Nastácia? (Emília volta, não vê ninguém e sai)

    Nastácia: — Emia? (Nastácia entra. Emília também, mas não vê a Tia Nastácia. As duas acabam trombando uma na outra e gritam)

    Emília e Nastácia: — Ahhhhhhh!!

    Nastácia: — Que susto, Boneca! Foi ocê que deu aquele grito?

    Emília: — Claro que não, Tia Nastácia, eu lá tenho medo de alguma coisa?

    (Trovão. Emília grita)

    Nastácia: — Se não foi ocê, quem foi?

    Emília: — Só pode ter sido… a Narizinho!

    Nastácia: — E cadê ela?

    (Tudo escurece, elas gritam. Quando a luz acende, está Nastácia sozinha lutando com o travesseiro na cara acordando de um pesadelo. Emília e Narizinho aparecem com a gritaria)

    Nastácia: (Lutando com o travesseiro) Minha nossa, meu São Jorge! Acuda!

    Emília: — Que gritaria é essa?!

    Narizinho:— O que aconteceu?

    Nastácia: — Emia! Narizinho! ocês tão bem?!

    Narizinho:— Teve um pesadelo, Tia Nastácia?

    Nastácia: — Eu sonhei com a danada, eu sonhei com ela!

    Emília: — Ela quem?

    Nastácia: — A Cuca! Ela vinha aqui e pegava ocê e daí era uma gritaria...

    Narizinho:— Calma! Foi só um pesadelo...

    Emília: — Cuidado hein, Tia! Pra não fazer xixi na cama… (dá risada)

    Nastácia: — Ocê num brinca com coisa séria, bonequinha!

    Emília: — E eu posso saber o que a senhora está fazendo dormindo aqui na sala?

    Narizinho:— É mesmo, por quê, Tia Nastácia?

    Nastácia: — Eu tava com insonça!

    Emília: — O quê?

    Narizinho: — Eu acho que ela quer dizer insônia, não é?

    Nastácia: — Isso! Insonça!

    Narizinho: — Então vamos voltar pra cama, porque lá é o melhor lugar para dormir.

    Nastácia: — Foi um sonho tão terrível, ela tava por aqui, sabe… daí ela aparecia e nóis gritava… (Sai contando. Emília fica rindo sozinha na sala.)

    Emília: — A Cuca aqui… só em sonho...

    (Outro trovão acontece, e Cuca aparece atrás de Emília, que não a vê.)

    Emília: — Ei, vocês me esperem eu também, quero dormir!

    (Emília sai, com medo do trovão. Cuca está com uma carta nas mãos.)

    (Amanhece no sítio, tia Nastácia aparece limpando a casa, Narizinho está lendo e Emília aparece afobada.)

    Narizinho: — Bom dia, Tia Nastácia!

    Nastácia: — Bom dia!

    Emília: — Gente! Gente! Eu tenho uma bomba!

    Nastácia: — Ah, Emília, acabei de limpá a sala, vai explodir pra lá então!

    Emília: — Não, Tia!

    Narizinho: — O que foi, Emília?

    Emília: — Na verdade, quando eu disser, vai ser um verdadeiro terremoto!

    Nastácia: — Ah, Boneca, se sujá a sala vai tê que limpá!

    Emília: — Não! É uma notícia!

    Nastácia: — Fofoca? Oh Boneca fofoqueira! É feio viu, Emia!

    Narizinho: — O que você tem aí, Boneca?

    Emília: — Um convite!

    Narizinho: — Um convite?

    Nastácia: — Hum, vai ter festa? Cês traz pra mim bala de coco, eu adoro bala de coco.

    Emília: — Não é nada disso! Hoje, quando acordei, do lado da minha canastra estava esse convite.

    Nastácia: — Ah, já sei! A Cinderela vai casar de novo? Aquela lá num acerta com príncipe nenhum.

    Narizinho:— Tia Nastácia, deixe a Emília contar! Que notícia é essa, Boneca, que vai causar um terremoto, que é uma bomba, hã?

    Emília: — Preparem-se, então… segundo está aqui, a Cuca...

    Nastácia: — Ah, a danada! Ela tá por aqui, é isso?! Ela veio pegar quem agora? Cadê aquela bruxa, eu sabia, eu sonhei, foi aviso! Prissintimento!

    Narizinho: — Calma, Tia! Desembucha Boneca!

    Emília: — A Cuca morreu!

    Nastácia: — Oh, Boneca, dá pra repetir? Eu acho que num entendi...

    Emília: — Entendeu sim, tia. Foi isso mesmo que eu disse. Segundo esse convite aqui, a Cuca morreu!

    Narizinho: — Mas então esse é um convite...

    Emília: — Pro velório da Cuca!

    Nastácia: — Minha nossa! Já é difícil acreditar na morte da danada, agora, imagina ir no velório daquele jacaré.

    Emília: — E vai ser lá na gruta.

    Nastácia: — Piorou!

    Narizinho: — E morreu de quê?

    Nastácia: — De veia, só pode sê. A Cuca tem mais de três mil anos.

    Narizinho: — E se foi confusão? E se ela dormiu de novo, e acharam que ela morreu.

    Nastácia: — É verdade, Emia, vai que ela só está dormindo. Afinar ela só dorme uma noite a cada sete anos.

    Emília: — Isso só vamos saber se formos ao velório.

    Nastácia: — Deus me livre!

    Narizinho: — Imaginem quem deve ir nesse velório. A madrasta da Branca de Neve, o Lobo mau, o Barba Azul...

    Emília: — Vai ter bruxa de todos os tipos e tamanhos, das feias às horrorosas.

    Nastácia: — Ou pode não ir ninguém.

    Emília: — O quê?

    Nastácia: — Marvada como ela, ninguém vai ter saudade.

    Narizinho: — Coitadinha!

    Emília: — Vamos até lá, se estiver cheio, damos meia volta e se não tiver ninguém, faremos uma homenagem a ela. Assim, descobrimos se é verdade. O que acham?

    Nastácia: — Boneca cê bateu com a cabeça, inté parece que a Narizinho vai querer ir até a gruta da Cuca.

    Narizinho: — Eu topo!

    Nastácia: — Narizinho!

    Emília: — Feito! Vamos nos arrumar para mais essa aventura!

    Nastácia: — Se arrumar pra quê, Boneca? É velório num é festinha!

    Emília: — Tia, teremos que ir disfarçadas, senão podemos ser capturadas por alguém.

    Nastácia: — E mais essa agora!

    Narizinho: — A caixa de fantasias!

    Emília: — Era o que eu tinha imaginado!

    Tia Nastácia: — Ai, meu São Jorge!

    (As três se preparam para embrenhar na mata, cada uma com uma fantasia. Tia Nastácia põe uma fantasia de Carmen Miranda, Emília faz Tia Nastácia tirar. No final, todas se arrumam como se fossem para uma festa das bruxas.)

    Emília: — Pronto, tia, se alguém no caminho perguntar diga que é a Bruxa do 71!

    Tia Nastácia: — Roupa horrorosa a minha. Gostei da sua, Emília, é o quê? Loira do banheiro?

    Emília: — Que loira do banheiro, tia!? É noiva cadáver!

    Nastácia: — Quem é essa?

    Narizinho:— Alguém aceita essa maçã? (Narizinho imita a bruxa da Branca de Neve.)

    Emília: — Perfeito!

    Nastácia: — Oia só, num é que ela leva jeito pra coisa.

    Emília: — Então vamos pra gruta!

    Nastácia: — Ah, será que São Jorge vai me reconhecer se ele vier me salvar?

    GRUTA DA CUCA

    (A gruta da Cuca tem uma parede cheia de cabeças decorativas. A bruxa acaba de chegar e está muito cansada da caminhada.)

    Cuca: — Ah, estou exausta! Essa caminhada do sítio até aqui é de matar! Hum, deixe-me ver se está tudo arrumado, nada pode sair errado. Perfeito, tudo no seu lugar. Agora vamos ver onde está a bonequinha... (Olha no garrafão mágico) Deu certo! Elas caíram direitinho no meu plano. A curiosidade mata, mas que roupas são essas, elas pensaram o quê? Será que elas pensam que o meu velório é carnaval? Não faz mal, o importante é que as três cairão na minha armadilha e farão parte da minha parede! Faltam só três lugarzinhos. Quando chegarem aqui, vão me ver mortinha e quando chegarem bem perto… záz! Pego-as com o feitiço e completo a decoração da minha gruta! Assim, não poderão dizer que sou malvada… direi que foi legítima defesa! Imagina eu, malvada? Sou tão boazinha! Quero a cabeça da bonequinha bem aqui, no meu portal! Agora chega de papo, é melhor me fingir de morta!

    Saci: — Prima! Prima!

    Cuca: — O Saci?! O que aquela peste quer logo agora? Ele não pode saber de nada...

    Saci: — Prima!

    Cuca: — Que é, saci?

    Saci: — Nossa, como a gruta tá arrumadinha, vai ter festa hoje, é?

    Cuca: — Festa? Que festa? Ficou louco?! Eu sou lá de dar festa? Eu sou bruxa, bruxa que é bruxa não dá festa, ela acaba com a festa!

    Saci: — Prima, ocê tá aprontando alguma, num tá?

    Cuca: — Eu? Imagina, estou tão cansada que ia dar uma dormidinha.

    Saci: — Dormidinha? Mas ocê só dorme uma noite a cada sete anos… ocê tá armando alguma e num qué me contá! É ou não é? É!

    Cuca: — Pare de me amolar, suma daqui que eu estou ocupada.

    Saci: — Mai ocê num ia dar uma dormidinha?

    Cuca — Ahhh! Me deixe em paz!

    Saci: — Está bem, eu vou embora, credo! Fuiii!

    (Saci desaparece)

    Cuca: — Que ótimo!

    (Ele Volta)

    Saci: — Oh, Cuca!

    Cuca: — Ai! Que foi, saci?

    Saci: — Ocê num tá aprontando memo?

    Cuca: — Não, sua peste, eu aprendi que a gente não pode ficar fazendo maldade, porque volta tudo pra gente depois.

    Saci: — Ocê aprendeu isso?

    Cuca: — Aprendi!

    Saci: — Então tá! Fui!

    (Ele desaparece outra vez)

    Cuca: — Boa ideia! Agora ele…

    (Ele Volta)

    Saci: — Oh Cuca!

    Cuca: — Ah, pelo boitatá, que é?

    Saci: — Quem te ensinou isso?

    Cuca: — A vida, Saci! A vida! Esqueceu que tenho mais de três mil anos?

    Saci: — Ok!

    (Ele sai mais uma vez)

    Cuca: — Elas devem estar chegando…

    (Ele Volta)

    Saci: — Elas quem?

    Cuca: — Preste atenção, sacizinho! Ou você some agora ou fará parte da minha coleção de cabeças daqui da parede da gruta, basta eu levantar a minha mão...

    Saci: — Fui, prima!

    (Saci desaparece)

    Cuca: — Por que eu não fiz isso antes?

    (Cuca se arruma para se fingir de morta)

    Cuca: — Bom, agora é só me fingir… de morta!

    (Ela se posiciona de um jeito)

    Cuca: — Não, assim vão desconfiar. Melhor assim! Ai muito desconfortável… ai morrer não é fácil. Ihhh! Elas estão chegando…

    (Cuca se finge de morta. Nastácia, Emília e Narizinho entram na gruta)

    Emília: — Como estão as coisas aí na frente?

    Narizinho:— Ninguém por aqui!

    Emília: — E

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