lembrar para sempre
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Sobre este e-book
Uma noite com muito para celebrar, de mãos dadas com o turbilhão do meu amigo Maty, que estava determinado no mundo a me perder nos meus vinte e oito anos de vida.
Uma noite para repor a vida monótona que outros me impuseram, pelo que dirão e pelas aparências sangrentas.
Uma noite que não recordo com grande detalhe ao amanhecer, depois da qual me descobri com um homem enigmático que não hesitará em ajudar-me a reviver.
Uma noite que marcará o fim da minha vida chata e perfeita como uma menina rica, educada e esticada, e que dará luz verde para uma nova e louca vida.
Uma noite, um homem e eventos que você, Cintia Alonso, lembrará para sempre.
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lembrar para sempre - Nuria Pariente Nogueras
Lembrar para sempre
Parte I Para Sempre Saga
––––––––
Por Nuria Pariente Nogueras
Autor: Nuria Pariente Nogueras
Ilustrador: Juan Manuel Martín Rivas
Título original: Saga para semprer: Lembrar
2ª edição: Março 2018
Nuria Pariente Nogueras 2017
Todos os direitos reservados. Sob as penas estabelecidas por lei, a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio ou procedimento, incluindo reprografia e processamento informático, bem como a distribuição de cópias por meio de aluguer ou comodato público, é estritamente proibida sem a autorização escrita dos titulares dos direitos de autor.
Lembrar para sempre
Parte I Para Sempre Saga
Por Nuria Pariente Nogueras
Agradecimentos
Xosé, o centro do meu universo, o pilar indispensável do meu pequeno mundo, a vela do meu veleiro. Meu marido, amigo e confidente, o homem que se tornou meu verdadeiro amor e que me concedeu o privilégio de ser seu. O indiscutível pai dos meus filhos,... Tenho de lhe agradecer muito por hoje os meus romances verem a luz.
Meus filhos, que providenciaram a revulsividade que eu precisava para embarcar nesta aventura. A minha luta pessoal para fazê-los passar fez-me limpar o pó da minha paixão passada pela escrita. Agradeça-lhes por me lembrarem que, se quiserem, podem.
Melchor Riol, que entrou na minha vida desinteressadamente, no tempo certo e necessário, para dar aos meus romances o impulso de que precisavam. Obrigado pelo vosso apoio, paciência, confiança e dedicação, sem os quais, em muitos momentos, eu teria caído.
Aos meus leitores zero: Pepi, Mary, Bea, Xana, Monse, Xosé, Melchor, Pili, Bego e Isa, cujas críticas iniciais contribuíram para enriquecer o romance que hoje chega às suas mãos.
E, claro, eternamente grato a você, meu leitor, que adquiriu meu romance, porque é claro para mim que, sem cada um de vocês, isso não seria possível hoje!
Alguém se ofereceria para morrer no meu lugar?
Claro que não!
Portanto, que ninguém se atreva a dizer-me como devo viver.
Esta é a minha vida e pertence-me.
––––––––
faviPREÂMBULO
Um feixe de luz ténue atravessa as fendas das persianas, avisando da chegada do amanhecer. Pisco os olhos, tentando adaptar os meus alunos à escuridão da sala.
O meu quarto tem persianas,
objecto sonolento.
Estou envolto numa estranha e desconhecida fragrância, lavanda ou similar.
Devo estar a sonhar. Não acordei. Há demasiadas coisas que não cabem.
Eu bocejo e acordo, estico o braço direito e bato na cabeceira da cama.
A minha cama não tem cabeceira!
Abro os olhos do nada.
O meu sangue está gelado.
Suor frio.
Não estou na minha cama! Não estou no meu apartamento!
A minha respiração é quase embaraçosa.
Estou a concentrar-me nela. Inspiro e expiro, a tentar lembrar-me.
Inspiro e expiro.
Vá lá, Cintia, pensa!
Inspiro e expiro.
Merda, merda e merda! Não me lembro de nada!
Viro a cabeça ligeiramente para a esquerda, cautelosamente, pouco a pouco.
Tinha medo disso.
Há alguém!
Associo-me a movimentos lentos. Não quero acordar o meu companheiro e ter de enfrentar a minha vergonha numa situação tão embaraçosa.
Sentado na beira da cama, varro o quarto pacientemente, tentando localizar minhas roupas e objetos pessoais. Quando acredito que tenho uma parte controlada, levanto-me e começo a árdua tarefa de colher
.
Pus o vestido na cabeça e metade dos calcanhares. Estou a contar: estou a perder as cuecas, a mala e o casaco. Estou doente à saída!
Embora... espere um minuto!
Parei congelado no limiar. Meus alunos praticamente se adaptaram cem por cento à escuridão, e minha curiosidade me impede de sair sem um rápido olhar para meu amante.
Prostra nua, cara para baixo, um braço pendurado fora do berço. O lençol cobre até ao meio da nádega.
Que corpo o tio tem! Pelo menos é bom, muito bom...
Na ponta dos pés, aproximo-me, e...
Suspiro aliviado. Não me lembro do nome, idade ou profissão dele, mas nós dançamos e ele me colocou como uma motocicleta. Sedutor, lindo, eloquente, golpe negro, sim, senhor!
Como sou hipócrita em relação a mim mesma! A dura realidade é que não me lembro de praticamente nada.
Por uma vez na vida, não me lembro da noite que me trouxe um garanhão assim."
Que tristeza!
O estudo de pesquisa acabou. Vou-me embora daqui!
Olho para os meus calcanhares, viro-me e mostro o cocorota ao corredor. Não ouço nenhum barulho. Parece não haver mais ninguém no chão, o que, a propósito, é imenso...
E ainda estou à procura da saída...
Será possível o quão desproporcionado este lugar é...! Um belo duplex de luxo. Ele deve estar carregado. Todos os móveis de grife, decoração italiana...
Na minha viagem consegui encontrar a minha bolsa e o meu casaco. Lingerie, inatingível.
Uma pena! Adorava esta roupa de renda vermelha passion. Agora vou ter de aproveitar apenas cinquenta por cento. A noite deve ter sido brutal. Quem me dera lembrar-me dela.
A cozinha está manchada de chocolate e um objeto que eu, eu me sinto pegajoso, tem muita roupa dele espalhada lá em cima. O sofá deve ter sofrido a ira de um furacão de força cinco...
Lá está ele! Finalmente! Agora sei o que os espeleólogos sentem quando encontram a saída.
Mas... O que aconteceu aqui?
O chão está inundado. Sigo o sulco marcado pelo líquido e chego a um vaso com flores estilhaçadas ao lado de uma mesa redonda, que é deslocada a alguns metros do seu local de origem.
Ele vai passar o domingo inteiro a arranjar lixo.
Não me estou a rir.
Eu abro, e furtivamente, fecho a porta atrás de mim, olho para o corrimão, olho para a direita e para a esquerda: elevador ou escadas?
Elevador!
Quando chego ao rés-do-chão, saio correndo, espezinhando a aterragem recém-espalhada por um cinquentenário, com um bigode cinzento e bem uniformizado, que me observa a sorrir do seu posto.
-Oops, desculpa!
-Bom dia, menina. Não te preocupes com isso.
-Desculpa, não reparei.
-Está tudo bem.
Pode dizer-me... Em que rua estou?
Que corte!
-Gran Via. Quer que lhe chame um táxi?
-Não, obrigado.
Vivo em De La Cruz, a apenas 15 minutos a pé. Interessante coincidência que me vem à cabeça, nem sequer pintada. Por isso, aproveito a oportunidade para dar um passeio reflexivo.
Tiro o telemóvel da mala e observo que tenho cinco chamadas perdidas do Maty. São seis horas da manhã, por isso agora, já agora, estou à espera de chegar ao apartamento.
––––––––
-Cinty, és tu?
-Sim, senhorita. Sou eu. Sou eu.
-Onde raio estavas tu?
-Não sei.
Eu sorrio a enquadrar ambas as sobrancelhas.
-O que queres dizer com não sabes
?
-Acabei de acordar. Vou à casa de banho tirar os calcanhares... numa cama que não era minha.
Ainda estou a usar o vestido.
-E as tuas cuecas?
-Boa pergunta. Vou tomar um duche.
Eu fecho a porta, o que não o impede de vir atrás de mim.
-Você não sabe onde esteve, ou com quem, ou... por que está no comando?
-Isso mesmo.
Ele é motivo de riso. Olho para ela a franzir o sobrolho.
-Estou a andar e a reflectir há um quarto de hora e ainda não encontrei graça nisso.
-O que não é? Dona nerd e heterossexual, que você parece ter um pau enfiado no rabo; tudo um exemplo a seguir: não saio à noite, não bebo, não fodo estranhos...
-És um idiota! Pára com isso! Atiro-lhe o vestido, que ela se esquiva sem muita dificuldade. Eu ainda sou, tudo isso e muito mais.
Ele senta-se na sanita dobrada a rir.
Porque estou aqui para vê-lo. Caso contrário, juro que não acreditaria.
-Não estou nada orgulhoso do meu comportamento.
Eu encolho os ombros.
-Peroooooooooo...
Como vou ficar desanimado uma noite em vinte e oito anos da minha vida, pelo menos consegui lembrar-me.
Estás a brincar, Cinty? Lembras-te? -Ele está rindo. Sabe o que você bebeu? Até a água nos vasos!
Ele vai dar-te algo com tanta desgraça.
-O que estavas a fazer acordado?
-Espera por ti. Não mudes de assunto com os teus métodos jornalísticos, espertalhão!
Eu entro no chuveiro. O jacto de pressão bate-me na cara...
-Isso é chocolate?
-Fecha a antepara, seu idiota, ou vai ficar todo pingando!
O muito escandaloso é atirado ao chão, rindo como um histérico.
Como esta mulher é engraçada. Ela é louca como o diabo, mas é a melhor amiga que podes ter. Um bonbon loiro platinado com olhos azuis celestes, corpo 90-60-90... Todos (e todos) caem presas às suas garras. É um furacão. Inteligente, suspeito, bissexual e liberal.
Ele beijou-te com chocolate e depois chupou-te! Foda-se, isso é como um baptismo! Bem-vindo ao mundo real!
Ele reabre a antepara, o suficiente para entrar na cabeça atordoada que tem.
-Vamos sair e celebrar esta noite?
-Não! Vou atirar-lhe a esponja... Faça-se útil e faça um café, vá lá.
-As suas ordens!
Fechar, inspeccionar o meu corpo nu, para cima e para baixo, para baixo e para cima.
-Estás à procura de alguma coisa? -Quero sarcasmo.
-Hickeys.
-O quê? -Estou tenso. A ideia horroriza-me. Chupa-chupas! Como um adolescente?
Pareço nervoso em todo o lado e o meu amigo começa a rir-se outra vez.
-Pára de rir e olha!
Ela fecha a antepara, ignorando-me completamente, e deixa o banheiro rindo escandalosamente, deixando-me lá plantado, sobrecarregado e aterrorizado com a probabilidade de encontrar alguma marca.
––––––––
-Uuummm...
Quando você sai do chuveiro, um agradável aroma de café envolve a atmosfera. Enrolo uma toalha à volta do meu corpo e, atraído pelo cheiro agradável, chego à cozinha.
Ela está à minha espera sentada no balcão. Ele segura um copo na minha direção, agarra-o com a mão esquerda e gira o pescoço com a direita, dando-lhe um beijo retumbante na bochecha.
-Você é o melhor.
-Eu sei. Conde.
-Não me lembro! -Eu viro os olhos.
-Nada?
-Nada.
-Jo, que confusão!
-Pára, triste. Foi canhão. Nua, do lado dele da cama.
-Pelo menos viste a cara dele antes de ele fugir a meio da noite?
-Eu não estava correndo!
-Claro que não denuncia sarcásticamente.
-Ele foi o homem que entrou em mim ontem à noite acrescentado, ignorando o seu sarcasmo.
-Santo! O 4 x 4 de quase 1,90 metros?
-Sim.
Digo-te, foi canhão. Ele piscou-me o olho e passou a língua por cima do lábio inferior. É uma saída. Como é que ele conseguiu?
-Não sei. Ele estava de cabeça para baixo. -Eu sopro o meu copo e encolho os ombros.
-Uma pena!
-Ele vive num duplex impressionante na Gran Via.
Enarca ambas as sobrancelhas, abrindo os olhos como pratos.
Que dancei com ele, pelo menos lembro-me dele.
-Você dançou? Um leite!
Vejo-a estupefacta. Lembro-me que sim.
-Gostaste da pista como porcos!
Ele é um idiota!
Ele ri-se em voz alta, infectando-me com o seu bom humor.
-Também não sabes o nome dele, pois não?
Eu nego.
-Do que se lembra de ontem à noite?
Fui buscar-te à cafetaria, tu fechaste e bebemos um copo com a tua compis. Jantamos em italiano, bebemos muito vinho e pegamos um táxi para a área de Chueca. Tinhas os teus 50% de gay no topo da tua pele. -Nós rimos muito. Enquanto namoriscava mais do que tu... -Pareço zombador.
Ele atira-me um bocadinho de biscoito.
-Ei! Isso mesmo! É disso que me lembro.
Tu lembras-te do que te interessa. Vá lá, continua.
-Caminhamos até a Gran Vía, onde deveríamos encontrar a melhor vida noturna e as melhores discotecas da cidade, de acordo com uma festa profissional - um conto zombeteiro.
-É verdade... frase... O que acontece é que Novatilhas como você está desprendido assim que você chega, e por isso é impossível para você se impregnar com sua atmosfera mágica.
Salta do balcão. Encha outra chávena de café, adicione leite e duas colheres de sopa de açúcar. Ele detesta esses pós brancos, que ele considera um veneno ao alcance de qualquer um que deseja cometer suicídio lentamente.
-Para quem é isso?
-Não achas que és o único que conseguiu... Ligar uma sobrancelha eloquente.
-Está alguém no seu quarto? -...sussurro. Homem ou mulher?
Dá-me só meio sorriso antes de sair com o copo de fumo.
-Mulher, confirme.
Se fosse um homem, esperava que o copo lhe fosse trazido.
––––––––
"Não vi chegar o fim da semana, e com ela, minha atividade favorita de mutação dominical
: que é deixar a mulher elegante e sofisticada, que tenho que estar fora de combate todos os dias durante um dia inteiro, hoje posso relaxar, de pijama, sem maquiagem e com cabelo despenteado, desfrutando do sofá, TV e sorvete.
O meu colega de quarto depravado vem e vai. Quem quer que seja a cobaia, ela não a deixa sair da sala.
Continuamos com a nossa revisão de ontem à noite. Aparentemente, aterrámos em Remember Forever, um dos álbuns mais exclusivos da Gran Via. O homem misterioso com quem amanheci e (supostamente) tive relações sexuais, aproximou-se de mim enquanto dançávamos, desenfreados e quase nos tocávamos, no meio da pista de dança. Entrou em mim, a comer os meus focinhos e...
O resto é um desconhecido. Embora, ao ligar as pontas entre o final bem conhecido e o aspecto horrível que aquele apartamento mostrou ao amanhecer, pudéssemos desenhar um desenvolvimento aproximado dos factos.
CAPÍTULO 1
-Nervoso?
-Acho que não.
Hoje é o meu primeiro dia na revista Hero Kinsey.
Estamos a caminhar em direcção ao metro.
O Maty trabalha num snack-bar fora da cidade, e a viagem leva-o para sempre. Ele costumava ser usado em pubs ou cafés na área, mas se acostumou a viver aqui (há dois anos) e agora prefere se mudar diariamente para o extremo oposto da cidade.
-Estás fantástica. Ser uma mulher livre, mais uma vez, serve-te perfeitamente.
Eu sorrio sutilmente sem desviar a minha visão da minha rota, mostrando-me um pouco abatido.
-Tudo é muito recente.
Não comeces! Estou a avisar-te!
Chama-me a atenção, olho para ela e passa pelos meus olhos azuis escuros.
-Aquele bastardo estava te reprimindo, amargo e te pisando! Não te atrevas a inclinar a cabeça! Não te atrevas a dedicar um segundo dos teus pensamentos a esse idiota! Que se foda!
Eu nego, forçando um ligeiro sorriso.
-Nova vida, novo trabalho, novos projectos. Sábado à noite você nasceu de novo. Portanto, viva! Tens uma segunda oportunidade.
Ele pega no meu braço, aperta-o e inclina-lhe a cabeça apoiada no meu ombro. Temos a mesma altura: 1,80 m.