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Princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais
Princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais
Princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais
E-book199 páginas2 horas

Princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais

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Sobre este e-book

A crise da linguagem atinge diversas áreas do conhecimento. No caso específico da Teologia, esse é certamente um dos principais desafios do nosso tempo. Como comunicar o Evangelho numa linguagem compreensível, contextual e de forma relevante? Como é possível transformar um texto produzido há milhares de anos, como é a Bíblia, em palavra viva, que traz sentido e promove a dignidade das pessoas? É possível interpretar o texto bíblico e estabelecer um agir comunicativo, promovendo o Reino de Deus? O livro que o leitor tem em mãos enfrenta tais questionamentos, a fim de contribuir com a igreja, com a sociedade e com as pesquisas desenvolvidas no contexto teológico.
Os princípios são normas fundamentais que norteiam a práxis de pessoas e instituições, nos seus respectivos projetos. Existem alguns princípios no contexto teológico que são essenciais para a fé, que caracterizam a fé cristã, desenvolvendo a identidade do cristão. O autor apresenta alguns princípios do Evangelho, notadamente aqueles que se relacionam diretamente com a comunicação eficaz. Entender os princípios constitutivos da fé é fundamental para não se fazer elevado e desnecessário esforço em assuntos irrelevantes. Por essa razão, o autor da presente obra, com o brilhantismo costumeiro, apresenta de forma didática, profunda e com robusto fundamento teórico o conceito de Evangelho e seus princípios fundamentais.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jul. de 2022
ISBN9786525248158
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    Princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais - Moisés Honório da Silva

    { 1 } INTRODUÇÃO

    Nos dias atuais, tudo é volátil, e as relações humanas não são mais tangíveis, inclusive a verdade tornou-se subjetiva e a vida em conjunto perdeu consistência e estabilidade. As transformações que chegaram à pós-modernidade afetaram a plenitude do evangelho, pois trouxeram consigo uma influência negativa sobre o pensamento cristão, descaracterizando a mensagem apresentada por Jesus. E, neste contexto, a mensagem do evangelho se apresenta com uma nova visão dualista e, por isso, a sua influência (autoridade) inicial parece que perdeu o seu objetivo primordial e a sua aplicação prática. Além disso, a cosmovisão contemporânea contraria os valores estabelecidos anteriormente, incluindo também, os valores e princípios bíblico-cristãos, afirmando que não é possível uma prática comunicativa a partir deles.

    Diante disso, esta pesquisa tem como objetivo geral investigar quais os princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais. E, dentro dessa proposta, encontram-se alguns objetivos específicos, os quais propõem: Verificar quais os pressupostos da cosmovisão de mundo no contexto atual em relação ao evangelho, bem como, estabelecer relações entre discurso e prática comunicativa na proclamação do evangelho de acordo com uma cosmovisão bíblico-cristã. Também, propõem analisar como o processo hermenêutico contribui para o significado e a significação (aplicação) da mensagem do evangelho. E, por fim, busca construir uma proposta com princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais.

    A partir dessa perspectiva, observa-se que o desenvolvimento de uma exegese adequada do evangelho torna-se primordial e necessária, valendo-se dos recursos da hermenêutica e dos pressupostos da doutrina bíblica. Observa-se, ainda, que a busca pela aplicação do evangelho constitui-se no desafio desse trabalho, de comunicá-lo de forma teologicamente fiel e, ao mesmo tempo compreensível e relevante na contemporaneidade.

    Dentro desse contexto, observa-se o surgimento de uma problemática com os seguintes questionamentos: "De que maneira a aplicação da mensagem do evangelho pode ser a base de uma proposta que envolva os princípios para uma prática comunicativa no contexto da pós-modernidade? E, ainda: que critérios devem ser observados no ato da construção da proposta? A partir dessas questões, algumas hipóteses são formuladas: A cosmovisão bíblico-cristã é a base para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais.

    Além disso, uma prática comunicativa do evangelho apresenta pressupostos que fundamentam sua relevância devido à sua prática que vai muito além do discurso. E, com isso, infere-se afirmar a hipótese de que é possível utilizar princípios para uma prática comunicativa do evangelho nos dias atuais e em todos os rincões do Brasil, especialmente, entre os cristãos professos e que fazem parte de comunidades e denominações tradicionais, históricas, pentecostais, etc.

    Ao estar inserida no contexto bíblico-cristão, parte-se do pressuposto de que há liberdade para o posicionamento a favor dos pressupostos de uma cosmovisão bíblico-cristã e dos fundamentos básicos da fé cristã descritos, por exemplo, nas Doutrinas Básicas da Igreja Evangélica Assembleia de Deus (IEAD),¹ as quais trazem em destaque algumas doutrinas bíblicas, conforme as afirmações: Crê-se na Bíblia como única regra de fé prática e como Palavra de Deus inspirada,² e de acordo com as Escrituras Sagradas, crê-se exclusivamente no Deus, único e verdadeiro,³ e no Senhor Jesus Cristo, que é totalmente Deus e totalmente homem,⁴ e o único Salvador. Crê-se ainda, na Queda da humanidade⁵ e, também, na salvação da humanidade.⁶

    Na primeira parte desta obra, busca-se, portanto, apresentar os pressupostos da pós-modernidade em relação ao evangelho, apresentado com maestria por estudiosos do tema, entre os quais, destacam-se, John Piper e Justin Taylor,⁷ Paul G. Hiebert,⁸ Ravi Zacharias,⁹ Stanley Grenz,¹⁰ etc. Busca-se, ainda, apresentar o evangelho de acordo com uma cosmovisão bíblico-cristã, a qual tem como fundamento a palavra de Deus e os princípios cristãos. Esta cosmovisão é definida por Gleyds Domingues¹¹ como Cosmovisão Teorreferente.

    Busca-se, também, refletir sobre a essência do evangelho no Novo Testamento, em especial, nos Evangelhos e nas Cartas Paulinas. Para isso, discute-se a partir da teologia do apóstolo¹² Paulo, autor do primeiro século e contemporâneo dos discípulos de Jesus. Discute-se também, a partir da teologia bíblica de dois teólogos contemporâneos: Christopher Wright¹³ e René Padilla,¹⁴ os quais apresentam uma reflexão importante sobre a essência bíblica do evangelho sob o viés da missão integral.

    Esses autores apontam para o Evangelho contido nas Escrituras. Eles concordam que o evangelho se encontra tanto no Antigo como no Novo Testamento;¹⁵ que o evangelho traz consigo implicação escatológica e, além disso, apontam para a sua aplicação na vida de Jesus, culminando assim, no evangelho como mensagem vivenciada.

    O segundo capítulo desse trabalho aponta para o fato de que, entende-se que o ato da significação como objeto de compreensão da mensagem do evangelho possibilita uma prática comunicativa. No entanto, uma prática comunicativa, se efetuará, de fato, a partir do estudo e aplicação da exegese e da hermenêutica, as quais possibilitam alcançar o verdadeiro significado do texto bíblico e a sua significação. A significação constitui-se fruto da análise do significado que é alcançado por meio do processo hermenêutico, algo discutido por especialistas do tema como: Gusso,¹⁶ Dockery,¹⁷ Lund e Nelson,¹⁸ Kevin Vanhoozer,¹⁹ entre outros.

    Tratando-se da aplicação e contextualização do Evangelho, tanto na comunidade de fiéis como na sociedade contemporânea, tem-se discutido como esta mensagem pode e deve ser relevante na prática, ou seja, como a plenitude do evangelho se estabelece, de fato, transformando e alcançando as pessoas? Entende-se que isso somente acontece quando há compreensão de sua mensagem, a qual tem o poder de promover a dignidade humana.

    Sendo assim, entende-se que a mensagem do evangelho é em sua plenitude salvação (arrependimento e perdão de pecados) e redenção (fim da opressão, libertação dos cativos, criação de uma sociedade ancorada na justiça e na retidão). Diante disso, a presente pesquisa reúne algumas reflexões de especialistas que tratam essa questão e que concordam entre si em muitos aspectos, como é o caso de Kevin Deyoung e Greg Gilbert, Russell P. Shedd²⁰ e Tim Keller.²¹

    Esta obra justifica-se pelo fato de a aplicação do evangelho ser um tema de discussão atual, apesar de sua prática ser antiga e, inclusive, bíblica. E, também, pelo fato de que, desde as suas raízes, o evangelho sempre se mostrou relevante, e sempre apresentou ações comunicativas inerentes e consistentes à sua mensagem sem dissociar o discurso da prática. Apesar disso, há um paradoxo entre o discurso e a prática dentro do contexto evangélico brasileiro. Um dos motivos que promovem esta situação é a do significado correto e sua aplicação serem negligenciados. Em contrapartida, o correto significado e, também, a significação da mensagem do evangelho aponta para o viés de ações práticas consistentes.

    Esta obra, portanto, tem como objetivo final, ampliar a discussão sobre os princípios para uma prática comunicativa do evangelho, a partir de uma teologia e prática comunicativas ancoradas nas Escrituras e numa cosmovisão bíblico-cristã. Dessa forma, também busca estabelecer relações entre discurso e prática na proclamação do evangelho, refletindo e conscientizando a sua aplicação dentro do contexto brasileiro, tendo em vista, o cristianismo integral e, por fim, construir uma proposta da prática comunicativa, estabelecendo critérios de aplicação do evangelho, por meio de uma educação de princípios e do processo de ensino e aprendizagem, tanto em faculdades e cursos teológicos, seminários e escolas bíblicas. Algo que possa influenciar positivamente a práxis cristã contemporânea.


    1 As Assembléias de Deus. Nossas Doutrinas Básicas. Instituídas a partir de 18/06/1911– CPAD. Rio de Janeiro

    2 Conforme as Assembléias de Deus – Nossas Doutrinas Básicas: A Bíblia é por si mesma totalmente adequada para servir como guia para a nossa fé e maneira de viver [...] O texto da Bíblia toda é verbalmente inspirada por Deus. Não foram inspiradas somente as idéias; mesmo a escolha de palavras foi inspirada enquanto os escritores dos originais estavam movidos por Deus para escrever o que Ele queria que dissessem (inspiração divina verbal e plenária). Portanto, cremos que (1) a Bíblia é a revelação do próprio Deus para a humanidade. (2) a Bíblia é infalível (nunca erra), e (3) a Bíblia é divinamente o guia autorizado para a nossa fé, crença e maneira de viver (2 Timóteo 3.15-17; 1 Tessalonicenses 2.13; 2 Pedro 1.21), p. 1-2.

    3 Conforme as Assembléias de Deus – Nossas Doutrinas Básicas: Existe um único e verdadeiro Deus. Ele se revelou como tendo sempre existido sem qualquer causa exterior ou agente que o tenha trazido à existência (Isaías 43.10). Ele é o Criador dos céus e da Terra (Gênesis 1.1) e Aquele que redime, salva e liberta a humanidade de seus pecados e das suas conseqüências dolorosas (Isaías 43.11). Deus tem, além disso, se revelado como um Ser único (Deuteronômio 6.4), coexistindo em três pessoas inter-relacionadas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mateus 28.19; Lucas 3.22. Este conceito de Deus único ou Ser em três pessoas é chamado de Trindade, p. 2-3.

    4 Conforme as Assembléias de Deus – Nossas Doutrinas Básicas: O Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, sempre existiu. Ele também é sem começo e fim (Apocalipse 1.8). A fim de completar Sua missão de sacrifício na Terra, Ele se tornou humano ao nascer de uma virgem, concebido pelo Espírito Santo (Mateus 1.23; Lucas 1.31,35). Enquanto esteve na Terra, Ele viveu uma vida perfeita, absolutamente sem pecado (Hebreus 7.26; 1 Pedro 2.22). Também, na Terra, operou muitos milagres através da unção do Espírito Santo (Atos 2.22, 10.38). Par restaurar a humanidade caída, Ele morreu sobre uma cruz como substituto perfeito para os pecados de cada pessoa (1 Coríntios 15.3; 2 Coríntios 6.14; 15.4). Desde Sua ressurreição Ele está exaltado (honrado) e assenta-se ao lado direito de Deus (Atos 1.9,11, 2.23; Filipenses 2.9-11; Hebreus 1.3), p. 3-4.

    5 Conforme as Assembléias de Deus – Nossas Doutrinas Básicas: O ser humano foi criado bom e sincero porque Deus disse: ‘Façamos o homem a nossa imagem e a nossa semelhança’. Contudo, a humanidade voluntariamente fez sua escolha. Ela ignorou as instruções de Deus, escolhendo ocupar-se no que sabia ser errado e mau. Como resultado, a humanidade rompeu com a inocência e com a bondade e, portanto, incorreu não somente na morte física, mas também, na morte espiritual, que é a separação de Deus (Gênesis 1.26-27; 2.17; 3.6; Romanos 5.12-19), p. 4-5.

    6 Conforme as Assembléias de Deus – Nossas Doutrinas Básicas: A salvação é o livramento da morte espiritual e da escravidão do pecado. Deus providenciou salvação para todos que crêem e aceitam Sua oferta gratuita de perdão. A única esperança de redenção para o estado pecaminoso decorrente da queda da humanidade é através do sangue de Jesus Cristo – sangue derramado quando Jesus morreu na cruz, p. 5-6.

    7 PIPER, John. TAYLOR, Justin. A supremacia de Cristo em um mundo pós-moderno, 2015.

    8 HIEBERT, Paul G. Transformando cosmovisões: uma análise antropologia de como as pessoas mudam, 2016.

    9 ZACHARIAS, Ravi. A verdade: como comunicar o evangelho a um mundo pós-moderno, 2015.

    10 GRENZ, Stanley J. Pós-modernismo, um guia para entender a filosofia de nosso tempo, 2016.

    11 DOMINGUES, Gleyds Silva. Cosmovisões e projeto político pedagógico: o sentido da formação humana, 2015.

    12 O termo Apóstolo é a tradução da palavra grega (απόστολος), que significa enviado. Esse é o sentido básico. No período do NT [Jesus] chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos (Lc 6.13). Paulo foi o último dos apóstolos, e assim como os doze, foi testemunha da ressurreição de Jesus e comissionado diretamente pelo Senhor (LOPES, Augustus Nicodemus. Apóstolos: a verdade bíblica sobre o apostolado. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014, p. 24-25, 61-69).

    13 WRIGHT, Christopher J. H. A missão do povo de Deus, uma teologia bíblica da missão da igreja, 2012.

    14 PADILLA, C. René. Missão integral - ensaios sobre o reino e a igreja, 2005.

    15 Evangelho no AT? "Mais significativo para a compreensão do evangelho cristão é o que se diz quanto à proclamação das boas notícias (euangelizomai, sempre na forma verbal) na segunda parte de Isaías (40-66), uma seção do Antigo Testamento frequentemente usada por Jesus e pela igreja primitiva [...] Para os gregos, a notícia que o evangelho anuncia é geralmente a notícia de vitória. Levantando a mão exclama: ‘Alegrem-se, nós vencemos!’ Quer se trate da vitória numa competição esportiva ou da vitória numa batalha, a notícia é recebida com gozo e o evangelista recebe uma recompensa, um euangelion. Mas euangelion também pode conotar ideias religiosas no mundo gentio. Isto acontece quando se usa o termo em conexão com o culto imperial, como acontece na inscrição de Priene (Ásia Menos, ano 9 AC) que, referindo-se a Augusto diz: ‘O nascimento do deus foi para o mundo o começo das novas de gozo que foram anunciadas em seu nome’. Quando, no primeiro século, se anunciou o evangelho de Jesus Cristo, ele foi anunciado no contexto de outros evangelhos que pretendiam trazer salvação a uma humanidade que ansiava por gozo e paz" (PADILLA,2005, p. 77).

    16 GUSSO, Antônio Renato. Como entender a bíblia. Orientações práticas para a interpretação correta das escrituras, 2017.

    17 DOCKERY. Hermenêutica contemporânea à luz da Igreja primitiva, 2005.

    18 LUND & NELSON. Hermenêutica, 1995.

    19 VANHOOZER, 2005.

    20 SHEDD, Russell P. Justiça social e a interpretação da Bíblia, 2013.

    21 KELLER, Tim.

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