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Deus e o ser humano hoje: múltiplos olhares
Deus e o ser humano hoje: múltiplos olhares
Deus e o ser humano hoje: múltiplos olhares
E-book361 páginas4 horas

Deus e o ser humano hoje: múltiplos olhares

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Sobre este e-book

O ser humano, vendo-se inserido no contexto de um mundo materialista, conflituoso e, às vezes sem sentido, procura abarcar essa realidade que o envolve. No entanto, algo de misterioso sempre lhe escapa. Na tentativa de desvendar o mistério da origem e formação do mundo, há quem recorra ao Ser Supremo, que, a partir da perspectiva cristã, chamamos de Deus Trindade. A sua ligação estrutural com a matéria, em geral predominante, faz com que esse ser humano se sinta angustiado e procure se dar conta do seu próprio ser. Mas, como indivíduo portador do mistério, alguns se sabem que a sua plena realização e felicidade efetivar-se-á apenas dentro da coletividade.Em face disso indagamos: como se posicionar diante do mundo? Como saber quem sou, sem me ver na relação com o mundo, com Deus, que é seu princípio, e como ser feliz no conjunto da humanidade? Em torno de questões várias que são frutos de pesquisas em Teologia, observaremos uma gama de ponderações que pretendem favorecer a relação entre Deus e o ser humano hoje. - Reginaldo Marcolino - Doutorando em Teologia (PUC-SP)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de jul. de 2022
ISBN9786553720480
Deus e o ser humano hoje: múltiplos olhares
Autor

José Aguiar Nobre

Sacerdote Religioso Estigmatino. Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).Docente na Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da PUC-SP. E-mail: nobre.jose@gmail.com

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    Deus e o ser humano hoje - José Aguiar Nobre

    titulo

    Sumário

    Apresentação

    Prefácio

    Referências

    A criação é poética e ecoteológica: um breve exercício à luz dos textos de (gn 1,1-2; gn 2,4-6)

    Introdução

    A criação é poética

    (Gn 1,1-2.26)

     (Gn 2,6-8)

    A criação é ecoteológica

    Considerações finais

    Referências

    A revelação plena em Jesus Cristo segundo Andrés Torres Queiruga

    Introdução

    Jesus de Nazaré, revelação plena

    A cruz como sinal revelador

    A revelação de Deus na ressurreição de Jesus

    Universalidade da revelação no encontro com as religiões

    Considerações finais

    Referências

    Deus e a humanidade: comunicação em construção

    Introdução

    Sobre a experiência de Deus

    Deus se comunica com a humanidade

    Sinais e símbolos: uma comunicação inteligível da relação humana com Deus

    Uma comunicação que visa salvação: integridade humana

    Viver a experiência com o divino é o desafio da humanidade moderna

    Abrir-se ao divino é transformar a humanidade

    Considerações finais

    Referências

    Limites, desafios e possibilidades do bem comum em tempos de (pós)-pandemia: interpelações à teologia e à eclesiologia

    Introdução

    Teologia: locus e modus de atuação

    O que configura uma reflexão teológica propriamente dita?

    Pandemia e pandemia: não há uma só pandemia

    Desafios teológicos pós-pandemia: o delírio da onipotência

    Hermenêutica da ação de Deus no mundo

    Desafios eclesiológicos: a questão litúrgica

    Eucaristia: do consumir hóstia e comunhão eucarística

    Igrejas domésticas: da sinagoga ao templo

    Considerações finais

    Referências

    Monsieur Ricoeur, Rabi Jesus de Nazaré e o teólogo Queiruga: desviar pela arte de questionar para buscar sentido a partir de um céu de estrelas

    Introdução

    O desviar

    Monsieur Ricoeur e o pastor Moisés

    Monsieur Ricoeur e o pastor Davi

    O sinal de interrogação: ? e alguns possíveis significados

    O sinal de interrogação e sua forma visual: três possibilidades

    As perguntas na torá de Moisés e na torá de Jesus

    Na torá de Moisés: Gênesis

    Torá de Moisés: Deuteronômio 4,1-40

    Na torá de Jesus: o rabi de Nazaré

    Considerações finais

    Referências

    O Deus de Jesus como afirmação plena do humano: uma releitura da obra de Andrés Torres Queiruga no pontificado do Papa Francisco

    Introdução

    O encontro de Deus no humano: a teologia de Queiruga e a eclesiologia de Francisco

    Os desafios do mundo atual: o mistério do mal em Queiruga e a ameaça do consumismo em Francisco

    A grande tarefa do cristianismo: ser sinal da humanização de Deus na vida do ser humano

    Considerações finais

    Referências

    Povo e família: protagonistas do anúncio do evangelho na visão de Francisco e Karl Rahner

    Introdução

    Francisco: a responsabilidade dos agentes do anúncio

    Os diferentes carismas, resposta aos desafios contemporâneos do anúncio do Evangelho

    Fundamentos históricos e Magisteriais da família como sujeito de anúncio do Evangelho

    Limites fragmentadores da família como agente anunciador

    Karl Rahner e os desafios da Igreja no mundo atual

    O matrimônio cristão

    Tarefas da Igreja hoje

    Considerações finais

    Referências

    Quem é o meu próximo? Papa Francisco e Paul Ricoeur em diálogo

    Introdução

    A Igreja Católica nas relações com o mundo moderno e contemporâneo

    Papa Francisco, filho do Vaticano II e papa a partir do Vaticano II

    Francisco e Paul Ricoeur: diálogo entre mundos

    Considerações finais

    Referências

    Teologia entre humanismos: o Papa Francisco e o significado de cada pessoa humana em qualquer circunstância

    Introdução

    O sujeito eclesial entre humanismos

    O Magistério do Papa Francisco e o novo humanismo

    Queiruga e a religião humanizadora

    Considerações finais

    Referências

    Transcendentalidade, subjetividade e alteridade: uma reflexão a partir da Primeira Epístola de Pedro

    Introdução

    A relação do ser humano com o Transcendente (transcendentalidade)

    A relação do ser humano consigo mesmo (subjetividade)

    A relação do ser humano com o outro (alteridade)

    Considerações finais

    Referências

    Xavier Zubiri e a visão de Deus e o ser humano para hoje

    Introdução

    A nova imagem de Deus em Queiruga

    O tipo próprio de unidade entre Deus e o ser humano em Xavier Zubiri

    O tipo próprio de unidade

    A unidade experiencial

    Tensão e religação

    O acesso do ser humano a Deus na liturgia: o acesso

    Deus é uma realidade acessível

    Acesso que causa tensão

    Acesso a Deus

    Considerações finais

    Referências

    Os desafios da humanidade hodierna no campo do cuidado e a laudato si452

    Introdução

    Um pouco de memória

    São Francisco de Assis

    A contemporaneidade – Laudato Si

    O Evangelho da Criação: o que está acontecendo com nossa casa?

    Considerações finais

    Referências

    A morte: do absurdo à esperança na vida eterna

    Introdução

    1 – A morte como absurdo

    2 – A morte na perspectiva da esperança

    Considerações finais

    Referências

    Considerações finais

    Sobre os autores

    Sumário

    Apresentação

    Prefácio

    Referências

    A criação é poética e ecoteológica: um breve exercício à luz dos textos de (gn 1,1-2; gn 2,4-6)

    Introdução

    A criação é poética

    (Gn 1,1-2.26)

     (Gn 2,6-8)

    A criação é ecoteológica

    Considerações finais

    Referências

    A revelação plena em Jesus Cristo segundo Andrés Torres Queiruga

    Introdução

    Jesus de Nazaré, revelação plena

    A cruz como sinal revelador

    A revelação de Deus na ressurreição de Jesus

    Universalidade da revelação no encontro com as religiões

    Considerações finais

    Referências

    Deus e a humanidade: comunicação em construção

    Introdução

    Sobre a experiência de Deus

    Deus se comunica com a humanidade

    Sinais e símbolos: uma comunicação inteligível da relação humana com Deus

    Uma comunicação que visa salvação: integridade humana

    Viver a experiência com o divino é o desafio da humanidade moderna

    Abrir-se ao divino é transformar a humanidade

    Considerações finais

    Referências

    Limites, desafios e possibilidades do bem comum em tempos de (pós)-pandemia: interpelações à teologia e à eclesiologia

    Introdução

    Teologia: locus e modus de atuação

    O que configura uma reflexão teológica propriamente dita?

    Pandemia e pandemia: não há uma só pandemia

    Desafios teológicos pós-pandemia: o delírio da onipotência

    Hermenêutica da ação de Deus no mundo

    Desafios eclesiológicos: a questão litúrgica

    Eucaristia: do consumir hóstia e comunhão eucarística

    Igrejas domésticas: da sinagoga ao templo

    Considerações finais

    Referências

    Monsieur Ricoeur, Rabi Jesus de Nazaré e o teólogo Queiruga: desviar pela arte de questionar para buscar sentido a partir de um céu de estrelas

    Introdução

    O desviar

    Monsieur Ricoeur e o pastor Moisés

    Monsieur Ricoeur e o pastor Davi

    O sinal de interrogação: ? e alguns possíveis significados

    O sinal de interrogação e sua forma visual: três possibilidades

    As perguntas na torá de Moisés e na torá de Jesus

    Na torá de Moisés: Gênesis

    Torá de Moisés: Deuteronômio 4,1-40

    Na torá de Jesus: o rabi de Nazaré

    Considerações finais

    Referências

    O Deus de Jesus como afirmação plena do humano: uma releitura da obra de Andrés Torres Queiruga no pontificado do Papa Francisco

    Introdução

    O encontro de Deus no humano: a teologia de Queiruga e a eclesiologia de Francisco

    Os desafios do mundo atual: o mistério do mal em Queiruga e a ameaça do consumismo em Francisco

    A grande tarefa do cristianismo: ser sinal da humanização de Deus na vida do ser humano

    Considerações finais

    Referências

    Povo e família: protagonistas do anúncio do evangelho na visão de Francisco e Karl Rahner

    Introdução

    Francisco: a responsabilidade dos agentes do anúncio

    Os diferentes carismas, resposta aos desafios contemporâneos do anúncio do Evangelho

    Fundamentos históricos e Magisteriais da família como sujeito de anúncio do Evangelho

    Limites fragmentadores da família como agente anunciador

    Karl Rahner e os desafios da Igreja no mundo atual

    O matrimônio cristão

    Tarefas da Igreja hoje

    Considerações finais

    Referências

    Quem é o meu próximo? Papa Francisco e Paul Ricoeur em diálogo

    Introdução

    A Igreja Católica nas relações com o mundo moderno e contemporâneo

    Papa Francisco, filho do Vaticano II e papa a partir do Vaticano II

    Francisco e Paul Ricoeur: diálogo entre mundos

    Considerações finais

    Referências

    Teologia entre humanismos: o Papa Francisco e o significado de cada pessoa humana em qualquer circunstância

    Introdução

    O sujeito eclesial entre humanismos

    O Magistério do Papa Francisco e o novo humanismo

    Queiruga e a religião humanizadora

    Considerações finais

    Referências

    Transcendentalidade, subjetividade e alteridade: uma reflexão a partir da Primeira Epístola de Pedro

    Introdução

    A relação do ser humano com o Transcendente (transcendentalidade)

    A relação do ser humano consigo mesmo (subjetividade)

    A relação do ser humano com o outro (alteridade)

    Considerações finais

    Referências

    Xavier Zubiri e a visão de Deus e o ser humano para hoje

    Introdução

    A nova imagem de Deus em Queiruga

    O tipo próprio de unidade entre Deus e o ser humano em Xavier Zubiri

    O tipo próprio de unidade

    A unidade experiencial

    Tensão e religação

    O acesso do ser humano a Deus na liturgia: o acesso

    Deus é uma realidade acessível

    Acesso que causa tensão

    Acesso a Deus

    Considerações finais

    Referências

    Os desafios da humanidade hodierna no campo do cuidado e a laudato si452

    Introdução

    Um pouco de memória

    São Francisco de Assis

    A contemporaneidade – Laudato Si

    O Evangelho da Criação: o que está acontecendo com nossa casa?

    Considerações finais

    Referências

    A morte: do absurdo à esperança na vida eterna

    Introdução

    1 – A morte como absurdo

    2 – A morte na perspectiva da esperança

    Considerações finais

    Referências

    Considerações finais

    Sobre os autores

    Landmarks

    Cover

    José Aguiar Nobre

    Deus e o ser humano hoje: múltiplos olhares

    São Paulo, 2022.

    Copyright © Editora Pluralidades, 2022.

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998.

    É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora.

    Direção Geral:

    Iago Freitas Gonçalves

    Equipe editorial:

    André Yuri Abijaudi

    Flávio Santana

    Iago Freitas Gonçalves

    Revisão e preparação de texto:

    André Yuri Abijaudi

    Flávio Santana

    Capa, diagramação e projeto gráfico:

    Talita Almeida

    Conselho Editorial:

    Dr. David Mesquiati (Unida-ES)

    Dr. Edin Sued Abumanssur (PUC/SP)

    Dr. Jonathan Menezes (FTSA-PR)

    Dra. Marina Correa (UFS)

    Dr. Sidney Sanches (FLAM-SP)

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Apresentação

    A organização de uma obra é sempre uma grande responsabilidade e ao mesmo tempo evidencia a existência de um trabalho coletivo em ação. O presente livro é fruto de um convite feito aos doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUC-SP, durante o curso da Disciplina Seminário de Pesquisas Avançadas: Deus e o Ser Humano Hoje. De tal modo que, numa atitude de partilha das reflexões fomentadas em aulas, os leitores poderão ter acesso, aqui nesta obra, de parte dos pensamentos e reflexões ali realizadas. Assim, elas não ficaram restritas às quatro paredes das salas de aulas e, neste caso às telinhas da modalidade online. Elas permitiram que as reflexões adentrassem aos lares dos estudantes em questão e que, a partir da publicação da presente obra, ganham novos espaços de reflexões e conhecimentos.

    Bem sabemos que a reflexão teológica, durante um curso, ocorre normalmente a partir de um diálogo com determinadas fontes. Inicialmente, a teologia cristã conversa com as tradições bíblicas. Em seguida, se dirige àquelas reflexões teológicas que, com o tempo, chegaram a configurar a Tradição Teológica. Há de se analisar a contribuição por parte dos Santos Padres, dos Concílios, dos textos produzidos pelo Magistério e pelas fontes litúrgicas. No mais, em termos de Teologia cristã, existe uma reflexão ampla referente a Deus e ao ser humano, alimentada (estudada/apresentada) por diversos pensadores teólogos e teólogas, sendo que esses em alguns casos, chegaram a formar linhas de pensamento e/ou escolas. Outra fonte importante para a reflexão teológica é o sensus fidei fidelium, ou seja, a compreensão da fé pelos fiéis. A pesquisa avançada na área da Teologia depende, por sua vez, do acesso adequado às fontes acima mencionadas. Faz-se necessário acessar tais fontes na língua em que, originalmente, foram compostas. Foi preciso, pois, a realização de estudos contextualizados e sistematizados, que puseram os ensaios de interpretações e as reflexões teológicas em discussão.

    Enfim, seguindo este roteiro, o Seminário de Estudos Avançados acolheu temas específicos da área de Teologia Cristã, querendo garantir que estes sejam estudados num diálogo qualificado com as fontes decisivas, a fim de que os resultados de tais estudos pudessem qualificar o diálogo entre a Teologia e a sociedade atual. É neste espírito, que cada autor que colabora com este livro, a partir de seus horizontes e áreas de pesquisas, se pôs a escrever trazendo as suas colaborações. Inclusive, por opção e praticidade, cada autor ficou livre para fazer as suas citações, de modo que, metodologicamente lhe ficasse mais familiar. É desse modo que aqui partilhamos com você leitor (a) a coletânea de textos por eles produzidos, sendo os mesmos inteiramente responsáveis pelas suas afirmações!

    José Aguiar Nobre

    Livramento de Nossa Senhora – Vigília Pascal/2022

    Prefácio

    O ser humano, vendo-se inserido no contexto de um mundo materialista, conflituoso e, às vezes sem sentido, procura abarcar essa realidade que o envolve. No entanto, algo de misterioso sempre lhe escapa. Na tentativa de desvendar o mistério da origem e formação do mundo, há quem recorra ao Ser Supremo, que, a partir da perspectiva cristã, chamamos de Deus Trindade. A sua ligação estrutural com a matéria, em geral predominante, faz com que esse ser humano se sinta angustiado e procure se dar conta do seu próprio ser. Mas, como indivíduo portador do mistério, alguns se sabem que a sua plena realização e felicidade efetivar-se-á apenas dentro da coletividade. Em face disso indagamos: como se posicionar diante do mundo? Como saber quem sou, sem me ver na relação com o mundo, com Deus, que é seu princípio, e como ser feliz no conjunto da humanidade? Em torno de questões várias que são frutos de pesquisas em Teologia, observaremos uma gama de ponderações que pretendem favorecer a relação entre Deus e o ser humano hoje.

    O leitor desta obra contará, pois, com pensamentos de vários autores empenhados nesta tarefa. Como sabemos, uma vez escrito, o texto ganha vida própria e, indubitavelmente, o leitor é estimulado a dialogar com os mesmos e a pensar sobre os múltiplos olhares que as reflexões aqui sugerem. Por isso, o grande convite será: descobrir melhor a relação entre Deus e o ser humano hoje. Um hoje que se faz atual em todos os tempos e lugares, pois a indagação será sempre tematizada, isto é, a partir de onde se lê. Sendo assim, podemos dizer hoje, porque a humanidade, pela sua própria condição de finitude, carecerá sempre de uma reflexão sobre a possibilidade de um novo humanismo a partir do Humano Jesus de Nazaré. Somos seres racionais e essa condição nos desafia a um espiralado processo de redescobrirmo-nos como pessoas, como gente que tem uma tarefa na belíssima e longínqua história da salvação. História que é dinâmica, concreta, e que nos desafia a procurarmos uma vivência dentro da ótica da solidariedade, da justiça e da generosidade. Desse modo, a presente reflexão sobre a busca de uma melhor e mais refinada percepção de Deus hoje, possibilitará ao leitor uma vivência dos valores evangélicos. Valores esses que deverão ser talhados por um verdadeiro sentido fraternal que brota do amor cristão.

    Mitos, religiões, filosofias, ciências – exatas, naturais e humanas – foram se sucedendo, se articulando ou se opondo no enfrentamento da questão do existir humano ao longo dos tempos. Cada vez mais entendemos a necessidade de contribuições das diferentes áreas do saber para favorecer a vida digna a todos os seres da criação. As ciências se tornam imprescindíveis para darem as condições de uma vida realizada e feliz. De modo que também a Teologia procura dar aqui a sua contribuição. O Cristianismo, através da vida prática de Jesus de Nazaré, que leva a Revelação divina à sua expressão mais acabada, deverá sempre despertar as consciências para a defesa da vida digna para todos (cf. Jo 10,10). Para tanto se faz necessário sempre reaprendermos a fim de que seja possível uma resposta, consolidada acerca das convicções humanas para as quais o respeito ao diferente deve estar garantido indiscriminadamente. É uma das sus tarefas e vocações da reflexão teológica, a defesa da vida plena. É parte da vocação da reflexão teológica descobrir mais sobre o genuíno amor de Deus a fim de que seja melhor entendido e vivido por todos. Entrando no diálogo com tudo o que a humanidade já pensou a respeito da existência, e continuando nesta dinâmica, a vocação da teologia poderá melhor ser efetivada a serviço da vida. Eis aqui nesta obra uma das perspectivas de ofertas ao leitor. Com múltiplos olhares, com aprofundadas investigações e reflexões, os autores aqui trazem uma visão do Deus cristão em cuja fé revelada é de uma forma sempre mais assimilável e frutuosa. São assim, algumas das reflexões dos autores em cada capítulo da obra.

    Notadamente, o ser humano acumulou uma quantidade de informações e teorias explicativas sobre si mesmo que se enredou num labirinto no qual arrisca se perder. Em vista disso, a fé cristã oferece a possibilidade de uma visão unitária de sabedoria divina que não pode ser desatendida por ninguém. É sobre isso que entendemos a importância aqui tratada de vários modos a fim de que levemos a sério o próprio futuro da humanidade.

    Tradicionalmente, o estudo de Deus e do ser humano sempre se limitava a indagar as fontes da Revelação, alcançando a visão do ser humano que é própria de uma reflexão nitidamente cristã. Hoje, se pede mais: uma reflexão sobre quase tudo o que o ser humano pensou a respeito de si mesmo e do mundo. Confrontada com a Revelação e a Teologia, a presente obra procura dar continuidade às mais variadas possibilidades de uma frutuosa relação entre ser humano e o Deus Criador de todas as coisas. Obviamente, esse ingente trabalho está em vias de execução, sendo uma tarefa aberta para a teologia futura, por isso a insistência na leitura que o título da obra nos sugere: Deus e o ser humano hoje: múltiplos olhares.

    Uma das preocupações é pensar o ser humano tendo como pressuposto e suporte a teologia. Se a fé em Deus revelada em Jesus Cristo é o fundamento da teologia, torna-se impossível pensar na criatura dissociada de seu Criador. Fato é que, com a evolução do pensamento pós-moderno, o ser humano entra na autossuficiência esquecendo-se que é criatura e, se é criatura é um ser corruptível: carrega sobre si uma carência intrínseca que o faz necessitado da presença de Deus.

    A veiculação humana é um instrumento necessário para acontecer a atuação da graça divina; a autocomunicação de Deus com o ser humano acontece independentemente antes Dele ser conhecido, entendido ou possuído. Ao Deus disposto à relação e voltado para o ser humano corresponde à imagem de ser humano, a qual não pode ser adequadamente entendida sem esse mesmo Deus mediante Jesus.

    O grande desafio teológico hoje consiste em apresentar ao ser humano que o desejo de Deus é salvar a todos. E que todo ser humano deve se sentir agraciado por fazer parte do ato criacional pois é convidado a participar da vida divina. A reflexão teológica nos faz ver que é na criação que Deus manifesta a sua misericórdia e o seu amor sem limites. O ser humano sendo centro, tanto da criação como partícipe da graça, torna-se capaz de experimentar esta mesma criação e esta mesma graça. Além disso se torna, por vocação distribuidor dessa graça. Por isso mesmo, o ser humano é o elemento comum e noção elementar na compreensão da antropologia teológica.

    É importante notar que tanto a antropologia quanto a teologia são, na verdade, um pensar sobre o ser humano com todas as implicações cabíveis a este raciocínio. Assim, entendemos a importância da antropologia teológica que nos ajuda a olhar para o ser humano a partir de Deus. Portanto, toda antropologia tem uma perspectiva teológica, e toda teologia é antropológica aqui imbricada.

    Ressaltaremos ao leitor que, se o ser humano é imagem de Deus e Deus é essencialmente Uno e Trino, então o humano só pode ser um ser de relações genuínas com os outros seres da criação com a qualidade de filhos de Deus. Tanto é verdade, que o Papa Francisco, em um fim de tarde, rezando pelas pessoas do mundo inteiro, ao refletir sobre a pandemia da COVID-19 disse: estamos todos no mesmo barco e ninguém se salva sozinho; e ainda: fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda, em que todos estão no mesmo barco, o da Casa Comum, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos¹. O mundo não é uma ficção de coisas, mas vai em direção aos outros, ou seja, o ser humano é um ser de relações. A relação com o outro é um encontro, pois o ser humano não pode construir-se sozinho.

    Por fim, caro leitor, não se pode esquecer, como bem nos orienta o Concílio Vaticano II, que o protótipo e medida de realização do ser humano é Jesus Cristo; Ele é resposta e solução para a problemática humana²:

    A Igreja, por sua parte, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos, oferece aos homens pelo seu Espírito a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima vocação; nem foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser salvos. Acredita também que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e mestre. E afirma, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é Cristo, o mesmo ontem, hoje, e para sempre. Quer, portanto, o Concílio, à luz de Cristo, imagem de Deus invisível e primogénito de toda a criação, dirigir-se a todos, para iluminar o mistério do homem e cooperar na solução das principais questões do nosso tempo.

    Assim, ao perscrutar Deus e o ser humano hoje dentro dos múltiplos olhares, que a obra nos propõe, será necessário procurar caminhos novos na construção de um novo humanismo, sem medo e com renovada esperança. Dessa forma, Francisco, em 21 de novembro de 2015, em seu discurso aos participantes no Congresso Mundial promovido pela Congregação para a Educação Católica com o tema educar hoje e amanhã, uma paixão que se renova, disse: onde não há humanismo, Cristo não pode entrar!

    Portanto, é necessário e urgente a construção da civilização do amor. Termo usado por

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