O livro didático de Filosofia: do senso comum à consciência filosófica
De Vânio Borges
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Sobre este e-book
De um lado, o Estado controla o processo de planejamento e de compra do livro didático, tornando-se uma questão de interesse capital às editoras. Por outro lado, o livro didático é fruto de um determinado contexto cultural, responsável por transmitir também os valores e os costumes dos grupos dominantes, influenciando assim os escolares no modo da apropriação dos conhecimentos, bem como da tomada de consciência filosófica da realidade.
A relação entre Estado e indústria editorial modela uma proposta de formação do sujeito que colabora na manutenção e no controle dos estudantes, por meio do empobrecimento da formação humana mediante o acesso ao processo de escolarização limitado pela dimensão simbólica do livro didático, enquanto agente formador, impondo conteúdos ideológicos previamente selecionados e estruturados.
Portanto, uma maior qualificação profissional do professor é sinônimo de uma prática docente diferenciada, considerando aquilo que é relevante no processo de ensino-aprendizagem e integrando interdisciplinarmente o estudo da Filosofia com as outras áreas do conhecimento, contribuindo para a plena formação do cidadão.
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O livro didático de Filosofia - Vânio Borges
1. O ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
Vale ressaltar que na introdução do livro didático Iniciação à Filosofia, de autoria da Marilena Chaui (2011), lemos que a filosofia está presente na vida de todos. Da mesma forma, ela sempre esteve presente na vida do ser humano, desde um tempo imemorial, anterior às primeiras civilizações. Com o surgimento e o avanço na produção do conhecimento das outras ciências, como, por exemplo, a Antropologia, a História, a Arqueologia, a Sociologia, hoje, identificamos elementos que contribuem na nossa compreensão que dos primórdios do Homo sapiens até as primeiras organizações humanas, em particular, cada atitude individual ou coletiva, cada fenômeno físico ou avanço técnico, cada nova percepção dos meandros da alma humana, foram entremeadas por ações passíveis de análise filosófica.
No bojo da história das civilizações encontramos a civilização grega, na qual, há mais de 2600 anos, despontaram homens preocupados em explicar a realidade, por meio de categorias racionais. Os filósofos da primeira fase da história da filosofia antiga, também conhecidos como filósofos da physis e do kosmos, configuraram um modo do pensar voltado para as questões cosmológicas, propondo-se problemas pelos quais fosse possível identificar a existência de um princípio originário único, categorizando as conclusões em enunciados sobre o ‘princípio’ (arché, em grego) do qual derivam todas as coisas.
Todavia, quando a problemática do cosmos entrou em crise e a atenção passou a se concentrar no homem e em suas virtudes específicas
(REALE; ANTISERI, 2012, p. 24), igualmente nascia a problemática moral. O que isso significa? A fim de auxiliar na nossa compreensão sobre a crise de pensamento instalada na filosofia grega, por volta do século IV a.C., faremos um recorte do todo, mencionando brevemente o problema da educação e o modelo de ensino da época, a partir do embate entre Platão e os Sofistas.
Para que o nosso leitor possa situar-se melhor no contexto da história da filosofia grega, segundo Reale e Antiseri (2012), encontramo-nos na fase que se caracteriza pela formulação orgânica de várias análises pertinentes à filosofia. Por isso, uma das questões em discussão é justamente a construção de um método de ensino que não deturpe o conteúdo daquilo que está sendo ensinado, de modo que seja possível compreender a relação entre o conhecimento e o papel da retórica no ensino.
Assim, passamos a ter dimensão dos embates filosóficos desse período que se colocavam lado a lado com os conteúdos da ética e da política, uma vez que, na concepção da teoria platônica, o agir dos sofistas na Filosofia favoreceria posturas polêmicas, como o relativismo moral ou o uso pernicioso do conhecimento
(PARANÁ, 2008, p. 38). Então, Platão ao criticar o modelo de ensino da sua época, ao mesmo tempo, admitia que a educação dos jovens teria efeito nulo caso não fossem transmitidas as noções básicas das técnicas de persuasão a eles, por outro lado, caso o ensino de Filosofia se restringisse à transmissão de técnicas ao sujeito, a fim de unicamente convencer os demais, por meio de discursos, durante os debates que ocorriam na ágora, inevitavelmente estaria corroborando para o sentimento de estranhamento e para a ausência de conclusões definitivas favoráveis às reais necessidades da sociedade.
Desse modo, devido à amplitude da Filosofia e sua história, a exemplo dos gregos antigos, jamais seremos capazes de esgotar sua produção, seus problemas, sua especificidade e sua complexidade, sem antes entender que o seu ensino nunca fora uma constante, mas palco das grandes discussões, conflitos e interesses intelectuais, socioeconômicos e políticos. Assim, diferentemente das preocupações dos filósofos aos tempos da Grécia antiga, hoje, somos convidados a adentrar as ágoras do nosso tempo e iniciar um processo de discussão com a História, a fim de compreender a real importância da Filosofia para a formação dos sujeitos, bem como para a construção da sociedade, ao mesmo tempo, entendendo o processo de escolarização como meio necessário à construção do conhecimento daquilo que é essencial a ser ensinado às gerações atuais e futuras, de modo que seja possível compreender a relação entre o papel do conhecimento, a luta dos diferentes grupos na construção do conhecimento e o próprio pensamento filosófico para a transformação do sujeito e da