Ensino Compreensivo e Avaliação Formativa:: Não Basta Saber que Seu Filho Está com Notas Abaixo da Média!
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Ensino Compreensivo e Avaliação Formativa: - Enaide Severo de Araujo
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
Dedico este livro a todos os professores que lutam por uma educação de qualidade e emancipatória.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao grande amor da minha vida, Marcelo, principal incentivador. Sempre ao meu lado.
Aos meus filhos estudantes, Ana Julia e João Marcelo.
À minha mãe, Margarida, por me inserir no universo da leitura e da escrita. Apesar do pouco estudo escolar, lê o mundo. Sua vida é exemplo de luta e amorosidade.
Ao meu pai, José Severo (in memoriam), por acreditar nos meus sonhos, para ele, sempre fui doutora.
À minha orientadora do mestrado, Tamara Cardoso André, que, pelo diálogo, me fez enxergar além do que está escrito.
Aos meus amigos, mas, principalmente, ao meu colega de trabalho, César, com quem desenvolvi um trabalho em parceria sobre avaliação da aprendizagem escolar.
À minha sobrinha pedagoga e pesquisadora, Danielle, pelo apoio e inspiração.
APRESENTAÇÃO
De acordo com Sacristán e Perez Gómez (1998), o único motivo para haver avaliação da aprendizagem escolar deveria ser pedagógico. Mas, em tempos de avaliação em larga escala, os papéis e objetivos do avaliador e avaliado sofrem modificações. A tarefa de ensinar, avaliar e intervir de forma didática e pedagógica cabia ao professor em sala de aula, no âmbito da escola. Na atualidade, outros segmentos da sociedade também demonstram interesses nos dados sobre o sistema educacional, sobre o desempenho dos estudantes. Então, os interesses pelo ensino e aprendizagem extrapolaram os limites da sala de aula. E as intervenções não cabem somente ao professor e nem são, somente pedagógicas. Diante da institucionalização da avaliação em larga escala, da amplitude que o acompanhamento dos indicadores sobre o sistema educacional assumiu no Brasil e no mundo, torna-se importante refletir sobre as implicações e possíveis riscos para a qualidade da educação.
Enaide Severo de Araujo
Sumário
INTRODUÇÃO
Capítulo 1
BOM ENSINO: ENSINO ESCOLAR COMPREENSIVO
1.1 O currículo escolar regulador e ordenador
1.2 O ensino pela transmissão cultural
1.3A instituição escolar
Capítulo 2
Avaliação da aprendizagem escolar
2.1 A avaliação como campo de estudos: breve histórico
Capítulo 3
A AVALIAÇÃO NO BRASIL E AS LEIS VIGENTES
3.1 Avaliação em larga escala
3.2 Processo de mundialização da educação e seus reflexos no Brasil
Capítulo 4
OBJETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM COMPREENSIVO E JUSTO
Capítulo 5
POR UMA PERSPECTIVA MAIS HUMANA DE AVALIAÇÃO
Capítulo 6
ESTABELECENDO AS DIFERENÇAS ENTRE AVALIAÇÃO INTERNA E EXTERNA
Capítulo 7
O BRASIL NO PISA E O PISA NO BRASIL
7.1 Qual o tratamento dado pelo brasil aos indicadores disponibilizados pelo pisa?
7. 2 O pisa e a avaliação da leitura
7. 3 O leitor contemporâneo
7.4 A avaliação de leitura do pisa em contraponto ao letramento em leitura baseado na perspectiva Freireana
7. 5 Características dos itens liberados de leitura do pisa
capítulo 8
AVALIAÇÃO DA LEITURA E CONCEPÇÕES DE LETRAMENTO..
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Apresentam-se neste livro reflexões sobre a organização do trabalho pedagógico com foco na avaliação da aprendizagem escolar/qualitativa (LDBN 9.394/96), compreendendo-a como componente importante para promoção de um ensino emancipatório e libertador, baseado em Freire (1970/2014), constituída como forma de acompanhar o processo de aprendizagem do estudante, nunca descolada do processo contínuo e formativo de ensinar. Afinal, qual é a maior finalidade da escola? Ensinar.
A avaliação diagnóstica tão defendida e descrita nos documentos vigentes das instituições de ensino, nem sempre corresponde ao processo avaliativo que acontece na prática, no dia a dia da escola. Não cabe aqui responsabilizar este ou aquele, e principalmente o professor. Não. O que se pretende aqui é provocar discussões sobre a organização pedagógica do processo de ensino, o acompanhamento e possibilidades de intervenção pedagógica na avaliação da aprendizagem escolar em contraponto com o processo de mundialização da educação decorrentes de acordos internacionais, materializados pelo complexo sistema de avaliação em larga escala, ou seja, baseados em testes padronizados e standards.
Reflete sobre as vantagens, desvantagens e riscos da efetivação de um currículo macro, uma vez que as avaliações em larga escala ao produzirem indicadores, fornecem dados que subsidiam as políticas educacionais dos países participantes de acordos mundiais. Ou seja, corre-se o risco de que as escolas passem a ensinar e examinar aquilo que é cobrado nos testes. Bem como, tornarem-se orientadores das práticas didático pedagógicas. Nesse sentido, justifica-se o estudo e reflexão sobre os avanços, a amplitude da institucionalização e regularidade da aplicação dos testes padronizados no Brasil, mais precisamente no que se refere ao letramento em leitura, pois, tais testes externos, baseiam-se em: letramento em leitura e resolução de problemas.
Pretende-se estabelecer uma discussão em torno da temática avaliação da aprendizagem escolar e de práticas de ensino sob forte influência das avaliações em larga escala, uma vez que se busca ensinar aquilo que é avaliado, medido, nos testes. As avaliações em larga escala geram dados sobre os sistemas educacionais, por meio de questionários e testes padrões que avaliam o desempenho dos estudantes. Os resultados do desempenho dos estudantes aliados a dados obtidos via questionários que os responsáveis pelas instituições respondem, formam os indicadores que são fornecidos aos países participantes para que elaborem suas políticas educacionais para melhorar a qualidade do sistema educacional.
Os países e redes de ensino que querem melhorar os índices passam a ensinar o que é cobrado nos testes, conforme aponta Ravitch (2011). Assim, torna-se importante, salientar, fomentar a discussão sobre o que é um bom ensino? Como a avaliação da aprendizagem pode promover um bom ensino? Quais os questionamentos que podem pautar a construção do currículo escolar, do planejamento escolar, das propostas pedagógicas, dos materiais didáticos, das tecnologias, dos instrumentos de avaliação, da recuperação de estudos e principalmente dos planos de ação para superar os desafios didáticos e pedagógicos que interferem diretamente no ensino e aprendizagem.
Busca-se também apontar para os responsáveis como acompanhar o processo de aprendizagem dos estudantes, mediante os dados produzidos pelas avaliações. No dia a dia, como auxiliar seus filhos, ou estudantes sob sua responsabilidade? Seguem algumas análises e sugestões.
Defende-se também o ensino escolar organizado numa perspectiva compreensiva, amparado na Pedagogia Histórico-Crítica, a qual admite como proposta pedagógica curricular a formação integral do sujeito.
Pauta-se numa proposta, na qual o diálogo deve ocorrer em todas as esferas do campo escolar com os atores dos diversos seguimentos da comunidade. Assim, de forma democrática, tanto com a comunidade interna, quanto externa, estabelecendo o diálogo com os que vivem no entorno da escola, na busca do fortalecimento do ensino.
O diálogo como via principal para a organização democrática do espaço escolar e da organização do trabalho pedagógico. De modo a viabilizar o planejamento de ações com os docentes para sistematização dos documentos reguladores e orientadores num processo articulado e interdisciplinar efetivo. De forma que os conhecimentos de um complementem os do outro. Nessa via de mão dupla, a integração entre os profissionais envolvidos é essencial para que os pedagogos possam exercer seu papel no espaço escolar de articulação e suporte pedagógico. Principalmente, abrindo espaço para tratar dos desafios pedagógicos tão presentes no espaço da sala de aula e da escola como um todo.
É preciso criar e possibilitar espaço de diálogo também com discentes na busca de compreender como se dá o processo de aprendizagem por parte do estudante. Momentos coletivos e momentos de diálogos individualizados. Mas, principalmente, momentos de escuta do estudante para compreender a subjetividade e para estabelecer encaminhamentos mais precisos. Entende-se que, uma vez que a instituição está submetida às mantenedoras, estas deveriam pensar e possibilitar ações articuladas com esses objetivos.
Um olhar minucioso sobre o sujeito que aprende e não somente nas metodologias: às vezes o aluno sabe o conteúdo, mas nem tomou ciência que sabe, como já dizia Paulo Freire. E geralmente, após uma boa conversa, ele diz: Ah, era isso! Essa foi uma das formas usada por Sócrates, o Parturejar
, partia de uma pergunta habilmente elaborada para que o sujeito, ao respondê-la, chegasse à verdade, ao conhecimento. Então, há disciplinas e conteúdo que precisam ser explorados na oralidade e que nem sempre são, por inúmeros fatores. Nessa esteira, questiona-se: a arguição, a argumentação, a oratória, não seriam capacidades a serem amplamente desenvolvidas com os estudantes, em sala de aula? A resposta das instituições escolares, dos pais, responsáveis, possivelmente, seria, sim. Mas, as avaliações em larga escala não objetivam tal proposta. Porque geralmente, as questões são objetivas, e só aceitam, como resposta correta, uma única alternativa. Ou, até, podem conter mais que uma resposta certa contemplada, porém a chave para a resposta já está indicada no enunciado da questão, exercendo, assim, um controle, direcionamento sobre a resposta a ser dada. Não cabendo ao estudante avaliado argumentar sobre uma perspectiva diferente. Não possibilita ao estudante dar um novo sentido, ou problematizar, questionar, criar hipóteses etc. O conhecimento do estudante sobre algo, é subjetivo, e não pode ser totalmente captado por testes objetivos.
Cada disciplina ou área do conhecimento tem seu campo de estudo, epistemologias, metodologias próprias de ensino/aprendizagem e que nos últimos anos, impulsionadas pelos avanços tecnológicos, podem utilizar-se de diversos elementos facilitadores do acesso e apropriação dos conhecimentos por parte dos estudantes. Entretanto, nem sempre