Zen e a Arte da MIXAGEM
De Mixerman
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Sobre este e-book
Mixerman treansforma toda a experiêmcia de uma carreira de sucesso em termos compreensíveis e práticos tanto para os profissionais quanto para os amadores. Se você mudar como você pensa sobre mixagem você estará firme no seu caminho em aprender a mixar.
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Zen e a Arte da MIXAGEM - Mixerman
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A MIX E O MIXADOR
A Boa Mix
É meio ridículo definir o que é mixagem em um livro sobre mixagem. Você realmente teria chegado até aqui se você não soubesse o que é isso? Ao mesmo tempo, eu seria, no mínimo, negligente se eu não colocasse essa definição. Então, lá vai:
Uma mix é uma faixa de dois canais - esquerdo e direito - com a apresentação de uma produção, que contém a performance de um arranjo para uma canção.
Vamos aprofundar um pouco mais.
Uma vez que o processo de gravação termina, a produção está pronta para ser mixada. Nosso trabalho é pegar as várias partes individuais gravadas, sejam duas, 100 ou infinitas e depois combiná-las e arranjá-las para criar uma faixa estéreo que será ouvida pelo consumidor.
Dada uma definição tão ampla, é razoável dizer que qualquer um pode mixar. Mas poucos conseguem fazer uma boa mix, o que, provavelmente, é a definição mais relevante para os propósitos deste livro.
Uma boa mix é aquela que traz a produção de uma boa canção para o seu potencial pleno por meio da manipulação efetiva das emoções e do foco, de forma a arrancar uma reação física apropriada e desejada fazendo, ao mesmo tempo, o ouvinte cantar.
É grande, eu sei! Mas é isso que está envolvido em uma boa mix e eu vou dissecar tudo para você. Primeiro você vai notar que eu enfiei o termo boa canção
nessa definição. Tem uma ótima razão para isso.
Se a música for ruim, a mix é irrelevante.
Como eu já te disse, a sua opinião sobre uma canção, não tem a menor importância para a sua qualidade. Existem bilhões de pessoas na Terra, vindas de diversas culturas que escutam música de várias maneiras. Não existe uma música que agrade todo mundo. Na real, qualquer música que nós dois concordemos que seja muito boa (mesmo um sucesso internacional) iria ter muito mais gente que não gostasse do que que gostasse, considerando que pudéssemos inquirir todos os habitantes do planeta.
A questão é que qualquer indivíduo pode detestar qualquer música, mesmo uma que seja adorada por milhões de pessoas. Se alguém não gosta de uma música, independentemente de quão famosa ela seja, a mixagem não tem a menor relevância para essa pessoa. Eles odeiam a música, por que diabos se importariam com a mixagem? Para essas pessoas, tudo na canção é ruim. Dessa forma, é o ouvinte que determina se a sua mix tem relevância e assim, nós, na função de mixadores, precisamos nos esforçar muito, independentemente das circunstâncias. Nosso objetivo continua o mesmo: revelar o potencial pleno de uma produção. Se a música vai ser considerada boa pelos outros, está fora do nosso controle.
Agora, se o ouvinte gosta da música, a mix pode causar um impacto enorme. Por exemplo, se você enterrar o vocal de uma forma que a letra fique praticamente incompreensível, e não for dada nenhuma importância à melodia, você arruinou qualquer possibilidade de tirar algum impacto emocional do ouvinte. Quando chega a esse ponto, realmente, não importa o quão boa a música seja. A boa notícia (para o compositor, pelo menos) é que a sua mix ruim com o vocal enterrado, não tira o potencial da canção. A música pode ser gravada e mixada por outra pessoa no futuro. Uma mix só consegue arruinar a sua própria produção em particular.
Essa é uma distinção importante. Devem existir umas mil produções diferentes de Superstition do Stevie Wonder. Alguma delas faz com que a música seja ruim? De forma alguma. A música continua adorada por milhões de pessoas.
Se você não curte uma música, você vai mesmo avaliar a mixagem? Esse pode ser o caso de alguns audiófilos, mas peraí! A maioria deles não têm a menor noção das coisas e eu tenho certeza de que eles não escutam música, eles escutam som. A gente tem de abominar esse pessoal como nada mais do que uma anomalia. Para a maioria de nós, a única coisa que importa é a música em si. Se a música arranca uma resposta emocional, então nós a apreciaremos; se não, não. A mix e a produção só irão intensificar a resposta emocional causada pela canção. Nós estamos mixando música, não estamos mixando mixes. A mix nem existe sem uma canção, uma produção e uma performance.
Canção, produção e performance
Ao contrário das artes visuais, a música decorre ao longo do tempo. Eu consigo olhar para uma pintura e apreciá-la praticamente em um instante. Lógico, eu vou querer ter um tempinho para digerir todos os detalhes, mas a pintura inteira se apresenta no instante em que eu olho para ela. Uma canção se revela ao longo do curso de vários minutos e uma boa canção precisa conduzir o ouvinte ao longo do tempo. Enquanto uma pintura preenche espaço, música preenche espaço e tempo.
Você pode se lembrar de uma pintura, mas a maioria dos detalhes serão perdidos. Com uma canção não é bem assim. Você pode pensar em uma música conhecida e quando você perceber, já vai ter uma orquestra inteira na sua cabeça. Tente fazer isso. Lembre-se da sua música favorita e toque-a na sua cabeça (aperte o botão com o triângulo verde). Você vai conseguir se lembrar do arranjo completo.
Agora, lembre-se da Mona Lisa. Não é a mesma coisa, ahn? Com certeza você consegue se lembrar da Mona Lisa, mas não consegue o mesmo impacto que teria se você fosse ao Louvre. A música que toca na sua cabeça pode causar uma resposta emocional em poucos instantes. Se você imaginar uma produção conhecida, você conseguirá ouvir
todas as partes. Faria até mesmo você dançar enquanto canta. Você irá cantar os contrapontos e as partes de bateria, você vai reger se for música clássica, você vai tocar air guitar se for rock. Você irá acompanhar tudo que você gostar na música a partir da sua