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Um Caminho De Segredos
Um Caminho De Segredos
Um Caminho De Segredos
E-book335 páginas4 horas

Um Caminho De Segredos

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Sobre este e-book

Alicia Feller é uma adolescente de 17 anos, que vive uma vida normal ao lado de sua mãe Maya Feller e sua melhor amiga Selena Lins. Alicia verá sua vida mudar radicalmente no dia em que tromba com Téo Vertelli, que é muito mais que um simples cara bonito para se apaixonar. Alicia descobrira segredos com o passar do tempo que mudaram para sempre o rumo de sua vida... Ela terá que enfrentar os seus medos e se tornar forte para encarar batalha que virá.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de jul. de 2015
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    Um Caminho De Segredos - Aimê Rodrigues

    1

    Trilogia Segredos negros

    Livro 01

    Um caminho de Segredos

    Aimê Rodrigues

    2

    Sinopse

    Alicia Feller é uma adolescente de 17 anos, que

    vive uma vida normal ao lado de sua mãe Maya Feller e

    sua melhor amiga Selena Lins. Alicia verá sua vida

    mudar radicalmente no dia em que tromba com Téo

    Vertelli, que é muito mais que um simples cara bonito

    para se apaixonar. Alicia descobrira segredos com o

    passar do tempo que mudaram para sempre o rumo de

    sua vida... Ela terá que enfrentar os seus medos e se

    tornar forte para encarar a batalha que virá.

    3

    Dedico este livro aos meus pais, irmão e a Deus, e

    claro, ao meu namorado, que me impulsionou a terminar

    de escrever este livro, e assim começar a contar esta

    emocionante historia de amor de Alicia e Téo. "Amor

    saibas que me inspirei em nosso amor, para fazer o amor

    deles, o mais forte possível". Gostaria também de dedicar

    este livro ás minhas doces férias de dezembro, porque foi

    onde tudo começou, e as madrugadas frias, ora quentes

    em que eu fechava os olhos imaginando cada cena

    emocionante dessa história para poder conta-la com

    detalhes. Agradeço ademais, aos meus sonhos, porque

    bem, eu sempre fui uma grande sonhadora...

    Obrigada senhor por tornar possível o meu sonho.

    4

    Capítulo 01

    Escuto o tic tac do relógio, mas me recuso a abrir

    os olhos e despertar-me deste sonho tão lindo, sonhar

    com o meu pai é sempre algo tão bom, mas esse relógio

    continua a insistir no seu tic tac, então eu resolvo abrir

    os olhos e me levanto um pouco sonolenta, mas antes de

    bocejar, meus olhos encontram o meu relógio vermelho e

    antigo sobre o criado mudo e eu faço uma careta para

    ele, porque já passam das 9h da manhã, e eu estou

    atrasada para o curso de férias. Hoje é Sábado, e lá fora

    o sol já esta brilhando do jeito que eu gosto. Minha mãe

    sempre se aborrece quando eu me atraso, mas para a

    minha sorte hoje ela iria sair mais cedo do que eu.

    A culpa do meu atraso é do meu trabalho de

    historia, porque fiquei navegando em sites tentando

    concluir pesquisas sobre ele ontem à noite. Minha mãe

    praticamente me obrigar a ir esse curso de férias, essa

    duas palavras juntas, soam terríveis, curso de férias é

    sempre tão chato, eu odeio ter que ir a escola nas férias,

    5

    a única coisa que salva este curso, é o fato de Selena

    estar lá.

    Eu posso sentir o meu corpo com formigamentos

    de sono, mas eu tenho que correr, o curso começou as

    8h30. Pulei da cama e fui em direção ao banheiro, me

    espreguiçando toda e colocando a primeira camiseta que

    achei pela frente, peguei um jeans escuro que estava

    sobre a poltrona e o coloquei, penteei os cabelos, e

    olhando-me no espelho, vejo que o meu cabelo

    definitivamente é um rebelde sem causa, ele é escuro e

    bem comprido com ondas que caem sobre o meu seio.

    Fiz um coque meio desajeitado e sai correndo em direção

    à porta, peguei minha mochila e fui para a escola

    pedalando minha bicicleta azul velha, que tenho desde

    os 10 anos, eu a ganhei em uma rifa de natal, e a adoro,

    na cesta branca da minha bicicleta eu sempre coloco o

    meu celular. A escola fica a duas quadras de casa, é

    uma escola grande e com um gramado imenso, e de

    dentro da sala eu consigo enxergar os montes altos e

    verdes, tem dias que há nevoa, mas hoje há apenas

    nuvens.

    Cheguei à escola. Hoje tenho aula com a

    professora Milena, ela até que é legal, mas ela ministra

    6

    aulas de Sociologia, uma matéria um pouco chata para

    se aprender em um sábado de manha, mas em todo

    caso, conhecimento é sempre bom, eu acho.

    Abro a porta da sala e entro quieta para não ser

    notada, mas que droga, ela já havia começado a explicar

    o tópico de hoje, eu me sentei ao lado de Selena que

    sorriu para mim, Selena é minha melhor amiga, ela é

    loira e tem cabelos curtos, deve ter 1,75 no mínimo,

    porque ela é bem mais alta do que eu, Selena tem olhos

    azuis e também é muito clara, eu sou branquinha, mas

    Selena é quase pálida, além de ser bem magra mesmo.

    Sorri de volta para Selena, mas é claro que a professora

    me olhou com um olhar estranho do tipo "você esta

    atrasada sua idiota". A professora sorriu docemente, ela

    está usando um lenço verde, que não está em harmonia

    com a sua camisa mostarda de bolinhas.

    — Aconteceu alguma coisa com você Alicia?

    Parece nervosa. — a professora Milena falou para mim

    — Não, eu apenas me atrasei um pouco

    Professora, me desculpe. — eu apertei minhas mãos, eu

    odeio quando todas as pessoas parecem me olhar.

    Uma voz lá no fundo gritou.

    7

    — Deve estar com cólica menstrual, porque você

    parece inchada Alicia!

    — Cale-se Ellen, ou você irá pra fora, que

    importuno! — a professora Milena a repreendeu.

    Eu estou vermelha de vergonha e de raiva, e

    neste momento eu gostaria muito que a Ellen tropeçasse

    ao sair da sala e caísse de cara no chão, quebrando no

    mínimo dois dentes. Eu não sou vingativa, e também

    não gosto de desejar o mal às pessoas, mas a Ellen já

    esgotou o amor ao próximo que eu tinha por ela, e isso

    faz dela o pesadelo dos meus dias.

    Ellen é uma garota estupida e mimada, além de

    alta, magra, olhos azuis e cabelos ruivos e sedosos, e

    bem acho que o valor que ela gasta com o salão para

    hidratar os cabelos iluminados dela me serviria para

    comprar um carro importado. Gostaria de saber o

    porquê de ela me perseguir desde o primário, Ellen é

    rica e bonita, dois atributos que me faltam, além de

    silicone nos seios é claro, apesar dos meus seios já

    serem fartos e eu ter certo pânico de anestesia. Pareço

    estar começando o dia mal hoje, por favor, que o meu

    dia melhore, eu disse para mim mesma enquanto

    8

    fechava os olhos com bastante força. Olhei para a

    Selena e a cutuquei.

    — Não posso ir com você ao shopping, vou

    trabalhar hoje à tarde no timer.

    — Mas você me disse que hoje era seu dia de

    folga. — Selena disse.

    — É, mas o senhor Oliver não gostou muito da

    ideia. Vamos sair à noite, que tal? — perguntei.

    — Ótimo. Á noite nós saímos! E porque você se

    atrasou hoje?

    — Estava terminando o trabalho de historia, um

    saco.

    — Eu nem comecei ainda o meu, acredita?

    —Shiiiiiu! Quietos! — a Professora Milena gritou

    para a sala, mas depois o seu olhar estava em nossa

    direção, abaixei a cabeça e me foquei no livro aberto

    sobre a minha carteira.

    Não tenho escolha a não ser ficar quieta durante

    toda aula, fiz as minhas lições em silencio, apesar de

    algumas vezes a Selena ter me cutucado com o lápis, e

    9

    eu com muito custo a ignorei por medo de ser

    repreendida. A aula de sociologia terminou, vou para o

    laboratório de ciências, porque eu preciso terminar

    alguns trabalhos para entregar no começo das aulas.

    O tempo passou tão rápido e já são 12h, preciso

    ir logo embora, porque eu entro á 13h para trabalhar no

    Timer café, arrumei minhas coisas, me despedi da

    Selena e sai. Caminhei até a minha bicicleta que estava

    no pátio de bicicletas, que fica bem ao lado do pátio de

    carros, e a maioria dos alunos vem de carro, inclusive a

    Ellen que vem com um conversível vermelho. No

    caminho eu coloquei as mãos no bolso e percebi que eu

    havia esquecido o meu celular na sala, corri de volta

    para a escola, e fui até o laboratório, e o meu celular

    estava sobre a mesa, eu o peguei e dei um suspiro de

    alivio por encontra-lo, porque perdê-lo seria terrível, eu

    o comprei faz apenas três meses, e com muito custo

    guardei o dinheiro para compra-lo.

    Sai apressada em direção ao corredor, e quando

    cheguei ao corredor, trombei com um homem, mas

    antes que eu encontrasse o chão, ele me segurou em

    seus braços enquanto me olhava com uma cara de

    10

    assustado, como se eu fosse uma assombração,

    definitivamente meu cabelo deve estar bem bagunçado.

    Ele é alto, deve ter provavelmente 1,85, tem um

    corpo forte e definido, seus músculos ficam marcados

    em sua camiseta preta, seus cabelos e olhos são negros,

    e sua pele é clara, mas um pouco bronzeada, ele está

    usando uma calça jeans escura, e botas, e também está

    segurando uma jaqueta de couro preta na mão, ele

    parece um modelo de tão lindo. Seu olhar encara o meu,

    e parece de fato desvendar os meus segredos, e isso me

    deixa sem jeito. Desvio o olhar para baixo quando me

    dou conta que eu o observei demais. Olho novamente

    para ele quando ele me solta, e ela está passando a mão

    pelos cabelos e os deixando todo bagunçado, então me

    dou conta que estou novamente olhando-o paralisada.

    Pisco e ele já havia ido para longe sem dizer nada, ao

    menos oi ou desculpa.

    Ele entrou na secretaria, e vi apenas o seu vulto

    partir. Que estranho, e nossa que cara mal educado,

    nem se quer me pediu desculpas, mas vamos Alicia,

    pare de pensar no cara bonitão, porque já são 12h40. E

    bem, o senhor Oliver detesta atrasos.

    11

    Chegando à entrada da lanchonete, abro a porta

    de vidro e entro. Lucia Oliver, mulher de Jack me olhava

    atentamente. Ela estava com os cabelos quase grisalhos

    presos.

    — Olá Alicia, como passou a noite? Houve algum

    problema? Parece cansada. — a senhora Oliver disse

    enquanto contava algumas notas no caixa.

    — Passei bem senhora Oliver, é que eu vim

    correndo da escola até aqui. — respondi arrumando meu

    cabelo que estava todo bagunçado.

    A senhora Oliver parou de contar as notas e me

    olhou com cautela, e então disse.

    — Entendi, mas pegue o avental querida e ajude-

    me a atender as mesas, hoje está bem movimentada a

    lanchonete. — ela disse apontando para o avental em

    cima do balcão.

    Eu sorri. — É pra já senhora Oliver, estou pronta

    para começar a servir rosquinhas e café. — caminhei em

    direção ao avental azul, e o coloquei.

    A senhora Oliver sorriu, e isso me deu um grande

    alivio, porque não quero perder o meu emprego, tenho

    12

    planos de juntar dinheiro suficiente para comprar um

    carro, simples, mas que seja meu, eu pensei em uma

    caminhonete azul ou preta. Comecei a servir as mesas, e

    hoje realmente à lanchonete está bem movimentada.

    Depois de um tempo parei para comer um misto quente

    e depois continuei a servir as mesas, e as limpa-las e

    atender os clientes também.

    O dia está passando rápido, já são quase 16h da

    tarde, e a lanchonete fecha às 18h, tem apenas algumas

    horas para que eu vá embora.

    Estou levando um café ate uma mesa para um

    casal, e quando olho em direção á porta, reviro os meus

    olhos e faço uma careta, é a Ellen que entrou pela porta,

    lá vem ela com aquela risada alta e escandalosa que é

    inconfundível, pobres ouvidos destas tolas garotas que

    lhe servem de marionete, a Ellen consegue ser o triplo

    do significado da palavra irritante.

    Ela se sentou e me olhou com aquele olhar de

    bruxa e disse.

    — Alicia me traga um suco de laranja natural e

    sem açúcar pra manter meu jeans 34. Você deveria

    seguir minha dica queridinha, e não exagerar no doce,

    13

    porque eu juro que parece que você já esta usando o

    número 40 neste teu jeans sem marca. — ela disse

    batendo palminhas.

    Franzi a testa e olhei pra ela com o olhar mais

    mortífero que eu pudesse lhe arremessar, minha

    vontade era de arrasta-la para fora da lanchonete e tirar

    todo o seu pó compacto com muitas bofetadas. Porque

    ela me persegue? Garota nojenta e estupida, porém não

    vale a pena perder o meu emprego por ela. E estas

    palminhas? Que garota infantil, deveria estar no

    primário. E meu jeans não é sem marca, é da Calvin

    Klein, comprei em liquidação, no verão passado. Respirei

    e a respondi de forma educada, depois que percebi o

    olhar do senhor Jack em minha direção.

    — Ok! Mais alguma coisa? — minha voz é calma.

    Ela me olhou com cara de deboche e depois

    cochichou com suas amigas, e abriu um sorriso largo,

    com seus dentes brancos de clareamento, aposto que é

    clareamento, não existem dentes tão brancos assim.

    — Não, a proposito e a sua cólica? — Ellen

    perguntou.

    14

    As amigas dela riram com a piadinha infeliz, mas

    eu gritei para o meu subconsciente que eu preciso me

    controlar, ela não passa de uma garota que gosta de

    chamar a atenção, e quem gosta tanto de chamar

    atenção, na verdade é um alguém solitário e carente. Sai

    andando sem dizer nada e caminhei ate o balcão da

    cozinha com o pedido dela anotado, eu realmente queria

    ser abduzida dali naquele momento, por que ninguém

    merece respirar o mesmo oxigênio que ela, garota fútil!

    Mas falta pouco para as 18h e logo menos eu

    estaria em casa, e depois de um banho relaxante estarei

    planejando os meus planos para hoje à noite, porque

    normalmente eu e a Selena saímos para nos divertir, ela

    é minha melhor amiga, minha única amiga, mas a

    melhor que eu poderia ter.

    O senhor Jack me chamou, me tirando dos meus

    pensamentos.

    — Alicia o suco de laranja da senhorita Ellen. —

    ele disse e me olhou com os seus olhos castanhos fixos.

    — Vou leva-lo para ela, e já volto aqui para pegar

    as rosquinhas da mesa 10. — e sai disparada com o suco

    15

    da mimada na mão. Coloquei o suco sobre a mesa dela,

    e ela nem me olhou, menos mal.

    Peguei as rosquinhas do balcão e levei até a mesa

    10, e bem, o cara da mesa 10 não é estranho para mim,

    depois de olha-lo melhor, percebo que é o mesmo cara

    que eu trombei hoje na escola, eu coloco as rosquinhas

    sobre a mesa dele e sorrio para ele.

    — Mais alguma coisa? — pergunto.

    — Não. — ele disse secamente olhando um livro.

    — Eu acho que trombei com você hoje na escola.

    — murmuro tímida.

    — Eu não me recordo, se eu precisar eu chamo.

    — ele disse dando um gole no suco enquanto deu um

    breve olhar para mim.

    Breve o suficiente para ser o nosso olhar, o

    mesmo olhar que compartilhamos mais cedo, é como se

    já nós conhecêssemos, é como se o olhar dele fosse tão

    intenso, que me desnudava a alma, meu coração estava

    acelerado apenas ao observar o movimento dos seus

    lábios. Ele continuou a ler o livro, como se eu não fosse

    16

    nada ali parada, então me toquei que ele estava me

    ignorando.

    — Você precisa ser tão grosso? — não consigo

    esconder minha irritação.

    — Você está sendo invasiva! — ele disse sem ao

    menos olhar para mim

    — Invasiva eu? Ok! Desculpa senhor. — saio

    andando apressada.

    Esse cara é um idiota, na verdade um total

    idiota, ele me chamou de invasiva só porque eu lhe fiz

    uma pergunta, que cara de mal com a vida, pronto, esta

    é a definição dele, de mal com a vida. Passei algum

    tempo pensando na grosseria daquele cara, qual será o

    seu nome? E o que ele faz aqui em Bellevue.

    Graças a Deus o relógio marcou 18h e eu vou

    embora para casa, fui até o balcão e tirei o avental e

    aproveitei para guardar alguns copos no armário da

    cozinha, depois caminhei em direção à porta dos fundos

    para me despedir do senhor e da senhora Oliver,

    encontrei eles amassando a massa para fazer roscas.

    17

    — Vou embora senhor Oliver, já passam das

    18h. — acrescentei com um sorriso tímido. — E a partir

    de segunda, eu vou poder trabalhar apenas meio período

    novamente durante a semana, espero que isso não seja

    um problema, já que as aulas iram retornar.

    O senhor e a senhora Oliver se olharam, e o

    senhor Oliver me disse.

    — Tudo bem Alicia, já sabemos disso, não se

    preocupe.

    — Obrigada senhor Oliver, então já vou indo e

    Bom final de semana. — acenei para eles colocando a

    chave da cozinha sob a mesa.

    — Bom final de semana Alicia, Juízo hein

    querida. — disse a senhora Oliver com um aceno e um

    sorriso doce. Eles são pessoas boas, gosto muito deles.

    Quando abri a porta da lanchonete eu pude

    sentir a brisa fresca que pairava sobre o meu rosto,

    fazendo com que os meus cabelos ficassem bagunçados,

    mas eu não me importava, o simples fato de sentir essa

    brisa fresca alivia toda a tensão que passei durante todo

    o dia, alivia o meu eu, o vento parece lavar minha alma.

    O arrepio que a brisa me causa me faz bem,

    18

    definitivamente me faz bem, talvez eu devesse ser um

    pássaro, para voar em meio á brisa. Queria ter asas,

    queria voar, e voar alto e ver tudo lá de cima.

    Capítulo 02

    A minha casa estava trancada e com as janelas

    fechadas, sinal que a minha mãe está trabalhando

    ainda, minha mãe com toda certeza é explorada pelo seu

    chefe, o engenheiro Baltazar, ele deveria pagar a ela o

    triplo do que ele paga, porque tudo o que ele vai fazer,

    ele precisa dela, na verdade ele não vive sem ela. Entrei

    em casa e corri direto para o meu quarto, tirei a minha

    roupa e liguei a ducha.

    A água bem quente caia sob o meu corpo,

    comecei a me ensaboar e a pensar no quão rápido

    passou as férias e nossa logo menos eu irei terminar o

    3° ano, e poderei finalmente pensar em qual curso

    escolher, talvez eu opte por Medicina ou Direito, ou até

    19

    mesmo química, mas ainda estou muito indecisa sobre

    este assunto, apesar de que a minha única certeza é que

    terei que partir, para estudar.

    Terminei de tomar banho e me enrolei em uma

    toalha, fui para o meu quarto, sentei-me na cama e

    comecei a secar o cabelo, mas escutei o meu celular

    tocar e corri para atendê-lo. É a Selena! E eu dei

    pulinhos de alegria por dentro, já era hora dela me ligar

    contando os planos para hoje à noite, quem sabe comer

    uma pizza naquele lugar bacana que nós duas fomos

    semana retrasada, ou então ver um filme bem legal com

    pipoca e Coca-Cola em casa.

    — Oi amiga — atendi entusiasmada.

    — Oi amiga mais linda de todo o universo, tenho

    planos para hoje, e nem por um milésimo de segundo

    pense em arruiná-los. — Selena bufou.

    Eu suspirei quando ela terminou de falar, algo

    não está me cheirando bem.

    — Primeiro que eu sou a sua única amiga, então

    você não tem outras para comparar a beleza, e segundo

    que seus planos não devem ser tão bons, pelo seu tom,

    ou estou enganada Selena Lins? — indaguei.

    20

    — Ó não amiga, sem duvidas você é a mais linda.

    Quanto aos planos, não tem nada demais, mas claro que

    se você não contar nada pra ninguém, não seremos

    presas. — ela riu e acrescentou. — Iremos ao cinema em

    Seattle apenas.

    — Selena me explique melhor essa historia de

    cinema, seus pais iram nós levar, pegaremos taxe, ou

    ônibus? — perguntei.

    Se os pais da Selena nos levar, não seria uma má

    ideia ir para lá, gosto de Seattle. Mas ir de ônibus está

    fora de cogitação, é terrível e traumatizante para mim,

    porque eu me lembro de uma vez que eu e Selena

    ficamos perdidas enquanto íamos á uma liquidação da

    Victoria’s Secret em Seattle, foi aterrorizante andar por

    ruas desconhecidas sozinhas e perdidas.

    — Quase isso amiga. Meus pais foram pra uma

    reunião e passaram a noite lá, e o carro esta na garagem

    abandonado, pedindo por uma voltinha, estou com pena

    dele.

    — O que? Você não pode estar falando serio!

    Desculpe amiga, mas devo te lembrar de que você não

    tem uma permissão para dirigir. Sabe a carteira de

    21

    motorista, pois é você não tem uma, você já foi

    reprovada duas vezes, e eu ainda não tirei. — alterei

    minha voz.

    — Ninguém precisa saber Alicia. — Selena disse.

    — Não e não. Nós podemos pegar um taxi e ir ao

    cinema aqui mesmo em Bellevue, ou ficar em casa o que

    é economicamente mais viável. — bufei.

    — Para de ser controladora e educadamente

    certinha por uma noite Alicia, além do mais, preciso de

    um namorado, e com certeza em Seattle vou encontrar

    um. Por favor, amiga, seja legal.

    — Não Selena, se teus pais e minha mãe

    descobrirem vão nós deixar de castigo eternamente, frise

    o eternamente.

    — Eles nunca vão saber. Ás 20h30 te pego, beijo,

    amo você gatinha, não pule pra trás hein Alicia.

    Selena desligou antes que eu pudesse realmente

    dizer a ela que não, isto é uma loucura ilegal. No fundo

    eu

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