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O Jihad Do Profeta
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E-book333 páginas4 horas

O Jihad Do Profeta

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Sobre este e-book

Finalmente as hordas religiosas do Profeta-Messias Malak-Al-Hak II saem pelo universo dos homens. Invadem um a um dos planetas colonizados pela humanidade. Não há inocentes em parte alguma. Há somente duas opções: converta-se ou morra! Nem mesmo a poderosa frota da Federação consegue deter o fanatismo dos seguidores do homem que é chamado de o Olho do Tempo e o Predador que Uiva na Colina . Malak tem como objetivo tomar a Terra e destronar os senhores da humanidade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de out. de 2012
O Jihad Do Profeta

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    O Jihad Do Profeta - Paulo Lucas

    PRÓLOGO

    O calendário padrão da humanidade registra a data de 15 de Março do ano de 2787. Passaram-se apenas três anos após o Messias-Profeta Malak Al-Hak II ter tomado o planeta Soma com suas legiões de soldados fanáticos. Após o atentado no qual sua esposa morre, o Profeta se dedica de corpo e alma a consolidação de seu domínio planetário. Através de uma política de bem-estar social bem planejada e a arte de governar através da distribuição de riquezas, o Profeta conquista uma lealdade fanática de seus subordinados. Deve-se frisar o fato que Malak instaura nos somanianos um espírito de pertencer a algo importante, e isso surte resultados fantásticos em meio a uma população que até então tinha sido tratada como cidadãos de segunda classe pelos outros habitantes da Federação de Povos da Humanidade.

    Após derrotar as forças federativas na qual foi chamada a Batalha de Soma, Malak e seus generais passam a treinar suas legiões tendo em vista uma possível jornada de batalhas através do universo. De posse de um tremendo dom de presciência e o Livro Dourado do Jihad, Malak e somente ele está a par de todos os movimentos das forças da combalida federação. Inúmeras vezes o Ditador Kao Chiang envia cruzadores de batalha à órbita de Soma, mas como antes, é miseravelmente obrigado a retroceder por causa dos satélites alienígenas que Malak trouxe de HR6998, que foi deixado por seus ancestrais.

    Baseado em seu sucesso como governante e líder das massas, Malak sente que chegou a hora de sair de Soma e varrer o universo com o seu jihad. Cumprindo assim uma profecia há muito feita pelo primeiro profeta Fábio Rubino. Diariamente, o Profeta que agora tem vinte e dois anos assiste o mar de uniformes camuflados e turbantes verdes manobrar nas vastas planícies ensolaradas de Soma.

    Por causa do bloqueio de Soma pelos satélites alienígenas, a Federação sente uma terrível escassez do cristal Kurba, o mineral energético utilizado nos motores de dobra das espaçonaves. Sem o cristal, a indústria, o comércio e a produção de energia basicamente começavam a entrar em colapso. Sendo o planeta Soma o único lugar no universo onde se pode extrair o cristal Kurba em abundância, o Profeta possui um poder de barganha incalculável para negociar com os poderosos da Federação.

    Por causa da escassez energética proporcionada pelo cristal, em todos os mundos começam a pipocar as vozes dos descontentes com o governo de Kao Chiang. Sem seus antigos colegas que formavam o grupo dos Cinquenta Ditadores; Kao se mostra um governante fraco e indeciso que constantemente tem que fazer uso de sua máquina militar e do terror para se manter no controle da situação. Isolado em sua propriedade no paradisíaco Hope, o amedrontado tirano suspeita da própria sombra com medo de um atentado contra sua vida. As intrigas e os delatores se espalham como cupins pela estrutura da Federação e, muitos perdem a vida pelos motivos mais banais. A temível polícia Segurati de Kao é o único motivo, que o livrou de ser morto pelos corruptos membros do parlamento e do Partido PRUH.

    Tudo isso já era esperado pelo Profeta, que sabe que quanto maior for o caos no meio da população, mais fácil será para ele entrar com suas legiões de tropas nos mundos da Federação.

    Ano 1 a SJ.

    Um ano antes do Santo Jihad

    1

    Com tuas mãos tu constróis uma parede entre a realidade do mundo e o teu coração. Com tuas mãos tu constróis uma parede entre a dor e a tua alma. Mas as lágrimas que escorrem de teu rosto, é um dique que se rompe numa torrente de águas arrasando tudo isso. Denunciando o teu verdadeiro estado de espírito.

    Trecho do Dimáh, o Livro das Lágrimas. Bíblia Católica Zen-Cristã.

    Afoita, a menina loira de três anos e meio correu até o homem jovem sentado sob a tapeçaria. Um homem que parecia estar imerso em um transe profundo. Com uma mãozinha robusta ela segurou na jaqueta dele o chacoalhou, mostrando uma força muito grande para a pouca idade. — Papai! Papai, acorde!

    Após alguns segundos, Malak saiu do transe e abriu os olhos e se deparou com o rostinho preocupado de sua filha Danielly. Um rosto que dolorosamente lembrava Guida a mãe dela. Ele sentiu as profundas feridas emocionais se abrindo novamente no coração. Danielly abriu os bracinhos e abraçou o pai, e Malak a aconchegou junto ao peito. O Profeta olhou para o portal aberto na rocha. Tentou saber como é que a menina escapara da avó, encontrando-o no local predileto de meditação.

    Mantendo a menina apertada contra seu peito, Malak passou os olhos pelas rochas e a selva de Fuad lá embaixo. Fora aqui neste mesmo local que Guida se declarou apaixonada por ele. Foi aqui mesmo que ele jurou lhe dar um filho. E o resultado daquele amor era essa doce menina loira que o abraçava. Ele fez um esforço inútil para conter as lágrimas que desceram pelo rosto.

    Danielly, Jefferson e muitas outras crianças rubínicas eram as primeiras gerações nascidas após a libertação da escravidão. Seria as primeiras gerações de pessoas livres do conhecido ardor da chibata dos antigos opressores de Soma.

    Mas, havia o Jihad! E já estava chegando como um fogo abrasador que arrasaria o universo humano. Com pensamentos sombrios, o Profeta sabia muito bem que se tornou algo que não poderia voltar atrás. Não havia retorno. O doce e pacato jovem Alexandre de Iliriate deixara de existir há mais de três anos! Em seu lugar, e devido às circunstâncias da luta pela liberdade de seu povo, havia surgido um Profeta. Surgiu um líder comandando milhões de soldados. Um homem que ao mesmo tempo era líder político e um ícone religioso. O terrível casamento entre a política e a religião.

    Ele sentiu como se seu antepassado Fábio Rubino o recriminasse no interior da mente: Quando a política se casa com a religião, o resultado é um número muito grande de pessoas mortas.

    Mas dentro do espírito do homem que agora se chamava Malak Al-Hak II por opção, um doloroso conflito o ruía. Ele não gostava do que havia se tornado. Por outro lado sentia que isso era uma necessidade. No fundo sabia que não haveria mais volta! Cansado, e ainda abraçado a sua filhinha, sabia que tinha as mãos sujas de sangue. Sabia plenamente que perdera a inocência para sempre. Havia experimentado do fruto proibido. Em meditações como estas no complexo montanhoso de Berkeley, Malak desejava nunca ter se tornado o terrível Profeta-Messias Malak Al-Hak II. Era em um momento como este que se lembrava de uma antiga visão. A dolorosa visão dos escravos nus marchando para os fornos de cremação nos campos de extermínio no continente Corys. Uma visão que invadia a mente como a poderosa força de uma torrente de águas. Corpos pálidos e macilentos apontando os dedos acusadores para ele dizendo: Salve-nos Meshacheirer! Salve-nos pelo amor de Deus!

    Como queria escapar do destino! Voltar à sua vida anterior, que era controlada desde o café da manhã ao jantar. Sempre cercado de mimos e cuidados da família poderosa. Mas, agora tudo isso acabara. Milhões olhavam para ele em busca de conselho e inspiração. Ele tinha que ser um exemplo para muitos. Em sua visão presciente o Jihad pulsava mais do que nunca. A imagem dos milhões de mortos era realmente muito nítida.

    Um vento frio veio da direção do mar Sunshine, lá bem longe, onde ficava a região da extinta cidade de Dora. Agora um enorme campo de ruínas onde animais faziam sua morada. Onde as aves noturnas trazidas da Terra piavam tristemente em busca de alguma presa. Malak se lembrou de uma passagem da Bíblia Católica Zen-Cristã: "Dos paredões rochosos carcomidos pelo tempo; como um mocho eu gritei em busca do meu Deus. Como uma coruja noturna a minha alma piou pela imensidão dos vales. Em busca de alívio nas correntes frias do vento noturno".

    Com a pequena Danielly no colo, Malak andou na direção da abertura do paredão rochoso. Ao vê-lo, as sentinelas ficaram em posição de sentido. As luzes amareladas do corredor cortado na rocha pintavam suas faces num cansativo tom amarelado. Olhos cansados da vigília noturna piscaram fanaticamente; olhando enquanto o Profeta-Messias se afastava.

    Na mente de Malak, as visões turbilhonavam em diversos futuros possíveis. E num desses futuros a sua própria filha seria o motivo de sua morte. Numa visão embaçada, Malak via um rosto jovem erguer um punhal ensaguentado. Um rosto de um jovem que ele não conhecia ainda. Ou iria conhecer. O rosto jovem dizia numa careta triste: Desculpe-me pai... Mas eu tive que fazê-lo!Assombrado por tais visões, Malak pensou consigo mesmo: Devo estar cansado... Minha mente está me pregando peças!

    Quando virou em um corredor, Clarice sua mãe vinha esbaforida preocupada com Danielly. — Oh, Deus! Alex, Danielly fugiu do dormitório... Oh, ela está com você! — o longo cabelo louro de Clarice caía solto e por cima do roupão de seda branca.

    Malak beijou Danielly no rosto. — Meu bebê, você precisa ir com a vovó, está bem?

    A menina se aconchegou no colo, e colocou a cabecinha loira no ombro do pai. — Papai, eu quero ficar com você.

    — Eu sei bebê. O papai promete que vai passear com você amanhã, está bem?

    Danielly bocejou sonolenta e ergueu os bracinhos para a avó. Malak olhou para mãe e viu um olhar de preocupação ali. De fato ele descansara muito pouco ultimamente. Os olhos de Clarice estavam cheios de reprimendas, mas não disse nada ao filho. Ela finalmente pegou a neta no colo e a levou para dormir. Malak sabia que o trabalho estava apenas começando, passaria a madrugada falando com conselheiros e recebendo subordinados.

    Enquanto Malak conversava com alguns membros de sua equipe burocrática, um correio chegou com uma mensagem do seu agente Morvel. A mensageira era uma moça morena escura e magra. Ela fez uma mesura respeitosa para o homem que era seu líder religioso e político.

    Com um gesto cansado, o Profeta pegou o tubo contendo a mensagem de seu melhor agente infiltrado na Federação; Morvel Sandler. O homenzinho nascido em Marte era capaz de se infiltrar em muitos lugares, conhecia muita gente e sabia de muita coisa. Malak foi para uma pequena sala particular para ouvir a mensagem de seu agente. O tubo não era maior do que um antigo cigarro. O Profeta pressionou uma das pontas e, logo uma pequena imagem holográfica de Morvel Sandler se formou.

    O homenzinho de olhos verdes fez uma mesura e disse compenetrado.

    Saudações meu senhor! Como o senhor previu, o ditador está completamente desnorteado, e acuado por seus colegas delegados do partido. Secretamente está enviando um embaixador para negociar com o senhor. Viajei pelas principais metrópoles da Terra, Marte e Hope e, descobri que a população recebeu informações distorcidas do que ocorreu em Soma. Kao Chiang imagina que conseguirá comprá-lo com propostas tentadoras. Pelo o que pude apurar, o enviado é uma mulher de nome Roberta Chang Wei. Esta é minha mensagem, meu senhor. Morte aos opressores! — a pequena figura holográfica de Morvel se inclinou em outra mesura.

    Malak passou a mão direita pela barba bem cuidada. Suspirou cansadamente. Então Kao está enviando uma embaixadora para negociar... Eu vi isso em minha visão. Ainda que um pouco nebuloso, mas com certeza eu vi isso.

    Voltou ao corredor e quando se deparou com uma moça de seu exército ele pediu. — Traga café, por favor. Eu estarei em meu escritório.

    A moça paramentada com o uniforme camuflado de manchas azuis e cinza inclinou a cabeça com respeito profundo. Seus olhos azuis claros tinham um brilho fanático de morte. Malak se admirou que uma somaniana não-rubínica fosse tão fanática daquela forma. O profeta sabia que ao dominar Soma, tentara criar uma só civilização sem divisões raciais. Com ex-escravos e ex-senhores passando a viver entre si com harmonia. Mas o que aconteceu foi além do que suas visões mostraram. Muito além do que até mesmo ele pensara.

    Em todas as províncias dos continentes somanianos o culto de sua pessoa crescera exponencialmente. Era lógico que a Igreja da Sagrada Profecia ajudara um pouco nesta questão. Quadros gigantescos, pôsteres e grandes imagens holográficas de Malak Al-Hak II adornavam os prédios e edifícios governamentais. Camelôs estavam tendo lucros altíssimos vendendo sua imagem para os crentes. E não era só isso; relatórios de Linus mostravam muitas curas, e milagres ocorrendo quando os enfermos tocavam a sagrada imagem de seu profeta.

    Cansado com o culto de sua pessoa, Malak viera para o retiro nas montanhas Barkeley. Tinha vindo com parentes e amigos mais próximos para a base construída em salões escavados no interior da rocha. Todavia não pôde impedir que os membros de sua máquina burocrática governamental vissem na sua cola como um bando de aves carniceiras famintas. Ele não tinha sossego. A toda hora era um chefe de aldeia, prefeito de cidade, clérigos da igreja ou um oficial de alta patente querendo falar com ele. Ismael, Kog, Astolf, Tekson, Falter, Gwen e o Almirante Apranat que eram seus líderes governantes, procuravam atender a maioria das questões pertinentes ao governo, e os assuntos do exército que agora era um organismo gigantesco.

    Enquanto bebericava o revigorante café quente, Malak se lembrou das palavras de seu ancestral Fábio Rubino: A burocracia tende a criar a perniciosa ilusão de que inevitavelmente é necessária, e que sem ela o mundo mergulharia definitivamente em caos. A burocracia tende a criar funcionários que não inovam, pois a inovação poderia ameaçar suas posições já conquistadas duramente. A nossa história mostra inequivocadamente que a burocracia sempre gerou funcionários corruptos. Que sempre perdem a noção do que é a coisa pública. Geralmente estes funcionários e administradores costumam pensar que podem usufruir como bem entenderem dos bens públicos. A estagnação administrativa costuma seguir após este estado de coisas. Nada funciona e tudo é deixado para depois.

    Os Rubínicos e os somanianos em geral estavam se transformando em uma grande máquina burocrática. Era como se estivessem se preparando para criar um grande império. De fato Malak os preparava para isso. Suas visões lhe mostravam claramente que um dia Soma seria o centro de um grande império estelar. E a máquina burocrática para governá-lo deveria ser imensa.

    Enquanto terminava seu café, Malak viu sua generala Gwen abrir a porta do escritório. Ela estava meramente com um vestido transparente. Suas deliciosas curvas e atributos femininos eram plenamente mostrados. Ela sacudiu o cabelo negro muito liso. Os olhos esmeraldinos chispavam num fogo verde.

    Malak suspirou profundamente. Tentou imaginar o que veria em seguida. Gwen Bates sempre fora muito comedida e respeitosa. Nunca foi dada a gestos como esse.

    — O que foi Gwen? Posso fazer algo por você?

    Gwen abaixou a cabeça envergonhada em dizer o que sentia. O longo cabelo caiu sobre o belo rosto.

    — Eu... Eu gostaria de lhe pedir um favor meu senhor...

    Malak a encarou. — Olhe para mim Gwen!

    A mulher o encarou com embaraço. Malak viu que as bochechas dela estavam ruborizadas.

    — O senhor mesmo disse que eu podia um dia lhe pedir algo... Disse que eu tinha conquistado esse direito no campo de batalha.

    — De fato. Você conquistou esse direito como uma grande heroína. E o que eu posso fazer por você?

    — O senhor sabe...

    — Por favor, Gwen não precisa ficar envergonhada. Prossiga.

    — O senhor sabe que nossa cultura diz que uma mulher pode escolher o homem que vai gerar seu filho. É o que diz a cultura Rubínica.

    Malak sabia que ela estava certa, mas quis testá-la. — Mas você não é Rubínica Gwen, você é uma mulher somaniana.

    Lágrimas surgiram nos olhos verdes dela.

    — Eu agora sou uma mulher Rubínica meu senhor... Eu sou uma crente e o senhor sabe disso. Pelas leis agora vigentes neste planeta; tanto os Rubínicos e os Somanianos vivem sob uma mesma lei.

    — De fato todos vivem sob uma mesma lei. — Malak disse divertido.

    — Baseada nisso, eu peço humildemente ao senhor para ser o pai de meu filho...

    — Eu poderei lhe dar um filho Gwen, mas não poderei lhe dar amor. Você sabe disso, não é?

    Ela abaixou a cabeça de novo. A voz saiu abafada. Era de conhecimento geral que a generala Gwen era perdidamente apaixonada por Malak.

    — Sei que eu não posso ter tudo meu senhor... Contentarei-me com uma criança sua em meu ventre.

    — Gwen... Você sabe que pelas nossas leis eu não serei obrigado a reconhecer essa criança. Sabe que já fui casado e sou pai. As nossas leis dizem que um homem não pode se recusar a atender o desejo de uma mulher rubínica para gerar uma criança, porém não é obrigado a assumi-la.

    As lágrimas desceram pela face dela.

    — Eu sei disso meu senhor. Eu me contentarei em tê-lo em meus braços somente uma vez... Não se pode ter tudo nesse universo.

    — Aproxime-se de mim Gwen.

    Ela ainda chorava quando foi até ele e se aninhou em seu colo. Malak a abraçou e sentiu o irresistível perfume feminino. Percebeu os grandes bicos dos seios enrijecidos.

    Malak sabia que pelas leis do povo Rubínico não podia negar ao pedido dela. A criança que nascesse da relação talvez nem soubesse que era filho do homem mais poderoso do planeta. Levou-a para o aposento particular e a despiu. Por alguns segundos ficou olhando para o belo corpo dela. Malak sabia que sua generala era linda, mas não tinha noção do quanto. Deitada sob a cama e apoiada nas almoçadas, os cabelos longos e negros dela se espalharam como uma cascata de ébano. O corpo branco e o púbis de pelos negros bem delineados, o deixou devidamente excitado.

    — Venha meu senhor, estou pronta para recebê-lo...

    Malak se despiu e cobriu o corpo macio dela de beijos e carícias, logo a penetrou com força. Fizeram amor por muito tempo e com calma. Em seguida ficaram abraçados na cama por um longo tempo. Enquanto Gwen ressonava, Malak ficou seriamente tentado em assumi-la como esposa. Sabia que não a amava e não devia magoá-la. Suas visões lhe mostraram há muito tempo que uma mulher chamada Aísha entraria na sua vida e, que se apaixonaria perdidamente por ela. Aísha seria a mãe de seu herdeiro. E que esse homem continuaria seu governo depois que ele se fosse.

    2

    Os ditadores não acreditam em derrota. Quando chegam a ponto de acreditar, é porque já estão irremediavelmente derrotados. As mentes deles trabalham com sonhos mirabolantes de grandeza. Perdas massivas de materiais e, números de baixas em vidas humanas são apenas informações irrelevantes num papel sobre suas mesas. Os ditadores nunca admitem para si mesmos que exista a possibilidade da derrota.

    Análise da mente dos ditadores, por Dai Wei o primeiro psicohistoriador.

    A mulher sentada no confortável assento traseiro do carro oficial era quase de meia idade. Possuía traços asiáticos com os característicos olhos oblíquos. Possuía a tez clara com algumas pintas quase imperceptíveis sobre o nariz e as bochechas. Estava trajada com longas vestes de cor vermelha clara com motivos florais. Por cima dos ombros estreitos usava um grande xale de seda chinesa da mesma cor do vestido. Ela se chamava Roberta Chang Wei e, era embaixadora para assuntos coloniais da Federação de Povos da Humanidade.

    A embaixadora Roberta era considerada a melhor em sua função, por isso fora convocada pelo governo para cuidar do complicado caso somaniano. Kao Chiang a convocara para conversar as portas fechadas. Com um gesto inconsciente, Roberta segurou o colar de pérolas do Oceano Índico da Terra. Fora uma herança de sua mãe que por sua vez herdara da mãe dela.

    Para a opinião pública, tudo no governo de Kao estava correndo bem. Porém, para aqueles que trabalhavam nos altos escalões da Federação de Povos da Humanidade, a coisa não era bem assim. A Força Espacial e o Exército sofreram duas derrotas no planeta rebelde Soma; pelas mãos de um homem que se auto-intitulara Profeta de Deus! O prejuízo já era da monta de muitos bilhões em créditos federativos.

    Em princípio, os escalões do governo pensaram que o tal do Profeta era só mais um arrivista querendo fama e dinheiro fácil. Revoltas ocorreram no passado à semelhança com a de Soma, mas todas foram eliminadas no foco. As populações sublevadas foram castigadas e removidas para outros planetas. Os líderes dessas revoltas foram impiedosamente fuzilados sem julgamento prévio.

    Por um instante uma sombra de tristeza se abateu sobre a face bela de Roberta. Seu filho Dai era dono de uma inteligência assutadora, porém não conseguia se interessar por nada. Conseguira terminar a faculdade, mas mostrava uma inaptidão para se enquadrar na sociedade. Ela levou o filho a diversos especialistas, e estes foram categóricos no mesmo diagnóstico: o rapaz de dezessete anos possuía um QI acima de cento e setenta. Mas Roberta sabia que mesmo com uma inteligência privilegiada, o filho não conseguia lidar com as pessoas a sua volta. Vivia afastado delas e sempre estudando. O jovem Dai Wei não se interessava só por um tópico do conhecimento humano, se interessava por todos os assuntos possíveis. Chegando ao ponto de passar horas intermináveis diante de holotelas. Lendo e estudando na rede de dados da biblioteca federal.

    Seus estudos iam desde a política até aos assuntos triviais como a história das antigas religiões. Dai era um rapaz calado e nem a mãe conseguia entendê-lo muito bem. Desesperada, ela o mandou por algum tempo para o Estado Federativo da China; na província onde seus pais moravam. Percebeu que o filho adorava a vida em campo aberto. Ele lhe dissera que os campos abertos o ajudavam a pensar melhor. O pai de Daí foi um piloto da Força Espacial, e morrera num acidente antes do nascimento do filho. Pelos menos Roberta estava mais tranquila sabendo que o filho estava junto aos avôs, e não lhe causando problemas. No ano passado ele tivera uma altercação com um ilustre cidadão de Saint Peace. Um importante historiador-arqueólogo. O homem era uma sumidade em sua área e era lido em diversas universidades da Federação, mas aparentemente Dai não concordava com isso. Aparentemente a discussão girou em torno de que o Império Americano cometera massacres na Quarta Grande Guerra. O eminente erudito afirmava que os tais massacres eram meramente lendas. Dai contra-argumentara que o erudito era cego e tolo, e que suas pesquisas eram falhas. Achava que o homem era uma fraude como historiador. O pior de tudo é que ele chegou a declarar isso abertamente numa estação de entroncamento de transporte da capital. Baseado em sólidas pesquisas históricas, Dai mostrou para as pessoas que assistiam a discussão, que o historiador era um tolo e estivera errado o tempo todo. Humilhado e coberto de vexame, o homem abriu uma queixa contra o filho da embaixatriz.

    O homem exigiu retratação e indenização pela humilhação de sua pessoa em público. Ele tinha

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