Essencialmente Clara!
()
Sobre este e-book
Relacionado a Essencialmente Clara!
Ebooks relacionados
Diário De Um Anjo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEncontrando O Espírito Interior Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Presente De Stella Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPassageira de uma vida: Homenagem póstuma a Nicole Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPaisagem Interna Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Enigma Dos Kulak Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Aniversário do Sr. Muxfeld Nota: 0 de 5 estrelas0 notasImperfeito amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTudo que eu queria te dizer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMinha Mãe Casou De Novo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNegócios de Anjos 2: Angelic Business, #2 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeu Adorável Vampiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJulia Jones - A Fase da Adolescência - Livro 1 - O Meu Mundo em Ruínas Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Vida Que Vivi Nota: 0 de 5 estrelas0 notasValquíria: A Princesa Vampira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO menino que chorava por dentro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCasulo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPor Tudo E Apesar De Tudo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVovó não se lembra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTudo Junto E Misturado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCarolina Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMemórias De Um Abastado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNicole Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPersonalidades para Evitar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHey, Teacher! Nota: 5 de 5 estrelas5/5De Família Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Diário de Júlia Jones, Livro 3, O Meu Sonho Secreto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPequenos Contos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Sete Memórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuando sangra o coração Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Religião e Espiritualidade para você
Estresse, ansiedade e depressão: Como prevenir e tratar através da nutrição Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manhãs com Spurgeon Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo que Quiser é Seu Nota: 4 de 5 estrelas4/5Kamasutra Ilustrado Nota: 2 de 5 estrelas2/5A sala de espera de Deus: O caminho do desespero para a esperança Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como Liderar Pessoas Difíceis: A Arte de Administrar Conflitos Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Livro Mestre De Feitiços & Magias Nota: 5 de 5 estrelas5/5Umbanda para iniciantes Nota: 4 de 5 estrelas4/5Contos Eróticos Para Mulheres Nota: 5 de 5 estrelas5/5Massagem Erótica Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Deus pródigo: Recuperando a essência da fé cristã Nota: 5 de 5 estrelas5/5Lições de liderança de Jesus: Um modelo eterno para os líderes de hoje Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pecadores nas mãos de um Deus irado e outros sermões Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres Que Correm Com Os Lobos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Pombagiras E Seus Segredos Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia hebraica) Nota: 4 de 5 estrelas4/5A voz do silêncio Nota: 5 de 5 estrelas5/5Encontrei um pai: Reconheça quem você é, e viva o seu propósito Nota: 0 de 5 estrelas0 notas50 Banhos Poderosos Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Chave da Liberdade Emocional: Troque o centro e tudo transforme Nota: 4 de 5 estrelas4/5Massagens Sensuais Orientais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCapa Preta Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Quarta Dimensão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Lendo a Bíblia livro por livro: Um guia prático de estudo panorâmico da Bíblia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Café Com Salmos: Volume 2: Café Com Salmos, #2 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Apocalipse Explicado Nota: 5 de 5 estrelas5/5O fator Melquisedeque: O testemunho de Deus nas culturas por todo o mundo Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Livro de Urântia: Revelando os Misterios de Deus, do Universo, de Jesus e Sobre Nos Mesmos Nota: 4 de 5 estrelas4/5As 15 Leis do Crescimento: Viva-as e Realize o seu Potencial Nota: 5 de 5 estrelas5/5Devocional da Mulher Vitoriosa 4 Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Essencialmente Clara!
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Essencialmente Clara! - Adriana Bizuti
Essencialmente Clara!
Adriana Bizuti
Ilustração da capa: Débora Oliveira Lazarini Maria
2015
1
Existem muitas formas de se acreditar em bruxas, sendo elas boas ou más. E até formas de não se
acreditar nelas. Não existem e pronto. Durante muito tempo, se pensou que bruxas fossem velhas
enrugadas, corcundas, narigudas, verruguentas, vestidas em seus longos vestidos pretos e voando de
vassoura por aí. Na verdade, não é nada disso. Bruxas são pessoas como nós, bonitas ou feias, mas o
que realmente faz delas o que são é a sua relação com a energia extraída da natureza e a total
integração com os quatro elementos básicos – a água, a terra, o fogo e o ar. Uma bruxa sabe usar
cada um destes elementos e até outros mais, como as ervas, por exemplo. Algumas delas têm o poder
de cura. Vendo por este lado, são importantes. Mas nem sempre se pensou assim, nem sei se agora se
pensa. O fato é que as bruxas já foram muito perseguidas ao longo da história. Mas você deve estar
se perguntando como eu sei disso tudo. E tudo isso tem a ver com Clara.
Eu poderia dizer que Clara é um anjo, mas ela é mesmo uma bruxa. Não como aquele garoto
do filme, mas uma bruxa de verdade. Não! A Clara não voa na vassoura! Isso é invenção do povo, do
imaginário popular. Ouvi dizer que, há muito tempo, bem antigamente, estas danadinhas usavam um
alucinógeno, parece que era uma planta chamada mandrágora, e as pessoas tinham a ilusão de que
elas estavam voando. Mas, como eu ia dizendo, desde bem criança, Clara era diferente. Não sei se
vou saber explicar muito bem, mas eu percebia nela uma intensa sensibilidade na compreensão de
tudo, do mundo, das pessoas, até dos animais e das plantas, havia nela uma comunicação muda com
o universo. Uma interação perfeita!
Ela olhava ao seu redor com um ar de entendimento e aceitação, como se fosse totalmente
integrada com o azul, o verde, com a transparência da brisa que soprava seus lindos cabelos e o rosto
– esqueci-me de falar do quanto ela é linda. O colorido das flores, então! Por mais simples que
fossem, seu olhar era atraído por elas. O que acontecia era um contato íntimo e secreto entre Clara e
a natureza, e isso era simplesmente encantador. Eu ficava ali, meio de lado, observando, absorvendo
aquele encanto que somente seres assim tão maravilhosos são capazes de emanar - Clara e a
natureza.
Eu a conhecia bem, sempre fomos muito amigos; vizinhos e amigos. Só tempos depois,
descobri o quanto eu já a amava naquela época. Um dia, aconteceu algo que confirmou minhas
suspeitas sobre seu jeito diferente de ser. Estávamos brincando juntos no parque da pracinha quando
de repente...
2
Clara entrou em um tipo de transe, caiu ajoelhada, estática, olhando para o nada e, por fim,
ouvi-a sussurrar um sim. Tínhamos na época doze e quatorze anos, ela era mais nova, como eu já
disse. Confesso que fiquei bastante assustado com aquilo. Corri rapidamente em sua direção,
sacudindo-a para que saísse daquele estado estranho.
-- Clara, Clara, olha pra mim! Você está me assustando. - Ela me olhou como quem volta do
além. Não havia nenhuma expressão em seu rosto, aquele olhar parado, de quem acabou de receber
qualquer notícia e entrou em choque. Fiquei olhando seu rosto, sem saber o que fazer, o que dizer.
Eu a ajudei a se levantar e fomos para casa em silêncio. Por eu ser um pouco mais velho, sua mãe a
deixava sair comigo para brincar e eu cuidava dela. Era um bairro tranquilo aquele, em que dois pré-
adolescentes podiam brincar na praça perto de casa.
Deixei-a no portão e estava indo embora quando ela me chamou.
-- André, desculpa, depois eu te explico.
Fui embora preocupado. Ao ver minha mãe, dona Marta, a pergunta saiu quase de forma
imediata e espontânea.
-- Mãe, será que a Clarinha está doente?
-- Não sei, filho. Por quê? Você sabe que eu não me dou muito bem com essa gente –
respondeu sem nem olhar para mim, concentrada como estava na sua leitura.
-- Nada, não, mãe. Deixa pra lá.
Eu sei o que você está pensando. Que eu era novo demais para tanta seriedade e para uma
amizade assim. De fato eu era, mas eu nunca fui tão imaturo como os meninos da minha idade. Eu
tinha meus amigos, meninos da mesma idade que eu, mas eu separava bem as coisas. É claro que eu
tive uma infância, e brincava com eles de bola, videogame e de tantas outras coisas. Não se trata
disso, era tudo normal, mas eu tinha essa incumbência: ficar perto da Clara e isso não era nenhum
sacrifício.
As pessoas já nascem predestinadas. Cada um tem uma sina em potencial, um destino, não sei
bem que nome dar a isso. Não que eu me sentisse alguém especial, não é nada disso, mas eu sentia
esse compromisso muito bem definido em mim, como um senso de responsabilidade que só se
adquire talvez alguns anos mais tarde. Por isso dona Consuelo confiava tanto em mim, apesar de
minha mãe, não sei por que motivo, não gostar dela. Seria por ciúme do filho? Ou por causa da
religião que ela seguia? Era bem fervorosa minha mãe. A mãe de Clara não frequentava nenhuma
igreja. E tia Consuelo me paparicava bastante, talvez porque precisasse dos meus favores, ela era
muito ocupada. E poderia ser isso mesmo que irritava dona Marta. Ou até as duas coisas juntas.
No outro dia, de manhã, fui buscar Clara para irmos juntos à escola; era uma escola particular
pequena que ficava bem pertinho de casa, dava para chegar lá à pé. Do nada, ela pegou em meu
braço e me segurou. Eu parei e olhei para ela. Sabia que queria me contar sobre o ocorrido do dia
anterior. O que teria a me dizer? Estava curioso, então só fiquei ouvindo.
3
-- Vou te contar uma coisa que tem acontecido. Sei que você vai me entender. Faz uns três
anos que sonho com uma mulher estranha. Ela é muito bonita, tem olhos claros e longos cabelos
loiros e encaracolados. Parece com minha mãe.
-- Nossa! Sinistro! Você sonha com ela sempre?
-- Parece que a cada 12, 13 dias, não sei direito.
-- E o que ela quer? Ela diz alguma coisa?
-- No sonho, não, ela não diz nada, só olha e sorri. Tem um sorriso triste e cansado.
-- E você tem medo?
-- Não, eu só tenho uma sensação boa quando ela aparece. Eu sinto que ela precisa de mim,
que eu posso ajudá-la. Mas ontem, pela primeira vez, ela veio quando eu estava acordada. Ou não
estava? Não sei, porque parecia que eu não estava em mim. Eu me senti flutuar e estava indo ao
encontro dela. Era muito real. Ela me disse que alguém vai mesmo precisar muito de mim, que eu
preciso me preparar. Você vai aceitar o chamado?
– ela me perguntou. Eu me lembro de
responder que sim, mas aí você me tocou e eu senti como se tivesse voltado para dentro de mim. Eu
acho que ela está chegando cada vez mais perto. Ontem mesmo, eu senti que ela queria me dizer
mais coisas.
-- Desculpa.
-- Não tem problema. Ela vai voltar, eu sei.
-- Mas que chamado será esse? Você já falou sobre isso com mais alguém? Sua mãe, por
exemplo? Você disse que elas se parecem... às vezes ela sabe de algo.
-- Eu não consegui entender bem. Já comentei com ela, sim. Ela ficou me olhando, com uma
cara séria, mas não disse nada. Depois ela ficou vários dias pensativa, cochichava com a vovó, que
também ficou apreensiva, eu perguntei o que elas tinham, mas sorriram e disseram que não era
nada. Eu não quis insistir porque elas são tão ocupadas, têm tantos problemas para resolver, desde
que meu pai foi embora, minha mãe não pensa em mais nada além de trabalhar e cuidar de mim. Foi
nessa época que a minha avó veio morar com a gente. Então deixei pra lá. E agora eu estou te
contando. O que pode ser isso?
4
Claro que, naquele momento, eu não tinha nada para dizer. Eu não entendi direito aquilo que
ela tinha me falado e nem mesmo o que tinha acontecido com ela no dia anterior... pensei que
poderia ser alguma situação de estresse que ela estivesse vivendo, porque uma vez meu pai também
precisou ficar longe, viajou para o Tocantins a trabalho e por lá ficou durante dois meses. Eu era
pequeno e sentia tanta saudade que sonhava com ele toda noite, muitas vezes, acordava chorando ou
todo molhado de suor. Nessa ocasião, minha mãe me disse que eu deveria estar estressado porque
sentia falta dele. Pode ser.
E poderia ser