Sede de me beber inteira: Poemas
De Liana Ferraz
4/5
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Sobre este e-book
Seja com uma xícara de chá, de café ou com uma taça de vinho, a sede dos poemas deste livro é uma só – compreender-se para melhor amar-se, beber sem medo a própria essência.
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Sede de me beber inteira - Liana Ferraz
— chá —
O que entrego de amor
não quero de volta.
Quero de novo.
Sempre é tempo.
Se não é de colheita,
é de plantio.
Amar faz cócegas no tempo.
A vida sempre é.
A gente é que nem sempre.
tijolo ar
parede casa
fazer o lar
sem perder asa
eu te entendo nada
eu te entendo tudo
apesar de, por isso,
te amo.
da minha loucura
sempre bebo mais um gole
poço sem fundo
sede infinita
intuição
é quando abro
os ouvidos do coração
para meus próprios conselhos
envelheço porque sobrevivo
não há motivo para tristeza
quem me dera viver o presente
com a intensidade da saudade que eu sinto
Eu sinto que moro em mim
Mas você me ajuda a erguer as paredes
Esse espaço aconchego
Eu moro em mim
Mas nada
Nada é só.
Ao seu lado,
estou em casa.
Feriado seria
não ser eu por um dia.
Da minha janela vejo lugares onde não moro.
Quantas deixei de ser para ser essa que sou?
a mesma teimosia que me faz ficar batendo
a cabeça na parede
me faz encontrar porta onde parecia só existir parede.
o amanhã é imenso, mas leve.
precisa puxar não, que ele vem.
precisa carregar não, que ele flutua.
precisa segurar não, que ele escapa.
E, ao me deitar,
que eu saiba dormir.
E, ao me levantar,
que eu saiba sonhar.
nó na garganta
quando desata
acorda
meço meu tamanho por afetos:
eu sou o que movimento.
liberdade é coisa feita sob medida:
a do outro nunca nos serve.
gosto não se discute,
come-se.
amar é ajudar alguém a existir
nem tudo é questão de tempo
tem coisa que é questão
de temperatura.
[sobre vida]
sobreviver às tragédias que existem
sobreviver às tragédias que eu invento
lá onde as palavras não alcançam
mora uma multidão de pedaços meus
felicidade não é lugar que se habita
é lugar que se atravessa
se eu ou nós
trabalho ou vocação
ir ou ficar
eu moro na indecisão
pois vamos tirar na moeda
ancestralidade do acaso
destino ancião
cara
mente
coroa
coração
[joão e maria]
ai, que tristeza que dá
ficar catando suas migalhas
em busca do nosso lar
não tente agarrar a vida com tanta força,
meu amor
sem desespero, segure firme e delicado
firme para que não escape
delicado para que não sufoque
[a vida que pássaro]
[amor-próprio]
é quando eu consigo amar todas as mulheres que moram em mim
melancolia
lua cheia
de nãos
saudade
é quando a gente sabe
que não tem força
mas fica insistindo no interruptor em busca
da luz
que acabou
que acabou
que acabou