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A amplitude de um coração que bate pelo mundo
A amplitude de um coração que bate pelo mundo
A amplitude de um coração que bate pelo mundo
E-book256 páginas1 hora

A amplitude de um coração que bate pelo mundo

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Sobre este e-book

A amplitude de um coração que bate pelo mundo é um livro de poesia que fala sobre a transformação do ser, sobre amadurecimento, sobre as metamorfoses que passamos durante a vida, sobre amor próprio, esperança, romance, reconstrução, superação, queimaduras durante o processo e muito fogo.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento23 de ago. de 2021
ISBN9786559850792
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    A amplitude de um coração que bate pelo mundo - Julia Coelho

    1.

    Na noite da minha ressurreição,

    tive dolorosos

    espasmos.

    Queria que aquela batalha

    terminasse.

    Queria que o eu lírico calasse.

    Queria que as fisgadas

    que recebia em meu peito

    cessassem.

    Mas a vida me queria

    fortalecida.

    Pediu-me para

    que suportasse.

    2.

    Na véspera do acaso

    precisei substituir

    as lembranças

    pelo naufrágio.

    Pobre barco,

    que desconhecia

    o mar.

    Pobre coração,

    que só sabia

    sangrar.

    Nos fiapos de um anoitecer

    tive que trocar de pele,

    e lidar com a minha sina.

    Perdi as minhas asas.

    Mas ganhei uma longa capa

    para proteger-me

    dos perigos

    da nostalgia.

    3.

    Foi amor

    quando chorei desesperadamente

    naquela miraculosa

    noite de sexta-feira.

    Sentia tontura

    e formigamento.

    Eu estava

    morrendo.

    Porém carregava a certeza

    de que veria o pôr do sol

    novamente.

    Nos braços dos deuses

    eu sonhava com a

    mudança.

    E quando finalmente acordei,

    testemunhei

    uma nova versão

    de mim mesma.

    4.

    Compartilho-me com a mudez

    quando a música da consciência

    interrompe meus passos.

    Desapareço

    nas brumas

    do passado.

    Viajo em pensamentos abstratos

    e pinto um quadro

    de memórias.

    Não é possível envolver o genuíno leitor

    em uma estória

    sem nunca ter

    chorado.

    5.

    Meus olhos soltaram

    faíscas.

    Lembro de cada pessoa que disse

    você não consegue

    mas o que realmente fere,

    é acreditar nisso.

    A luz derramava-se

    em excesso;

    tirei a máscara e mostrei meu rosto

    como quem fica nu

    nos próprios versos.

    Comungando a minha descoberta,

    quis que todos soubessem

    do fogo que purifica e arde.

    Mostrando a minha real face,

    consagrei-me na arte,

    experimentando dos pecados

    para aperfeiçoar-me.

    6.

    Tive que plantar minhas

    próprias árvores,

    e não foi sozinha

    que consegui.

    Tive que olhar ao meu redor

    e observar as incontáveis

    abelhas que produziam mel.

    Tive que ver os animais lutando

    para sobreviver em uma era de

    extinção.

    Tive que ficar atenta

    para notar os girassóis

    que poderiam me inspirar

    algum dia.

    E que hoje me inspiram.

    Demora um tempo

    para descobrir

    que o amor está

    em cada canto deste planeta.

    7.

    Eu nunca quis que a

    garrafa de vinho

    acabasse.

    Eu nunca quis que a guerra

    tomasse a beleza da cidade.

    Pois eu gosto de quadros de artistas

    rurais sendo pendurados

    e de gente se abraçando

    ininterruptamente no

    mesmo cenário.

    Eu sempre quis

    afeição no papel

    e na vida.

    8.

    Perguntaram-me como criava os meus versos;

    o que me inspirava,

    qual era a função deles

    e o que revelavam de mim.

    Entrei em profundo estado

    de investigação

    e não disse nada.

    Aparentemente, fiquei muda

    por dez minutos.

    Só o meu olhar introspectivo me denunciava

    como a agrura do relógio

    que conta os segundos do morticínio

    nas criações vãs.

    Escrever poesia se trata de esconder

    alguma coisa; é um vício.

    Deixo algo de subentendido.

    Vocês nunca saberão se nestes versos

    sou verdadeira ou apenas mais

    uma mentirosa.

    Em um verso

    sou quem

    eu quero;

    despacho um infinito de seiva

    das árvores desconhecidas.

    É a linhagem dos meus fantasmas.

    É o sonho que cresce dentro de mim.

    Mas nada disso é possível

    quando dito em voz alta.

    9.

    O tinto dos lábios

    como a concupiscência da carne

    enlouquece.

    O despudor no castanho dos olhos

    com a afoiteza dos que vivem como querem

    persegue.

    De tantas faculdades,

    as mais irresistíveis

    permanecem incólumes.

    Os livros lhe apetecem

    como as canções

    e o cinema lotado.

    Em praças, declamação.

    Sua boca explana a paixão

    dos prazeres incontroláveis.

    O gosto pela cultura

    como a atração pela novidade

    foi a deixa para decidir-se;

    Escolheu ser, para todo o sempre,

    uma amante da arte.

    10.

    Tropeços meus,

    assombrações

    indefinidas.

    As construções que observo

    cautelosamente

    em embarcações nas quais sou a única presente,

    têm sido minhas melhores

    amigas.

    Pessoas correm desesperadas para os seus lares

    e me pego fascinada pelas

    luzes falhas das avenidas.

    Piso em asfaltos

    esburacados.

    Perco a conta com tantas

    esquinas percorridas.

    As luzes dos postes piscam

    amareladas e solitárias,

    semelhantes à minha boca que seca,

    aguardando a umidade de uma nova alma

    para senti-la.

    Mas eu já não consigo

    mais ver.

    Minha visão

    está turva.

    Tudo é opaco.

    Não há saída alguma.

    A chuva fina e silenciosa

    beija minha pele

    e deixa gotículas quase

    imperceptíveis

    nas ruas.

    Como um sonho de perdição,

    o ambiente me convida

    para dançar.

    Mas a música francesa já não

    é a mesma de ontem.

    De quando me encantava

    imaginando bailarinas bêbadas

    valsando nos horizontes.

    E, também, com a lua cheia.

    Que, agora, me aparece sorrateira.

    Como um círculo de

    luz pensante.

    Rastejo até as beiras,

    corujas se escondem.

    Seus olhos são alucinantes.

    Sei disso mesmo sem conseguir vê-las.

    Os parques com árvores quietas

    e suas belas silhuetas me obrigam

    a sorrir.

    Por um segundo estonteante

    de tão curto

    dissonante.

    Momentos como esse nunca se quebram.

    São cheios de tudo que meu

    coração espera.

    Nenhuma pessoa me vê.

    Esgotaram-se as conversas.

    Mas são em horas como essa,

    que me entrego ao que interessa.

    11.

    Como café,

    quis me

    adoçar.

    Por não suportar como

    eu sou

    de verdade.

    De muitas maneiras

    quis me mudar

    por não conseguir

    me engolir;

    amarga

    e forte.

    12.

    Tu ressequiste

    minhas lágrimas quando eu

    estava em ruínas.

    Eu estava com as minhas mãos

    tampando os olhos e lágrimas

    desciam pelo meu rosto

    enlouquecidamente.

    Tu vieste ao meu encontro

    mesmo quando não

    me conhecias.

    Tu deslocaste teu ser

    para aliviar a

    minha própria fúria.

    Tu me disseste que eu nunca estaria só,

    enquanto as minhas mãos

    sacudiam em agonia.

    Tu disseste palavras de amor

    quando o carrasco me espionava.

    O carrasco que me queria ébria,

    temendo a vida

    e amarga.

    Tu quiseste me salvar de

    mim mesma.

    Isso ressoa como

    um cântico angelical.

    Contudo, meu sofrimento era

    pessoal.

    Tu não poderias me salvar.

    Só eu mesma poderia,

    se ao menos eu deixasse

    de me enjaular.

    Mas se tu soubesses o quanto me ajudaste.

    Ah! Tu passaste como

    um vislumbre de amparo.

    Tu ainda nem sabia

    que me amavas tanto

    e me ofereceste socorro e conforto

    através do teu desdobramento.

    Mesmo com meu postergar recorrente,

    tu buscaste me dar o auxílio

    que tanto precisava.

    Tu contaste da tua vontade

    de segurar a minha mão

    e quiseste em todas as horas difíceis

    ver meu

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