Um prefácio para Olívia Guerra
De Liana Ferraz
4.5/5
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Sobre este e-book
Assim, quando um editor a convida a escrever um prefácio para uma coletânea inédita de poemas de Olívia, ela aceita, mas recusa-se a entregar um texto tradicional: com mais de cem páginas, o prefácio de Maristela revela outra face da poeta tão admirada. Em linhas repletas de amargura, vamos aos poucos descobrindo uma mãe que não se encontrava no papel de esposa e cuidadora, muito menos se adequava ao mundo racional, mas que tentava. E uma filha para sempre traumatizada, incapaz de amar e sedenta por amor.
"Neste livro visceral, Liana Ferraz fala sobre perdas, silêncio. Ela sabe a que veio. É impossível parar de ler até a última página, e mais impossível ainda a história não ecoar dentro. Definitivamente, a escrita de Liana é um acontecimento para a literatura brasileira contemporânea."
VANESSA PASSOS, escritora e professora de escrita criativa
"Liana dança até com as mais cortantes das palavras. Escreve como quem declama. Ao contrário de sua personagem, não tem medo de expor a pele às lâminas. Faz poesia em várias vozes de algo tão duro quanto perder a mãe e vê-la virar produto."
TATIANA VASCONCELLOS, jornalista
COM PREFÁCIO DE ANDRÉA DEL FUEGO
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Um prefácio para Olívia Guerra - Liana Ferraz
Table of Contents
Capa
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Sumário
Prefácio do Prefácio, por Andréa del Fuego
Enterraremos alguém que amamos
Minha mãe gostava de achar poesia na poeira
O som de quem cai do nono andar é um zumbido que não sai nunca de quem escuta
Mari 1 se chama mariana
A casa de minha avó suporto visitar uma vez ao ano, apenas
Sra. Guerra sou eu
Vou morrer voada na palavra e no céu. quero que você olhe porque você vai poder virar poema
Eu queria ter guardado um livro com sangue
César saiu de cima de mim
Foi na época que eu confundia deus com papai Noel, que ver minha avó era mais difícil
Minha mãe engravidou aos quinze anos
Minha mãe e meu pai foram morar numa kitnet
Foi assim também quando o médico vasculhou meu útero
A morte sempre me acompanhou. Sou filha da morte
Meu casamento era regido por meus humores
Mari 1 sabe demonstrar amor fazendo coisas rotineiras
Fui chamada para dar uma entrevista
Não preciso e não quero perdoar meu irmão
Papel celofane furta-cor
O tempo para pensar. A volúpia. A competição
Eu tinha estantes na casa e elas estavam todas vazias
Mãe, sinto muito que não tenha cumprido sua profecia líquida
Quando me separei de Cacá tomei remédios
Mãe, você segue no centro das coisas e de nós
Tenho muito tempo e pouca coragem
Mãe, escrevo informes do mundo dos vivos
Na época da morte das plantinhas
Termino este prefácio anunciando que estou grávida
Agradecimentos
Landmarks
Cover
Table of Contents
Um prefácio para Olívia Guerra
Copyright © 2023 por Liana Ferraz
Todos os direitos desta publicação são reservados à Casa dos Livros Editora LTDA. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação etc., sem a permissão dos detentores do copyright.
Coordenadora editorial: Diana Szylit
Assistente editorial: Camila Gonçalves
Copidesque: Angélica Andrade
Revisão: Carolina Forin
Projeto gráfico de capa: Amanda Pinho
Fotografia da capa: Deseronto Archives
Projeto gráfico de miolo e diagramação: Cibele Cipola e Luiz Marques
Produção de ebook: S2 Books
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
F433p
Ferraz, Liana
Um prefácio para Olívia Guerra / Liana Ferraz. — Rio de Janeiro: HarperCollins, 2023.
192 p.
ISBN 978-65-6005-019-8
1. Ficção brasileira 2. Memórias 3. Família I. Título.
23-2066
CDD B869.3
CDU 82-3(81)
Os pontos de vista desta obra são de responsabilidade de sua autora, não refletindo necessariamente a posição da HarperCollins Brasil, da HarperCollins Publishers ou de sua equipe editorial.
Publisher: Samuel Coto
Editora executiva: Alice Mello
Rua da Quitanda, 86, sala 218 — Centro
Rio de Janeiro, RJ — CEP 20091-005
Tel.: (21) 3175-1030
www.harpercollins.com.br
A Olívia e Maristela Guerra,
que me autorizaram a contar esta história
(manifestadas: mãe, filha e ramificações nevrálgicas)
Sumário
Capa
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Prefácio do Prefácio, por Andréa del Fuego
Enterraremos alguém que amamos
Minha mãe gostava de achar poesia na poeira
O som de quem cai do nono andar é um zumbido que não sai nunca de quem escuta
Mari 1 se chama mariana
A casa de minha avó suporto visitar uma vez ao ano, apenas
Sra. Guerra sou eu
Vou morrer voada na palavra e no céu. quero que você olhe porque você vai poder virar poema
Eu queria ter guardado um livro com sangue
César saiu de cima de mim
Foi na época que eu confundia deus com papai Noel, que ver minha avó era mais difícil
Minha mãe engravidou aos quinze anos
Minha mãe e meu pai foram morar numa kitnet
Foi assim também quando o médico vasculhou meu útero
A morte sempre me acompanhou. sou filha da morte
Meu casamento era regido por meus humores
Mari 1 sabe demonstrar amor fazendo coisas rotineiras
Fui chamada para dar uma entrevista
Não preciso e não quero perdoar meu irmão
Papel celofane furta-cor
O tempo para pensar. A volúpia. A competição
Eu tinha estantes na casa e elas estavam todas vazias
Mãe, sinto muito que não tenha cumprido sua profecia líquida
Quando me separei de Cacá tomei remédios
Mãe, você segue no centro das coisas e de nós
Tenho muito tempo e pouca coragem
Mãe, escrevo informes do mundo dos vivos
Na época da morte das plantinhas
Termino este prefácio anunciando que estou grávida
Agradecimentos
Prefácio do Prefácio,
por Andréa del Fuego
Este livro é um prefácio. E também ele, o livro, leva um prefácio, este que você tem diante dos olhos.
É um livro que se manifesta como uma boneca russa, abrindo-se e revelando outra camada por dentro, uma menor que a outra para caber dentro de si até quase se dissolver numa só. Um truque de imagem, um livro que não se nomeia como tal, mas que também não se nega como livro. Pelo contrário, se revela na própria compreensão do que é um romance. É possível aqui muitas metáforas e curvas para apresentar a obra, porém é a leitura que traz a experiência insubstituível desta narrativa singular.
Ela começa com uma carta ao editor; a narradora se dirige ao seu leitor mais difícil antes de se dirigir ao leitor comum. O editor, este para quem a narradora se dirige, é o responsável pela obra da consagrada Olívia Guerra, uma poeta suicida. Essa informação não é mais importante que o fato de Olívia ser a mãe da narradora, Maristela, a autora do prefácio. Na carta, Maristela explica que o livro da mãe pouco importa, o prefácio que virá a seguir é, na verdade, uma carta à morta.
Maristela, que perde a mãe aos oito anos, escreve e se revela também uma escritora. Adulta, rodeada pela veneração da morta, arrastando o luto, ela escreve uma espécie de tratado sobre as páginas não escritas entre mãe e filha. Restaram os livros, objetos mortos que vivem somente quando lidos. É muito pouco. Ao menos para Maristela, que vai lidando com a herança seja ela uma benção ou maldição, remédio ou veneno, contemplando as nuances perturbadoras entre um polo e outro.
Um prefácio para Olívia Guerra é a guarnição para um livro ao qual não temos acesso. Suas tantas camadas tampouco pedem explicação nesta obra que discute herança, voz, tela e escolha de moldura. Um romance que brinca com os nomes atribuídos ao próprio romance e aos paratextos, como este que você está lendo. Não se trata de generalizar, dizer que a arte ou está em todos os lugares ou não está em parte alguma, mas de conseguir neste embaralhar de cartas entender o protagonismo do livro, o objeto livro como fetiche e distanciamento do real.
A filha, a personagem narradora em primeira pessoa, escreve o prefácio do livro da mãe, mas, se pudesse, não o faria. Ela quer a vida fora do sistema literário, quer a vida que não se deixa represar pela linguagem. O livro de Olívia Guerra é a herança de um espelho que a filha vira diante de nós, anunciando que somos todos filhos da autora, da poeta que se matou, da poeta que toma para si o destino sem coautoria e sem edição. Esse espelhamento, ou boneca russa, proposto pela autora nem por isso nos envia uma senha para que seu livro seja apreendido. Pois, para além dos truques de imagem, o que temos aqui é linguagem solta, cavalgante, que faz apaixonar em poucas linhas porque a narradora, a filha que escreve este livro-prefácio, por não se ocupar pela autodeterminação, justamente explora a disciplina do testemunho com a selvageria de tudo aquilo que pretende permanecer. Permanecer é violento.
Olívia Guerra é o nome da poeta, mas quem faz poesia é a filha, ela que herda os direitos da obra da mãe, gerenciando contratos e leitores. Maristela dirá: sinto raiva de seus editores e de seu público, que não vieram te amar antes. Se eles tivessem chegado a tempo, teriam lançado a você o amor e dinheiro que entregam a mim
. Alerta, na carta ao editor, que a mãe morreu triste e doente à tarde e havia lavado a louça pela manhã
. Qual livro, qual manifestação daria conta da poesia materna? Maristela Guerra, a filha, assim se despede do editor: não revisei. Nem corrigi
, a herdeira