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Um prefácio para Olívia Guerra
Um prefácio para Olívia Guerra
Um prefácio para Olívia Guerra
E-book160 páginas2 horas

Um prefácio para Olívia Guerra

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Sobre este e-book

Maristela tinha apenas oito anos quando presenciou a própria mãe, a então desconhecida poeta Olívia Guerra, saltar da varanda do apartamento onde moravam. O tempo passou e hoje Olívia é celebrada veementemente. Seus livros inspiram teses acadêmicas, seu rosto ilustra canecas, seus versos estampam camisetas. Herdeira do espólio literário da mãe, Maristela vive dessa comoção, que desperta nela os sentimentos mais duros e angustiantes.

Assim, quando um editor a convida a escrever um prefácio para uma coletânea inédita de poemas de Olívia, ela aceita, mas recusa-se a entregar um texto tradicional: com mais de cem páginas, o prefácio de Maristela revela outra face da poeta tão admirada. Em linhas repletas de amargura, vamos aos poucos descobrindo uma mãe que não se encontrava no papel de esposa e cuidadora, muito menos se adequava ao mundo racional, mas que tentava. E uma filha para sempre traumatizada, incapaz de amar e sedenta por amor.

"Neste livro visceral, Liana Ferraz fala sobre perdas, silêncio. Ela sabe a que veio. É impossível parar de ler até a última página, e mais impossível ainda a história não ecoar dentro. Definitivamente, a escrita de Liana é um acontecimento para a literatura brasileira contemporânea."
VANESSA PASSOS, escritora e professora de escrita criativa

"Liana dança até com as mais cortantes das palavras. Escreve como quem declama. Ao contrário de sua personagem, não tem medo de expor a pele às lâminas. Faz poesia em várias vozes de algo tão duro quanto perder a mãe e vê-la virar produto."
TATIANA VASCONCELLOS, jornalista

COM PREFÁCIO DE ANDRÉA DEL FUEGO
 
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de jul. de 2023
ISBN9786560050198
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    Um prefácio para Olívia Guerra - Liana Ferraz

    Table of Contents

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    Dedicatória

    Sumário

    Prefácio do Prefácio, por Andréa del Fuego

    Enterraremos alguém que amamos

    Minha mãe gostava de achar poesia na poeira

    O som de quem cai do nono andar é um zumbido que não sai nunca de quem escuta

    Mari 1 se chama mariana

    A casa de minha avó suporto visitar uma vez ao ano, apenas

    Sra. Guerra sou eu

    Vou morrer voada na palavra e no céu. quero que você olhe porque você vai poder virar poema

    Eu queria ter guardado um livro com sangue

    César saiu de cima de mim

    Foi na época que eu confundia deus com papai Noel, que ver minha avó era mais difícil

    Minha mãe engravidou aos quinze anos

    Minha mãe e meu pai foram morar numa kitnet

    Foi assim também quando o médico vasculhou meu útero

    A morte sempre me acompanhou. Sou filha da morte

    Meu casamento era regido por meus humores

    Mari 1 sabe demonstrar amor fazendo coisas rotineiras

    Fui chamada para dar uma entrevista

    Não preciso e não quero perdoar meu irmão

    Papel celofane furta-cor

    O tempo para pensar. A volúpia. A competição

    Eu tinha estantes na casa e elas estavam todas vazias

    Mãe, sinto muito que não tenha cumprido sua profecia líquida

    Quando me separei de Cacá tomei remédios

    Mãe, você segue no centro das coisas e de nós

    Tenho muito tempo e pouca coragem

    Mãe, escrevo informes do mundo dos vivos

    Na época da morte das plantinhas

    Termino este prefácio anunciando que estou grávida

    Agradecimentos

    Landmarks

    Cover

    Table of Contents

    Um prefácio para Olívia Guerra

    Copyright © 2023 por Liana Ferraz

    Todos os direitos desta publicação são reservados à Casa dos Livros Editora LTDA. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação etc., sem a permissão dos detentores do copyright.

    Coordenadora editorial: Diana Szylit

    Assistente editorial: Camila Gonçalves

    Copidesque: Angélica Andrade

    Revisão: Carolina Forin

    Projeto gráfico de capa: Amanda Pinho

    Fotografia da capa: Deseronto Archives

    Projeto gráfico de miolo e diagramação: Cibele Cipola e Luiz Marques

    Produção de ebook: S2 Books

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Angélica Ilacqua CRB-8/7057

    F433p

    Ferraz, Liana

    Um prefácio para Olívia Guerra / Liana Ferraz. — Rio de Janeiro: HarperCollins, 2023.

    192 p.

    ISBN 978-65-6005-019-8

    1. Ficção brasileira 2. Memórias 3. Família I. Título.

    23-2066

    CDD B869.3

    CDU 82-3(81)

    Os pontos de vista desta obra são de responsabilidade de sua autora, não refletindo necessariamente a posição da HarperCollins Brasil, da HarperCollins Publishers ou de sua equipe editorial.

    Publisher: Samuel Coto

    Editora executiva: Alice Mello

    Rua da Quitanda, 86, sala 218 — Centro

    Rio de Janeiro, RJ — CEP 20091-005

    Tel.: (21) 3175-1030

    www.harpercollins.com.br

    A Olívia e Maristela Guerra,

    que me autorizaram a contar esta história

    (manifestadas: mãe, filha e ramificações nevrálgicas)

    Sumário

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    Dedicatória

    Prefácio do Prefácio, por Andréa del Fuego

    Enterraremos alguém que amamos

    Minha mãe gostava de achar poesia na poeira

    O som de quem cai do nono andar é um zumbido que não sai nunca de quem escuta

    Mari 1 se chama mariana

    A casa de minha avó suporto visitar uma vez ao ano, apenas

    Sra. Guerra sou eu

    Vou morrer voada na palavra e no céu. quero que você olhe porque você vai poder virar poema

    Eu queria ter guardado um livro com sangue

    César saiu de cima de mim

    Foi na época que eu confundia deus com papai Noel, que ver minha avó era mais difícil

    Minha mãe engravidou aos quinze anos

    Minha mãe e meu pai foram morar numa kitnet

    Foi assim também quando o médico vasculhou meu útero

    A morte sempre me acompanhou. sou filha da morte

    Meu casamento era regido por meus humores

    Mari 1 sabe demonstrar amor fazendo coisas rotineiras

    Fui chamada para dar uma entrevista

    Não preciso e não quero perdoar meu irmão

    Papel celofane furta-cor

    O tempo para pensar. A volúpia. A competição

    Eu tinha estantes na casa e elas estavam todas vazias

    Mãe, sinto muito que não tenha cumprido sua profecia líquida

    Quando me separei de Cacá tomei remédios

    Mãe, você segue no centro das coisas e de nós

    Tenho muito tempo e pouca coragem

    Mãe, escrevo informes do mundo dos vivos

    Na época da morte das plantinhas

    Termino este prefácio anunciando que estou grávida

    Agradecimentos

    Prefácio do Prefácio,

    por Andréa del Fuego

    Este livro é um prefácio. E também ele, o livro, leva um prefácio, este que você tem diante dos olhos.

    É um livro que se manifesta como uma boneca russa, abrindo-se e revelando outra camada por dentro, uma menor que a outra para caber dentro de si até quase se dissolver numa só. Um truque de imagem, um livro que não se nomeia como tal, mas que também não se nega como livro. Pelo contrário, se revela na própria compreensão do que é um romance. É possível aqui muitas metáforas e curvas para apresentar a obra, porém é a leitura que traz a experiência insubstituível desta narrativa singular.

    Ela começa com uma carta ao editor; a narradora se dirige ao seu leitor mais difícil antes de se dirigir ao leitor comum. O editor, este para quem a narradora se dirige, é o responsável pela obra da consagrada Olívia Guerra, uma poeta suicida. Essa informação não é mais importante que o fato de Olívia ser a mãe da narradora, Maristela, a autora do prefácio. Na carta, Maristela explica que o livro da mãe pouco importa, o prefácio que virá a seguir é, na verdade, uma carta à morta.

    Maristela, que perde a mãe aos oito anos, escreve e se revela também uma escritora. Adulta, rodeada pela veneração da morta, arrastando o luto, ela escreve uma espécie de tratado sobre as páginas não escritas entre mãe e filha. Restaram os livros, objetos mortos que vivem somente quando lidos. É muito pouco. Ao menos para Maristela, que vai lidando com a herança seja ela uma benção ou maldição, remédio ou veneno, contemplando as nuances perturbadoras entre um polo e outro.

    Um prefácio para Olívia Guerra é a guarnição para um livro ao qual não temos acesso. Suas tantas camadas tampouco pedem explicação nesta obra que discute herança, voz, tela e escolha de moldura. Um romance que brinca com os nomes atribuídos ao próprio romance e aos paratextos, como este que você está lendo. Não se trata de generalizar, dizer que a arte ou está em todos os lugares ou não está em parte alguma, mas de conseguir neste embaralhar de cartas entender o protagonismo do livro, o objeto livro como fetiche e distanciamento do real.

    A filha, a personagem narradora em primeira pessoa, escreve o prefácio do livro da mãe, mas, se pudesse, não o faria. Ela quer a vida fora do sistema literário, quer a vida que não se deixa represar pela linguagem. O livro de Olívia Guerra é a herança de um espelho que a filha vira diante de nós, anunciando que somos todos filhos da autora, da poeta que se matou, da poeta que toma para si o destino sem coautoria e sem edição. Esse espelhamento, ou boneca russa, proposto pela autora nem por isso nos envia uma senha para que seu livro seja apreendido. Pois, para além dos truques de imagem, o que temos aqui é linguagem solta, cavalgante, que faz apaixonar em poucas linhas porque a narradora, a filha que escreve este livro-prefácio, por não se ocupar pela autodeterminação, justamente explora a disciplina do testemunho com a selvageria de tudo aquilo que pretende permanecer. Permanecer é violento.

    Olívia Guerra é o nome da poeta, mas quem faz poesia é a filha, ela que herda os direitos da obra da mãe, gerenciando contratos e leitores. Maristela dirá: sinto raiva de seus editores e de seu público, que não vieram te amar antes. Se eles tivessem chegado a tempo, teriam lançado a você o amor e dinheiro que entregam a mim. Alerta, na carta ao editor, que a mãe morreu triste e doente à tarde e havia lavado a louça pela manhã. Qual livro, qual manifestação daria conta da poesia materna? Maristela Guerra, a filha, assim se despede do editor: não revisei. Nem corrigi, a herdeira

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