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Tempos Perdidos
Tempos Perdidos
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E-book372 páginas4 horas

Tempos Perdidos

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Sobre este e-book

Nos tempos antigos, exércitos de anjos foram encarregados de cuidar de um planeta prisão que vivia em constante estado de conflito. No entanto, para a surpresa dos guerreiros celestiais, um dos serafins mais bondosos que já existiu resolve rebelar-se e defender outra causa. Enquanto as batalhas angélicas são travadas no cosmo, o jovem mago Faldán, que vive no planeta Terra, começa a ter estranhos sonhos com dragões. Inteligente como é, Faldán liga os desaparecimentos que andam acontecendo na floresta de gêmeos aos sonhos. Ele e seus dois inseparáveis amigos, o príncipe Bruce e o nobre Kai, descobrem que talvez as respostas não estejam em Lyriansen, a morada dos homens. Então uma aventura épica num lugar cheio da criaturas fantásticas se inicia, em buscas das respostas para dar um fim nos desaparecimentos e desvendar os muitos outros mistérios que tanto intrigam a todos. Nesse lugar tão fascinante e misterioso, o trio acaba por perceber que vai se deparar com muito mais perguntas do que respostas. Uma delas, e talvez a mais intrigante, é a sobre alguns estranhos objetos mágicos que podem gerar um tremendo poder. Grandes reinos e cidades com seres mitológicos, batalhas intensas e apocalípticas, reis e exércitos medievais, heróis e deuses, anjos e demônios entrarão em combate nas guerras que decidirão de uma vez por todas o destino dos mundos. Talvez um poderoso e temido mago esteja por trás disso tudo, e talvez ele não seja exatamente o que pensam que seja.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de nov. de 2015
Tempos Perdidos

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    Pré-visualização do livro

    Tempos Perdidos - Falkner Lawrance

    1

    Tempos perdidos

    A lenda dos três

    Falkner Lawrance

    __________________________________________________

    Todos os direitos reservados; nenhuma parte desta publicação

    pode ser reproduzida ou transmitida por meio eletrônico,

    mecânico, fotocópia ou de outra forma sem a prévia

    autorização do autor.

    O direito moral desta obra está assegurado ao autor.

    Arte da capa e contracapa: João Cardoletto - Ilustrador

    Arte dos mapas: Marcio Batista

    Os direitos das artes desta obra estão assegurados.

    Você pode adquirir esta obra no site:

    www.clubedeautores.com.br

    2

    Sumário:

    Capítulo I - A compaixão do senhor das sombras. 4

    Capítulo II - Viagens pelo universo. 22

    Capítulo III - Da copa das árvores. 41

    Capítulo IV - Tempos perdidos. 63

    Capítulo V - O torneio. 79

    Capítulo VI - Nordland. 114

    Capítulo VII - A lenda dos três. 126

    Capítulo VIII - Triângulos amorosos. 136

    Capítulo IX - O andarilho. 148

    Capítulo X - Apolo. 157

    Capítulo XI - Abraçando as sombras. 177

    Capítulo XII - Contra a lógica. 195

    Capítulo XIII - As ruínas velhas. 204

    Capítulo XIV - Valória entra em guerra! 221

    Capítulo XV - Os três guerreiros das trevas. 233

    3

    Capítulo XVI - A guerreira de Odín. 242

    Capítulo XVII - O nascimento de uma nova sombra. 263

    Capítulo XVIII - A cidade dos felinos. 279

    Capítulo XIX - Askan em chamas. 291

    Capítulo XX - Dominán Turmentis. 302

    Capítulo XXI- Lágrimas celestiais. 318

    4

    Sobre a hierarquia angelical

    "Da primeira tríade fazem parte os serafins, querubins e

    tronos. Dominações, virtudes e potestades representam a

    segunda tríade.

    Principados, arcanjos e anjos são os membros da terceira

    tríade."

    Capítulo I - A compaixão do senhor das sombras.

    Os anjos voavam alto no céu estrelado do planeta

    Askan. Centenas deles, trajando suas armaduras celestiais e

    empunhando lanças, espadas, clavas, arcos e escudos.

    Suas poderosas asas davam-lhes incrível velocidade no

    ar, e eles seguiam, decididos, em direção a um castelo escuro e

    sombrio no pico da montanha à frente.

    Seu líder voava majestoso, liderando o exército. Era um

    serafim louro de seis asas e longos cabelos, chamado Dorael,

    que trazia consigo uma espada encantada de fogo.

    Já bem próximos do castelo, escutaram um barulho

    grave, como o bater de um bumbo que ecoou alto pelo lugar e

    os fez parar.

    Então, enquanto o som repetia-se constantemente,

    diversas formas escuras foram surgindo das escadas, torres e

    varandas do castelo, até que voaram com suas asas negras ao

    encontro dos anjos, seus inimigos, e pairaram no ar.

    Pouco tempo depois os dois exércitos já estavam frente

    a frente. Era difícil dizer o número exato, mas talvez

    estivessem em igual quantidade.

    Os anjos caídos trajavam armaduras negras e

    empunhavam vários tipos de armas, como machados,

    tridentes, martelos de guerra, sabres serrilhados, alabardas e

    outros. Alguns poucos possuíam mais de duas asas.

    5

    Não houve tempo para que Dorael desse ordens.

    Segundos depois de terem se posicionado, os anjos caídos

    avançaram bradando e se jogaram contra os anjos, com

    selvageria.

    O som agudo e estridente de armas chocando-se contra

    armaduras retumbava sem parar pelo campo de batalha, e

    ondas e mais ondas de flechas energizadas, disparadas pelos

    querubins arqueiros que estavam na retaguarda, castigaram

    sem piedade os anjos caídos, fazendo-os cair do céu e

    desaparecer do horizonte.

    Borrões coloridos de ataques mágicos atravessavam o

    campo de batalha, hora ou outra acertando um desafortunado e

    causando explosões que iluminavam à noite.

    De dentro do castelo, nas torres, alguns anjos caídos

    faziam mira com suas balestras, armas que se pareciam com

    arcos de gatilho, e possuíam dardos encantados por eles, que

    visavam acertar os pontos vitais ou as asas dos anjos.

    Dorael empunhou sua espada de fogo no alto com as

    duas mãos, concentrando energia nela. Segundos depois a

    espada quase dobrou de grossura, e as chamas tornaram-se

    mais vivas, mais dançantes.

    À medida que o serafim golpeava a distância na direção

    dos inimigos, chamas em forma de arco soltavam-se da lâmina

    de fogo e atingiam-nos com força, muitas vezes destruindo

    partes de suas armaduras negras com o intenso calor mágico.

    No andar da mais alta torre do castelo trevoso, havia

    uma cobertura longa e cheia de balistas, máquinas de guerra

    lançadoras de imensos dardos.

    Alguns anjos caídos com lanças negras subiram pela

    escada e se posicionaram nelas, começando um ataque de

    artilharia intenso nos anjos, que só foram se dar conta do que

    estava acontecendo quando muitos de seus guerreiros já

    6

    tinham caído devido aos dardos avantajados que perfuravam

    seus corpos.

    Um dos comandantes do exército dos anjos gritou para

    que os arqueiros atacassem as posições de artilharia inimiga. E

    então flechas de fogo voaram em grande número nos

    artilheiros e nas balistas, algumas das quais pegaram fogo

    imediatamente, embora outras tenham permanecido intactas.

    Utilizando a força do impulso de suas asas, os anjos

    conseguiam esquivar-se de alguns dardos lançados pelas

    balistas inimigas, enquanto os artilheiros do exército dos anjos

    caídos não podiam se movimentar muito, visto que as balistas

    estavam presas em suportes no muro. Não demorou muito e o

    andar das balistas foi invadido.

    Os querubins arqueiros que conseguiram descer na

    cobertura começaram um ataque corpo a corpo, utilizando suas

    armas secundárias contra os artilheiros, que não podiam virar

    as balistas para atacar, pelo fato de estarem presas no suporte,

    que não cedia o suficiente.

    A luta na cobertura seguiu-se selvagem. Os querubins

    avançavam atacando com extrema destreza os artilheiros, que

    viram-se obrigados a se defender usando suas lanças, embora

    estivessem em menor número.

    Alguns anjos caídos forçaram as balistas fora de seus

    suportes, quebrando-os, e em dois atacaram os invasores com

    os dardos imensos.

    Embora errassem algumas vezes, os artilheiros

    começaram a tornar a situação crítica para os querubins, que

    continuavam tentando avançar em meio aos dardos que

    voavam para todos os lados.

    No céu a frente da fortaleza os guerreiros continuavam a

    digladiar-se, e os flashes de luz dos ataques mágicos se

    tornaram mais intensos na noite.

    7

    Alguns serafins conseguiram adentrar as torres, dando

    início a uma invasão muito bem coordenada ao castelo.

    Na extremidade esquerda do castelo, havia outra

    cobertura, mas essa possuía grandes catapultas. O andar

    também já havia sido invadido, e alguns serafins e artilheiros

    inimigos travavam outro sangrento combate corpo a corpo.

    Dorael lutava com um comandante inimigo em cima de

    uma passarela que ligava algumas torres. Ninguém mais os

    atrapalhava, a luta era obra do destino, os dois tinham que se

    enfrentar, tinham que deixar a vida decidir quem bradaria em

    glória e vitória, demonstrando que estava certo.

    Azenael era o nome do comandante-chefe dos exércitos

    da lua das trevas, e empunhava com as duas mãos um

    poderoso machado de lâmina dupla.

    Dorael pulou na direção de seu inimigo, impulsionando

    seu corpo com as asas e golpeou fortemente com sua espada

    de fogo. O golpe foi bloqueado pela base do machado de

    Azenael, que de imediato contra-atacou com um chute certeiro

    no peito do serafim.

    A espada de fogo voou alguns metros das mãos de

    Dorael, que caiu sentado, e Azenael aproveitou a oportunidade

    para ficar na frente da arma, bloqueando assim seu acesso para

    Dorael.

    O serafim concentrou rapidamente uma energia azulada

    em suas mãos e segundos depois, raios azuis dançavam em

    volta dela fazendo um estranho barulho. Lançou então, mesmo

    sentado, os raios na direção de Azenael com um movimento

    muito rápido. O ataque acertou diretamente no peito da

    armadura do anjo caído, causando uma explosão que fez as

    pedras do muro atrás de Azenael voarem por todos os lados.

    No fim das contas, o golpe fora tão forte que acabou

    lançando os dois adversários pelos ares, causando assim uma

    pausa forçada no combate.

    8

    Em meio a fumaça grossa que agora subia, Dorael

    procurou seu inimigo. Não via nada além de vultos e borrões

    dos combates que ainda estavam sendo travados por todos os

    lados. O serafim começou a considerar uma retirada, pois

    agora estava desarmado, mas a distração lhe custara muito

    caro.

    Durante os poucos segundos que o serafim se desligou

    do combate e pensou na retirada, Azenael avançou voando

    pela fumaça, empunhando seu machado no alto.

    O anjo caído golpeou fazendo um corte no ar, que

    acabou acertando em cheio no ombro de Dorael, destruindo

    sua armadura e acertando o corpo. Por pouco não acertara as

    asas.

    Dorael desceu vários metros no ar, devido à força do

    impacto, mas com um movimento inconsciente, agarrou os pés

    de seu adversário, levando-o junto.

    Dorael aproveitou o impulso para arremessar Azenael

    para baixo. O anjo caído desceu com grande velocidade, e

    durante a queda, o serafim aproveitou para lançar o ataque de

    raios novamente, com apenas uma das mãos.

    Azenael pressentiu o ataque e, virando-se, bateu seu

    machado com precisão no raio que avançava velozmente.

    Porém, ao contrário do que imaginava, o golpe não foi

    rebatido, mas o choque das duas forças acabou causando outra

    explosão, e Azenael viu-se obrigado a soltar seu machado e

    defender-se fazendo um 'x' com os braços.

    A pressão da energia jogou o anjo caído para longe, e

    Dorael avançou novamente, dessa vez ambos estavam

    desarmados.

    O serafim descia com incrível velocidade, e quando já

    estava bem próximo de Azenael, virou seu corpo e aproveitou

    o impulso da queda para desferir um chute de uma perna que

    acertou bem no elmo de seu inimigo.

    9

    Os dois continuaram caindo, a essa altura os exércitos

    combatentes já estavam bem mais para cima.

    E então, utilizando-se da mesma tática que seu

    adversário, Azenael agarrou o serafim pelo pé, que estava

    agora bem próximo de seu rosto e arremessou-o para baixo

    com brutalidade.

    Dorael caiu, e acabou sumindo de vista embaixo de

    algumas nuvens. O anjo caído o seguiu, descendo rápido e em

    posição de guarda.

    Segundos depois um baque surdo. Dorael havia caído

    no pico de uma montanha próxima. No entanto, como Azenael

    avançava com grande velocidade atrás de seu adversário, não

    conseguiu desviar-se da montanha a tempo.

    Caiu com violência de cara ao lado de Dorael, e ambos

    ficaram desacordados.

    A essa altura, parte do combate no castelo estava na

    segunda fase. Os serafins efetuaram a invasão com sucesso, e

    agora os anjos caídos estavam tentando defender as posições

    de dentro, embora ainda estivessem sendo travados alguns

    violentos combates do lado de fora.

    Num dos salões do castelo, uma luta feroz estava sendo

    travada. Os anjos caídos se posicionaram acima das escadas ao

    fundo do lugar e atacaram sem dó os invasores com suas

    balestras, alguns dardos conseguiram penetrar a armadura

    celestial pesada dos serafins, ou acertar as brechas, causando

    pesadas baixas.

    Alguns querubins arqueiros que lutavam nas passarelas

    do lado de fora foram chamados às pressas para dentro do

    salão, começando um vigoroso contra-ataque, e ondas e mais

    ondas de flechas e dardos voaram pelo lugar.

    Alguns dos anjos caídos rolavam pelas escadas à

    medida que as flechas atravessavam suas armaduras negras ou

    acertavam seus pontos desprotegidos. O número de serafins e

    10

    querubins invasores no salão só aumentava, e os anjos caídos

    viram-se forçados a começar uma luta de recuo para o

    corredor além do salão.

    O corredor era largo e grande, e possuía grandes pilares

    nas laterais sustentando o teto. Havia uma passagem sem porta

    que ligava os dois ambientes.

    Ao fim do corredor, os anjos caídos vinham trazendo

    alguns trabucos de tamanho médio, peças parecidas com

    catapultas, que lançavam pedra. Arrastavam um grande saco

    de pedras para começar o ataque.

    Nem ao menos se importaram com o fato de que ainda

    havia alguns de seus guerreiros defendendo o salão, fizeram os

    trabucos lançarem as pedras por dentro da passagem, e embora

    elas não fossem tão grandes, com certeza eram suficientes para

    derrubar e levar um inimigo a morte.

    Reforços de anjos caídos com balestras chegaram e se

    aproximaram da passagem que ligava o salão ao corredor, e

    eles, somados aos ataques dos trabucos começaram a retardar

    significativamente o avanço dos anjos.

    Havia um corredor igual do outro lado do ambiente, e

    um pelotão de arcanjos surgiu dali, bradando e empunhando

    suas espadas encantadas.

    Os trabuqueiros mudaram então de alvo, mirando seus

    trabucos no pelotão que acabara de chegar e já avançava

    correndo em direção a eles pelo pátio ao meio.

    No entanto, poucas pedras foram lançadas, pois não

    houve tempo. À medida que o pelotão de arcanjos chegou ao

    outro corredor, começaram um ataque impiedoso nos

    inimigos, cercando-os.

    Suas espadas atravessavam diretamente as armaduras

    dos anjos caídos, que estavam em menor número e com armas

    inferiores, visto que eram especializados unicamente em

    artilharia.

    11

    A resistência frágil logo foi dominada, mesmo que os

    anjos caídos tivessem conseguido acertar alguns arcanjos com

    sucesso.

    O pelotão que avançava do salão juntou-se ao pelotão

    do corredor e os anjos continuaram a invasão.

    Chegaram então ao fim do pátio. Havia uma larga

    construção de pedra à frente, que era onde ficavam os quartos

    dos líderes do exército inimigo.

    Natanael, um dos generais dos exércitos dos anjos deu

    ordens para que o grupo se dividisse. Metade indo para as

    masmorras, que ficavam em um canto isolado perto dos muros

    do pátio, e metade invadindo a construção dos quartos.

    O barulho das lutas nos andares superiores do castelo

    intensificou-se. Provavelmente os batalhões de anjos que

    lutavam lá em cima estavam chegando em seus objetivos

    finais.

    Natanael seguiu com um dos grupos para as masmorras.

    Desceram uma escada que dava nos andares subterrâneos e

    adentraram um ambiente mal iluminado e fétido.

    Avançaram pelo corredor, suas espadas encantadas

    brilhando na escuridão. Correram por alguns minutos em

    silêncio, até que aconteceu. Dardos de balestras começaram a

    atravessar os corredores escuros das masmorras e acertar os

    anjos, que caiam aos gritos.

    Natanael deu ordem para que os arqueiros

    respondessem, e então outro inferno de dardos e flechas

    mágicas começou.

    Os anjos que iam à frente ajoelharam-se e entraram em

    formação defensiva, protegendo uns aos outros.

    A maioria das flechas dos querubins eram encantadas

    com diversos tipos de energia: Fogo, gelo, veneno, luz. E à

    medida que elas voavam longe pelo corredor, criavam campos

    12

    iluminados e multicoloridos, revelando que os inimigos

    encontravam-se há mais de trinta metros deles.

    Entretanto, os anjos caídos estavam em menor número,

    e com o tempo os querubins arqueiros conseguiram controlar a

    situação e avançar, sendo seguidos pelos outros anjos.

    Segundos depois, raios iluminaram o corredor mais ao

    fundo, batendo diretamente no teto e causando uma enorme

    explosão.

    Os anjos caídos tinham destruído parte do teto de pedra,

    que era grosso e possuía várias camadas, obstruindo assim a

    passagem para os invasores com entulhos.

    Natanael e os arqueiros tentaram atravessar os entulhos,

    mas estavam tendo dificuldade, pois a dimensão em que se

    encontravam era muito densa para atravessar objetos.

    O general deu a ordem de que todos se afastassem, e

    depois alguns ataques mágicos foram lançados sobre as

    camadas de entulho, criando uma pequena passagem pela qual

    os anjos avançaram.

    Havia celas pequenas do outro lado, com alguns

    prisioneiros que gritavam, apertados, pedindo ajuda. Os anjos

    ignoraram-nos, e continuaram avançando em direção ao fundo

    das masmorras.

    Chegaram em uma área cheia de celas vazias, o

    ambiente agora estava assustadoramente silencioso, e as

    únicas luzes disponíveis eram as luzes das espadas encantadas

    que os anjos guerreiros empunhavam.

    Um barulho de metal rangendo ecoou pela masmorra

    silenciosa. Natanael fez sinal para que o grupo parasse.

    Parecia que algo estava se arrastando ao fundo do

    ambiente, algo grande julgando pela sombra.

    Foi assustador. A sombra a frente lançou o corpo de um

    animal parecido com um alce colorido nos querubins,

    derrubando alguns.

    13

    Depois de ajudarem-nos a se levantar, os anjos

    continuaram estáticos, como se a sombra enorme que estava à

    frente estivesse hipnotizando-os.

    - Arqueiros! - Gritou Natanael, acabando com o drama.

    Umas quinze flechas voaram de uma só vez em direção

    a grande sombra, mas o barulho metálico que se seguiu

    revelou que as flechas provavelmente haviam batido em uma

    armadura pesada. A iluminação das flechas pouco ajudou na

    visão do que estava à frente, viram apenas um vulto negro.

    O que quer que fosse que estava à frente se irritou com

    as flechas. Um urro de fúria terrível ecoou pelas sinistras

    masmorras. Alguns anjos gritaram, tapando os ouvidos, outros

    soltaram suas espadas.

    E então a sombra veio correndo, parecia que seus braços

    estavam levantados no alto, embora fosse impossível ter

    certeza no escuro.

    - De novo!!! - Gritou Natanael.

    Mas não houve tempo para os arqueiros atacarem. A

    enorme sombra que estava à frente era, na verdade, um imenso

    dellen, que significa demônio, na língua nativa de Askan.

    O dellen veio empunhando sua espada negra e atacou

    sem piedade a primeira linha de anjos, com um golpe circular,

    segurando sua arma com as duas mãos.

    Alguns querubins voaram pelas masmorras, batendo nas

    paredes, e então uma gritaria e correria desesperada começou.

    - Ataquem a cabeça, arqueiros, a cabeça!! - Gritava

    Natanael.

    A criatura possuía dois chifres curvos, cascos-de-cavalo

    e vestia uma armadura negra. Seus dentes enormes ficavam a

    mostra enquanto ele batia com força nos anjos, que tentavam

    se desviar dos ataques.

    14

    Flechas voaram em direção à cabeça do dellen, que se

    esquivou, agachando e avançando em alguns serafins,

    atropelando-os.

    Um grupo de arcanjos tentou atacá-lo pelas costas com

    as espadas encantadas, mas a besta desferiu fortes coices que

    jogaram seus inimigos longe.

    A situação crítica parecia agradar o dellen, que atacava

    com mais ferocidade à medida que ouvia os gritos dos anjos.

    Então, uma grande águia de fogo voou pelas masmorras

    e bateu, certeira, bem no rosto do dellen, que caiu de costas,

    gritando depois da explosão.

    Todos olharam para trás, assustados. Dorael havia

    conjurado a águia, estava muito machucado, com grandes

    partes da sua armadura quebrada, um ombro recém-colocado

    no lugar, mas, ainda assim, vivo.

    - Continuem avançando para o objetivo! - Disse com

    firmeza o serafim líder. - Eu cuidarei do demônio!

    Os anjos seguiram pelo corredor, Natanael liderando-os.

    O dellen se mexeu no chão, lutando contra o enorme peso da

    armadura para se levantar.

    Após muito esforço, pôs-se de pé, mostrando os dentes

    para Dorael e encarando-o com aqueles imensos olhos que

    começaram a se tornar vermelhos como sangue.

    - Selarei a sua maldita existência hoje, criatura das

    trevas! - Gritou o serafim empunhando sua espada encantada

    no alto.

    O dellen agachou-se, apanhou sua espada no chão e

    correu na direção de Dorael, que continuou parado.

    O golpe veio muito forte, mas foi lento o bastante para

    que o serafim se esquivasse. A espada da besta bateu com

    força no chão, destruindo parte do piso da masmorra.

    Dorael correu, contornando o dellen, e fez um corte com

    a espada de fogo na perna imensa dele. Depois tomou

    15

    distância e virou rápido golpeando o ar, e um arco de fogo

    separou-se da lâmina, batendo no peito da armadura do dellen,

    que estava se virando na hora do ataque.

    Com o choque do golpe, houve uma forte explosão, que

    jogou os dois adversários longe.

    Segundos depois o serafim se levantou ileso e com a

    espada em mãos, preparado para mais. O dellen rolou para os

    lados no chão, e com esforço conseguiu ficar de pé em

    seguida. Sua armadura estava parcialmente quebrada, o

    peitoral fora destruído quase que completamente na explosão,

    junto com um dos ombros.

    A fera urrou alto e começou a dar fortes socos no que

    restara do peitoral da armadura, depois com um movimento

    brusco foi novamente para cima de Dorael.

    O serafim também avançou, bradando, e quando os dois

    adversários estavam quase colados um no outro, Dorael fincou

    a espada de fogo na brecha da armadura do dellen, acertando

    sua barriga.

    A fera soltou sua arma imensa. Dorael puxou a espada

    de fogo e depois com um só golpe circular, arrancou a cabeça

    de seu adversário.

    O corpo da fera caiu no chão, com um baque forte que

    retumbou alto pelas masmorras. Dorael fechou os olhos e fez

    uma breve oração, depois seguiu correndo pelos corredores

    escuros.

    Quando o serafim encontrou o grupo que tinha mandado

    continuar na missão, não estavam tendo mais lutas, mas a

    julgar pelos corpos no chão, havia sido travado um combate ali

    há pouco...

    Os anjos estavam todos juntos, suas espadas iluminando

    o ambiente, e alguns deles tentavam arrombar a fechadura da

    última cela da masmorra.

    16

    - Senhor, a missão foi um sucesso, os prisioneiros estão

    todos bem. - Disse Natanael.

    Dentro da cela, havia quatro anjos, dentre eles uma

    mulher. Estavam visivelmente assustados, provavelmente com

    o combate que acabara de ser travado.

    Um dos arcanjos destruiu a fechadura com um forte

    golpe de espada depois de várias tentativas inúteis de

    arrombamento com as mãos.

    - Vocês estão bem? - Perguntou Dorael, enquanto os

    quatro saiam da cela.

    - Sim. - Respondeu um dos anjos, que trajava um

    roupão azul com iluminação própria. - Vocês estão atrasados...

    Dorael riu.

    - Não é tão simples planejar a invasão de uma pequena

    fortaleza, meu caro Dolpho. A essa altura os guerreiros devem

    ter tomado o castelo, não escuto mais o barulho de combates.

    Vamos subir. - O serafim líder fez sinal para que os guerreiros

    e os quatro ex-prisioneiros o seguissem.

    Quando chegaram na parte das masmorras onde havia

    os outros prisioneiros, uma nova gritaria começou. Quase

    todos estavam implorando para que os anjos os libertassem

    daquelas masmorras fétidas, mas Dorael não parou.

    A anja Ariana lançou um olhar triste para os prisioneiros

    e depois para Dorael, como se tivesse vontade de dizer para

    que ele os libertasse.

    - Se foram presos por ordem de Moron, que é contra

    esse tipo de atitudes, boa coisa, com certeza, não fizeram, e

    estão aqui pelas dívidas que acumularam. - Disse Dorael. - A

    lei do universo é justa e deve ser cumprida. Agora que

    tomamos o castelo, melhoraremos as condições das

    masmorras, mas não os libertaremos, até que sua purificação

    tenha se completado.

    17

    Ariana baixou a cabeça, triste, mas visivelmente havia

    compreendido as palavras do serafim.

    - Por favor, tenha piedade! - Gritou um dos prisioneiros

    enquanto os anjos sumiam no corredor.

    O grupo subiu as escadas para fora das masmorras, e

    quanto chegaram ao pátio, encontraram a situação sobre

    controle pelo exército angelical.

    Havia prisioneiros amarrados com cordas mágicas no

    pátio e alguns corpos dos combatentes caídos. Os anjos

    andavam por toda parte.

    Dorael seguiu com Natanael para o corredor central,

    onde um capitão os esperava, com dois prisioneiros ao lado.

    - Senhor. - Disse o capitão, batendo continência. - Todos

    os objetivos principais da missão foram completados, no

    entanto, tivemos trinta por cento mais baixas do que esperado.

    Dorael olhou para os lados, tentando dissipar sua

    frustração, então disse para o capitão:

    - Traga reforços, precisamos estabilizar a defesa do

    lugar, do contrário não conseguiremos barrar os contra-ataques

    que virão mais cedo ou mais tarde.

    - Sim senhor.

    O serafim líder, seguido pelo general Natanael, rumou

    para a construção de pedra ao fim do pátio.

    Alguns anjos guerreiros guardavam o lugar, e quando

    Dorael chegou, todos entraram em formação e bateram

    continência.

    Um dos serafins que estava ali tomou a frente e dirigiu-

    se a Dorael:

    - Senhor. Moron está preso na sala do comandante, se

    desejar falar a sós, ele o aguarda.

    Dorael entrou na sala, onde um anjo caído louro e de

    olhos muito verdes estava amarrado.

    O serafim fechou a porta e disse:

    18

    - A sua traição nos custou muitas vidas, Moron, portador

    do coração de ouro e guardião dos caídos do norte.

    Moron riu.

    - Traição? Vocês são a traição. Permitem que aqueles

    que, por discordarem de vocês os desafiam, sofram

    eternamente nos braços das sombras.

    - Eu luto pela justiça. - Respondeu Dorael.

    - Vocês com a sua arrogância e prepotência jamais vão

    compreender, Dorael. O que farás com os prisioneiros então,

    se julga-se o justo? Vos deixará apodrecendo ali, pelo simples

    fato de terem cometido delitos que a sua perfeição não lhe

    deixas cometer? - Moron cuspiu no chão. - Você, e todos os

    que permeiam o trono de Deus são falsos e arrogantes, os

    únicos que realmente merecem a prisão.

    - Você estava mantendo-os presos, Moron. - Respondeu

    o serafim. - Que moral tem para falar de mim?

    Moron gargalhou. Uma risada insana, assustadora e

    demente.

    - Fiz isso de propósito, eles não são prisioneiros. Não

    permito que seres que nasceram para serem livres fiquem

    enjaulados, como vocês, falsas luzes permitem. E isso

    curiosamente me faz ser respeitado e não ter motivos para

    encher celas, Dorael. Apenas dar umas boas chicotadas de vez

    em quando, para reestabelecer a ordem, mas jamais cometer o

    crime que vocês cometem...

    Tinha certeza que você viria e queria testá-lo, mostrar

    que não és justo como diz, pois vos deixaria presos ali, em

    tremendo sofrimento.

    Todos erram, mas devem ter a oportunidade de

    recomeçar, oportunidade que vocês não dão de verdade,

    apenas fingem

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