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Entre a Esperança e a Justiça: Guardiões de Orfheus
Entre a Esperança e a Justiça: Guardiões de Orfheus
Entre a Esperança e a Justiça: Guardiões de Orfheus
E-book392 páginas5 horas

Entre a Esperança e a Justiça: Guardiões de Orfheus

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Sobre este e-book

Após vivenciar o lamentável passado de Sofia por meio de um sonho, Kate finalmente consegue desvendar o mistério da sua origem.Agora, ela precisa lutar contra o espírito implacável de Sofia para poder permanecer em seu próprio corpo. Entretanto, quando Alex invade a Terra a sua procura, Kate se oferece como hospedeira e permite que o espírito de Sofia assuma o controle para poder salvá-la.Mas vencer o regente de Orfheus não será uma tarefa simples, por isso, Jaike e os Guardiões Orfhenianos se unem a Lucius e aos seus guerreiros da escuridão em uma batalha épica, que decidirá o destino de Sofia e de Kate Miler.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de fev. de 2020
ISBN9781526018212
Entre a Esperança e a Justiça: Guardiões de Orfheus
Autor

Gisele de Assis

Gisele de Assis é natural de Blumenau, nasceu em 18 de março de 1981, é escritora e roteirista. Uma Leitora voraz desde os doze anos de idade, seduzida por histórias de ficção e fantasia. Quando não está escrevendo, está lendo ou assistindo aos seus filmes e as suas séries favoritas. Atualmente, está terminando a sequência da série Guardiões de Orfheus.Entre em contato com a autora através do site:http://giselewassis.wix.com/guardioesdeorfheus

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    Entre a Esperança e a Justiça - Gisele de Assis

    Gisele de Assis

    Entre a Esperança e a

    Justiça

    Guardiões de Orfheus

    Volume 3

    Copyright © – 2017 Gisele de Assis

    Entre a Esperança e a Justiça

    Autor/Editor Gisele de Assis

    2ºed. – 2018

    Romance Sobrenatural

    Jovem Adulto

    ISBN

    978-15-43-28991-6

    Todos os direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios. Os direitos morais do autor foram assegurados.

    www.giseledeassis.com.br

    giselewassis@gmail.com

    Após meses de trabalho e de dias turbulentos, a série Guardiões de Orfheus chega ao fim com o seu terceiro e último volume! Sentirei falta desses personagens carismáticos e apaixonantes que me proporcionaram momentos incríveis de alegria e muita diversão! Dedico esse último livro da série a minha querida prima Sirlei Licinio, que perdeu a vida de maneira prematura, mas que agora está com Deus! Ela foi à primeira parecerista da série. A participação dela foi fundamental para à história.

    1

    Fazia quase duas décadas que Lucius esperava pelo momento de confrontar novamente o assassino da sua amada Sofia. A oportunidade de aniquilar Alex estava diante dele. Desta vez, o líder de Zebheus não iria blefar. Mas antes de tudo, precisava garantir a segurança de Kate que estava totalmente exposta ao inimigo e já não possuía mais o feitiço de proteção. A garota estava pálida e atônita. Encarava Alex com grande receio, enquanto abraçava o próprio corpo. Até parecia estar em estado de choque. O demônio ergueu rapidamente o olhar para Jaike e indicou a porta dos fundos.

    − Iniciante, você está esperando o quê? Tire a menina daqui agora! Ela só estará segura depois que eu matar esse impostor!

    Jaike concordou com um aceno rápido de cabeça. Ainda estava atordoado com a inesperada visita de Alex à Congregação. Fazia quase duas décadas que o regente de Orfheus não colocava os pés no planeta Terra, havia sido o próprio Criador quem o proibira. Jaike nem imaginava como Alex conseguira burlar esse decreto e passar pelos portais. Aquilo havia sido uma desagradável surpresa para todos. 

    − Mate esse desgraçado e vingue a morte da sua mulher, Lucius! – Jaike pegou a garota pelo braço. Ambos saíram correndo pela porta dos fundos.  Alex abafou uma gargalhada com a mão e revelou com a voz carregada de sarcasmo.

    − Desculpe desapontá-lo meu irmãozinho, mas o nosso acerto de contas terá que ficar para mais tarde! – com um semblante tranquilo no rosto, Alex lançou uma piscadela ao irmão. Ele permanecia encostado no batente da porta com os braços cruzados. – Eu tenho pendências para resolver aqui na Terra. Lamento, mas você não está incluso nelas!

    − Eu deveria ter arrancado o seu coração quando tive a chance! – Lucius cerrou os punhos com força. – Você não sairá vivo daqui, Alex!

    A postura dubitável do regente de Orfheus deixou Marcos intrigado. Aquela não era uma atitude plausível de alguém que estaria prestes a enfrentar um adversário do alto escalão e com grande poder como o Lucius. Marcos correu até o demônio e o segurou pelo braço, tentando evitar um confronto.

    − Lucius eu estou pressentindo algo de errado! Acho que é uma armadilha! Não faça o joguinho dele. É exatamente isso o que ele quer!

    Julio que, acompanhava toda a discussão franziu o cenho e indicou Alex com desdenho.

    − Concordo com você, Marcos! Esse sujeito vigarista não teria pisado aqui na Terra sem antes ter arquitetado algum plano mirabolante!

    − Quando vocês vão entender que o Alex é problema meu? – Lucius estava cego pelo ódio e não queria saber de conversa. Ele se desvencilhou bruscamente das mãos do regente e ordenou severamente. – Saia do meu caminho, Orfheniano!

    − Calma meu irmãozinho, não seja tão otimista! Os seus amigos estão certos! Eu vim acompanhado! – Alex esticou os braços e fez uma reverência ensaiada ao homem que entrou pela porta vestindo uma túnica longa.

    − Cássio o que faz aqui? – Lucius parou onde estava. – Você também está mancomunado com o meu irmão?

    − Eu não sou o Cássio, líder de Zebheus! – ele ergueu as mãos e através delas, emitiu uma poderosa luz vermelha. No mesmo instante, uma força sobrenatural atingiu Lucius e os dois regentes. Os três foram lançados violentamente contra a parede e imobilizados pela grandiosa magia. – Você não está reconhecendo a minha aura, ex-comandante do Reino?

    − Lucah? – Lucius perguntou vacilante. – Mas como?

    − Ao contrário de você Zebheriano, o seu irmão não me traiu! Em troca de liberdade, eu revelei o segredo da magia da cinza a ele! – Lucah se aproximou calmamente do demônio, que permanecia imóvel e prensado contra a parede junto com os dois regentes. – Você sabe que Calistun é um mundo espiritual. Então quando eu saí de lá precisei de um receptor, e este aqui era o que estava disponível no momento! – ele indicou o próprio corpo com um olhar e sorriu. – Eu sei que não combina muito comigo, mas já estou providenciando outro!

    − Alex o que diabos você fez? – Julio perguntou cético. – Como pôde desobedecer ao Criador e libertar um prisioneiro de Calistun? Essa blasfêmia pode resultar no fim da nossa espécie!

    Alex gargalhou com um tom de despreocupação.

    − Você não deveria se preocupar tanto com o destino da nossa espécie. Se o Criador estivesse de fato interessado na minha

    regência, Orfheus já teria sido destruído há muito tempo! − ele colocou as mãos no bolso do seu longo casaco e se aproximou de Julio. – Enquanto eu manter os humanos em segurança, ele não fará nada contra mim!

    − Você é algum imbecil ou só está se fazendo de besta? − Marcos berrou furioso. – Observe o céu de Alcantes! – a magia que Lucah proporcionou para imobilizá-los era extremamente intensa. Marcos mal conseguia mexer os músculos da sua face. – A Terra será invadida por legiões de demônios e nem mesmo você poderá impedir seu impostor!

    − Você me subestima muito regente Marcos, e eu não gosto disso!  – Alex entonou levemente a cabeça para o lado e avaliou a expressão do regente da Congregação. – Por mais que eu quisesse e desejasse isso, não poderia permitir que uma invasão com essa magnitude acontecesse aqui na Terra. Um evento catastrófico como este, certamente, atrairia a atenção do Criador. Por essa razão, enviei alguns feiticeiros e alguns Guardiões para Zebheus. Eles manterão os portais bloqueados até o caos se estabelecer! Portanto, a Terra não será atacada e em breve, o tempo se estabilizará!  – ele virou o rosto para encarar Lucius. – Então meu irmãozinho, eu sugiro que volte logo para aquele planeta imundo e coloque os seus subalternos de volta à coleira!

    A alegria que estampava o rosto do líder de Orfheus causou uma imensa repulsa em Lucius, que respondeu entredentes.

    − Você se acha tão esperto, mas não passa de um mero lunático que nunca foi capaz de enxergar a verdade. Passou quase duas décadas caçando uma menina que achava ser a minha filha! – ele exibiu os dentes em um sorriso forçado. – Aquela menina não é a descendente da Sofia!

    − Você também me subestima irmãozinho e isso me magoa muito! – Alex aproximou o rosto e sussurrou no ouvido de Lucius. – Acha que eu já não estou sabendo disso? – o regente se distanciou e caminhou tranquilamente pela sala, enquanto revelava. – No princípio, eu até acreditei que o bebê estivesse vivo. No entanto, a desconfiança me perseguiu por anos. Então, comecei a juntar as peças desse quebra-cabeça... – ao ver a dúvida surgir no semblante do irmão, Alex resolveu explicar melhor. – Estava tudo muito claro! A improbabilidade de o bebê ter sobrevivido ao duelo que tive naquele dia com a Sofia, era grande! – ele se virou na direção do irmão e berrou atormentado pela mágoa.

    − Por Deus Lucius! Eu quebrei os ossos da minha mão socando o colete de aço que a Sofia vestia! Coloquei toda a minha força na região do ventre dela! Que tipo de bebê poderia ter sobrevivido àquele ataque brutal? Ou você acha que eu não iria me certificar primeiro e acabar com a vida daquela criança bastarda?

    − Esteja preparado meu irmão, porque há sua hora vai chegar! Os seus gloriosos dias e os seus perjúrios estão contados! – Lucius cerrou o maxilar com força. – Eu não vou hesitar como fiz há quase duas décadas! Esteja ciente disso seu assassino!

    Marcos franziu o cenho. Havia algo no relato de Alex que não estava se encaixando. Ele olhou abismado para o líder de Orfheus e exigiu uma explicação.

    − Se depois de alguns anos você descobriu que o bebê estava morto, por que continuou a perseguir a Kate?

    − Por um motivo muito obvio regente! – a alegria voltou a estampar o semblante de Alex. – Eu descobri as intenções da Wilda quando achei o livro do Sacrifício na casa dela. Vou dar continuidade ao plano da nossa titia. A Kate é a Orfheniana ideal para receber a alma da minha mulher! Eu vou trazer a Sofia de volta à vida e ela não se lembrará de nada. Nem mesmo de você, Lucius! – ele ergueu uma sobrancelha para o irmão. – Se você não estivesse tão preocupado se envolvendo com a Kate e com esses Orfhenianos inúteis aqui da Terra, já poderia ter se antecipado e feito o ritual para trazê-la de volta. A essa altura, a Sofia poderia estar com você, seu tolo! – ao notar a expressão de incredulidade se formar no rosto de Lucius, ele indagou cético. – É impressão minha ou você se importa mesmo com essa tal de Kate? – Alex fez um ruído de desaprovação. – Esse é, e sempre será o seu grande problema! Você não deveria se importar tanto com o bem estar daqueles que ama!

    − Você é doente Alex!

    − E você é um fraco, ex-comandante de Orfheus! – o regente esboçou um meio sorriso. – Depois que eu regressar para Orfheus, todas as conexões com a Terra estarão suspensas por um período indeterminado. Ninguém entra ou sai do planeta!

    − Mas e quanto ao Igor? Você contou a ele? Contou que pretende usar a garota para um ritual? – perguntou Marcos já desconfiando da resposta que receberia. – Quando o seu comparsa deu as caras aqui na Congregação, ele nos disse que você tornaria a Kate a sua companheira! Em momento algum, ele mencionou as suas intenções a respeito de um sacrifício!

    − Entenda regente. Eu nunca pude compartilhar as minhas verdadeiras intenções com o Igor, ainda mais sabendo sobre a amizade dele com a Sofia! – Alex justificou com a sua paciência se esgotando. – Ele jamais compactuaria comigo se soubesse da verdade. Então, precisei omitir alguns fatos!

    − Alguns fatos? – Marcos mal podia acreditar na falta de escrúpulos do regente de Orfheus. – Você mentiu sobre tudo!

    − Seu vigarista! – Julio estava inundado de raiva e só faltou espumar pela boca. – Se o Igor soubesse da verdade, ele não deixaria a Sofia se tornar novamente a vítima das suas loucuras. Até mesmo aquele rato traidor sabe o quanto maluco você é!

    − Me achando malucou ou não, o Igor me ajudou durante todos esses anos! – Alex estava ficando enfezado. − Bom, agora chega dessa conversa irrelevante! – ele fez um gesto chamando Lucah. – Você conseguiu capturá-los, feiticeiro?

    − Sim. – Lucah assentiu com a cabeça. – Eles não conseguiram passar do portão, caíram na minha armadilha mágica e estão lá fora!

    − Traga-os para mim!

    Lucah saiu pela porta da frente. Alguns instantes depois, ele retornou trazendo Jaike e a garota. Ambos estavam presos por amarras mágicas que pareciam um tipo de corda gerada com magia obscura. Alex se sentou calmamente no sofá e cruzou as pernas, enquanto avaliava a angústia tomar o rosto de Lucius.

    − Eu sei que além de um bom guerreiro, você é também um excelente feiticeiro, irmãozinho. Mas convenhamos... O Lucah sempre foi o melhor!

    O demônio fechou os olhos e suspirou. Alex tinha razão, Lucah era muito poderoso. Foi exilado justamente pelo seu grande poder e pela sua infame audácia. Lucius precisaria de mais tempo para conjurar a magia necessária para se liberar das amarras geradas pelo lendário feiticeiro.  Ele lançou um olhar alucinado ao irmão e implorou aos berros.

    − Você não pode levar a garota! Se tentar realizar esse ritual em Orfheus, os Anjos Militantes irão matá-la!

    − Quanto a isso, não se preocupe! Eu tenho os meus recursos! Além do mais, eu não seria tão estúpido ao ponto de realizar um ritual assim em Orfheus! – Alex deu de ombros. – Desculpe não ficar para o café da tarde, mas eu preciso ir! O Lucah forjou essa fuga e conseguiu uma brecha de vinte minutos aqui  na

    na Terra. Infelizmente, teremos que resolver as nossas pendências outra hora, pois o meu tempo aqui se esgotou! – ele pegou Kate pelo braço. – Vamos minha querida, eu tenho uma surpresa muito especial para você!

    − Me larga seu cretino! – enquanto Kate protestava aos gritos, Jaike invocava a sua magia na esperança de se soltar, mas as amarras mágicas eram resistentes como aço. Lucah notou a resistência do Guardião, mas nenhum resquício de preocupação chegou a surgir no semblante dele. O feiticeiro indicou Jaike com um olhar de desdenho e perguntou a Alex.

    − O que faremos com esse aqui?

    O regente virou a cabeça e fez um gesto na direção dos outros Guardiões.

    − Deixe-o junto com esses inúteis!

    − Você não vai se safar dessa, Alex! − Jaike estava desesperado. A intensidade do poder que Lucah proporcionava na sua magia era descomunal. Se ele não agisse rápido, Kate seria levada para Orfheus. E pior, o sádico do Alex faria o ritual para trazer Sofia de volta à vida. Isso seria o fim para a Kate.  O único que possuía recursos mágicos para enfrentar o poderoso feiticeiro era Lucius. Jaike não queria depender exclusivamente da ajuda do demônio, Entretanto, essa era a única opção que ele tinha naquele momento. − Faça alguma coisa para impedi-lo! – o tom da voz dele denotava grande nervosismo. – Lucius o seu irmão não pode levá-la para Orfheus!

    − Eu não consigo me soltar, preciso de mais tempo! O Lucah conjurou um feitiço muito poderoso para me prender! – Lucius estreitou o seu olhar para Kate e teve uma ideia inusitada. – Mas para prender a menina, ele não usou! – na teoria do demônio, o feiticeiro não desperdiçaria a sua energia e nem o seu poder para prender a garota, ainda mais sabendo que ela não era uma ameaça. Lucah usou somente simples amarras mágicas. Qualquer Guardião com um mínimo de treinamento poderia se liberar daquele feitiço. Kate não. Ela nunca aprendera a manipular a magia. – Presta atenção menina, eu preciso que você se concentre na minha voz e faça exatamente o que eu mandar!

    Lucah começou a rir ao escutar o demônio. E Alex, que segurava a garota pelo braço e se preparava para deixar a Congregação, parou ao ouvir os apelos de Lucius. Ele não resistiu e resolveu recorrer novamente ao sarcasmo.

    − Meu irmãozinho, eu até admiro todo esse seu otimismo, mas acreditar que essa garota pode se libertar da magia do Lucah chega a ser um insulto da sua parte!

    − Não se preocupe regente, a garota não conseguirá se libertar! – o feiticeiro o tranquilizou. – Agora vamos, o nosso tempo está se esgotando!

    A expressão de Lucius se tornou sombria. Ele direcionou um olhar peculiar ao irmão e o surpreendeu.

    − Você tem razão! A Kate não conseguiria. Mas a Sofia sim! – o demônio voltou a sua atenção para a garota. – Menina você precisa deixar a Sofia assumir o controle!

    − E como eu faço isso? – ela perguntou incrédula, pois tinha quase certeza de que não poderia controlar o espírito de Sofia.

    − Não será difícil! – Lucius garantiu. − Apenas olhe para mim e lembre-se daquele dia em que nos beijamos. Pense no nosso beijo, em minhas mãos tocando o seu corpo e na sensação de plenitude que você teve ao estar inteiramente ligada a mim. Por favor, Kate, não resista e se entregue! Deixe que a Sofia assuma o controle! Só ela pode te salvar agora!

    Alex e Lucah se entreolharam ressabiados.

    Jaike suspirou apreensivo. Ele não sabia se sentia alívio por existir uma possibilidade de salvar a garota, ou se sentia ciúmes por saber que ela desejava tanto o demônio. Já a curiosidade de Alex foi a responsável por adiar a sua travessia ao Reino.

    − Espere um momento, Lucah. − o regente de Orfheus não se conteve e arqueou uma sobrancelha. − Isso está ficando interessante!

    Naquele momento, Kate abriu o seu coração e a sua mente a fim de se libertar de todas as barreiras que a impediam de desejar o demônio, até mesmo o seu amor por Jaike. Ela sabia que explorar esses sentimentos seria necessário para manter a sua própria sobrevivência e não se censurou por isso.

    − Você nem imagina o quanto tudo isso vai ficar interessante seu verme! – Kate fechou os olhos e se concentrou na voz de Lucius. Não foi muito difícil para ela sentir e recordar cada instante de completude que viveu nos braços dele. Logo, uma dor cruciante se instalou na sua cabeça e um zumbido familiar preencheu os seus ouvidos. Kate rangeu os dentes tentando segurar a dor que se intensificava de maneira abruta. E quando sentiu a sua mente se perder gradativamente em seu próprio subconsciente, ela já imaginava o que viria a seguir.

    − Menina você está bem? – Lucius observava atentamente a reação da garota, que já começava a denotar indícios de opressão espiritual. Ao invés de responder ela abriu lentamente os olhos tentando distinguir os detalhes ao seu redor. Quando finalmente enxergou o lindo rosto de Lucius, ela soube exatamente onde estava. Porém, não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo. − Sofia é você? – a esperança do ex-comandante se acendeu lhe trazendo um pouco de alívio quando ela fez um gesto afirmativo com a cabeça. Mesmo estando feliz em reencontrá-lo, ela não conseguiu disfarçar o seu tormento ao vê-lo preso e indefeso na magia de Lucah. Na verdade, qualquer ameaça à vida de Lucius era o estopim para tirá-la da razão. Mas no instante em que o olhar dela se cruzou com o de Alex, foi como se tivessem armado uma bomba atômica. Tudo aconteceu muito rápido.

    – Seu assassino! – ela esbravejou e se libertou rapidamente das amarras mágicas. Então, esticou os braços e impulsionou as suas mãos, lançando uma enorme esfera de fogo para cima de Alex e também para cima de Lucah. Ambos foram arremessados brutalmente contra a janela de vidro que não sustentou ao peso e se estilhaçou com a força do impacto. Na sequência, os dois foram lançados para fora da Congregação. Ela não se deu por satisfeita e avançou em direção a eles. Jaike ficou preocupado com a reação explosiva dela e fez um apelo ao demônio.

    − Rápido Lucius! Faça alguma coisa antes que seja tarde demais!

    − Eu estou tentando sair daqui! – o demônio indicou com um olhar desesperado, os seus braços imobilizados e cobertos por escoriações causadas pela magia.

    − Se algo de ruim acontecer à Kate, eu juro que te mato!

    Enquanto Lucius e Jaike lutavam para se soltar, Lucah rolava pela grama tentando apagar as chamas que inflamavam em seu corpo. Ao contrário de Alex, que estava letárgico e se levantava com dificuldades. Ele havia conseguido interceptar com um escudo protetor a maior parte do fogo. Entretanto, a barreira mágica não foi o suficiente para evitar que as chamas atingissem os seus braços e as suas mãos.

    − Sua vadia insolente! – Alex a insultava aos berros, estava furioso. Fazia séculos que não sentia o fogo arder em sua carne. – Como ousa me enfrentar?

    Ela não respondeu e nem se intimidou com a fúria descomedida do regente de Orfheus. Aproximou-se dele sem reserva alguma, fechou o punho e o nocauteou com um soco no rosto. Novamente, ele caiu estirado sobre a grama verde do quintal. Pronta para mais um ataque, a Guardiã esticou a perna e desferiu um chute que quase arrancou a mandíbula dele. Nem mesmo a sua grande experiência em combate, o impediu de voltar para o chão.

    – Quanta hostilidade, hein minha companheira? − ele sorriu e limpou com a mão, todo o sangue que escorria pela sua boca. Ainda no chão, o regente a surpreendeu com um golpe rasteiro. Ela se desiquilibrou e caiu também. – Você não mudou nada, hein? Continua previsível como sempre! − Alex se rastejou até onde ela estava e posicionou o seu corpo sobre o dela. Em seguida, a imobilizou com as duas mãos. Após esbofeteá-la no rosto, teve a ousadia de afrontá-la com palavras chulas. – Eu sabia que estava com saudades, minha mulher. Você nunca reclamou quando eu ficava por cima! Na verdade, você gostava muito... – ele segurou com força o rosto de Sofia entre as mãos e depositou um beijo nos lábios dela. – Vejo que você ainda gosta!

    − Eu também tenho uma surpresa para você, meu ex-companheiro! – ela não hesitou e desferiu um chute entre as pernas dele que o lançou para trás. Depois, o levantou pela gola do casaco e o arremessou em direção à estrada.  Alex atravessou uma cerca de madeira e caiu sobre o carro de Julio que estava estacionado na rua bem em frente à Congregação. A colisão gerou um imenso barulho e acionou o alarme. Não houve tempo para o regente reagir. Ela correu, pulou sobre o capô e o ergueu pelo pescoço com uma mão. – Diga adeus a sua vida, Alex! – ela apertou os dedos em volta da garganta do regente e invocou a sua magia. Uma luz branca refletiu através da mão dela e labaredas de fogo começaram a brotar. Logo, o pescoço dele foi completamente envolvido pelas chamas.

    − Se eu queimar, você queima também minha esposa! – Alex esticou o braço e alcançou a garganta da Guardiã. O regente invocou a sua magia para contra atacar, usando a mesma abordagem que a dela. – Não se esqueça de que eu já te matei uma vez, sua infeliz!

    − Para acabar com você, eu estaria disposta a morrer de novo! – ela concentrou toda a sua força na mão que estrangulava a garganta dele, e segurou um gemido de dor ao sentir as chamas abrasarem o seu próprio pescoço.  – Você nunca mais irá ameaçar a vida do Lucius!

    Lucah, que observava o conflito tenso e alarmante entre os dois, não aprovou aquela decisão incoerente. Se não interferisse rápido, ambos morreriam vítimas do seu próprio orgulho.

    − O que pensam que estão fazendo? – o processo de cura já estava em andamento, mas o corpo do feiticeiro ainda estava muito debilitado por causa das graves queimaduras. Ele parou na frente do carro e berrou desesperado na direção dos dois.  – Depois de tudo o que aconteceu no passado, vocês ainda não aprenderam nada? Ninguém irá morrer hoje! Entenderam? – ele esticou as mãos e emitiu uma corrente de ar em direção a eles. Ao serem atingidos, ambos caíram no chão. O feiticeiro ergueu Alex pelo braço e o afastou da Guardiã. – Precisamos deixar o planeta Terra agora, Alex! Se os Anjos Militantes descobrirem a minha armação, eles virão atrás de nós e ficaremos expostos ao Criador!

    − Tudo bem! – o regente se levantou irritado e ajeitou o seu casaco. – Vamos voltar!

    − Já era hora! – totalmente furioso Lucah o repreendeu.

    Enquanto Sofia sacudia a cabeça atordoada, Alex elevava ambas as mãos ao alto. Com os seus olhos fechados e com a sua mente concentrada, uma luz branca brotou da palma das suas mãos. Um forte clarão surgiu após alguns instantes e atravessou o céu na forma de um arco-íris com cores vibrantes. Rapidamente, minúsculas partículas se acenderam como vagalumes e começaram a piscar na medida em que se multiplicavam. A intensidade da magia conjurada por Alex gerou um grande portal que logo abriu passagem para o mundo destinado a sua raça e criado pelo grande Deus e Criador de todo o universo. O tão cobiçado planeta Orfheus. Mas antes de atravessar o portal acompanhado pelo lendário feiticeiro, o regente encarou a Guardiã e a alertou.

    – Isso ainda não acabou Sofia! Eu voltarei para te buscar, esteja preparada para ser minha novamente!

    2

    As queimaduras de segundo grau cobriam grande parte do pescoço dela. Mas a adrenalina que ainda pulsava em suas veias a distraia daquela dor. Embora Alex tivesse partido, ainda podia sentir a garganta dele queimando em suas mãos. Ela se levantou do chão um tanto aturdida, e virou a cabeça na direção da voz familiar que a chamava.

    − Meu amor, você está bem? – Lucius correu na direção dela e a abraçou fortemente. Depois de várias tentativas exaustivas, o demônio conseguiu conjurar a magia necessária para se libertar das amarras mágicas. Ele libertou também, Jaike e os dois regentes.

    − Eu estou bem. Mas e quanto você? Eles te machucaram? – ela perguntou enquanto fazia uma breve vistoria nos braços feridos dele. As amarras mágicas geradas pela magia de Lucah eram nocivas e causavam queimaduras ao entrar em contato com a pele.

    − Não se preocupe comigo, amor. Agora, precisamos cuidar de você! – Lucius limpou com a mão o sangue que escorria da boca dela e rosnou furioso. – Quando eu colocar as minhas mãos naquele miserável do Alex, vou trucidá-lo!  – o demônio rangeu o maxilar com força. A visão de Alex a machucando deixava Lucius em estado de insanidade. Ele verificou o pescoço dela e ficou impressionado com a gravidade das queimaduras causadas pela magia do regente. Mas a Guardiã não estava preocupada com os seus próprios ferimentos, ela queria respostas.

    − O que está acontecendo Lucius? Como foi que o feiticeiro Lucah conseguiu escapar de Calistun?

    − Alex o ajudou a sair de lá, usando o livro do Sacrifício que pertencia à Wilda.  – ao ver a dúvida surgir no rosto dela, o ex-comandante detalhou. – Através do ritual da alma viajante, o meu irmão entrou em Calistun para resgatar definitivamente o espírito do Lucah que estava exilado lá. Depois, ele fez o ritual de sacrifício e hospedou o espírito de Lucah no corpo de Cássio. – transtornado, Lucius prometeu. − Mas não por muito tempo! Eu vou mandar aquele desgraçado de volta para o inferno de onde ele nunca deveria ter saído! – o demônio não conseguia conter a sua revolta. Ela por outro lado, não se abalou tanto.

    No momento, havia algo mais perturbador a qual precisaria enfrentar. A Guardiã pegou o rosto dele entre as suas mãos e implorou com os olhos repletos de lágrimas.·.

    – Eu quero ficar Lucius... Quero ficar aqui com você! Por favor, não me mande de volta para aquela escuridão!

    Ele sentiu o coração latejar dentro do seu peito. O amor da sua vida estava diante dele implorando por ajuda e ele não podia fazer nada. Bom, supostamente até poderia. Se a levasse para Zebheus e fizesse o tal ritual de encerramento do qual Alex havia mencionado, conseguiria trazê-la de volta à vida. Porém, essa cerimônia aprisionaria para toda a eternidade a alma de Kate. Seria correto ele libertar a sua mulher e consequentemente condenar essa garota inocente? Sofia nunca hesitou quando o assunto se tratava da segurança dele. No entanto, ela nunca precisou sacrificar a vida de alguém inocente para salvá-lo. Mas antes mesmo de Lucius responder, Jaike se adiantou.

    − Eu lamento Sofia, mas você não pode ficar! Honestamente, você já ficou tempo demais por aqui! – ele ignorou o olhar ameaçador do demônio e a tocou no ombro. – E vem cá, que negócio é esse de você ficar ameaçando a vida da Kate? Só para a sua informação, a minha namorada não estaria disposta a morrer para matar o seu ex-marido maluco. Então, por favor, eu ficaria imensamente grato se você não colocasse mais a vida dela em risco!

    − Mantenha a calma iniciante, ela não pretendia machucar a Kate! – Lucius argumentou em defesa da Guardiã. Ele conhecia muito bem a sua amada e já imaginava que o clima iria esquentar. – Ela só estava querendo nos proteger!

    − Se for para colocar a vida da Kate em risco, eu dispenso a proteção dela! – Jaike estava fora de controle. Sofia havia passado dos limites. Se Lucah não tivesse interrompido, ela e Alex teriam sucumbindo em chamas e Kate estaria morta. Mas para atiçar ainda mais a revolta de Jaike, Sofia jamais admitiria o seu grande equívoco.

    − Escute aqui novato, eu estava lidando muito bem com a situação!

    − É foi o que eu percebi! – Jaike berrou de maneira adversa enquanto

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