Os Mundos De Eric Mcwalenski
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Os Mundos De Eric Mcwalenski - Marcos Antonio Da Silva Lima
Marcos Antonio da Silva Lima
denominada Odontokkkkkkk!!!, ré num processo que ele
move há quase um ano).
Psicólogo e ex-professor especializado em Filosofia e
História, McWalenski, convidado para ir a Sarnyranhópolis
(capital da República de Sarnhiranhão) pela detetive Marie
Joanita Francischova (também conhecida como Marie
Bourne
), ajudou a investigar um crime cometido pelo
senhor Phedophillovich (um homem casado com a
Escravinovna, irmã por parte de mãe de McWalenski que
viveu distante dele desde quando foi levada, juntamente
com o mano Rublopov, pela tia paterna, pra esta capital
dos Sarnystalinov, representantes da extrema direita da
ditadura stalinista que comanda aquelas terras). O
psicólogo terminou descobrindo que o cunhado abusava de
sua própria filha de sete anos de idade. Depois de
juntarem as provas, uma fonte de Bourne
descobriu que
aquilo levava a uma rede de pedofilia internacional
envolvendo gente influente e poderosa, como políticos,
religiosos, agentes da ex-KGB e juízes. Então Bourne
formalizou a denúncia via telefone, no Disque 400, direto
pra Moscou. Ambos tiveram que fugir, uma vez que ela foi
perseguida por policiais descaracterizados e ele, além de
perseguido, foi ameaçado e baleado, quase morreu. Marie
Bourne
, que trabalha no La Défense, o centro financeiro
de Paris, fugiu para a cidade luz primeiro do que
McWalenski1.
1
Sobre essa história, leia O Crime da Rua Sarnystalinov
,
publicado em 2015, por este autor.
17
Os Mundos de Eric McWalenski
Estes detetives tiveram um caso amoroso durante as
investigações do crime cujo desenrolar ficou anotado no
livro Disque 400
, escrito por Eric McWalenski. Ele se
apaixonou por ela e esperava propor-lhe algo mais sério.
Ainda nos momentos de fuga em seu país, após sofrer
ferimento a bala e cair num lago congelante, sobrevivendo
graças a solidadriedade de um casal de idosos que vivia
nas montanhas; durante os dias em que se recuperava na
casa daqueles que ele passou a considerar como seus novos
pais por terem tirado-o da beira da morte, Eric
McWalenski entrou em contato via e-mail criptografado
com Marie Franscischova. A fonte que ajudou nas provas
do crime que Bourne
denunciou era uma bióloga
descendente de franceses, sua ex-colega de faculdade. Foi
esta mulher quem preparou, com seus contatos, a nova
identidade do então Filipe, que passou a usar um antigo
nome que só seus familiares por parte de pai sabiam, ou
seja, Filipe passou a se chamar Eric McWalenski.
Conseguiram um passaporte para a França e ele viajou
para Paris, onde foi ajudado por Bourne
em sua
adaptação no exílio.
Durante o tempo que ficou se recuperando aos
cuidados do casal de aposentados, ele aproveitou para
escrever sobre tudo isso que acabara de viver e sofrer.
Seus apontamentos diários anotados em código foram
transformados em um livro que intitulou Disque 400
.
Com muita dificuldade, somente dois anos após chegar na
capital francesa, sem se comunicar com nenhum parente ou
amigo, conseguiu publicar seu livro através de uma
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Marcos Antonio da Silva Lima
daquelas editoras virtuais, embora sem aqueles serviços
profissionais de diagramação, capa, etc, que são exigidos –
ele fez tudo, desde revisão ortográfica até o desenho da
capa, e conseguiram publicar mesmo sem o tal selo de
qualidade, tendo como despesa, por sua escolha, apenas o
pagamento do ISBN (International Standard Book Number),
o padrão internacional de numeração de livros no formato
impresso. O fundamento deste sistema é a identificação de
uma edição específica de determinada obra literária. Eric
pagou também o e-ISBN, ou seja, o ISBN para livros
digitais.Ultimamente andara desconfiando que fora enrolado
no tocante aos seus royalties, que até agora se diz, pela
estatística do site da editora, só contabilizou 4,5 dólares,
sendo que seu ganho é de US$1,5 por unidade vendida ao
preço de US$20. Porquanto, só vendera os dois volumes
impressos que ele próprio comprou e mais um. Uma vez
tendo observado pelo Facebook que uma parente havia lido
sua obra de forma virtual - o que lhe daria um lucro
maior conforme o contrato, já que o livro lido no
computador ou celular deveria render-lhe, por unidade, em
torno de cinco dólares-, ficou com a pulga atrás da orelha.
Ou seja, parece que caíra numa cilada, riscos a que
escritores pobres e de primeira viagem, empolgados pelo
sonho de serem reconhecidos pela crítica, tendem a passar.
Mas o importante era que, através deste trabalho,
contaria a todos o que se passou, principalmente para os
conhecidos seus que não sabiam seu paradeiro, sobretudo
os poucos parentes que o viram fugir e os amigos de
19
Os Mundos de Eric McWalenski
Dalask, cidade onde viveu por vinte anos, e que teve que
abandonar às pressas, sem se despedir ou explicar o
motivo, quando encarou o desafio de descobrir que crime
se passava na casa de sua mana. Escreveu Disque 400
de forma fictícia (inventou personagens, nomes de lugares,
etc, mas foi verídico, em seus muitos e pormenorizados
detalhes dos fatos tais quais presenciou).
Sabedor que era de que celulares, e-mails, redes
sociais, etc, estão a serviço de poderosos no que tange ao
recolhimento de informações, dados de localização,
gravações de conversas, históricos de pesquisas em sites,
etc, de qualquer usuário, sobretudo depois das revelações
de Edward Snowden, McWalesnki passou a estudar um
pouco sobre o assunto, daí sua raiva manifestada aos
diretores do Facebook quando não conseguiu acessar aquela
página. Como ele queria informar às pessoas que o
conheciam sobre o que lhe aconteceu nos últimos anos e
voltar a se comunicar com eles, a maneira mais fácil era
pelo Facebook, a rede social massificada do momento.
Infelizmente, não encontrou ninguém de seu círculo que
utilizasse outros meios, digamos, menos reveladores de
dados, como o Diaspora*, uma rede social federada (a
propósito, navegava nestas praias há tempos sem nenhum
amigo conhecido no mundo real e ultimamente dera para
bloquear um cara que insistia em ser adicionado,
identificado apenas por cOSmo
vindo de um POD do
Diaspora* chinês, de Pequim; o bloqueou devido a possível
conteúdo pornô, certamente trazendo vírus). Assim foi que
lançou o livro no dia em que adicionou os amigos no
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Marcos Antonio da Silva Lima
Face, de forma que este é um dos seus maiores interesses,
ao lado do trabalho e agora de Solucielle, que o conforta e
faz suportar os infortúnios do exílio.
Naqueles primeiros meses nas terras da Revolução
de 1789, antes de empregar-se no Le Carrousel du Louvre,
tudo parecia ser a realização de um sonho para
McWalenski: estava com Marie Joanita, aquela que poderia
ser a mãe de seus tão desejados filhos. Continuaram a se
amar morando juntos por três meses, até ele começar a
desconfiar que tinha algo errado com as visitas constantes
da amiga, e fonte, de Bourne
que o ajudara a fugir.
Depois de algumas indiretas dele na busca pela verdade, a
detetive terminou por surpreendê-lo ao propor um
triângulo amoroso com aquela bióloga. Só aí é que caiu a
ficha. Marie confessou-lhe que começou a mudar suas
preferências amorosas a partir do trauma sofrido pelas
mortes trágicas de seus dois filhos num "acidente de
trânsito" lá na Sibéria, causado pelo próprio pai dos
meninos ao queimar arquivos vivos, pois ele abusava
sexualmente das crianças, sendo que ela havia descoberto e
denunciado para as autoridades, que nunca o pegaram –
fato este que a motivou a se formar em Direito. Pois bem.
Esse acontecimento a levou a diminuir a vontade de gerar
filhos novamente e desenvolver o gosto por amar mulheres,
e a primeira a lhe ajudar nisso, na prática, foi uma aluna
com sotaque francês que estudava Ciências Biológicas na
mesma faculdade em que Bourne
frequentava e que hoje
a visita tanto, despertando nele questionamentos sobre o
comportamento das mulheres.
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Os Mundos de Eric McWalenski
Obviamente, como McWalenski queria tanto formar
uma família daquela antiga forma tradicional, monogâmica,
romântica, resquícios da formação judaico-cristã que
recebeu (amar uma mulher, ter filhos, acompanhando a
formação e educação deles desde a fase fetal), e por ainda
não ter percebido a importância do amor incondicional,
terminou por não aceitar a proposta, optando por ficar
apenas como amigo de Bourne
e de sua amante.
Assim, pois, é que foi morar sozinho pela Grande
Paris. Preferindo nunca arranjar empregos nas áreas em
que era formado (embora seu francês não fosse lá de se
jogar fora), optou, desde o começo – e isso faz parte de
seu disfarce (segundo sua crença, correria menos risco de
ser reconhecido pelos seus oponentes siberianos, que
certamente teriam ramificações por ali)-, por trabalhar em
serviços braçais e/ou insalubres, geralmente extraoficiais,
oferecidos pelo Gueto, espécie de organização mantida por
ex-estrangeiros ou franceses que ajuda pessoas vindas legal
ou ilegalmente (desde que para fins pacíficos ou
humanitários) para a França.
Durante sete meses Eric trabalhou como auxiliar de
cozinha num restaurante nas proximidades da Torre Eiffel.
Depois de um tempo desempregado e recebendo ajuda
extraoficial governamental - longe de ser produto de um
possível resultado do programa de proteção a testemunha
(não pôde recorrer a este recurso porque foi ameaçado
indiretamente, se tivesse sido comunicado de forma direta
a respeito da vontade que o cunhado tinha de matá-lo, aí,
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Marcos Antonio da Silva Lima
sim, estaria, oficialmente, sob os cuidados dos governantes
de sua terra) -, voltou a trabalhar como ajudante de
gesseiro pra uma firma terceirizada durante seis meses.
Isso, de certa forma, foi bom, pois permitiu a ele conhecer
boa parte da cidade, incluindo as mansões dos bairros da
zona oeste, uma vez que esta empresa tinha diversos
contratos e, como ele era novato, não tinha um ponto fixo,
ficando sempre à disposição para substituir os funcionários
que faltavam. Saiu de lá reclamando direito à
insalubridade. Foi até o Gueto e entrou com uma ação
judicial que ainda tramita.
Após poucos dias parado, arranjou, já há mais de
cinco meses, esse atual emprego como auxiliar de limpeza
no Shopping Le Carrousel du Louvre, local que o
despertava interesse como ambiente de trabalho desde que
chegou à cidade luz, afinal, este centro comercial se
encontra no subsolo de um dos mais importantes – e o
mais visitado - museus do mundo. Para sua área de
estudos, é como se estivesse fazendo uma pós-graduação só
em pensar que tinha à sua disposição diariamente, para se
maravilhar, obras de arte e cultura humanas do Ocidente e
Oriente datados de mais de oito mil anos.
Nestes dois anos e meio tentando se adaptar no
exílio, e por força daquilo que o vinha atormentando desde
o começo de sua vida na Europa Ocidental – a saber, sua
crescente sensação de que estava sendo vigiado, de que
poderia ser morto a qualquer momento -, McWalenski, tal
qual nos seus empregos, também, propositadamente, não
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Os Mundos de Eric McWalenski
durava muito tempo nos seus locais de morada. Andou
alugando moradias com um só cômodo no Saint-Ouen,
Aubervilliers, Pantin, Romainville e atualmente mora em
Bobigny, uma pequena cidade suburbana a nordeste de
Paris. Parou de ligar para o serviço governamental onde
Marie Bourne
tinha feito a denúncia porque este órgão
dizia que, para saber o que procurava, isto é, o andamento
e resultados dos trabalhos de investigação dos peritos, teria
que ligar para um número de telefone estatal de
Sarnyranhópolis. Logo, como não confiava naqueles
profissionais, não o fez, visto que revelaria sua localização
atual.
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Marcos Antonio da Silva Lima
2º Capítulo
SOLUCIELLE?
Tu vai passar o resto da vida se escondendo?
,
continuava a ecoar na cabeça dele a pergunta da moça, no
momento em que ele vestia o uniforme e pegava alguns
materiais de limpeza solicitados por um colega que estava
cuidando dos sanitários que ficavam no caminho pra onde
se dirigia. Esse colega dele era meio esquecido das coisas,
de forma que McWalenski sempre procurava auxiliá-lo no
trabalho e o defendia contra os bullyings de que era
vítima. Com essas atitudes, e uma dose de sorte talvez
misturada com o fato de que o chefe revelara aos demais
colegas de Eric que ele estava ali numa emergência, pois
era professor de formação, mas que ali tinha se
transformado no melhor auxiliar de limpeza dos últimos
meses, foi que Eric conseguiu passar pro turno do dia com
poucas semanas de contrato – e, é claro, às custas de
muitas braçadas rápidas ao esfregar o chão e lavar os
vasos sanitários (que aliás lhe provocara certa dor crônica
no pulso direito).
Gostava de rememorar aqueles primeiros dias que
ali chegou porque, mesmo já tendo passado todo esse
tempo desde que deixou Marie Joanita, jamais quis pensar
em arranjar outra namorada, tamanho foi seu trauma com
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Os Mundos de Eric McWalenski
o fim do romance. Assim, o foco nas coisas do trabalho
era essencial. Ademais, sempre repetia que não devia
misturar trabalho com vida sentimental. Quando lhe
dirigiam alguma pergunta com intenção de saberem sua
intimidade, não se cansava de citar a famosa frase de
Goethe: "Quando estamos em sociedade, retiramos a chave
do coração e a guardamos no bolso; quem a deixa no lugar
são os tolos".
Todavia, não entendia bem os motivos pelos quais,
no início, não reparou em Solucielle de forma a atrair-se
por ela, pelo contrário, chegou até a chamá-la de gorda,
assim, na cara dela, embora ele explicasse que era pro seu
bem, pois isso a faria cuidar melhor da alimentação que
ela o confessava ser exagerada e tinha pouco controle. Na
verdade, a área cerebral de McWalenski, a que ele não
comanda, isto é, seu instinto, já tinha percebido a chance
de conseguir essa mulher pra si. Era uma jogada apelativa
para o padrão de beleza corporal imposto, há tempos,
pelos europeus, tão difundido nesses tempos de internet:
ele poderia ser um velho de dentes horríveis, mas era
professor formado e tinha relativa experiência de vida;
enquanto que ela, embora fosse uma jovem de belo rosto,
estava bem acima do peso ideal para a estatura e sua
formação educacional ainda não tinha sido completada.
Poderia ser uma troca justa, calculara seu
inconsciente: em breve tempo ele poderia conquistar um
emprego melhor, conseguir pagar os implantes dentários
(quem sabe, até com o possível ganho de causa que o juiz
poderia lhe dar na ação movida por danos morais e
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Marcos Antonio da Silva Lima
materiais contra a clínica) e, com seus conhecimentos
adquiridos da formação na faculdade de psicologia e
especializações, poderia ajudar Solucielle na perca de peso,
incentivando-a que voltasse os estudos e se formasse na
área que desejasse, inclusive Teologia, se assim o quisesse.
E ele estaria disposto até a entrar na religião dela, se fosse
o caso. E viveriam felizes para criarem um ou dois filhos.
A mudança de pensamento de Eric no sentido de
ver ali uma possível candidata a mãe de sua futura prole
só aconteceu dois meses mais tarde num dia em que ele a
pegou soluçando de choro num canto do shopping (ela
tinha sido chamada de preguiçosa por uma ex-colega de
outro emprego que estava passando por ali no momento
em que limpava o corrimão de uma escada). Não foi só
porque ele sentiu dó dela por não saber defender-se, mas
também porque se sentiu culpado por isso, já que naquele
dia, e em muitos outros, eles se distraiam demais e
conversavam muito durante o trabalho, o que fez com que
o serviço dela ficasse atrasado e produzisse aquela reação
da transeunte que a conhecia.
De certa forma, o inconsciente de McWalenski
continuava a trabalhar no sentido de se fazer atraente para
aquela mulher que tinha a metade da idade dele. Sabendo
que seus atrativos físicos estavam prejudicados – jamais
seria páreo para outro da idade dela -, ele passou a lha
apresentar a experiência de homem maduro, sempre dando
conselhos naquilo que a pouca idade e formação
educacional ainda não a tinham dotada. Solucielle era uma
mulher já adulta mas ainda com comportamento de
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Os Mundos de Eric McWalenski
adolescente. A ideia era solidificar na cabeça dela que ser
inteligente, madura, é ter capacidade de adaptação em
qualquer área profissional (à guiza de exemplo, enquanto
não conseguisse ser um professor por estar há pouco tempo
em Paris, ele poderia ser o melhor auxiliar de limpeza do
shopping), o que garantiria dar a sensação de segurança
futura, independentemente dos infortúnios que a vida
prepara. A honestidade e humildade em primeiro lugar.
De cabelos negros lisos e longos até a altura do
umbigo, pele bege, olhos pretos sem maquiagem,
sobrancelha natural, queixo pontudo que só não se
sobressaía mais que os belos dentes (raramente encobertos
pelos cheios lábios sem pinturas artificiais) no momento do
sorriso; com um corpo acima do peso, tendo como disfarce
natural o médio volume dos seios, Solucielle era três
centímetros mais alta que o senhor Eric, como ela gostava
de respeitosamente se referir a ele. Com apenas uma
educação a nível fundamental e vida toda ela dedicada aos
ensinos do Alcorão, o livro sagrado da religião na qual
nascera, esta criatura era filha de descendentes argelinos
islâmicos ali instalados há duas gerações. De forma que sua
maneira de ver o mundo era limitada, embora pura.
Mas não era apenas isso. Em suas conversas, ele
descobriu que ela fora abandonada pelo pai ainda muito
cedo, com seis anos, quando este procurou outra mulher e
saiu de casa abandonando a esposa com os filhos. Aqui o
inconsciente de Eric também andou especulando, pois
sabia, pelos estudos que fizera, de alguns casos de
mulheres de vinte e poucos anos que passaram a
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Marcos Antonio da Silva Lima
desenvolver gosto por homens muito mais velhos, como se
quisessem compensar a ausência da figura paterna com
quem não conviveram durante a formação no resto da
infância e adolescência. Faltava descobrir se esse era o
caso. Mas tinha um empecilho: estava prometida a um
homem com quem se correspondia por carta havia uns