Nessa Data Querida

De Roman Lopes

Hakim Bey, em seu livro Caos, Terrorismo Poético e Outros Crimes Exemplares , dedica um capítulo às crianças, intitulado Crianças Selvagens ... Desse capítulo retiramos o trecho a seguir, que descreve bem os personagens pitorescos de NESSA DATA QUERIDA: As crianças, denunciadas por seus próprios sentidos purificados, pela brilhante feitiçaria de um prazer belo, espelham algo de fatal e obsceno na própria natureza da realidade: anarquistas ontológicos naturais, anjos do caos – seus gestos e cheiros emanam para seu entorno uma selva de presença, uma floresta de presságios repleta de cobras, armas ninja, tartarugas, xamanismo futurístico, confusão incrível, urina, fantasmas, luz do sol, ejaculações, ninhos e ovos de pássaros – agressão cheia de alegria contra os crescentes gemidos daquelas Regiões Inferiores incapazes de englobar tanto epifanias destruidoras quanto a criação, como farsa frágil, mas afiadas o bastante para contar o luar.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 10 de fev. de 2017

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Nessa Data Querida

Roman Lopes

Nessa Data Querida

1ª Edição

São Paulo – SP

Vagner Lopes Roman Junior – Editor

2016

Essa obra é resultado de um trabalho coletivo. Muitas ideias

presentes foram retiradas das improvisações feitas pelos atores e das

propostas do diretor, no decorrer de um processo tumultuado, intenso

e rico. Quero agradecer aos companheiros de jornada Ana Rosa,

Bianca Nuche, Camila Móra, Camila Florio, Eduardo Yoshimura,

Fernando Moraes, Mariana Bittencourt, Raphael França, Victor

Walles, Weslley Rocha e dedicar essa obra à generosidade e à beleza

deles.

Roman Lopes

PREFÁCIO

Fim

Esse é um texto traiçoeiro! Cuidado ao montá-lo! Ele exige que

delicadeza e brutalidade caminhem juntas, ao ponto de se

misturarem e virarem o Nessa Data Querida. Se você pesar um

milímetro para algum dos lados, você vai montar alguma outra

coisa que não esse texto.

#

Nessa Data Querida coloca num cenário de festa infantil seis

crianças prontas para brincar; uma mãe que não consegue

controlá-las, uma boneca que incita a violência e um palhaço

com ares de sem graça, tudo isso num crescendo de tapas e

sutilezas que deságua num final trágico.

&

Esse foi o primeiro texto que surgiu de um processo em que eu

trabalhei como diretor. Caímos em muitas armadilhas ao montá-

lo, não só durante o processo, mas no resultado final. Olhem

para esse texto e mergulhem além das aparências e dos tapas

que ele propõe, acho que os momentos que conseguimos,

enquanto jovem grupo estudante de teatro, mergulhar nele,

achamos o que essas palavras e esse texto têm de potente.

¢

O que esse texto quer dizer? Confesso que, enquanto grupo, não

nos debruçamos sobre essa questão enquanto o fazíamos, mas eu

me arriscaria a jogar a seguinte pergunta sobre uma das

possibilidades que ele aponta: o que aconteceria num mundo

onde crianças não têm adultos podando as suas brincadeiras?

§

Porque o prefácio não é um texto com começo meio e fim? Por

que passar pelo processo de montagem desse texto cortou meus

pensamentos em pedaços, e hoje, mais de um ano depois que o

apresentamos pela última vez, ficam sensações de