O Primeiro Nobel, Enfim? A Saga
De Magno Max
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O Primeiro Nobel, Enfim? A Saga - Magno Max
MAGNO MAX
O PRIMEIRO
NOBEL, ENFIM?
A SAGA
O Primeiro Nobel, enfim? A Saga.
Magno Max.
1ª Edição – 2017
Brasília – DF
Clube de Autores
ISBN: 978-85-922552-0-6
1. Literatura brasileira. I Título.
CDD B869
Todos os direitos reservados, conforme registrado na Biblioteca Nacional. Nota do autor:
1 – Os diálogos em inglês deste livro foram traduzidos para o português; e
2 – Essa obra é baseada em pessoas e certos fatos reais, já a identificação e época fica totalmente por conta e responsabilidade do leitor.
Copyright 2017 © Magno Max
Todos os direitos reservados
Ó Senhor (...) Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?
Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.
Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo... As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.
Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!
Salmo 8:1-9
PRIMEIRA PARTE
"Podemos então considerar a matéria como constituída por regiões do espaço nas quais o campo (elétrico, de energia, vibrações) é extremamente intenso... Na física não há lugar para as duas coisas, campo e matéria; campo é a única realidade" – Einstein.
I – Uma novidade, uma esperança, um plano
Brasília, Brasil – uma da tarde, o sol tropical castiga os viventes que se atrevem a sair ao ar livre nesse horário. Na sombra agradável do Palácio do Planalto, o presidente, um senhor de meia idade com olheiras estava cochilando o seu cansaço num sofá macio, quando o Ministro João Pedrosa, da Ciência e Tecnologia, adentra no Gabinete Presidencial bastante eufórico, despertando o chefe subitamente. João é um homem branco de meia idade, cabelos pretos, estatura média – tem um perfil mediterrâneo, e a sua voz é grave, com um sotaque goiano acentuado.
– Presidente, como é que tu tá? Bão? Deixe eu falar, tenho uma grande novidade!
– Hannn? É você, o Ministro Pedrosa... O que foi homem? Para incomodar a minha letargia, depois do almoço? – ralha o mandatário com a voz amassada pelo sono.
– Adivinha, presidente?
– Ah sei lá. Desembucha!
– Pois não aqui vai, excelência, éé... eu simplesmente descobri o nosso primeiro prêmio Nobel! O primeiro Nobel do Brasil, home!
Os olhos do mandatário começaram a brilhar vividamente e um sorriso largo brotou da face enrugada dele, então um pensamento sagaz lhe vem "Um prêmio Nobel? O primeiro do Brasil! E na minha gestão? Quero saber, quero saber!"
– O que repita-me Pedrosa! O prêmio Nobel! Saiu finalmente para o Brasil? E no meu mandato! Eu sabia! Viva! E quem foi o premiado hein? – gritou o presidente, não conseguindo conter a sua empolgação.
– Só que tem um detalhezinho excelência... Ainda não temos um premiado sô! Ainda não!
– Ahhh! – bronqueou o presidente, bastante frustrado, voltando à sua poltrona de preguiça e torpor.
– Calma, mestre. Ele não ganhou, mas está próximo disso, segundo especialistas da área não é custoso ele chegar lá não!
– Ah tá! E quem lhe contou isso, João?
– Ah, excelência, foi um assessor meu lá do meu gabinete, que é muito do ladino, bem informado, sabe?
– E o que diabos esse tal cientista promissor está fazendo para merecer esse destaque todo, João?
– Bem, ele está desenvolvendo uma invenção aí, um tal de mecanismo antigravidade, que promete contribuir em muito para solucionar esse problema do aquecimento global. Falam que se o negócio vingar ele vai ser disparado favorito ao prêmio Nobel. Como o senhor sabe, hoje em dia o pessoal está valorizando muito essas coisas de energias renováveis, ecologia.
– Ecologia? Iiih! Você também vem me falar nisso, João? Estou por aqui! Tem uns índios lá do Norte, da floresta, e os amigos deles, os ecologistas, eles não deixam eu construir minhas usinas hidrelétricas em paz, de vez em quando tem paralisação nas obras! E isso é um saco! Como diz o meu neto.
– Mas esse cientista é diferente, mestre! Só vai trazer alegria! Até construir tanta hidrelétrica nem vai ser mais preciso. Quem sabe? E ainda tem o primeiro prêmio Nobel que o Brasil vai ganhar na sua gestão... O mais importante! Hein? Hein, hein? Me diga se não é excelência?
– Claro que sim! Bem, e agora, agora, nada nos resta a fazer senão esperar que esse tal invento surta efeito e ele seja agraciado, para o bem dele, e do nosso partido, quer dizer do nosso país que vai ganhar esse bendito prêmio, até que enfim, até que enfim! – exclamou o presidente.
– Só tem uma coisa presidente, ele não é brasileiro, quer dizer, cem por cento não... Ele nasceu no Brasil, mas é americano naturalizado. Foi para os Estados Unidos ainda garoto. E ainda está enfurnado por lá.
– Americano naturalizado? Ah, então não me interessa! Para que você veio tomar o meu tempo, João? O cara tem de ser cem por cento daqui ou nada feito! Você não entende? A coisa tem de ser midiática, bombástica, sair na imprensa, na TV, internet, com letras grandes, destacadas, Bra-si-lei-ro gan-ha o No-bel pela primeira vez.
Você que é do ramo, por acaso não entende isso?
– Entendo, senhor presidente, entendo até demais! Ora! Certeza! – retrucou Pedrosa. – Mas, excelência, quem sabe com uma boa oferta não há uma possibilidade desse cientista vir morar e trabalhar no Brasil, retomar a cidadania brasileira e ganhar o prêmio aqui? Aí, ninguém na mídia vai lembrar que um dia ele foi americano naturalizado, certo?
O mandatário parou, refletiu, e disse admirado:
– Você é danado mesmo hein Pedrosa?! Sabe, João, às vezes, até eu mesmo tenho medo de você, sabia seu marqueteiro danado! O marqueteiro que faz o diabo para ganhar eleição!
– É? Não, eu só dou um jeito senhor presidente! Mas devo lembrar, que a expressão faz o diabo
foi o senhor que cunhou sô...
– Tá, fui eu. Mas isso não vem ao assunto... Então, como vamos fazer para trazer o tal cientista pro Brasil? Estou interessado! Até que enfim, parece que vamos desencantar!
– Bem, excelência, eu soube que ele é muito apegado aos avós que moram na Bahia, e sempre falou de morar na boa terra, mas até agora não fez nada para tornar realidade.
– Então, melhor esquecer!
– Um momento aí, excelência! Acabei de saber que aconteceu uma tragédia na vida dele. O sujeito deve estar arrasado sô. E, somado a isso, dizem que ele se queixa muito do stress no ofício. Então, Se a gente oferecer a ele um bom salário e um ambiente condizente de trabalho, o Cauan Mendes, esse é o nome dele, muda para cá de mala e cuia e termina a sua invenção nobilitante
no Brasil.
– Será, João?
– Não custa nada tentar, mister senhor presidente. Agora, eu só quero a sua carta branca me garantido que ele vai ter um bom salário e um laboratório de primeira para trabalhar.
– Mas quanto ao salário dele? Tem uma ideia?
– Algo que em torno de... um milhão de dólares anuais, mais ou menos. É quanto ganha um cientista gabaritado nos Estados Unidos, de acordo com a minha assessoria, que aliás não dorme no ponto!
– Isso dá uma baita grana em reais, Ministro. Mas estou acostumado mesmo a rasgar dinheiro público, como diz a oposição. No certo mesmo, eu poderia dar um cargo de comissão a ele. O que poderia render aí uns duzentos mil dólares anuais, e o resto? Tem alguma ideia?
– Presidente, que tal... se a gente arrumasse para ele a participação bem remunerada em conselhos de estatais? O cara teria um dinheirinho bom por fora, todo mês, sem nem precisar comparecer, como fazem alguns ministros e políticos...
– Taí, uma ótima sacada, João. Isso dá para arrumar fácil! Então providencie tudo para mim, lhe dou carta branca! Vamos fazer o diabo para o Brasil ganhar esse Nobel no meu governo! Agora suma daqui que eu tenho que me preparar para uma recepção com um presidente de um paisinho aí, do Terceiro Mundo que veio nos visitar, acho que é da África ou da América Central... Tanto faz, dá no mesmo! De vez em quando um deles vêm aqui me empatar o tempo! Que porre! Vou te contar cara, às vezes ser um presidente de esquerda é um saco!
– É, num deve ser fácil mermo, sô...
– Fácil? Muita gente que tá de fora pensa assim! Humm!
– Bem, até mais presidente.
– Tchau! E vê se adianta esse negócio, hein? É assunto de estado!
– Ahhh! Tá bão, combinado! Até mais, sô.
Enquanto se afastava, João meditava consigo mesmo...
Ah esse presidente! Me trata como um lacaio, um empregadinho dele. Ingrato! Poderia ao menos reconhecer que sem mim ele jamais teria sido eleito! Quem
fez o diabo", como ele mesmo disse, ou seja, o trabalho sujo de inventar mentiras sobre os adversários na propaganda eleitoral? Quem produziu aquelas inserções geniais, embora agressivas, reconheço, chutando na canela dos adversários? Adversários, uma ova, tudo inimigo! É, aprontei sim! Não é à toa que a maioria do público bem informado deste país me abomina. Me chamam de João Pedrosa, o sujo, filho disso, filho daquilo, o Goebbels tupiniquim. Um marginal qualquer é mais bem cotado do que eu no julgamento dessa elite aí. Até alguns aliados do presidente me desprezam. Mas eu não estou nem aí para eles, tenho talento e competência de sobra, estou acima das críticas. Escrevi até um livro dizendo isso, não foi? Embora não vendesse quase nada, está dado o recado. Meus admiradores são poucos, meus antipatizantes são muitos. Mas o importante é vencer, e eu venci. É ou não é, João?
E eu não sei por que fui aceitar esse cargo de Ministro. Mas confesse João. Foi só para satisfazer a sua vaidade. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade! Foi para os meus pais dizerem. Temos um filho Ministro
ou para o pessoal da minha cidadezinha reconhecer: Essa terra emplacou um ministro, em Brasília!
, ou talvez para constar do meu obituário um dia. Porque financeiramente não preciso deste cargo, aliás tenho prejuízo me ocupando disso aqui, o salário não é lá essas coisas. Só cobre parte das minhas despesas. Gosto de tudo do bom e do melhor, de primeira, isso custa. Até troco de mulher de vez em quando para ficar atualizado, ré, ré.
Pra ser ministro tive de deixar temporariamente a direção da minha agência de publicidade. Lá, eu me sinto em casa e faço o que eu gosto! Sem burocracia, sem ter de me ater a tanta lei, código, e o raio que o parta!
E para que mais dinheiro, hein? Ganhei muito na última campanha, o suficiente para ser chamado de milionário, ré, ré! São as maravilhas do caixa dois! Tomara que nunca descubram o golpe. Um marqueteiro famoso aí estragou a sua carreira brilhante por causa de escândalo de corrupção. Mas comigo isso nunca há de acontecer! O negócio foi bem feito.
Quer dizer, eu acho... A vida apronta!
Então, já bati o ponto
. Meus velhos sabem que eu sou Ministro, me viram falando na TV, no rádio, e acho que devem ter ficado orgulhosos. Acho... Meu velho pai, seu José Domiciano Nery Pedrosa, o Zé das Baixas, professor pobre, mas honrado
todo mundo sabe, andou dizendo que tinha vergonha de mim, por causa do que eu andei aprontando na campanha política. Ah velho orgulhoso! Sempre com a mania dele de agir pela decência! Mas, já o restante do pessoal de Uruaçu, minha terra boa, eles sim, se orgulham de mim. Até me chamaram para fazer uma homenagem no dia da fundação da cidade. Bem... Agora eu quero largar isso, certo, João?! Cansei desse trabalho, de tanta ingratidão, e uma burocracia do caralho para fazer as coisas! A mídia, e esses burocratas do Tribunal de Contas, da Procuradoria, os políticos da oposição, que ficam implicando comigo têm de entender uma coisa:
Estou pagando para trabalhar!
Quero sair desse cargo o mais breve, mas antes disso hei de deixar um legado, um marco da minha passagem no Ministério. E esse algo, se resume em trazer o primeiro Nobel para o Brasil! Ah! essa ideia... não me sai da mente, desde quando o Olímpio, o meu assessor me informou sobre esse cientista brasileiro que mora nos Estados Unidos e a sua invenção.
E o mais não sei explicar o porquê. Quando o Nobel se tornar realidade, aí sim, posso pedir demissão disso aqui e vou cuidar da minha vida, sô! Serei dono do meu nariz de novo. E não terei mais que bater continência pra gente sem noção, tipo esse aí..."
II – O sonho, a visão
E como tudo começou, realmente? Coisa de alguns meses antes desse diálogo entre o Ministro e o Presidente em Brasília, Cauan, o cientista, estava dormindo profundamente em um espaçoso quarto de hotel em Dubai. De repente, veio-lhe algo como uma visão arrebatadora: uma mulher jovem, branca, de cabelos pretos aspecto agradável, uma aura luminosa ...uma voz feminina sem igual, macia e suave, porém audível, ecoava, ecoava, no ambiente... Ela disse:
– Cauan, pode me chamar de Namagire. Eu venho de um lugar cuja natureza e localização são incompreensíveis para você, agora. Homem eleito! Temos observado o seu proceder correto e justo, a pureza dos seus pensamentos, por isso vamos lhe confiar um segredo, uma invenção, cujo objetivo é colaborar para salvar a grande casa de vocês que corre risco iminente!
– Hein? De onde você veio? De que grande casa está falando? – arguiu Cauan, com o espírito confuso, mas curiosamente sem nenhum medo...
– A grande casa que eu falo é a Terra. Quanto a mim, eu fui enviada pelo Alto. Agora preste atenção homem eleito, vou mostrar uma imagem que lhe permitirá construir esse aparelho que chamarão de mecanismo antigravidade para veículos.... Preste atenção nestes desenhos, eles vão ficar gravado na sua mente como o seu nome. Você não esquecerá nada ainda que queira. Mas não está tudo aí, o último detalhe essencial, lhe será passado daqui a algum tempo, só depende de você quando... Quanto mais relaxado melhor, para receber a graça. Enquanto isso vá trabalhando...
Então apareceu na parede seis telas. Juntadas, formavam um esquema complexo... de algo nunca visto. Cauan sentiu um fascínio profundo por