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O Brasil Medonho
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E-book161 páginas1 hora

O Brasil Medonho

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Sobre este e-book

Escrito ao longo de dois anos, 2020 e 2021, no período da pandemia da Covid-19, "O Brasil Medonho" é um livro em que o autor, Dr. Zenório Piana, aborda, em 24 capítulos, aspectos relacionados ao Brasil, desde o seu descobrimento em 1500 pelos portugueses até os dias atuais. Trata da colonização, da escravidão negra e branca ao longo da história; das questões de educação, segurança, subserviência, desigualdade social, governos, corrupção, costumes, religião, legislação, dominação pela elite, privilégios, castas sociais, fraquezas, fragilidades e agruras do povo brasileiro, entre outros aspectos. O autor comenta de um modo crítico e resumido, com linguagem simples e de compreensão fácil, a situação atual do país, muito vinculada a natureza do seu povo e a formação cultural da nação brasileira. Um livro com abordagem crítica e de leitura agradável.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento7 de nov. de 2022
ISBN9786525430997
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    O Brasil Medonho - Dr. Zenório Piana

    Prefácio

    Quando Deus criou a Terra, ao concluir sua magnífica obra, olhou para ela encantado e, ao se ater em um lado do hemisfério sul, ficou deslumbrado. Diz a lenda que o anjo Gabriel, que estava por perto, embasbacado ao ver tanta beleza, falou ao Divino: Por que fizeste um lugar tão maravilho? Vai ser o paraíso na terra? Ao que o divino Criador, o grande arquiteto do universo, teria respondido: A obra não está completa; espera para ver o povinho que vou colocar lá, depois do ano 1500 do nascimento do meu filho Jesus Cristo.

    Essa história foi contada, mais ou menos assim, por não menos que um cardeal da Igreja católica, em um local importante - no auditório do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil.

    Dom Jaime Chemello, ex-presidente da CNBB, em palestra no STF, no ano de 2014, fez uma piada que pegou mal. Dom Chemello contou essa conhecida historinha que narra a criação do Brasil. Ele advertiu que a anedota não se referia ao Brasil, mas sim a um país da América do Sul; no entanto, a justificativa não colou. Quando criou esse país, Deus o poupou de vulcões, terremotos. E colocou nele praias maravilhosas, cachoeiras, terras férteis, petróleo. Aí um anjo perguntou para que tanto privilégio num país só! Ao que Deus respondeu: Espera para ver o povinho que eu vou colocar lá…. Para dom Chemello, parece que isso teria sido bíblico.

    Mas esse povinho, miscigenado, explorado, inculto, arrogante, analfabeto funcional, em sua maioria esperto e simplório, ainda consegue, apesar de tudo, sorrir e rir de si mesmo. Talvez no momento da piada ele até não se inclua nela. Nessa hora, ele se considera um lorde inglês, rindo dos outros.

    Eu queria entender um pouco mais do Brasil. Tive uma carreira profissional de sucesso! Atualmente aposentado, com tempo disponível, decidi estudar um pouco mais a história deste país que acolheu meus bisavós italianos, pobres, procedentes da região do Veneto, norte da Itália, cuja capital é Veneza, mais precisamente da província de Vicenza. Embarcados no porto de Genova e desembarcados em Porto Alegre, foram deslocados para a serra gaúcha, mais precisamente, para a terra dos bons vinhos, Bento Gonçalves. Agora faço parte desse povinho, talvez com menos qualidades que as citadas anteriormente. Ainda não miscigenado, e fora do conceito de Darci Ribeiro, o senador demagogo, mas, a partir da minha geração, espontaneamente miscigenados.

    Igual a uma criança que deseja saber tudo sobre o mundo novo que se descortina diante dela, ou do adolescente rebelde que quer saber o porquê da vida, agora, na minha envelhescência, segundo o conceito de Mário Prata, decidi saber a razão de Deus me haver colocado nesse país sul-americano.

    Por que estou eu aqui? Pelo acaso, obviamente. Mas por que estou nesse país conceituado por dom Chemello de forma tão acachapante? Segundo os espíritas, eu estaria pagando algum malfeito da vida passada; estaria me regenerando para uma vida melhor, onde irei para um lugar lindo, maravilho como este, mas muito mais agradável, com um povo muito mais fraterno, gentil, educado, culto, civilizado, com qualidades mil, e defeito algum. Procurei, então, ler muito, ver vídeos, reportagens especiais, documentários, anotar algumas informações que pesquisadores, escritores, pensadores e políticos escreveram sobre esse país em um caderno de anotações. Muitos trechos refletem simplesmente o que já foi relatado por outrem, ou observações de escritos, ou de parte de artigos; outros, observações minhas, colocadas nas considerações ao final de cada capítulo. A escolha dos títulos seguiu minha linha lógica de raciocínio sobre os aspectos mais relevantes da história, considerando os problemas mais relevantes do nosso país. Uma delas, a maneira inteligente, pedante e presunçosa fugaz do brasileiro de ver as coisas e querer levar vantagem em tudo. Não foi minha intenção buscar referências e informações como um Laurentino Gomes, tampouco como um Eduardo Bueno ou outros historiadores e jornalistas; afinal, não sou um historiador. Não mergulhei em bibliotecas ou cartórios em busca de informações, até porque o meu objetivo foi tentar entender a relação geral desse povo com a sociedade na qual se insere, além de seu comportamento e história em termos gerais e não específicos. Minha intenção foi a de um cidadão comum, com vontade de conhecer melhor a história de seu país do Brasil a partir dos dados disponíveis e dividi-la com outros, olhando apenas os aspectos negativos desse povo.

    Não foi minha pretensão, em momento algum, encontrar soluções para os graves problemas desse país, mas apenas indicar as falhas. Há uma infinidade de políticos tentando dirigir esse gigante, invariavelmente com pouco sucesso. Esse país foi forjado com garra. Tivemos bons governantes, embora raríssimos. Há muitos bons pesquisadores e pensadores; no entanto, seus escritos e sugestões não são observados e aproveitados pelos governantes, que, na maioria das vezes, não conseguem formar boas equipes de governo e buscam apenas a satisfação pessoal na ocupação do cargo e locupletação da família, quando no poder.

    Jessé Souza, em seu livro A elite do atraso, de 1998, faz uma bela análise do Brasil. Enquanto Raymundo Faoro, em sua obra de 1958, nos tem mostrado muito sobre os donos do poder. Darcy Ribeiro, por sua vez, em O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, expressa de modo claro a sua demagogia, que deu certo. Mas é na narrativa clara e fluida de Mary del Priore e Renato Venancio, em seu livro Uma breve história do Brasil, de 2016, que viajamos de maneira suave sobre sua história.

    Minha ideia foi descrever o Brasil a partir de dados públicos disponíveis, com o sarcasmo possível, mostrando os aspectos negativos do povo, da sociedade, do governo, das instituições e do Estado, buscando referências na literatura que trata da evolução histórica da sociedade e das instituições. O livro, dividido em capítulos, aborda questões relevantes, a meu ver, da história do país. No final de cada capítulo, faço uma abordagem específica e ao final dele, as considerações gerais de forma condensada.

    Introdução

    Brasil, o nosso magnífico país. Cantado em verso e prosa. De belezas mil.

    Minha terra tem palmeiras

    Onde canta o Sabiá

    As aves, que aqui gorjeiam

    Não gorjeiam como lá. ...

    Não permita Deus que eu morra

    Sem que eu volte para lá

    Sem que eu desfrute os primores

    Que não encontro por cá

    Sem qu’inda aviste as palmeiras

    Onde canta o Sabiá.

    Do poema Canção do Exílio, poesia romântica de Gonçalves Dias, escrita durante o seu exílio em Portugal, em julho de 1843. Representa bem esse lindo país maravilhoso, de florestas, montanhas. Campos, rios, praias, flores e animais silvestres magníficos.

    Uma terra inicialmente habitada por indígenas, provavelmente descendentes de povos asiáticos, que atravessaram o estreito de Bering há 62 mil anos, e desceram até o sul do continente; que talvez tenha sido alcançada por navegadores chineses em algum momento anterior ao da descoberta pelos portugueses e, mais recentemente, em abril de 1500 d.C., agora com registro por escrito na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei português D. Manoel, nascia a Ilha de Santa Cruz, depois Terra de Santa Cruz. Ainda assim, a sua descoberta oficial é contestada por alguns historiadores, que dão a descoberta do Brasil ao navegador espanhol Vicente de Pinzón, que teria chegado no norte do país no mesmo ano, um pouco antes de Cabral.

    Em nossa narrativa, o que importa é o período posterior ao da descoberta oficial por Pedro Alvarez Cabral. O Brasil é oficialmente incorporado a Portugal em 1500, embora já pertencesse ao reino português mesmo antes da chegada de Cabral, pelo tratado de Tordesilhas, assinado na povoação espanhola de Tordesilhas em 7 de junho de 1494, celebrado entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela, para dividir as terras descobertas e por descobrir por ambas as coroas fora da Europa.

    Inicialmente, os portugueses exploraram a árvore pau-brasil (Paubrasilia echinata), conhecida pelos índios tupis pelo nome de ibirapitanga, que tinha sua maior distribuição geográfica entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Norte. O nome Brasil originou-se dessa árvore, da qual, por sua vez, teria derivado o nome brecilis ou brezil, árvore com qualidades semelhantes às do pau-brasil, originária da Ásia, de nome científico Biancaea sappan, utilizada também para madeira e corante para tingir tecidos na Europa. Seu nome já circulava em diversas partes do continente nos séculos XII e XIII. O período econômico do pau-brasil foi relativamente curto, entre os anos de 1500 e 1530, no qual os portugueses usaram principalmente a mão de obrados índios nativos para retirar a madeira das matas.

    Após esse período, passaram a explorar o solo da Terra de Santa Cruz, um dos primeiros nomes dados ao Brasil, derrubando as florestas e cultivando a cana-de-açúcar para a produção de açúcar, dando início a um importante ciclo da economia brasileira, chamado de Ciclo da Cana-de-Açúcar ou simplesmente Ciclo do Açúcar. O produto foi considerado a primeira grande riqueza agrícola e industrial e por muito tempo também constituiu a base da economia colonial. Esse ciclo predominou no período compreendido entre a metade do século XVI e a metade do século XVIII, mais precisamente, entre 1516 e 1700, mas que tem grande importância até os dias atuais com a produção de açúcar e álcool. Nesse período, também se destacou, embora em menor escala, a produção de algodão e tabaco.

    Com a criação das Capitanias Hereditárias, em 1534 e, posteriormente, com a instalação

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