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Pensamentos Fora Da Caixa
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E-book177 páginas3 horas

Pensamentos Fora Da Caixa

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Sobre este e-book

A filosofia não nasceu dentro de uma academia rodeada por eruditos sabichões e/ou tratados ontológicos. De maneira alguma! Ela surgiu de homens e mulheres corajosos, que literalmente arriscaram suas vidas pensando com a própria cabeça. Todos nós, cedo ou tarde, fazemos questionamentos sobre os mistérios da existência e do Ser. Podemos filosofar trabalhando, caminhando no bosque, antes de dormir, sentados no vaso sanitário, em qualquer lugar. Então, por que não fazemos isso num boteco da Rua Augusta, tomando cerveja entre amigos? O livro PENSAMENTOS FORA DA CAIXA é uma viajem pela história da filosofia, misturada com seções terapêuticas dentro de um bar. O autor nos convida para momentos reflexivos, que talvez mudem sua forma de enxergar a realidade. Durante quatro noites, conhecerá as profundezas da alma humana ao lado de personagens neuróticos buscando respostas num divã, que farão dos capítulos a seguir uma legítima aventura.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de dez. de 2018
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    Pensamentos Fora Da Caixa - Ismael Tavernaro Filho

    PREFÁCIO

    Eu sempre desconfiei das pessoas muito certinhas, aquelas do tipo sem vício nenhum, hiper equilibradas (pelo menos na superfície) ou que nunca explodem de raiva. Essa gente me faz acionar o botãozinho de FIQUE ALERTA PARCEIRO, QUE AÍ TEM! E, na maioria das vezes... é batata! Os dias se sucedem e de repente o(a) fulano(a) libera o que estava guardando a tempos. Revela a personalidade oculta que escondia: suas garrinhas.

    Todo mundo possuí um vício, ou quem sabe é justamente o contrário - todo mundo é possuído por algum. Existem diversas formas de significações do termo vício. Pode ser uma fuga, um jeito de suprir o vazio emocional ou qualquer outra coisa que a organização mundial da saúde e a psicologia determinem. A questão não é essa! Para facilitar, vamos dizer que é um hábito repetitivo que degenera em algum nível (consciente ou inconsciente) o homem e a mulher. Trocando em miúdos: São válvulas de escape, das demasiadamente bizarras até as comuns, ordinárias. Formas que encontramos de amenizar a pressão dos acontecimentos da vida. Quase uma regra da espécie humana.

    Se dúvida do que estou afirmando, basta uma rápida autoanálise.

    Bebida alcoólica, jogos de cartas, comida, café, cigarro, falar mal da vida alheia, esportes radicais, musculação, remédios, redes sociais, sexo e tantas outras que poderíamos expor. Tudo pode se transformar em algo prejudicial!

    Ah! Já ia me esquecendo: Até agora falei dos hábitos entendidos como negativos. Contudo, podemos direcionar os vários fatores que nos levaram a tal diagnóstico para coisas positivas, atividades construtivas, como por exemplo: Pintar quadros, inventar uma melodia ou escrever poesias. Eu mesmo sou um dependente do papel e da caneta. Anoto tudo que me vem à cabeça, não fico um dia longe do meu diário.

    E por que estou dizendo essas coisas? Basicamente, para chegarmos em duas situações:

    1. Quero te levar a um divã na Rua Augusta! Sim, exatamente isso. Eu e você participaremos de sessões terapêuticas que poderão desviar completamente os rumos da sua vida. E o pior de tudo, é que é dentro de um boteco (quer recinto mais adequado para costumes lesivos?). Por enquanto fique tranquilo: logo, logo entenderá melhor.

    2. Conhecerá de perto o vício mais sutil e delicado que existe: A Pandemia do Pensar. Não reconhecemos essa loucura interna. Pensamos vinte e quatro horas por dia, até dormindo. Durante o sonho estamos lá: maquinando, tagarelando. É um processo autônomo que nem percebemos. Nos identificamos com os ruídos mentais. Enquanto abocanhamos um lanche, no banheiro escovando os dentes ou caminhando na rua, os pensamentos levam nossa atenção onde bem querem.

    Se analisar imparcialmente, descobrirá que você não é tão diferente dos malucos que vagueiam pelas ruas. Toda cidade tem seus loucos! O que muda, é que eles exteriorizam a maluquice, e nós os sensatos, tomamos barbitúricos para dormir. Precisamos dos loucos para sentir-nos equilibrados, sãos.

    Que ironia, não acha?

    Nas minhas considerações, gosto de contar pequenas histórias e sugerir testes para que você mesmo tire suas próprias conclusões. O livro PENSAMENTOS FORA DA CAIXA está cheio disso. Acredito que experiências vivenciadas em primeira pessoa são essenciais para compreendermos melhor. Então vamos lá!

    – Sente-se em uma posição confortável, feche os olhos e observe os pensamentos fluírem. É como se estivesse na varanda de um prédio, no décimo andar. Vendo de cima os carros transitarem, o movimento dos alunos indo para a escola, passarinhos voando em zigue-zague, o som das coisas ao redor e você na plateia assistindo a um legítimo show da mente. Isso é o que chamamos de meditação aqui no ocidente.

    Com bastante cuidado vai reparar que os pensamentos são organismos que se deslocam independentemente. Surgem de algum lugar misterioso e vão embora sabe-se lá para onde. Do alto você prova essa agitação, e é incontrolável

    Abordaremos aqui esse vício. Pensamentos não convencionais, abstrações que precisam de uma certa limpeza no sentido de juízos formados, ideias pré-estabelecidas, valores, conceitos, tradições e outras limitações que nos podam as asas.

    Há um conto no Zen Budismo que deixa bem claro sobre o que estou me referindo, e ele diz assim:

    No Japão da era Meiji viveu um mestre chamado Nan-i. Ele influenciou diversos jovens da época pela sua grande sabedoria. Em certa ocasião, um professor universitário muito interessado na filosofia Zen e na fama daquele ancião resolveu conhecê-lo de perto.

    O professor tinha muitas ideias e questionamentos já acentuados, não parava de falar um só minuto. Ele não deixava espaço para aprender. Todas as suas convicções o incapacitavam de ouvir. O mestre, percebendo a situação, ofereceu ao barulhento uma xícara de chá. Lentamente Nan-in preparou o fogo, separou as ervas e aguardou paciente a ebulição acontecer. Do outro lado, os blá-blá-blás não tinham arremate...

    Quando a bebida estava pronta, o sábio encheu completamente a xícara do hóspede até derramar em toda a roupa:

    – Você não percebe? Não cabe mais nada aqui dentro, nem uma gota sequer. Falou o professou.

    Então o velho disse:

    – Do mesmo modo que está a xicara, está o senhor! Cheio de opiniões e julgamentos prévios. Assim, como posso lhe ensinar a arte Zen? Como poderá absorver o espírito milenar se está tudo ocupado aí dentro?

    Entendeu a mensagem do velho?

    Se não esvaziarmos nossa xícara - ou se preferir, nossa tulipa, continuaremos fantoches nas mãos de ídolos e de fantasias.

    Não sejamos professores ou professoras durante a leitura... Vamos ser alunos(as), crianças sem luz, sem ideologias, sem formalidades.

    Serão quatro capítulos eletrizantes, cada um deles corresponde a uma noite de consulta. Dialogaremos com um bando de pacientes neuróticos, depressivos, coléricos, que juntos irão mostrar o outro lado da moeda. O que realmente acontece nos bastidores. Vamos experienciar momentos de pura agonia, mas também de alforria. Sentaremos frente a frente com o desalento de pessoas que buscam no mundão alguma saída. Outras vezes, não terá outro jeito se não rir da desgraça alheia.

    Peço a você que deixe suas conclusões para trás. Somente esvazie a bolsa. Carregamos muito peso à toa, sem necessidade. Talvez encontre a resposta para o seu próprio drama, ou ainda enxergue coisas que mudem sua forma de ver a vida.

    INTRODUÇÃO

    Há poucas semanas atrás concluí a leitura de uma obra chamada A ARTE DE TER RAZÃO de Arthur Schoupenhauer (filósofo alemão do século XIX). Basicamente, é um livro que apresenta trinta e oito estratégias sobre a arte de vencer o oponente num debate. O autor não se preocupa com os meios que irá recorrer e nem com a premissa de valor (VERDADE) - ele utiliza da razão para literalmente derrotar o antagonista.

    A palavra é uma das maiores armas que o ser humano possui, ela tanto pode criar poesias belíssimas, como também pode destruir milhares de vidas em um holocausto (como foi a Segunda Guerra Mundial). O intuito de pensar fora da caixa não é sair vitorioso de forma alguma, mas sim conversarmos honestamente sobre assuntos que muitas vezes só abordamos depois de beber quatro ou cinco copos de vodka.

    Existem diferenças muito significativas entre as palavras discussão, debate e diálogo. Geralmente, usamos esses termos como sinônimos sem perceber as nuanças que cada um tem.

    Na discussão, ousamos quebrar o assunto em partes menores para analisar minuciosamente cada uma delas, até mesmo a palavra percussão tem o prefixo cuss, que significa quebrar ou afastar. Nesse sentido, é o tipo de conversa em que os indivíduos não se interessam exclusivamente em finalizar o problema ou chegar a uma única conclusão, eles querem fracionar o embaraço. Isso é bem comum na filosofia.

    Muitas vezes, discutimos por horas e não chegamos a lugar nenhum - outras vezes começamos pensando de um jeito e terminamos pensando totalmente diferente, ou seja, não importa literalmente o fim - é o trajeto, a caminhada, a busca pela verdade que tem a magnitude. Em suma, é o oposto das religiões dogmáticas que estruturam seus fundamentos no medo.

    O Debate, por sua vez é a conversa que tem um único objetivo: Derrotar o oponente. Não importa se o que digo é equivocado, ofensivo ou hipócrita: Dane-se! O que vale é provar que você está errado e eu estou certo. Para mim é uma grande bobagem. Assisto constantemente falas de cunho doutrinário, partidário e sabe de uma coisa? Acho uma grande merda e perda de tempo os debates.

    Esse livro está mais para um diálogo, uma conversa daquelas que você tem no final da noite de sexta-feira em um bar de esquina, após trabalhar pra caramba a semana inteira, ralando feito um alucinado(a) quase sem descansar por que realmente precisava de uma grana extra no salário.

    Consegue imaginar uma noite assim? Já passou por algo semelhante?

    Mas calma aí, que ainda não terminei...

    Imagine tudo isso, porém acrescente no mesmo balcão um indiano místico, completamente embriagado atendendo outros fulanos tão bêbados quanto ele em um divã improvisado.     

    Então... a ideia é essa. Transportarei você para uma cadeira ao meu lado (e se quiser, ainda pago uma rodada de cerveja). Uma espécie de catarse psíquica entre amigos. É meio raro acontecer um diálogo assim. Acredito que você nunca ouviu histórias iguais às que vou contar. No meio de um cenário peculiar sairão reflexões que jamais cogitei. Pensamentos literalmente fora da caixa. Talvez se admire o quão semelhantes as pessoas sejam no mais íntimo.

    Vai conhecer os motivos pelos quais um ricaço abandona tudo e foge com um circo deplorável, conhecerá também Boquinha (o político que não ria), a inveja do primo Sócrates e muitos outros relatos absurdos. Nosso vício de pensar chegará aos extremos durante as quatro noitadas de terapia em grupo.

    Enfim... Antes de darmos início a essa jornada surreal, quero primeiramente alinhar umas coisas com você, tudo bem?

    Para que a leitura seja mais fluída e espontânea, é indispensável que não se aferre ao vocábulo super acadêmico, pois lembre-se: estamos entre amigos e num botequim, beleza?

    Em segundo lugar: Não leve todas as palavras mencionadas no seu sentido literal, ao pé da letra. A linguagem divide as coisas e as palavras simbolizam conceitos, onde eu não vou gastar meus poucos neurônios demonstrando o que cada termo quer dizer - levaria muitas horas e energia. Dois exemplos, só para que você entenda:

    A garrafa está em cima da mesa.

    Nessa pequena frase teríamos que analisar juntos o que cada símbolo implica. O conceito de garrafa, do

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