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Apocalipse Sem Judaísmo
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E-book869 páginas19 horas

Apocalipse Sem Judaísmo

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Sobre este e-book

Essa obra desvenda as profecias do livro do Apocalipse, apresentando-as numa linguagem acessível e em ordem cronológica. Juntamente com acontecimentos futuros, também aborda a história oculta do mundo, bem como, a grande conspiração das sociedades secretas e do judaísmo, com o objetivo de implantar um Governo Único Mundial e entronizar o Anticristo como seu “governante supremo”. Ao mesmo tempo, expõe as falsas doutrinas e as teologias judaizantes cuja meta é induzir os cristãos a aceitar a marca da besta. Através desses alertas, os escolhidos poderão enfrentar as dificuldades que estarão presentes nos últimos dias e manter-se fiéis até a volta de Jesus.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de mai. de 2020
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    Apocalipse Sem Judaísmo - Rodrigo Pires De Oliveira

    PREFÁCIO

    Trezentos anos depois da reforma protestante, iniciou-se um sutil ataque à doutrina evangélica.

    Através de modificações na interpretação de determinados simbolismos bíblicos, algumas correntes teológicas introduziram distorções no significado dos textos proféticos sobre os últimos dias.

    Os mecanismos de defesa de alguns cristãos foram neutralizados, uma vez que essas alterações vieram do judaísmo cabalístico, uma religião que, em alguns aspectos, é um pouco parecida com o cristianismo, apesar de, em seu âmago, ser radicalmente diferente dele.

    Até pouco tempo, não existia muita urgência em se determinar o real significado dessas passagens, mas com a aproximação da volta de Cristo, tornou-se prioritário saber o que de fato acontecerá nestes dias, pois até a sobrevivência dos cristãos dependerá disso.

    Assim, veio a mim a Palavra do Senhor dizendo: Antes que eu te formasse no ventre eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta (…) aonde quer que eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar dirás. Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a mão, e tocou-me a boca e disse-me: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca. Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares (…) E disse-me o Senhor: Do Norte se descobrirá o mal sobre todos os habitantes da terra (…) Tu, pois, cinges os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas em sua presença. Porque eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra, e contra os reis de Judá, e contra os seus príncipes, e contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar. (Jeremias 1:4-19).

    Diante da influência do judaísmo sobre o cristianismo, especialmente sobre os intérpretes evangélicos, tornou-se necessário divulgar o verdadeiro significado dos textos sobre o arrebatamento e a vinda de Jesus através de um livro que refutasse biblicamente os conceitos judaizantes que se infiltraram em boa parte das igrejas cristãs, pois:

    "Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.» (Amós 3:7).

    Por isso, após ser revelado o verdadeiro sentido de tais profecias, veio a mim a Palavra do Senhor, dizendo:

    O que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas (…) (Apocalipse 1:11).

    Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. (Apocalipse 1:3).

    INTRODUÇÃO

    Os teólogos evangélicos defendem diferentes posições, quanto à interpretação das passagens bíblicas sobre a vinda de Jesus. Em geral, as várias denominações aceitam todas elas, permitindo que cada um faça a sua opção.

    Estas linhas de pensamento podem ser divididas em dois grupos:

    I – QUANTO À ESPERANÇA DA IGREJA:

    MILENARISTA: Ensina que, após a volta de Jesus, haverá um reinado de Cristo na terra com a duração de mil anos.

    AMILENARISTA: Ensina que não existirá tal reino, e, na ocasião de seu retorno, os santos serão levados diretamente para a Jerusalém Celestial.

    II – QUANTO À POSSIBILIDADE DE PERSEGUIÇÕES:

    PRÉ-TRIBULACIONISTA: Ensina que Jesus arrebatará a Igreja antes da grande tribulação.

    PÓS-TRIBULACIONISTA: Ensina que o arrebatamento acontecerá somente depois da grande tribulação.

    Apesar de serem ensinadas todas essas versões, somente duas delas realmente se cumprirão. Por isso, é necessário e urgente que se compreenda, por meio das Escrituras, qual delas é verdadeira, pois o próprio Jesus…

    ... concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia dos que induzem ao erro. (Efésios 4:11-14)

    Os teólogos cristãos chegaram a conclusões tão divergentes, apesar de examinarem os mesmos textos, porque alguns deles basearam seu posicionamento em conceitos provenientes do judaísmo e não do cristianismo.

    O judaísmo distorceu a tal ponto as esperanças messiânicas dos israelitas, que não puderam reconhecer seu próprio messias quando ele veio e, julgando tratar-se de um impostor, crucificaram-no.

    Sob praticamente todos os aspectos, o judaísmo é totalmente divergente do Novo Testamento, pois, enquanto os cristãos entendem que Jesus Cristo já trouxe este reino para a terra, os judeus acreditam que ele ainda está por vir, aguardando até hoje, por promessas que já se cumpriram.

    Este componente antagônico, não pôde ser isolado do restante da doutrina judaica, quando alguns teólogos evangélicos resolveram fundi-la ao cristianismo. Com um impulso a mais, financiado pelos banqueiros internacionais judaicos, essa heresia acabou infiltrando-se na igreja através de algumas doutrinas que carregam consigo, a esperança messiânica do judaísmo que é: Israel governará o mundo todo num período futuro denominado milênio.

    Em consequência disso, muitos cristãos foram convencidos de que deveriam aguardar a volta do Messias para implantar o reino de Deus. Quando, na verdade, isso já aconteceu!

    Conforme ensinava Jesus: o reino de Deus já está no meio de nós!

    Pensar de outra forma é um grande erro!

    Amamos os judeus, como a todos os outros povos. Contudo, viemos em nome de Jesus Cristo denunciar e nos opor a toda influência do judaísmo cabalístico sobre a fé evangélica, pois, ao se recusarem a aceitar que Jesus é o verdadeiro Messias, os adeptos desta religião passaram a personificar o espírito do Anticristo em si mesmos, pois está escrito:

    Todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do Anticristo, do qual ouviste que há de vir, e eis que já está no mundo. (I João 4:3).

    Com o objetivo de oferecer resistência a esta perigosa interferência, apresentamos nestas páginas o que as profecias verdadeiramente dizem sobre os últimos dias, expondo o APOCALIPSE SEM JUDAÍSMO.

    Me foi revelado este segredo, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber… (Daniel 2:30)

    1 | O MILÊNIO JÁ CHEGOU

    Para explicar as libertações que vinham ocorrendo através de seu ministério, Jesus comparou as pessoas possuídas por espíritos malignos, com casas guardadas por um corajoso proprietário, as quais somente poderiam ser saqueadas pelo uso da força.

    Segundo essa comparação, cada alma liberta seria como uma propriedade arrancada das mãos de seu proprietário, o que somente seria possível se este fosse primeiramente vencido e amarrado:

    Se eu expulso os demônios pelo espírito de Deus, é consequentemente chegado a vós o reino de Deus. Ou como pode alguém entrar em cada do homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não amarrar o valente, saqueando sua casa?(Mateus 12:28-29)

    Através dessa explicação, Jesus demonstrou que o simples fato dele e seus discípulos estarem expulsando os demônios através do Espírito Santo provava que o reino de Deus já havia chegado. Mas, com estas palavras Jesus Cristo está nos ensinando também que, para implantar o reino de Deus no meio de nós, o príncipe deste mundo precisava ser manietado primeiro. Confrontando o diabo numa batalha espiritual, Jesus precisava primeiro vence-lo e amarrá-lo por milhares de anos. E foi exatamente isso que aconteceu: o diabo já está aprisionado desde os dias em que o Filho de Deus exerceu seu ministério e andou por esta terra.

    Consequentemente, essa autoridade de Jesus sobre os demônios evidenciava que, desde aqueles dias, Satanás já se encontrava acorrentado; cada pessoa que era libertada dos demônios por Jesus e seus discípulos tornou-se uma prova incontestável de que o reino de Deus já havia se implantado.

    É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios… (Mateus 10:7-8).

    A derrota do diabo esperada pelos judeus para os últimos dias estava sendo consumada nas obras de Jesus e seus discípulos. (Bíblia Shedd, Edições Vida Nova, 1998, nota explicativa, Pág. 18).

    As cartas de Judas e Pedro esclarecem este tema ainda mais, revelando não apenas que o diabo e seus demônios se encontram aprisionados desde aquela época, mas também que foram lançados no poço do abismo, e que, atualmente, seu poder e ação encontram-se limitados por cadeias:

    Deus não perdoou os anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo. (II Pedro 2:4).

    Aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões… (Epístola de Judas: versículo 6).

    Mas, apesar dessas revelações estarem bem estabelecidas em todo o Novo Testamento, alguns teólogos judaizantes distorceram as alegorias e simbolismos do capítulo 20 do Apocalipse com o objetivo deliberado de apoiar a tese absurda de que, futuramente, haveria um reinado milenar terrestre de Cristo.

    O objetivo destes agentes judaicos introduzidos na igreja primitiva já era, desde aquela época, infiltrar a esperança messiânica de Israel nos meios cristãos.

    A passagem mostra Satanás realmente sendo aprisionado por mil anos, mas como um fato que já ocorreu. Ela encontra-se em concordância com as palavras de Jesus nos evangelhos a respeito do valente que deveria ser subjugado e preso para que o reino de Deus se implantasse:

    E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o grande dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e até o encerrou e pôs selo sobre ele para não mais enganar as nações. (Apocalipse 20:1-3).

    Se, durante o ministério de Jesus, as libertações demonstravam que o diabo já havia sido acorrentado e lançado no abismo, fica evidente que o período de mil anos, citado em Apocalipse 20, teve início naqueles dias.

    Uma explicação escatológica, mas realizada a modo de C. H. Dodd, explicou este verso assim: Ninguém poderá entrar na casa do poderoso e tomar os seus bens sem primeiramente amarra- lo. O homem forte era Satanás. Seus bens são os cristãos (antes da conversão) que estavam sob seu domínio. Cristo o dominou, amarrando-o e segurando-o durante todo o período entre a primeira e a segunda vinda. No fim desta época, Satanás será posto em liberdade para testar a igreja. (SHEDD, Russel. A escatologia do Novo Testamento. Segunda edição. São Paulo: Edições Vida Nova. 1985. Pág. 16).

    No entanto, Satanás ainda interfere no mundo físico, mesmo estando vencido e aprisionado, porque, apesar destas cadeias restringirem seu poder, não podem impedir que este exerça sua ação maligna na esfera material através do próprio inferno.

    Este, na verdade, não é uma região do espaço, ou um compartimento estanque, que possa isolar o diabo do restante da criação, mas é uma dimensão espiritual que coexiste junto ao nosso espaço, como um universo paralelo. É devido a essa condição singular que Satanás, mesmo preso, pode influenciar a vida dos seres humanos e, muitas vezes, arrastá-los para a condenação eterna. A situação é semelhante a uma facção do crime organizado que comanda as prisões, e que, mesmo tendo seu líder preso numa penitenciária de segurança máxima, pode até mesmo, impor toques de recolher nas ruas de um estado inteiro, através do uso de telefones celulares introduzidos clandestinamente nas cadeias.

    De fato, tanto o céu como o inferno podem se estender para o mundo material e interferir nele. É o caso do julgamento de Estevão ou da transfiguração de Jesus, em que os céus se abriram diante dos homens. É também o caso de Davi, que, por suas aflições, sentiu que o próprio inferno estava invadindo sua existência, conforme afirmou:

    Cordas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam. (Salmo 18:5) Jesus revelou que o diabo lutaria contra a igreja através destes pontos de contato entre o inferno e o mundo em que vivemos, chamando-os de portas do inferno:

    Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mateus 16:18)

    Apesar destes portais do inferno permitirem alguma interferência de Satanás sobre o mundo físico, o aprisionamento em que ele se encontra impede que sua ação nas regiões celestiais bloqueie a salvação.

    Jesus já acorrentou Satanás, e qualquer nação que tenha entrado na esfera da igreja cristã está a salvo do seu poder. Conquanto Satanás possa desviar indivíduos, não pode mais fazer o mesmo com nações inteiras. (BRAATEM, Carl E.; JENSON, Robert W. Dogmática Cristã, Volume dois. Primeira edição. São Leopoldo-RS: Editora Sinodal. 1990. Pág. 509).

    Portanto, se o período milenar se iniciou nos dias em que Jesus expulsava as legiões de demônios, fica implícito que este tempo não abrange somente dez séculos, mas um número simbólico de anos, usado para indicar a plenitude dos tempos:

    Os mil anos de Apocalipse 20 são simbólicos, mais que literais. Outro modo de dizer isso é declarar que a referência aos mil anos é atemporal. (ERICKSON, Millard J. Opções contemporâneas na escatologia. Primeira edição. São Paulo: Edições Vida Nova.1982. Pág. 63)

    O REINO DE DEUS

    Como o capítulo 20 de Apocalipse específica que foram as almas, e não o corpo dos santos que reinaram com Cristo neste período, fica evidente que este reinado não é terrestre ou material, mas sim espiritual:

    E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus… E viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. (Apocalipse 20:4).

    Portanto, essa descrição não se refere a um reinado a ser implantado na terra, mas às realidades celestiais que já estão presentes em nossos dias.

    Na verdade, muitos destes santos já foram feitos reis e sacerdotes para Deus (Apocalipse 1:6) há muito tempo, e fazem parte de um reino que já chegou e está no meio de nós, mas que não é deste mundo (João 18:36).

    Consequentemente, não se trata de um futuro estado monárquico governado por Cristo, mas da revelação de uma nova realidade que foi trazida por ele em sua primeira vinda.

    Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz e alegria no Espírito Santo. (Romanos 14:17).

    A pregação do evangelho, a salvação, os milagres, curas, libertações e todas as manifestações do poder de Deus, são evidências concretas de sua chegada.

    Este reino consiste basicamente em:

    1) Graça

    2) Libertação

    a) Do pecado

    b) Do inferno

    c) De Satanás

    d) Da Lei (legalismo)

    3) Manifestações do poder de Deus4) Ação do Espírito Santo.

    Jesus corrigiu os judeus que esperavam por um reinado terrestre. Ao ser interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes e disse: o reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: ei-lo aqui! Ou: ei-lo ali! Porque o reino de Deus está entre vós. (Lucas 17:21)

    O QUE É MILENARISMO?

    Milenismo (ou milenarismo) é uma doutrina que afirma que, após a volta de Jesus e a ressurreição dos justos, será implantado um reinado político de Cristo neste planeta, com a duração de mil anos.

    Reformadores como John Hus, Wycliffe, William Tyndale e Lutero não adotaram esta posição, por ser contrária à teologia Cristã, e rejeitaram-na categoricamente na confissão de Augsburg no ano de 1530.

    De fato, desde os primórdios da reforma, em 1530, o protestantismo entendia que Jesus viria apenas no último Dia para julgar.

    Até a aparição de seitas heréticas, que surgiram somente trezentos anos depois, a partir do ano 1830, todos os evangélicos tinham uma única esperança. Todos eles acreditavam que Cristo voltaria uma única vez para levar os seus à cidade celestial, e não para implantar um reinado político na terra.

    Durante estes primeiros trezentos anos de reforma protestante, a única posição teológica de todas as igrejas evangélicas era que, no futuro, não haveria nenhum outro reinado de Cristo na terra e que algo assim não seria implantado num período milenar que alegadamente poderia ocorrer após sua segunda vinda.

    Contudo, a partir de 1830, o milenarismo veio à tona na Inglaterra e na Irlanda, através da seita herética dos irvingitas e, posteriormente, do movimento dos irmãos de Plymouth, depois de ser acolhida e trabalhada por um teólogo chamado Darby, sendo, por isso, denominada darbynismo.

    Neste mesmo ano, observou-se também um ressurgimento de menor importância do milenarismo através do movimento Mórmon, fundado pelo teólogo norte-americano Joseph Smith. O mormonismo da Igreja dos Santos dos Últimos Dias não obteve, e até hoje não obtém, maior aceitação porque surgiram denúncias de inúmeros casos de poligamia entre os mórmons.

    É na capital de Utah, Salt Lake City, que fica localizada a sede mundial da Igreja dos Santos dos Últimos Dias. Em atenção aos mórmons, que são muito poderosos no estado de Utah, a poligamia é uma condição permitida por lei naquele estado. Essa situação pecaminosa, tornou-se legal em Utah a fim de atender aos requisitos dessa seita, cuja doutrina admite e prescreve a poligamia como a organização familiar obrigatória dos membros!

    Estas são as denominações religiosas que originalmente professavam e advogavam a heresia do milenarismo. No entanto, segundo o Novo Testamento, a poligamia consiste em adultério e prostituição!

    Compreendamos, portanto, que o milenarismo que vem sendo abraçado através do movimento Nova Era e por grande parte das igrejas protestantes e evangélicas, é o âmago de doutrinas de devassidão, tais como o mormonismo. O pentecostalismo foi totalmente contaminado, sendo parte obrigatória das doutrinas dessas igrejas.

    Atualmente, a doutrina do milênio invadiu muitos seminários e institutos bíblicos protestantes, evangélicos, pentecostais e neopentecostais. Porém, durante muitas décadas, a heresia milenarista somente era observada em seitas tais como o próprio mormonismo, as Testemunhas de Jeová e os Adventistas do Sétimo Dia:

    O pensamento milenarista é advogado principalmente por seitas, tais como as Testemunhas de Jeová ou os Adventistas do Sétimo Dia, e por grupos fundamentalistas, que têm como preocupação principal o pronunciamento da condenação imediata do mundo e o livramento dos fiéis. (BRAATEM, Carl E.; JENSON, Robert W. Dogmática Cristã, Volume dois. Primeira edição. São Leopoldo-RS: Editora Sinodal. 1990. Pág. 511).

    De fato, o milenarismo não encontra apoio algum no Novo Testamento e as palavras ensinadas por Jesus nos evangelhos o contradizem. Isso prova que os quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João) e os demais apóstolos não eram milenaristas! Por que, então, os cristãos do século XXI haveriam de sê-lo?

    FALSAS ESPERANÇAS

    Os milenaristas creem que Deus somente estará exercendo toda a sua soberania se implantar um reinado de Cristo sobre a terra. A Palavra de Deus, no entanto, avisa que se os cristãos tivessem uma esperança limitada ao mundo material, ou seja, a essa terra, poderiam se considerar as pessoas mais infelizes do mundo:

    Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. (I Coríntios 15:19).

    Os verdadeiros cristãos acreditam no céu e não na terra!

    Deus não tem planos de fazer melhorias físicas em nosso planeta através de um governo messiânico:

    Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será liberta da escravidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. (Romanos 8:21).

    Estas palavras de Paulo demonstram sua fé amilenarista, pois ensinam que, no momento da ressurreição dos mortos, toda a criação será subitamente libertada das limitações da matéria como hoje a conhecemos!

    Assim como os que morreram em Cristo ressuscitarão, recebendo corpos gloriosos, toda a matéria também será glorificada e passará a uma condição superior e perfeita.

    Esta modificação não tem qualquer semelhança com o mundo atual, onde os teólogos judaizantes imaginam que transcorreria este hipotético reinado milenar terrestre de Cristo!

    A bendita esperança é que, na vinda de Jesus, todo o universo será destruído e renovado tornando-se diferente e muito melhor. É uma esperança CELESTE e não terrestre. Haverá um novo céu e uma nova terra. (Apocalipse 21:1)

    Em outras palavras, a esperança no milênio é pobre, terrestre e materialista, pois julga que, apesar de ressurretos, viveremos na mesma terra que hoje existe.

    Tal expectativa chega a ser carnal, porque demonstra apego à integridade física do planeta e da civilização mundana, para a qual o crente espiritual deveria se considerar morto.

    Trata-se, portanto, de uma esperança humanista que faz da volta de Cristo um instrumento para transmitir segurança a respeito do futuro do mundo em que vivemos.

    Mas a verdade é que este jaz sob o maligno, e:

    Os céus e terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo…, mas nós, segundo sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, onde habitará a justiça. (II Pedro 3:7,13).

    Os planos de Deus estão muito acima da esperança humanista do milênio, pois ele mesmo diz: Assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos. (Isaías 55:9).

    Perguntando em que termos Jesus falou deste reino de Deus vindouro, deve-se constatar, em primeiro lugar, a total ausência de alusões à renovação nacional de Israel. Jesus não prometeu a restauração do reino de Davi, nem a derrota dos Romanos, nem a hegemonia política de Israel entre os povos, embora tais esperanças tivessem sido depositadas em sua pessoa. Jesus não é partidário dos que sonham com a grandeza, força e glória de um futuro estado de Israel. Ele não compartilha do messianismo político. Por isso é errôneo imaginar a consumação escatológica em termos de uma continuação, ainda que em alto grau de perfeição, das condições humanas ora existentes. Pois quando ressuscitarem de entre os mortos, nem casarão nem se darão em casamento; porém são como os anjos do céu. Há uma profunda descontinuidade entre o reino de Deus e o mundo atual que deverá passar por transformação tão radical que foge da capacidade de descrição por palavras humanas." (BRAKEMEIER, Gottfried. Reino de Deus e esperança apocalíptica. Primeira edição. São Leopoldo-RS: Editora Sinodal. 1984. Pág. 36)

    A epístola aos hebreus afirma que os patriarcas que hoje vivem nos céus não desejam retornar à terra de Israel após a ressurreição, porque, se assim fosse, Deus se envergonharia deles.

    A carta garante que eles nem ao menos se recordam do lugar de onde vieram, e que aguardam somente pela chegada de sua pátria permanente e santa, a Jerusalém Celestial, que lhes foi preparada por Deus:

    Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam deste modo manifestam estar procurando uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade. (Hebreus 11:13-16)

    Na verdade, os patriarcas reconheceram em vida que não possuíam quaisquer vínculos com esta terra e evidenciaram, dessa forma, que as promessas a serem cumpridas, nunca foram pertinentes a este mundo, mas, sim, ao vindouro.

    Isso demonstra que não se deve esperar por um reinado terrestre de Cristo após a ressurreição dos santos, mas apenas pela Jerusalém Celestial, na qual permaneceremos por toda a eternidade.

    As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são aquelas que Deus preparou para os que o amam. (I Coríntios 2:9)

    O AMILENARISMO DE JESUS

    Apesar de ser judeu, Paulo não acreditava no milenarismo, pois não colocava sentimentos nacionalistas acima do verdadeiro evangelho. Por isso o apóstolo não esperava uma Nova Jerusalém reconstruída na Palestina, mas uma que viria do alto, pois dizia:

    A nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. (Filipenses 3:20)

    As revelações de Jesus sobre o assunto são semelhantes, pois promete que, após sua morte e ressurreição, iria preparar lugares para seus discípulos na Jerusalém Celestial:

    Na casa do meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vos teria dito: Vou preparar-vos lugar. E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. (João 14:2-3)

    Quando Jesus falou sobre muitas moradas, ou seja, casas, referia-se a uma cidade localizada nos céus, para onde iria após sua ascensão a fim de preparar lugares para aqueles que lhe fossem fiéis.

    Ele prometeu que, feito isto, viria uma segunda vez, e nos levaria para o lugar onde se encontra hoje, ou seja, um santuário repleto de moradas: A cidade celeste.

    Isso evidencia que, após Jesus voltar e arrebatar os seus eleitos, estes não descerão novamente à terra para viver aqui mais uma vez, ainda que fosse para implantar um reinado milenar de Cristo.Na verdade, as palavras de Jesus demonstram claramente que, logo após o arrebatamento, seus eleitos serão transladados para a Jerusalém Celestial, onde permanecerão por toda a eternidade.

    O DIA FINAL

    O milenarismo afirma que o milênio acontecerá entre a ressurreição dos justos e o juízo final. Segundo esta doutrina, portanto, transcorrerão mil anos entre estes dois eventos.

    Por outro lado, o Senhor Jesus ensinava exatamente o oposto, pois dizia:

    A vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que ele me deu se perca, mas que eu o ressuscite no último Dia. (João 6:39)

    Quando ele usa a expressão último Dia, está indicando que, após este dia, não haverá mais nenhum outro: O tempo terminará!

    Se ele afirma que ressuscitará os seus no último dia, consequentemente, depois desta ocasião, não haverá um reinado de mil anos, pois o tempo terminará neste dia. Isso torna evidente que o mundo não existirá por mais mil anos depois deste grande Dia.

    Se o tempo terminará no dia da ressurreição e do arrebatamento, não restará nenhuma outra condição existencial. Não existirá mais nada em parte alguma que seja feito de matéria como hoje a conhecemos, portanto não poderá ocorrer um período milenar de vida na terra depois dele. Tudo o que for feito de matéria terá sido consumido pelo fogo, pois tempo é matéria em movimento, e, portanto, não haverá mais esta dimensão chamada tempo. Ela será aniquilada pela vinda de Jesus.

    Jesus também revelou que, numa única hora, um pouco antes do juízo final, todos os mortos ressuscitarão simultaneamente, tanto os justos como os injustos:

    Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão. E os que fizerem o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizerem o mal sairão para a ressurreição da condenação. (João 5:28-29)

    Se as duas ressurreições dos corpos, tanto dos justos como dos injustos, ocorrerão simultaneamente, então não é possível que haja um espaço de mil anos entre elas. Está escrito!

    O livro de Daniel também deixa isso bem claro ao revelar que, depois de se cumprir um tempo de grandes tribulações para toda a humanidade, num só momento, haverá uma ressurreição geral, tanto de santos como de ímpios:

    Haverá um tempo de angústia, qual nunca houve desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e desprezo eterno. Os entendidos, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente. (Daniel 12:1-3)

    As evidências trazidas por estas diversas passagens demonstram que:

    1) Ocorrerá um evento único em que todos os mortos (justos e injustos) ressuscitarão sem um intervalo de mil anos entre as duas ressurreições.

    2) Como Jesus afirmou que os ímpios ressuscitarão para a condenação, conclui-se que, logo em seguida às duas ressurreições, segue-se o juízo final, quando se estabelecerá tal condenação.

    3) Os mortos em Cristo ressuscitarão e os santos que estiverem vivos serão transformados momentos antes do juízo final.

    4) O período de mil anos de Apocalipse 20 ocorre antes da ressurreição dos justos.

    5) Fica confirmado que o milênio de Apocalipse 20 é o período compreendido entre a primeira e a segunda vindas de Cristo, durante o qual o Reino de Deus já se faz presente através da salvação trazida por ele.

    6) Após a vinda de Cristo não haverá milênio algum.

    A segunda vinda será seguida imediatamente pela ressurreição geral, o julgamento de todos os homens, e a consignação de todos para seus estados futuros e finais. Não haverá período de transição, nenhum reino terrestre e pessoal de Cristo, nenhum milênio. Estes eventos se seguirão em sequência rápida, sem qualquer período de tempo interveniente que se possa notar. (ERICKSON, Millard J. Opções contemporâneas na escatologia. Primeira edição. São Paulo: Edições Vida Nova. 1982. Pág. 63).

    Em suas cartas, Paulo confirma a simultaneidade da ressurreição dos justos e injustos, ao declarar que os santos, vivos ou não, receberão seus corpos gloriosos e a vida eterna, justamente no dia do Juízo Final:

    O Dia da ira e da manifestação do juízo de Deus, o qual recompensará a cada um segundo as suas obras, a saber: Vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, honra e incorrupção, mas indignação e ira aos que são contenciosos, e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade. (Romanos 2:5-8)

    Se os que procuram a santidade receberão seus corpos incorruptíveis somente no dia do Juízo Final, fica claro que o arrebatamento ocorrerá neste dia e não mil anos antes dele.

    Quando Deus se assentar para este grande julgamento todo o universo terá desaparecido e haverá novos céus e nova terra:

    E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles… e os mortos foram julgados. (Apocalipse 20:11-12).

    Evidentemente, depois disso não haverá qualquer espaço físico para transcorrer um reinado milenar terrestre. Portanto, depois do arrebatamento da igreja, haverá apenas duas condições existenciais: O lago de fogo ou a Jerusalém Celestial.

    E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe. E eu, João vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém que de Deus descia do céu… E ouvi uma voz do céu que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor… (Apocalipse 21:1-4)

    A DESTRUIÇÃO DA MORTE

    Apesar de Cristo já estar reinando, ainda há alguns inimigos que devem ser destruídos. Porque convém que ele reine, até que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. Ora o último inimigo a ser aniquilado é a morte. (I Coríntios 15:25-26)

    A destruição da morte se manifestará pela ressurreição dos justos, pois está escrito:

    A trombeta soará e os mortos ressuscitarão incorruptíveis… Quando isso que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revestir de imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. (I Coríntios 15:52-54)

    Estas passagens mostram que Jesus reinará até que os mortos em Cristo ressuscitem. Isso comprova que:

    1) Os mil anos em que os santos reinam com Cristo, realmente já estão acontecendo.

    2) Como o último inimigo a ser destruído é a Morte (e Satanás é a própria Morte) quando os mortos em Cristo ressuscitarem Satanás já terá sido lançado no lago de fogo.

    3) Satanás será solto antes da vinda de Jesus, porque, depois dela, todos os adversários de Cristo já terão sido aniquilados.

    4) Satanás de fato encontra-se preso atualmente e será solto antes do arrebatamento e da ressurreição dos mortos. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império, toda potestade e força… Quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos. (I Coríntios 15:23-24, 28)

    Ao contrário do que afirmam os milenaristas, ao invés de implantar um reino após sua vinda, Jesus estará justamente entregando a Deus Pai, o reino que já existia: Este mesmo reino de Deus, que chegou por meio de Jesus e que, apesar de invisível, já está no meio de nós.

    O QUE JÁ ACONTECEU?

    O fato da descrição do milênio encontrar-se no final do Apocalipse, não é um indício de que este período acontecerá após a vinda de Cristo, pois o livro em questão não se encontra em ordem cronológica.

    Podemos perceber:

    O Apocalipse como sendo composto de várias seções (…), cada uma das quais recapitula os eventos do mesmo período ao invés de descrever os eventos de períodos sucessivos. Cada uma delas trata de mesma era – o período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo – retomando temas anteriores, elaborando-os e desenvolvendo-os mais e mais. Apocalipse 20, portanto, não fala de eventos muito removidos para o futuro, e o significado dos mil anos deve ser achado algum fato passado e/ou presente. (ERICKSON, Millard J. Opções contemporâneas na escatologia. Primeira edição. São Paulo: Edições Vida Nova. 1982. Pág. 70)

    A falta de compreensão desta forma do Apocalipse apresentar a profecia bíblica gera distorções como as que surgiram em relação aos mil anos do capítulo 20. Julgam tratar-se de eventos futuros, quando, na verdade, são revelações sobre as mudanças que já aconteceram, em consequência da primeira vinda de Cristo.

    O livro está apenas elaborando-as e desenvolvendo-as mais profundamente nos seus capítulos finais.

    Muitos períodos são revistos e comentados em mais de uma passagem para propiciar uma melhor compreensão, tendo um maior cuidado à revelação dos detalhes do que à cronologia.

    Podemos comprovar isso ao observarmos que algumas partes do Apocalipse apresentam uma escatologia realizada, ou seja, contêm fatos que já aconteceram. Entre estes, podemos citar:

    1) O CAPÍTULO QUATRO: Mostra João sendo transportado em espírito até o céu e presenciando as miríades de anjos e criaturas celestes, ministrando louvor incansavelmente diante do trono, uma realidade que já ocorria desde sua época.

    2) O INÍCIO DO CAPÍTULO DOZE: Descreve uma visão simbólica do nascimento de Jesus e sua ascensão ao céu, fatos que também já haviam acontecido: E viu-se um grande sinal no céu: Uma mulher vestida com o sol com a lua debaixo de seus pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. E estava grávida e com dores de parto e gritava com ânsias para dar à luz… E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para seu trono. (Apocalipse 12:1-2)

    Contudo, antes dessa passagem, o Apocalipse descreve os sinais cósmicos do complexo de eventos que fazem parte da vinda de Jesus, como é o caso dos selos e das trombetas (capítulos 6-11). Isso demonstra que, na sequência em que as visões foram apresentadas, há profecias que ainda estão para se cumprir, precedendo revelações a respeito de realidades do tempo presente e mesmo do passado. Isso comprova que, de fato, o Apocalipse não se encontra escrito em ordem cronológica.

    3) O INÍCIO DO CAPÍTULO 20: Apresenta a vitória de Cristo e a chegada do reino de Deus durante sua primeira vinda, através do aprisionamento de Satanás e do novo nascimento concedido aos eleitos, que a partir de então, foram transformados em reis e sacerdotes. Se o capítulo doze de Apocalipse, apesar de encontrar-se na metade do livro, trata de eventos relativos à primeira vinda, não há porque duvidar que o capítulo vinte também esteja elaborando estas verdades fundamentais do evangelho. É coerente esperar que verdades tão complexas e misteriosas - tanto do passado, como do presente - sejam retomadas por este livro cujo nome significa revelação a fim que estas possam ser explicadas mais detalhadamente e de que se estabeleçam as conexões entre elas e os eventos que se cumprirão no futuro. É o que acontece no Apocalipse.

    OS VINTE E QUATRO ANCIÃOS

    Ao descrever as realidades celestiais da sala do trono, João expunha os primeiros esboços da cena que seria descrita mais adiante, no capítulo vinte:

    Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos e, assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. (Apocalipse 4:4).

    Os vinte e quatro anciãos representam os doze patriarcas do Antigo Testamento e os doze apóstolos do Novo Testamento, todos eles ministrando louvor, ininterruptamente, diante de trono de Deus.

    Moisés e Elias são dois deles, e foram vistos pelos discípulos no dia em que Jesus se transfigurou diante de Pedro, Tiago e João.

    Vinte e quatro tronos. O número é uma cifra completa, que sugere os doze patriarcas das tribos de Israel e os doze apóstolos, simbolizando dessa maneira a unidade dos salvos de todos os tempos. (Bíblia Shedd, Edições Vida Nova. 1998. Nota explicativa, Pág. 1763).

    Portanto, os tronos da visão de João do capítulo 20, evidentemente são os mesmos tronos em que se assentam os vinte e quatro anciãos do capítulo quatro. Por outro lado, as almas que ele contemplou vivendo e reinando com Cristo durante os mil anos, encontram-se nas mesmas condições existenciais em que se encontram os vinte e quatro anciãos, unindo-se a eles simbolicamente, como as almas dos santos que são salvos durante o Antigo e Novo testamento.

    Os vinte e quatro anciãos simbolizam as almas salvas de patriarcas somadas às almas salvas dos apóstolos de Cristo.

    A presença dos vinte e quatro anciãos diante de Deus, em seus respectivos tronos, é a mesma realidade apresentada em Apocalipse 20:4, enriquecida, no entanto, pela descrição de mais alguns detalhes importantes.

    Um dos objetivos desta passagem seria dar alguns retoques finais ao quadro geral da revelação, retomando a visão da sala do trono no final do livro:

    E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado poder de julgar. e vi as almas dos que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus… Viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. (Apocalipse 20:4)

    As duas passagens mostram os que se assentam em tronos reinando com Cristo até a segunda vinda, mas o capítulo vinte, explica melhor essa condição existencial, deixando claro que:

    1) Será de duração limitada, o que fica é demonstrado pelos mil anos simbólicos;

    2) Na visão, os que se assentam nos tronos encontram-se FISICAMENTE MORTOS, apesar de suas ALMAS estarem vivas;

    3) Eles são sacerdotes de Deus e de Cristo e reinam com ele.

    Jesus respondeu aos questionamentos dos saduceus sobre o mistério da ressurreição, citando, como exemplo, três desses anciãos, dizendo:

    Acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. (Mateus 22:31-32).

    Portanto, ainda que os corpos desses patriarcas estivessem mortos, Jesus considerava-os vivos, porque a forma de existência que vinham experimentando após a morte, era um tipo de ressurreição.

    Por meio destas palavras, Jesus deixou claro que, desde aquela época, já existia um tipo de ressurreição.

    Quando o capítulo vinte de Apocalipse faz uso do termo primeira ressurreição, está simplesmente trabalhando, elaborando mais profundamente, este ensinamento, referindo-se, portanto, a uma ressurreição espiritual e não à ressurreição da carne.

    A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO

    A expressão primeira ressurreição aparece somente no final do livro do Apocalipse, para arrematar de forma definitiva as revelações sobre do novo nascimento e apresentar um resumo extremamente condensado de toda a história, da salvação até o juízo final. A ausência de ordem cronológica na linguagem apocalíptica torna isso plenamente coerente com o restante da profecia.

    Os milenaristas, aproveitando-se desta disposição que vai revendo os diversos temas, afirmam que a expressão primeira ressurreição, refere-se à ressurreição que ocorrerá durante a volta de Jesus. A partir dessa falsa premissa, alegam que o capítulo vinte de Apocalipse estaria prevendo um reinado milenar terrestre, após a segunda vinda de Cristo.

    Contudo, ao explicar a primeira ressurreição, o Apocalipse não está revelando um período futuro, mas apenas retomando e elaborando o tema dos 24 anciãos, com o intuito de demonstrar que é necessário um renascimento espiritual para fazer parte do reino de Cristo, pois:

    Aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus. (João 3:3)

    A primeira ressurreição em Apocalipse 20, que introduz o milênio, é da morte do pecado para uma vida de justiça. Aqueles que participam da primeira ressurreição são aqueles que nasceram de novo, e este novo nascimento é levado a efeito através do batismo. A primeira ressurreição é, portanto, uma ressurreição espiritual: é o novo nascimento. (ERICKSON, Millard J. Opções contemporâneas na escatologia. Primeira edição. São Paulo: Edições Vida Nova. 1982. Pág. 50).

    Em outras palavras, o assunto em questão não é a ressurreição dos corpos dos santos, mas a realidade daqueles que renasceram por meio da água e do espírito, em oposição aos que, sem Cristo, ficam sob o poder da segunda morte, que é a condenação eterna.

    A passagem não está apresentando um período que sucede a volta de Cristo, mas recapitulando os ensinamentos e os efeitos de sua primeira vinda, que foram resumidos por Jesus em uma única frase:

    Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. (João 5:24)

    Tanto os que morreram em Cristo, como os que, vivos, desfrutam deste renascimento, reinam com Jesus, porque Deus:

    Nos vivificou juntamente com Cristo, e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar em lugares celestiais, em Cristo Jesus. (Efésios 2:5-6)

    Ao apresentar a primeira ressurreição, o capítulo vinte de Apocalipse expande as revelações sobre o novo nascimento para as almas dos que morreram em Cristo. Isso é um modo de revelar que elas, por meio da fé, foram dotadas de vida eterna, enquanto que os outros mortos permanecerão privados da vida, até o fim destes mil anos simbólicos.

    O renomado teólogo do seminário de Princeton, B. B. Warfield, também interpretava Apocalipse 20 dessa maneira, e afirmou:

    A visão, em uma palavra, é uma visão de paz daqueles que morreram no Senhor. (PENTECOST, Dwight. Manual de Escatologia. Primeira edição. São Paulo: Editora Vida.1998. Pág. 400)

    Portanto João, não viu um futuro reinado terrestre, mas os santos vivendo, hoje, no céu:

    E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram; até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. (Apocalipse 20:4-5)

    Confirma-se que a ressurreição em questão é espiritual, pois:

    1) A passagem afirma que foram as almas que ressuscitaram e não seus corpos;

    2) Ao afirmar que foram as almas que viveram, João não poderia estar se referindo à ressurreição de seus corpos, pois nenhuma alma pode ser restaurada fisicamente, podendo ser apenas vivificada espiritualmente. Nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele. (Colossenses 2:12-13);

    3) A palavra almas não poderia ser usada com referência à ressurreição física, pois esta é a restauração do ser humano como um todo e não apenas da sua alma;

    4) Como a linguagem apocalíptica é predominantemente simbólica, e a passagem não afirmou, em momento algum, que estas almas reinariam na terra, a interpretação mais coerente neste contexto é que os referidos tronos estejam nos céus. Isso significa que os que neles se assentam ressuscitaram apenas espiritualmente;

    O termo primeira ressurreição foi usado para mostrar que, mesmo depois de mortos, aqueles que passarem por essa vivificação permanecerão vivos, pois Jesus disse:

    Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim ainda que esteja morto, viverá. (João 11:25)

    Portanto, a primeira ressurreição é a ressurreição da alma e não do corpo.

    Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre eles não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos. (Apocalipse 20:6)

    Ao afirmar que todos os participantes da primeira ressurreição são feitos reis e sacerdotes, o próprio livro do Apocalipse comprova que esta realidade já existe. Pode-se afirmar isso com segurança porque no início do capítulo 1 esta profecia esclarece que Jesus:

    Em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai. (Apocalipse 1:5-6).

    O capítulo 20 do Apocalipse revela que todo aquele que toma parte na primeira ressurreição é feito rei e sacerdote e reina por mil anos. O capítulo 1, por sua vez, afirma que todos os remidos já foram feitos reis e sacerdotes para Deus. Isso significa evidentemente que essa vivificação já aconteceu e, portanto, o milênio já está em curso.

    A SEGUNDA RESSURREIÇÃO

    A primeira ressurreição é uma realidade atual e presente na vida de todo cristão, enquanto que a ressurreição física, tanto a dos justos como a dos injustos, somente acontecerá quando Jesus voltar. Esta poderia ser chamada de segunda ressurreição.

    Quando o Apocalipse declara que Os outros mortos não reviveram; até que os mil anos se acabaram. (Apocalipse 20:5), não está afirmando que os ímpios ressuscitarão mil anos depois dos justos, mas apenas frisando que os mortos não vivificados por Cristo permanecerão em estado de morte eterna até este período terminar.

    Em sua volta, Jesus realizará uma ressurreição geral e simultânea, tanto de justos, como de injustos; e acompanhada pelo arrebatamento dos escolhidos.

    Ele deixou claro que não haverá um período milenar separando uma da outra, quando disse:

    Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizerem o mal, para a ressurreição da condenação. (João 5:28-29)

    Apesar das almas dos justos estarem ressuscitadas nos céus, estas somente atingirão a plenitude da vida quando seus corpos também ressuscitarem e forem glorificados. Portanto, a segunda ressurreição permitirá que os santos habitem na cidade celestial, não somente com suas almas, mas também com seus corpos.

    O JUÍZO FINAL

    Isso significa que no dia do Juízo Final surgirão duas populações de ressurretos:

    1) Os justos que já se encontram no céu e ressuscitarão:

    O capítulo sete do Apocalipse mostra a situação dos santos depois da volta de Jesus:

    Eis aqui uma multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas… Lavaram suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. (Apocalipse 7:9,14-15)

    Ao descrever o juízo final, o Apocalipse retoma esta cena, para demonstrar que todos os mortos, inclusive os santos que estavam diante do trono serão julgados através da abertura dos livros.

    E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. (Apocalipse 20:12)

    Apesar de estarem salvos, os santos deverão receber os merecidos galardões ou reprimendas. Por isso, suas vidas também deverão ser avaliadas através destes manuscritos, que, como um filme, registram todos os seus atos.

    Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal. (II Coríntios 5:10)

    Não há diferença entre a expressão tribunal de Cristo e o juízo final, pois o juiz que está às portas é Jesus e será ele mesmo que recompensará as ações tanto dos justos como dos ímpios.

    As almas dos santos que já se encontravam nos céus, estarão salvas, porque foram justificadas pela fé no filho de Deus e por seu sangue.

    Contudo, depois de receberem seus corpos ressuscitados, deverão ser submetidas a um juízo, para que se estabeleçam as recompensas ou repreensões necessárias, uma vez que há diferenças no nível de santidade e na maneira como cada um serve a Deus:

    A obra de cada um se manifestará; na verdade o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. (I Coríntios 3:13-15)

    De fato, todos deverão ser julgados, segundo as suas obras, mas não haverá qualquer condenação para os que estiverem em Cristo, pois está escrito:

    Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham. (Apocalipse 14:13)

    2) Os ímpios que se encontram no inferno e ressuscitarão:

    Ao contrário, os ímpios, que não se encontravam diante do trono, mas nos infernos, serão apresentados diante de Deus, para juízo. Mas, como não se arrependerão de seus pecados para serem salvos e lavados pelo sangue de Jesus, não terão seus nomes escritos no livro da vida. Por esta razão, quando este livro for aberto, o juízo recairá sobre eles de modo implacável: todo aquele que não tiver seu nome escrito nele, será lançado no lago de fogo.

    E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. (Apocalipse 20:13-15)

    Se por um lado os que creem e obedecem a Jesus são salvos pela graça, por outro, aqueles que o rejeitam condenam-se automaticamente ao lago de fogo, pois:

    Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus… Aquele que crê no filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece. (João 3:18,36)

    ELE VIRÁ PARA JULGAR

    Na parábola das redes, Jesus afirmou que o reino dos céus é semelhante a uma magnífica pescaria e o mundo seria como as redes nela usadas; nas quais, durante os séculos, iriam se acumulando pessoas boas e más.

    Ele comparou o momento em que as redes se enchem de peixes e são levadas para a praia com o fim do tempo, quando será atingido o número daqueles que devem ser salvos e Jesus voltará para recolhê-los.

    O reino dos céus é como uma rede lançada no mar e que apanha toda qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes. (Mateus 13:47-50)

    Portanto, Jesus estabeleceu um paralelo entre o momento em que os pescadores se assentam para fazer a seleção dos peixes, com o que acontecerá em seu retorno; quando ele próprio se assentará no trono de sua glória, à direita de Deus, para realizar o Juízo Final.

    Após os mortos ressuscitarem e os vivos serem transformados, separará os bons dos maus por meio do arrebatamento:

    Quando o Filho do Homem vier na sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta os bodes das ovelhas. (Mateus 25:31-33)

    Isso significa que na mesma ocasião em que os anjos lançarem os ímpios no lago de fogo, estes também conduzirão os justos para a vida eterna. Portanto, o juízo final não envolverá somente a ressurreição de justos e injustos, mas também o arrebatamento dos santos, tanto dos que morreram em Cristo e ressuscitarão primeiro, como os que ficarem vivos durante a vinda de Jesus.

    Isso revela que o arrebatamento dos que morreram em Cristo e ressuscitarão, bem como, o arrebatamento dos que ficarem vivos são dois eventos inseparáveis, que estarão unidos ao Juízo Final. Juntos, estes três eventos decidirão quais almas serão conduzidas às moradas eternas da Jerusalém Celestial e quais serão deixas nas trevas exteriores.

    Paulo também deixa evidente que o arrebatamento ocorre juntamente com o Juízo Final ao afirmar que Jesus:

    Há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino. (II Timóteo 4:1)

    É evidente que, através da sua manifestação, Jesus Cristo somente poderá julgar os vivos retirando-os do âmbito material através do arrebatamento. Isso significa que o arrebatamento é uma forma de Jesus exercer o Juízo Final, o que somente pode ser verdade se ambos acontecerem simultaneamente.

    Se, através do arrebatamento, Jesus separará uns dos outros, como o pastor separa os cabritos das ovelhas... O arrebatamento fará parte do Juízo Final!

    Primeiramente ressuscitarão os que morreram em Cristo e, em seguida, os vivos serão transformados, para que, juntos, sejam arrebatados. Comparecerão, então, perante o tribunal de Cristo, e, após receberem seus galardões, irão para a vida eterna.

    Da mesma forma, quando os ímpios ressuscitarem, também comparecerão diante do trono de Deus, porém, irão para a condenação eterna, pois quando os livros forem abertos, não haverá cobertura para seus pecados, uma vez que seus nomes não estarão escritos no livro da vida.

    Em outras palavras, nesta ocasião, ele virá para julgar justos e injustos. Está escrito:

    Eis que veio o Senhor entre as suas santas miríades, para exercer juízo contra todos, e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram. (Epístolas de Judas: Vers. 14)

    Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras (Mateus 16:25)

    Porque vem, porque vem a julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos com a sua verdade. (Salmos 96:13)

    Se a vinda de Jesus trará o Juízo Final, não é possível que o milênio aconteça depois dela; porque quando todos estiverem diante do grande trono branco, está escrito que os céus e a terra já terão desaparecido. Portanto, não haverá mais qualquer espaço físico em que possa ser implantado um reinado milenar terrestre.

    Depois do juízo chegará o fim do tempo. A expressão fim do tempo indica que, a partir de então, não haverá mais dias, meses ou anos, em que se possa transcorrer um período milenar, pois todos passarão a viver apenas a eternidade:

    Ele me disse: entende, Filho do Homem, porque esta visão se realizará no fim do tempo. (Daniel 8:17)

    E alguns dos sábios cairão para serem provados, e purificados, e embranquecidos, até ao fim do tempo… (Daniel 11:35)

    E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo… (Daniel 12:4)

    Estas constatações confirmam que:

    1) Já estamos no decorrer dos mil anos simbólicos;

    2) Terminado este tempo, Jesus virá para julgar os vivos e os mortos, distribuindo os galardões aos santos e punindo as maldades dos ímpios;

    3) O arrebatamento acontecerá nesta ocasião;

    4) Ele não virá para implantar um reino na terra, mas para levar os seus escolhidos à Jerusalém Celestial, arrebatando aqueles que: Confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que isto dizem claramente mostram que buscam uma pátria. (…) isto é, a celestial. Pelo que também Deus (…) Já lhes preparou uma cidade. (Hebreus 11:13-16)

    5) Após a o arrebatamento não haverá nenhum reinado milenar terrestre de Cristo!

    2 | NÃO É DESTE MUNDO

    As profecias messiânicas sobre o reino de Cristo já se cumpriram, mas não como esperavam os líderes religiosos que o crucificaram.

    Quando Jesus iniciou o seu ministério, entrou na sinagoga e abriu as Escrituras no capítulo 61 do livro do profeta Isaías. Após ler uma de suas profecias sobre o Messias, Jesus disse:

    Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. (Lucas 4:21)

    A passagem, escrita setecentos anos antes, não mostrava claramente como seria sua vinda, no entanto, os judeus interpretaram-na como um reinado terrestre, onde Israel estenderia seus domínios até os confins da terra.

    Havia versículos que davam margem a esta interpretação, como este, do próprio Isaías:

    Edificarão em lugares antigamente assolados e restaurarão os de antes destruídos, e renovarão as cidades assoladas… Haverá estrangeiros que apascentarão os vossos rebanhos… Comereis a abundância das nações, e na sua glória vos gloriareis… Eu lhes darei a sua recompensa em verdade e farei um concerto eterno com eles. E a sua posteridade será conhecida entre as nações, e os seus descendentes no meio dos povos… Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação. (Isaías 61:5-10)

    Por outro lado, quando a passagem fazia menção de um concerto eterno e das vestes de salvação, também fornecia subsídios para que esperassem um reino espiritual e não terrestre. Por isso, somente Jesus seria capaz de apresentar o verdadeiro sentido destas palavras, e foi o que ele fez.

    Os judeus, contudo, ao invés de acatar sua interpretação, reagiram furiosamente e tentaram matá-lo.

    Da mesma forma que apenas Cristo pode interpretar corretamente esta previsão, somente os evangelhos podem fornecer o real sentido das profecias apocalípticas.

    O evangelho de João afirma que, durante a execução de Jesus, quando os soldados romanos jogaram sortes sobre suas vestes, cumpriu-se uma profecia de Davi sobre o Messias:

    Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre minha túnica. (Salmo 22:18)

    O entendimento a respeito do significado de trechos como este somente poderia ser alcançado através das revelações do evangelho, pois o Antigo Testamento não fornece dados suficientes para tal interpretação.

    Por isso,

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