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O Caminho Que Só A Fé Pode Te Levar
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O Caminho Que Só A Fé Pode Te Levar
E-book346 páginas4 horas

O Caminho Que Só A Fé Pode Te Levar

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Sobre este e-book

“Assim que entrou em seu luxuoso carro e deu a partida, os faróis se acenderam e, por um segundo, Robert pensou ter visto um homem, todo vestido de preto da cabeça aos pés, parado bem em frente ao seu veículo e olhando fixamente para ele. Porém, menos de um segundo depois, o tal homem havia desaparecido.” Misteriosos acontecimentos irão desafiar todas as convicções de um homem acostumado à descrença. Refém de experiências de seu passado, Robert Lewis, um alto executivo de uma indústria farmacêutica, está prestes a conhecer um enigmático “Ser” que irá desafiar e transformar completamente sua vida. Uma história em que o mundo físico e espiritual estão na iminência de colidir, onde estranhos sonhos começam a afetar a realidade, em que pecados ocultos serão revelados, mentiras serão desmascaradas e onde as trevas se levantarão contra a luz. A guerra entre o bem e o mal existe, muita coisa está em jogo e decisões devem ser tomadas. Eu te desafio a investigar e descobrir qual será o resultado deste intrigante, misterioso e incrível romance baseado em eventos reais. “Para Deus nada é impossível.”
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de jul. de 2020
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    O Caminho Que Só A Fé Pode Te Levar - Bruno Bracaioli

    EDITORA PELO REINO

    CNPJ: 35.746.757/0001-03

    e-mail: vidadeescritorofc@gmail.com

    www.vidadeescritorofc.com.br

    Edição artística e editorial: Bruno Bracaioli

    Copyright © 2020 Bruno Bracaioli

    Todos os direitos reservados.

    Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores.

    É proibida a reprodução por Xerox.

    Dedicatória

    A Cristiane Bracaioli e a Thais Trindade, duas mulheres cujo amor, apoio, paciência e dedicação foram essenciais para que essa obra viesse à luz.

    Prefácio

    Este livro não é só para cristãos convictos. Ele é, principalmente, para todos aqueles cujas mentes inquietas são frequentemente visitadas por dúvidas que tardam a se dissipar. Ao transcorrer da história, verá que fé e razão não são, de forma alguma, ideias antagônicas, mas sim interdependentes. A razão sempre será uma das suas melhores companheiras de viagem, mas existe um caminho que só a fé pode te levar.

    Sumário

    — Capítulo 1

    — Capítulo 2

    — Capítulo 3

    — Capítulo 4

    — Capítulo 5

    — Capítulo 6

    — Capítulo 7

    — Capítulo 8

    — Capítulo 9

    — Capítulo 10

    — Capítulo 11

    — Capítulo 12

    — Capítulo 13

    — Capítulo 14

    — Capítulo 15

    — Capítulo 16

    — Capítulo 17

    — Capítulo 18

    — Capítulo 1 —

    Refém do mundo

    Eram 6h00 da manhã quando o alarme do celular tocou pela terceira vez. Havia sido mais uma das muitas noites mal dormidas que Robert Lewis tivera.

    Depois de conseguir vencer o cansaço e criar coragem para se levantar, foi ao banheiro para lavar o rosto. Após enxaguá-lo algumas vezes e tentar se esforçar para buscar dentro de si alguma razão para se animar com o dia que acabara de começar, Robert teve um pequeno momento de reflexão sobre sua vida. Em apenas duas semanas ele faria 30 anos, já tinha conquistado algumas coisas que são estimadas para alguém de sua idade. Estava morando em um bom apartamento financiado em 20 anos, localizado em Alphaville, um bairro nobre da cidade de Barueri. Tinha comprado um carro novo havia pouco tempo e sua vida social era bastante ativa. Ocupava o cargo de gerente comercial de uma estabelecida empresa da indústria farmacêutica, cujo prédio corporativo ficava em São Paulo, e ganhava um gordo salário. Sua vida era repleta das coisas que as pessoas mais desejavam. Para muitos, essa era a vida de uma pessoa feliz, mas naquele momento, felicidade era a última coisa que ele sentia. Passava seus dias cada vez mais ansioso, as responsabilidades do trabalho consumiam sua mente e deixavam-no exausto. Acordava muito cedo e ia dormir muito tarde. Toda manhã de segunda-feira, ao pensar sobre como seria sua semana, era tomado por uma enorme tristeza. Desejava a todo custo que os dias passassem rápido e que chegasse logo o final de semana. O trabalho que fazia era pesado, lhe exigia muito, deixava-o sobrecarregado e estressado, porém quando a reverenciada sexta-feira chegava, ir para casa dormir ou descansar era a última coisa que passava pela sua cabeça. Nesses dias em que sentia uma breve liberdade, tinha quase uma obsessão por sair, encontrar pessoas diferentes, beber e ir a festas. Achava que tinha que fazer isso, pois precisava convencer a si mesmo que estava vivendo e que essa tal vida realmente fazia sentido. Pelo menos o tipo de sentido que lhe foi ensinado a buscar desde criança, na qual dizia que sua vida só seria feliz, se acumulasse dinheiro. Que só seria considerada verdadeiramente uma vida de sucesso, caso conseguisse comprar sua própria casa, carro, se formar em um bom curso de alguma prestigiada universidade — que neste caso, não era importante pensar sobre qual curso escolher e, muito menos, se você iria gostar de fazê-lo, mas era fundamental que fosse valorizado pelo mercado de trabalho) e, que depois de se formar, conseguisse um trabalho bem remunerado em uma grande empresa. Caso folgasse aos finais de semana, — o que seria um grande privilégio — poderia gastar grande parte do seu salário, conquistado arduamente, em bens materiais e em curtir a juventude indo a festas, shoppings, pequenas viagens e com relacionamentos esporádicos e descomprometidos.

    Isso até que funcionou por um tempo, mas há alguns meses, Robert sentia que lhe faltava algo. Perguntava-se se a vida consistia apenas naquilo, onde os únicos objetivos eram enriquecer e buscar o prazer imediato. Os dias passavam cada vez mais rápidos e tinha a impressão de que seus últimos cinco anos haviam sido perdidos. Parecia que não tinha feito nada de importante nesse período. Era como se sua vida estivesse escapando dentre seus dedos e que vivia seus dias no modo automático. Sentia um vazio em seu interior, estava cada vez mais frustrado, impaciente e ignorante com as pessoas ao redor. Pensou em pessoas ao redor, porque não poderia chamá-las de amigos, ao menos, não amigos de verdade. Seu ciclo social era composto por colegas de trabalho e algumas outras pessoas que só conversava às sextas-feiras para decidir o que fariam no final de semana, e nas segundas-feiras, onde conversavam sobre o quão louco havia sido o final de semana. Não tinha alguém para se abrir, na verdade, mesmo se tivesse, não conseguiria, pois achava que fazer isso o tornaria vulnerável e frágil.

    Como já estava próximo dos 30 anos, a frequência com que as pessoas lhe perguntavam sobre quando ele iria se aquietar e achar uma mulher para se casar aumentou consideravelmente. Essa pergunta o perturbava bastante, pois nenhum de seus relacionamentos havia durado mais do que um ano. No meio em que vivia, achava que não seria capaz de achar uma pessoa especial para assumir um compromisso tão sério. As mulheres solteiras que conhecia, assim como ele, estavam em busca do sucesso financeiro e aproveitavam seus finais de semana em relacionamentos esporádicos e superficiais com o único objetivo de aliviar o estresse do trabalho e curtir um pouco. Sem contar que já não acreditava muito na ideia de casamento. Na empresa em que trabalhava, ver casais que traíam seus cônjuges havia se tornado algo rotineiro, tanto para os homens quanto para as mulheres. Algumas vezes, quando almoçava juntamente com o pessoal de sua área, ouvia conversas em que as 20 pessoas presentes compartilhavam abertamente seus casos de traição. Neste ponto, vale ressaltar que sua equipe era composta por 12 homens e 8 mulheres, todos casados.

    Tentando se desvencilhar daqueles maus pensamentos, Robert se apressou em tomar um breve banho, afinal, não podia mais perder tempo, tinha que se arrumar rapidamente para ir ao trabalho. Como não conseguiria parar para tomar café em casa, decidiu que comeria alguma coisa na padaria que havia em frente ao prédio da empresa.

    Saiu depressa de seu apartamento, apertou 5 vezes o botão para chamar o elevador e desceu os 21 andares até o primeiro estacionamento do prédio.

    Assim que entrou em seu luxuoso carro e deu a partida, os faróis se acenderam e, por um segundo, Robert pensou ter visto um homem, todo vestido de preto da cabeça aos pés, parado bem em frente ao seu veículo e olhando fixamente para ele.

    Porém, menos de um segundo depois, o tal homem havia desaparecido.

    Assustado devido à estranha aparição, Robert imediatamente deu ré com o carro e acelerou em direção à saída do estacionamento.

    Quando sentiu que já estava fora de perigo, seus pensamentos dispararam:

    Quem era aquele homem? Será que pretendia me assaltar? Nunca o vi no condomínio! A porcaria da segurança do prédio precisa ser avisada urgentemente...

    No entanto, assim que pegou o celular nas mãos, viu que ele já estava vibrando. Era uma ligação de seu chefe que, provavelmente, estava preocupado com uma apresentação que ele teria de fazer para os outros diretores e ao conselho da empresa, no encontro trimestral que seria no dia seguinte.

    — Alô, Robert?! — gritou seu chefe.

    — Bom dia, Sr. Lunes. Tudo bem? Posso te ligar depois? Preciso resolver uma coisa urgente, mas já estou a caminho da empresa...

    — Robert, quero saber se está tudo certo com o PowerPoint que usarei para apresentar no encontro. — respondeu ele, como se não tivesse ouvido nem mesmo uma palavra de seu funcionário.

    — Está tudo pronto sim, pedi para o estagiário conferir todos os dados, não precisa se preocupar...

    — Não preciso me preocupar? É claro que preciso... O trimestre foi péssimo, não sei o que vou falar para o CEO... Acordei às 03h00 da manhã com um e-mail dele afirmando que exigiria uma boa explicação. Nossas cabeças estão em jogo Robert, você ainda não entendeu isso?

    Enquanto ouvia o que seu chefe dizia, sua ansiedade começou a aumentar, gotas de suor frio desceram por sua testa e seu estômago se embrulhou.

    — Sr. Lunes, a economia do país vai mal, um de nossos principais clientes faliu, isso ajudou a comprometer a receita do trimestre — alegou Robert na esperança de acalmar seu chefe, e a si mesmo.

    — Não vão querer ouvir nossas desculpas! Já demitiram outras pessoas por menos! Quando chegar na empresa, vá direto para a minha sala!

    E sem hesitar, Sr. Lunes desligou o telefone rudemente, sem ao menos dar a chance dele responder.

    Naquele instante, Robert se perguntou se seu tão estimado emprego poderia realmente estar correndo perigo. Aquele trabalho era a única coisa que ele achava ter feito certo em toda sua vida e, agora, talvez estivesse por um fio. Havia tanto tempo que estava naquela empresa que sentia que aquele trabalho fazia parte de sua personalidade. Sem ele, não saberia mais quem era.

    Robert estava em estado de choque, o estresse acumulado já estava insuportável. Então, repentinamente começou a sentir uma sensação horrível. Era como se uma forte tristeza e desespero tentassem tomar conta de sua mente.

    No momento seguinte, Robert teve a impressão de estar sendo seguido, olhou pelos retrovisores e ao redor, mas não havia nada suspeito.

    Quando temeu que poderia passar mal, decidiu parar o carro, sair e respirar um pouco.

    Estacionou o veículo o mais rápido que pôde, saiu e se agachou na calçada.

    Então, começou a refletir ainda mais sobre o sentido de sua vida. Parecia que não estava onde deveria e que suas escolhas não tivessem sido tomadas por ele. Sentia-se perdido e sem rumo, então, por algum motivo, lembrou do que sua mãe — na qual havia tempos que não visitava — lhe dissera:

    Filho, quando se sentir perdido, ou preocupado, entregue seus problemas a Deus...

    Naquele momento, a simplicidade de tal argumento lhe parecia tão inocente e infantil que o fez ficar irritado. Estava tão aturdido e estressado que sua mente foi invadida por um turbilhão de pensamentos:

    Como podem haver pessoas que acreditam nessas coisas? Como se tudo pudesse ser resolvido com um passe de mágica! Se Deus realmente existisse, será que ele não teria coisas mais importantes para fazer? Não ouvimos milhares de notícias terríveis por aí? Além do mais, como Deus poderia me ajudar com isso? Se eu não me preocupar, ninguém vai! Só eu posso resolver essa situação!

    Robert nunca foi uma pessoa religiosa, na verdade era o oposto disso. Já havia visto diversas coisas absurdas protagonizadas por pastores e padres, escândalos de corrupção envolvendo igrejas famosas e muitas pessoas ingênuas sendo enganadas descaradamente. Em um desses casos, quando tinha 14 anos, acompanhou sua mãe a uma dessas igrejas. Lá, o pastor estava falando da importância de se ter fé em Deus e sobre como provar isso a Ele. Então, o tal pastor fez algo que marcou Robert desde então. Disse que as pessoas estavam naquela péssima situação financeira ou de saúde, porque não tinham fé em Deus e que, para mudar isso, deveriam fazer um sacrifício! A tal prova de fé consistia em fazer uma oferta para Deus no valor de 5 mil reais!

    Robert se lembrava exatamente de cada palavra do pastor:

    O valor que você der de oferta mostrará o quanto de fé você tem em Deus. Quanto mais você der, mais rápido Deus agirá na sua vida! Quem tem muita fé em Deus, que venha aqui na frente e dê uma oferta de 5 mil reais! Vamos lá, venham aqui na frente!

    Depois que algumas pessoas seguiram tal ordem e fizeram a doação, o pastor apontou para essas vítimas e afirmou:

    Essas são as pessoas que tem mais fé em Deus! Tenho certeza de que Ele vai lhes abençoar, mas só se eles continuarem com essa fé, não podem deixá-la diminuir...

    Agora, vamos baixar para 4 mil reais! Quem vai ofertar 4 mil reais para que a benção do Senhor seja liberada na sua vida?

    E assim aquela tragédia continuou...

    De quatro mil abaixou para três, depois dois, mil reais...

    Depois chegou a quinhentos, trezentos, duzentos e, por último, cem.

    Ao final, ele disse:

    Vocês que não deram nada até agora precisam tomar vergonha na cara! Desse jeito, não conseguirão mudar suas vidas! Porém, Deus é misericordioso e quer começar a ajudar vocês, mas para isso, precisam vir aqui na frente e dar tudo o que têm no bolso, não importa a quantia! Vamos! É para Deus começar a abençoar vocês!.

    Naquela época, Robert e sua família estavam passando por uma fase difícil. Depois da morte repentina de seu pai, demorou muito tempo até que se reestruturassem e a situação financeira não estava nada boa.

    Não passavam fome, mas o dinheiro que tinham era sempre contado. Às vezes tinham que escolher quais contas iriam pagar e quais deixariam vencer. Então, Robert viu sua mãe se levantar, caminhar em direção ao pastor e entregar-lhe cinquenta reais. Aquilo o irritou profundamente, pois já naquela idade, para ele era nítido que, se Deus existisse, não se importaria com dinheiro. Mesmo não conhecendo a bíblia, pensava que não faria sentido Deus fazer esse tipo de barganha, ou que vendesse suas bençãos. E, mesmo se Deus o fizesse, então seria questão de honra não adorá-lo. Entretanto, lá foi sua mãe, sabia que ela não tinha feito por mal, simplesmente estava muito desesperada e realmente acreditava que aquilo poderia ajudar, achava que estava fazendo algo por sua família. Desde então, Robert se revoltou profundamente contra a religião. Pensava que todas deveriam ser iguais, que só queriam roubar o dinheiro do povo carente e desesperado.

    Desde aquele dia, criou uma completa aversão à . Para Robert, fé era o artifício usado quando alguém queria convencer os outros sobre algo, mas que não tinha como provar e carecia de argumentos lógicos. Entendeu que fé significava abraçar a ignorância, não querer ir a fundo nos assuntos e se deixar enganar por histórias fantasiosas.

    Pensava que ter fé não tinha qualquer sentido, pois qual seria a diferença entre alguém que acreditasse em Deus para outra que acreditasse na existência de unicórnios? Para ele, de certo modo, ambos não possuiam provas daquilo que criam.

    Robert passou a vida inteira com esse sentimento de raiva sobre qualquer assunto relacionado à religião. Sempre se perguntava que, se Deus existisse e era bom como afirmavam, por que ele deixava as pessoas serem enganadas daquele jeito? As únicas respostas plausíveis que conseguia encontrar eram as de que ou Deus não se importava nem um pouco com as pessoas, ou ele não era poderoso o suficiente para fazer alguma coisa para mudar aquela situação. Para Robert, o Deus que todos falavam teria que ser uma das seguintes coisas: Ou algo inexistente, ou um Deus distante e cruel, ou então, fraco.

    Esses pensamentos sempre pairavam sobre sua cabeça, porém nunca quis se aprofundar muito no assunto e, muito menos, tentar entender a opinião daqueles que discordavam das suas visões. Ao contrário, sempre que alguém tentava falar com ele sobre Deus, já tinha dezenas de argumentos preparados para desestabilizar seus oponentes e confundí-los com sua dialética. Após cada debate vencido, Robert os usava para alimentar seu ceticismo e poder viver uma vida segundo as regras que ele mesmo poderia definir. Achava que tinha uma vida livre das algemas da religião e que esse assunto só interessava às pessoas de baixo nível intelectual, ou que quisessem manipular e se aproveitar do povo mais carente.

    Se estou perdido, com certeza não será a religião que me levará para o caminho certo!. — pensou Robert enquanto tentava se recompor.

    Depois de conseguir recuperar brevemente o fôlego, decidiu que não poderia ficar parado naquela rua. Tinha responsabilidades a arcar e problemas para lidar, dos quais — segundo ele mesmo — era o único que poderia resolvê-los.

    Quando colocou a mão na maçaneta para abrir a porta do carro, viu do outro lado da rua um senhor de terno encarando-o fixamente. Era um homem de idade bem avançada e seus olhos pareciam estar carregados de uma crueldade da qual Robert jamais havia visto. Então, aquela horrível sensação voltou ainda mais forte. Seu coração saltava ruidosamente dentro do peito, seu estômago parecia ter virado do avesso e sentia uma pressão gigantesca dentro da cabeça como se ela estivesse prestes a explodir.

    Robert se agachou pensando que iria vomitar, porém, subitamente, ouviu a voz de alguém ao seu lado:

    — Senhor, poderia me ajudar?

    Era um rapaz que aparentava ter aproximadamente a mesma idade de Robert, entre uns 30 e 35 anos. De forma estranha, todo seu mal-estar imediatamente cessou e o idoso de terno do outro lado da rua repentinamente desapareceu.

    — Q... quem é você? — perguntou Robert tentando identificar se aquele homem poderia ser alguma ameaça.

    O rapaz estava vestindo uma camisa cinza fechada e malpassada até os punhos, uma calça jeans gasta e sapatos pretos ligeiramente sujos.

    Os cabelos eram castanhos negros, levemente compridos e amarrados atrás, e a barba estava por fazer.

    Num primeiro momento, não havia nada nele que chamasse atenção. Parecia um homem comum que apenas estava passando por uma fase difícil.

    Entretanto, seus olhos eram estranhamente vibrantes e, até mesmo, um tanto quanto perturbadores.

    Percebendo que Robert olhava-o de maneira desconfiada, o estranho homem se explicou:

    — Estou desempregado há mais de um ano. Sai bem cedo hoje para entregar alguns currículos, mas não estava tendo muito sucesso. Agora a pouco, uma empresa de construção me ligou e disseram que estavam precisando urgentemente de pedreiros. Querem me ver para uma entrevista, mas estou sem dinheiro para a condução. O senhor poderia me ajudar e me dar uns trocados para que eu pague a passagem?

    Normalmente, o impulso de Robert seria dizer que não tinha nada no bolso, ou que só andava com cartão etc. Mas desta vez, mesmo estando estressado, por algum motivo não conseguiu dizer uma dessas mentiras costumeiras, talvez o fato de ter passado mal houvesse influenciado nisso.

    — Aqui no bolso não tenho nada, mas vou olhar ali dentro do carro para ver se tenho...

    Assim que Robert entrou no veículo, sua mente disparou a pensar:

    O que estou fazendo? Abrir a porta do carro com um entranho assim tão perto? E se isso fosse uma desculpa para me distrair e então me assaltar? Como eu poderia ser tão ingênuo?

    Atormentado por aqueles pensamentos e tentando olhar de canto de olho o desconhecido para averiguar se não estava fazendo algum movimento estranho, lembrou-se de que tinha guardado dez reais no porta treco que ficava na porta do motorista. Robert não queria dar esse valor todo, mas na intenção de sair logo daquela situação e fazer o estranho ir embora, pegou o dinheiro e saiu do carro para entregá-lo.

    — Pegue aqui, foi o que encontrei.

    — Muito obrigado, senhor. — respondeu-lhe o homem enquanto dava um grande sorriso e olhava fixamente para Robert. — Que Deus lhe abençoe!

    Mais um alienado. — pensou Robert sem perceber. Depois falou:

    — Por nada, amigo. Boa sorte na sua entrevista.

    — Muito obrigado. — respondeu ele abaixando levemente a cabeça em sinal de agradecimento.

    Depois, o estranho se virou e começou a andar enquanto Robert o observava se afastar. Pouco antes de chegar a dobrar a esquina, virou-se novamente e olhou diretamente para os olhos de Robert.

    Havia algo muito diferente em seu olhar, embora não soubesse dizer exatamente o que era. Mas então, finalmente o estranho falou:

    — Seu gesto, com certeza, ajudará a fazer minha vida ir por um novo caminho. Espero que você consiga fazer o mesmo com a sua, Robert...

    Ao ouvir isso, Robert ficou paralisado. Como aquele homem poderia saber o seu nome?

    Tinha certeza de que em nenhum momento havia lhe dito.

    Ficou tão surpreso que não conseguiu abrir a boca, na verdade, se sentiu incapaz de fazer qualquer tipo de movimento. Algo naquele homem era muito estranho, diferente de tudo o que ele já havia visto.

    Quem era aquela pessoa? Como sabia o seu nome?

    Ficou imóvel, conseguindo apenas acompanhá-lo com os olhos enquanto ele virava a esquina.

    Depois de alguns instantes, que pareceram uma eternidade, Robert finalmente conseguiu sair daquele transe e tentou ir atrás dele.

    Ao dobrar a esquina, se deparou com algo ainda mais estranho. Não havia ninguém na rua, nem uma única pessoa. Era uma rua longa, mal tinham carros parados na calçada e não havia nenhum sinal de onde ele pudesse ter ido.

    Aquilo não fazia sentido. Não tinha como estar acontecendo.

    Seria possível que estou tão estressado que comecei a ter alucinações? — pensou ele.

    Entretanto, Robert se esforçou para afastar esses pensamentos, pois nunca tivera motivos para suspeitar de sua sanidade mental. Com certeza, deveria haver alguma explicação lógica e razoável para aquela situação.

    Mesmo não estando totalmente certo, sentia em seu íntimo que aquilo não poderia ter sido fruto da sua imaginação. Robert estava em choque, pensativo e não se sentia muito bem.

    Enquanto tentava organizar os pensamentos, seu celular tocou.

    Era seu chefe, olhou no relógio e viu que estava atrasado. Correu o para o carro, deu a partida e começou a dirigir novamente para a empresa. Não atendeu o Sr. Lunes, pois não sabia se seria capaz de falar normalmente.

    Precisava se recompor e, principalmente, precisava entender o que estava acontecendo.

    — Capítulo 2 —

    O Princípio

    Enquanto seguia para o trabalho, Robert sentia-se atordoado e buscava a todo custo encontrar uma explicação lógica para aquilo.

    Será que conhecia aquele homem e não se lembrava? Isso explicaria o fato dele saber seu nome, porém, mesmo se esforçando ao máximo, ele não conseguia descobrir. Concluiu

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