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Segredos de Viagem: Livro Um - Rio de Janeiro: Série Segredos de Viagem, #1
Segredos de Viagem: Livro Um - Rio de Janeiro: Série Segredos de Viagem, #1
Segredos de Viagem: Livro Um - Rio de Janeiro: Série Segredos de Viagem, #1
E-book342 páginas4 horas

Segredos de Viagem: Livro Um - Rio de Janeiro: Série Segredos de Viagem, #1

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Sobre este e-book

Uma escritora de viagens que sonha em começar sua própria revista está prestes a ser demitida. Um furo jornalístico sobre o Rio de Janeiro salvaria o trabalho de Rachel. Os avanços de um guia de turismo sensual chamado Otávio interferem em sua busca, até que uma história exclusiva muda tudo.

Rachel, uma escritora de viagens cheia de curvas, confia no guia de turismo, Otávio, para ajudá-la a encontrar um furo no Rio. Chantal, uma supermodelo maldosa contratada para o trabalho, sabota o trabalho de Rachel em todas as oportunidades. Contudo, quando Rachel é forçada a estrelar em cada história exclusiva que encontra, ela logo descobre que seu maior obstáculo é si mesma.

Será Rachel capaz de usar o poder de uma cultura diferente para superar as suas inseguranças e assim descobrir o maior segredo de viagem de todos?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento4 de jan. de 2021
ISBN9781071508893
Segredos de Viagem: Livro Um - Rio de Janeiro: Série Segredos de Viagem, #1

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    Pré-visualização do livro

    Segredos de Viagem - Shar Lemond

    Para meu marido, Scott

    SUMÁRIO

    CAPÍTULO 1 3

    CAPÍTULO 2 11

    CAPÍTULO 3 21

    CAPÍTULO 4 32

    CAPÍTULO 5 41

    CAPÍTULO 6 47

    CAPÍTULO 7 57

    CAPÍTULO 8 66

    CAPÍTULO 9 72

    CAPÍTULO 10 80

    CAPÍTULO 11 89

    CAPÍTULO 12 95

    CAPÍTULO 13 102

    CAPÍTULO 14 109

    CAPÍTULO 15 125

    CAPÍTULO 16 133

    CAPÍTULO 17 143

    CAPÍTULO 18 152

    CAPÍTULO 19 158

    CAPÍTULO 20 173

    CAPÍTULO 21 182

    CAPÍTULO 22 188

    CAPÍTULO 23 195

    CAPÍTULO 24 205

    NOTA PARA O LEITOR 213

    EXERCITE O SEU PODER: MOSTRE UM POUCO DE AMOR AOS AUTORES DOS DIAS MODERNOS  214

    UM POUCO SOBRE AS BIBLIOTECAS 215

    MEU SONHO 216

    AVISO 217

    AGRADECIMENTOS 218

    CAPÍTULO 1

    M

    eu coração batia fortemente em meu peito. Tentei fazer com que meus hesitantes pés se movessem mais rapidamente em direção ao escritório do meu chefe, mas não obtive sucesso. Ele irá demiti-la de qualquer forma, então não há nada a perder, era o mantra que se repetia em minha mente.

    Os rostos nos cubículos ao meu redor lembravam máscaras de comédia e tragédia. Aqueles que não foram demitidos hoje se amontoavam em pequenos grupos, cada qual exibindo o novo tablet que receberam. Os que tinham sido demitidos possuíam expressões devastadas em seus rostos enquanto empacotavam suas coisas sozinhos. Eu ansiava desesperadamente por fazer parte do primeiro grupo, porém sabia que as chances de manter meu emprego na revista Segredos de Viagem eram quase nulas.

    Ainda me repreendia por não ter aproveitado a oportunidade de apresentar minha ideia na reunião de ontem. Às vezes, eu simplesmente era uma completa covarde! Não havia razão para Ryan Brooks não dispensar a garota que se acovardava. No entanto, agora que ele tomara o lugar de Todd Potts como editor-chefe, eu precisava ficar. Trabalhar para ele seria o trampolim que me conduziria diretamente ao meu sonho de dirigir minha própria revista, uma como ninguém vira antes.

    Ele irá demiti-la de qualquer forma, então não há nada a perder.

    Quando cheguei à porta do escritório, uma jovem repórter chamada Ruth saiu bruscamente de lá, chorando. Estendi a mão para consolá-la, mas ela se afastou, seus soluços piorando. Assisti-a encolher seus ombros enquanto ela corria para longe. Balancei minha cabeça, respirei profundamente e entrei na sala.

    — Sente-se, Rachel — Ryan disse, indicando uma cadeira à sua frente.

    Minha garganta estava seca demais para responder, então apenas assenti e me sentei. Parte de mim estava incrédula e animada com a oportunidade de falar com um dos vinte mais bem-sucedidos milionários do ramo tecnológico do século — como a mídia o apelidara —, contudo, meu instinto de sobrevivência procurava freneticamente por uma maneira de impedir que o inevitável acontecesse.

    Ele irá demiti-la de qualquer forma, então não há nada a perder.

    ––––––––

    Dei um sorriso nervoso para Christine Durham, a nova diretora de operações e mão direita de Ryan. Ela acenou imperceptivelmente com a cabeça, seu rosto permanecendo inexpressivo. Christine sentava-se em uma polida mesa preta de escritório. Tanto ela quanto Ryan tinham o distinto tablet que ele inventara à sua frente. Tentei segurar o penetrante olhar dele, mas não consegui fazê-lo por muito tempo. Desviei meus olhos, fitando da cadeira giratória preta em que ele sentava ao seu terno azul-escuro; do seu cabelo castanho-claro perfeitamente penteado ao seu queixo angular e bem barbeado; e então de volta aos seus intensos olhos verdes.

    — Senhorita Moore, não há como amenizar o que está acontecendo aqui hoje. Comprei essa revista com o objetivo de salvá-la, o que significa ter que cortar custos.

    Lá vem, pensei. Ele está prestes a demiti-la! É sua última chance! Fale agora!

    — Será que eu poderia interrompê-lo? — pedi, minha voz soando tensa. Minhas mãos agarraram a parte de baixo da minha cadeira de aço com força, enquanto eu tentava me acalmar. Não podia deixá-lo ver minhas mãos tremerem. — Tenho uma ideia.

    — Por favor — ele disse, gesticulando para que eu continuasse.

    — Insisti diversas vezes com o Sr. Potts que aumentasse a frequência de rotação. Estou convencida de que enviar os mesmos repórteres para cobrir os mesmo lugares, ano após ano, gera um grande número de empregados ociosos — como é o meu caso e o motivo pelo o qual você agora me considera dispensável, completei o pensamento em minha cabeça.

    — E o que o seu ex-editor-chefe disse quando você fez esta sugestão?

    — Ele disse que isso promove a especialização.

    — Ele também me disse isso. Todd gosta muito do sistema que criou. No entanto, isto não ajudou na produção de artigos interessantes e nem no aumento das vendas.

    Encorajada, continuei:

    — Concordo com ele no que diz respeito à necessidade de repórteres tornarem-se especialistas em determinados lugares, mas uma pessoa só consegue ver algo pela primeira vez uma única vez. Uma perspectiva nova poderia trazer-lhe a notícia destaque que você tanto procura.

    — E quem será aquele que trará essa nova, empolgante e fresca perspectiva para a revista? Você? — ele sorriu com diversão, relaxando o corpo em sua cadeira e girando da direita para a esquerda; os dedos entrelaçados sob os lábios. Parecia pensativo e desdenhoso ao mesmo tempo, como se considerasse minha ideia, apesar de acreditar que ela era apenas uma manobra para que eu pudesse manter meu emprego.

    Sua atitude arrogante me irritou. Até as covinhas em suas bochechas me incomodavam. À medida que minha indignação aumentava, também o fazia minha determinação.

    — Sim! Eu aposto meu emprego nisso!

    — É mesmo? — ele se inclinou em minha direção com claro interesse e uma sobrancelha arqueada.

    Ah, não! Ele tinha entendido aquilo literalmente?

    — Ryan — disse Christine em tom de aviso.

    — O quê? Essa é a primeira vez que me divirto durante todo esse longo e miserável dia! — o milionário impressionante e bem-sucedido de repente parecia mais com um garotinho que estava prestes a desembrulhar um presente. Isso era bom. Ele estava se divertindo, e era graças a mim.

    — Sinto muito — Christine balançou a cabeça, seus dedos correndo sobre o coque meticuloso que prendia seus cabelos ruivos, seus olhos azuis indo de Ryan até mim. — Isso soa ilegal — ela deu de ombros, abrindo as palmas das mãos para indicar que gostaria de concordar com aquilo, mas que não podia.

    Apostar meu trabalho não parecia ser tão importante agora — considerando que eu estava prestes a perdê-lo —, então tomei uma decisão.

    — Assinarei qualquer documento que for necessário — prometi à Christine, suplicando-lhe com minhas palmas abertas.

    Essa situação inteira era tão incomum a mim. Normalmente, eu costumava ser educada e respeitosa. Essa era realmente uma tentativa desesperada de um animal encurralado que objetivava enganar seu captor a olhar para outro lado para que, assim, pudesse escapar.

    Ele irá demiti-la de qualquer forma, então não há nada a perder. Peça pelo que você mais quer! Vá em frente!

    Enquanto Christine considerava minha proposta, olhei para Ryan com ousadia e rapidamente acrescentei:

    — Aposto que posso encontrar um furo no Rio de Janeiro. Se falhar, você pode demitir-me então.

    — No Rio? — ele ponderou. — Quem está cobrindo a cidade atualmente?

    Antes que Christine encontrasse a resposta nos dados de seu assistente pessoal, eu ofereci:

    — Kourtney Chapman. Ela o faz há mais de três anos.

    — Enquanto você cobria...?

    — Nevada, senhor.

    — Hmm, qualquer um precisaria de uma mudança depois de tanto tempo. Minha intenção era modificar esse sistema de rotação obsoleto, então não vejo porque não começar agora. Vamos, Chris! — ele insistiu. — Essa aposta é boa demais para a deixarmos passar! — quando ela negou com a cabeça, ele tornou-se sombrio. — Se eu puder sair desse dia deprimente com o pensamento de que poupei um emprego e dei uma segunda chance a uma pessoa, ajudaria a aliviar a tristeza horrível que estou sentindo. Encontre um jeito, Chris. Eu quero fazer isso pela Srta. Moore.

    Percebi que ele não era, como muitos diziam, um bastardo rico e malvado. Ryan se importava com seus empregados e demitir pessoas era difícil para ele. Inesperadamente, peguei-me pensando nele não apenas como meu chefe, mas como um homem. Um homem muito atraente.

    — Redigirei os documentos — Christine concordou, um pequeno indício de um sorriso pairando sobre seus lábios vermelhos.

    Ryan levantou-se vitoriosamente e estendeu sua mão.

    — Srta. Moore, você acabou de conseguir um acordo!

    Inacreditável!, pensei em completa surpresa. Eu mal consegui me levantar e retribuir o aperto vigoroso dele.

    — Obrigada, Sr. Brooks. Não irei decepcioná-lo.

    — Encontrar uma matéria nova em um local tão proeminente será quase impossível. Desejo-lhe sorte; você precisará. Assim como precisará disso — ele entregou-me meu tablet exclusivo, o assistente pessoal, ou AP para abreviar, que fora uma invenção do próprio Ryan.

    — O-obrigada — minha voz vacilou.

    Segurei o tablet branco junto ao meu peito com entusiasmo, usando meu corpo para estabilizar a agitação das minhas mãos e virei-me para sair.

    — Ah, e Rachel — voltei a virar com um olhar indagador em meu rosto. — Tenha uma ótima experiência no Rio — ele disse com uma piscadela e um sorriso largo, deixando-me saber que estava ciente de que, no final das contas, ele enviava uma garota ansiosa para um lugar que ela morria de vontade de conhecer.

    ✽✽✽

    Senti como se estivesse flutuando até meu cubículo, onde minhas melhores amigas, Jess e Ashley, esperavam por mim. Tossi, e as duas desviaram a atenção de seus tablets. Elas pareciam surpresas em ver-me segurando um tablet também.

    — Mentira! — Jess levantou-se para dar-me um abraço de urso.

    — Ai meu Deus! — Ashley gritou e se juntou ao abraço. — E você disse que não havia chance de ficar!

    Depois de colocar o estimado tablet cuidadosamente em minha mesa, juntei-me a elas em uma sessão abafada de gritinhos e saltos de alegria, tendo cuidado para não exagerar enquanto ainda estava no local de trabalho. Pelo menos por enquanto, estávamos todas a salvo. Jess e sua popular coluna de Necessidades para Viagem estavam seguras, mas a coluna Tour Apenas para Mulheres de Ashley não estava em demanda e talvez não durasse.

    Percebi o olhar desapontado de Kourtney vindo do aglomerado de cubículos em frente ao nosso. Parei de saltar. Kourtney lançou-me uma careta, seus olhos se estreitando e seus lábios finos se curvando em sorriso de puro ódio. Ela e seus amigos, Deidre e Chad, também conhecidos como O Trio, me perseguiam desde que eu começara a trabalhar ali. A antipatia deles por mim parecia crescer a cada dia, e eu não entendia porquê. Isso iria, sem a menor sombra de dúvida, piorar agora que eu passaria a cobrir a localidade de Kourtney.

    Fiz uma careta de volta para ela. Jess e Ashley seguiram meu olhar. Kourtney jogou seus tingidos cachos loiro mel de lado com arrogância e virou as costas para nós.

    — Vamos nos sentar — eu disse seriamente. — Tem algo que eu preciso contar a vocês.

    — O que é? — Jess perguntou. Sua castanha, longa e encaracolada franja escondia a preocupação de seus olhos castanhos-escuros.

    — Vocês não vão acreditar. Eu entrei no escritório e simplesmente soube que ele iria me demitir. Ele começou logo com esse discurso sobre cortes.

    — Eu recebi um discurso semelhante — disse Ashley —, junto com um aviso de que teria que fazer melhor, ou então... Preciso atingir um público maior, conseguir mais seguidores, ou outra coisa que justifique a manutenção da coluna. Precisarei da ajuda de vocês para criar algo.

    — É claro nós ajudaremos — eu disse, colocando minha mão em cima da sua e sorrindo. Os olhos azuis e preocupados de Ashley sorriram de volta.

    Eu não recebi esse discurso — Jess, nossa eterna palhaça, sorriu amplamente em uma de suas habituais tentativas de aliviar a tensão de uma conversa séria.

    — Sabemos disso, idiota — repreendi-a.

    Nós sorrimos uma para a outra.

    — Iremos ajudá-la, Ash — ela disse. — Agora, Rach, conte-nos o que aconteceu.

    — Eu sabia que não tinha nada a perder, o que, de uma forma estranha, foi empoderador. Pedi que ele ouvisse minha ideia e descobri que ele também não está satisfeito com o sistema de Todd.

    — Não é surpresa que ele o tenha rebaixado para o cargo de editor.

    — Isso é incrível!

    — Eu joguei todas as cartas na mesa e disse que apostaria meu emprego e provaria que esse sistema obsoleto é péssimo.

    — Mas... como?

    — Você apostou seu emprego?

    — Um emprego que eu estava prestes a perder, de qualquer maneira. E, francamente, quando eu disse que o apostaria não quis dizer literalmente, mas Brooks ficou tão animado que percebi que essa era minha oportunidade. Então, enquanto Christine pensava sobre as questões legais ligadas à aposta, anunciei que, se ele me enviasse ao Rio de Janeiro, voltaria para casa com um furo exclusivo!

    — O quê? — Ashley perguntou, espantada.

    — Cara — Jess balançou a cabeça com um sorriso —, parece que você tem coragem afinal, Rach — sorri de volta para ela. — E aposto que você não tem a menor ideia de como conseguir esse furo.

    — A mínima. Mas tenho três semanas até o carnaval.

    Ashley não disse nada.

    — Acho que Ash está em choque — comentou Jess.

    — Mas... — Ashley sussurrou — o Rio pertence à Kourtney.

    — Ah, merda! — Jess disse. — Fiquei tão animada quando ouvi que você fez uma aposta com o fundador da Brooks Inc. que nem sequer pensei em como Kourtney ficará chateada quando descobrir que você roubou o Rio bem debaixo do nariz dela.

    — O Rio não pertence a ninguém — falei entredentes.

    — Hoje mesmo de manhã, ouvi-a dizer que estava ansiosa para ir ao Rio com Chantal Neuchâtel e Kevin Noyes.

    — Ah, esqueci que ela disse que voaria até lá na companhia de sua amiga modelo e de seu amigo fotógrafo — recordei. — Será minha primeira vez trabalhando com eles.

    — Eu não me dei bem com ele. Kevin é um porco machista — Ashley zombou. Aquilo não me preocupou muito. Ela pensava assim de todo homem hétero. — Mas vocês sabem quem Chantal acabou de começar a namorar?

    — Quem? — perguntei com interesse, deixando-a desfrutar do seu pedaço de fofoca. Atrás dela, Jess revirou os olhos e eu tive que lutar contra o desejo de rir.

    — Ninguém menos do que nosso querido e novo chefe: Ryan Brooks!

    — Uau! — eu disse, surpresa.

    Chantal passará a ser íntima do meu chefe?!

    — Jesus. Se ela é amiga da Kourtney, espero que não fique muito chateada por você ter tomado sua localidade — Jess comentou, parecendo genuinamente preocupada.

    — Pela última vez, uma cidade não pertence a alguém. Além disso, ela pode ser mais agradável que Kourtney.

    — Quer saber? Você está absolutamente certa — Ashley sorriu encorajadoramente.

    — Com certeza — concordou Jess. — Que se dane a Kourtney. Isso é exatamente o que ela merece. Além disso, quem se importa com a reação dela e do Trio? Ganhar essa aposta é o mais importante.

    — Bem — eu disse com receio — não é você quem O Trio provoca. Eles transformaram minha vida em algo miserável desde que contei minha ideia ao Todd — não acrescentei que eles também faziam piadas sobre meu peso desde que eu começara a trabalhar na empresa, três anos atrás.

    — É claro, porque, diferente de você, eles ficaram com todas as incríveis localidades internacionais. E você deixou que eles a impedissem de dizer sua ideia ao Brooks na reunião de ontem.

    — É verdade — concordei tristemente.

    — Quando vai aprender a ignorá-los? Você só tem que fingir que eles não existem e continuar a ser maravilhosa — Jess disse, abraçando-me pela cintura.

    — Eu ainda insisto que existe outra alternativa — Ashley falou.

    — Ashley, já lhe disse milhões de vezes: eu não sou uma pessoa litigiosa.

    — Mas existem leis contra o assédio justamente para esse propósito.

    — Eu reclamei ao Todd diversas vezes.

    — E ele apenas deu de ombros. Brincadeiras inocentes uma ova!

    — Exatamente, por isso eu estava procurando por um novo trabalho.

    — Por que você deveria ser aquela a sair?

    — Ash — Jess interferiu —, nós já conversamos sobre isso e Rach disse que não queria processar ninguém. Além do mais, isso é passado agora. Você verá. Tudo vai mudar agora que o Brooks assumiu a revista.

    Aquilo pareceu acalmar Ashley.

    — Espero que sim — ela falou. — Espero que ele lance uma nova era para nós, empregados, não apenas para a revista.

    — E eu quero desesperadamente estar aqui para ver o que ele fará com a empresa — repliquei, subitamente sentindo o peso da minha aposta. — Realmente não tenho ideia de como farei para conseguir um furo sobre um dos maiores destinos turísticos do mundo.

    — Ei — Jess deu batidinhas em meu ombro —, está tudo bem por enquanto. Três semanas é tempo suficiente para criarmos uma estratégia.

    Fitei-a com um sorriso agradecido. Lembrando-me da minha empolgação anterior, disse:

    — Isso é incrível. Eu finalmente realizarei meu sonho de ir ao Rio!

    CAPÍTULO 2

    N

    o voo noturno com destino ao Rio, eu olhava, com um sorriso em meu rosto, para as distantes estrelas que brilhavam através da janela do avião. Os passageiros sentados ao meu lado já dormiam, e eu também começava a mergulhar em direção à inconsciência.

    — Com licença, senhorita — uma aeromoça de aparência cansada disse. — A senhorita Chantal Neuchâtel gostaria de vê-la na primeira classe.

    — Obrigada — falei, desconfortável.

    Sabia que, mesmo que me espremesse para passar por meus vizinhos, iria acabar acordando-os, contudo, eu não possuía outra opção. Como chefe de reportagem, estava no comando e tinha que fazer o que fosse necessário para ter sucesso na tarefa, incluindo manter minha modelo e meu fotógrafo felizes. Isso era especialmente importante, porque Chantal estava namorando Ryan Brooks e poderia reportar algo a ele. Eu tinha que me dar bem com ela. Desculpei-me imensamente aos outros passageiros enquanto ia em direção ao corredor.

    O que Chantal poderia querer de mim no meio da noite?

    A classe econômica parecia menor do que meu minúsculo apartamento em Nova York. A primeira classe era uma vila em comparação. Notei a familiaridade ébria com que Chantal e Kevin estavam esparramados juntos em seus assentos. As pernas dela estavam sobre as dele, e ele massageava os seus pés. Graças à Ashley, eu sabia que eles costumavam ser um casal. Estava curiosa para conhecer a modelo, imaginando o que havia atraído Ryan a ela. Esperava que houvesse mais sobre Chantal do que somente um corpo magro, alto e bem publicizado, cabelos loiros e olhos azuis.

    — Presumo que você seja a Rachel? — ela perguntou em um tom arrogante e distintamente embriagado.

    — Isso mesmo.

    — Por que você não está respondendo às minhas mensagens? — Chantal exigiu, rindo com Kevin em seguida.

    Suas risadas fizeram com que um calafrio descesse por minha espinha. Um mau pressentimento tomou conta de mim. Os dois com certeza sabiam a resposta para aquilo e estavam apenas fazendo algum joguinho às minhas custas.

    — Meu celular está no modo avião. Talvez o seu não esteja? — deixei que um tom desdenhoso se infiltrasse em minha voz, apesar do meu desejo de me dar bem com ela.

    Eles riram novamente. Chantal me avaliou da forma mais séria que conseguiu.

    — Então, você é aquela que roubou o Rio da Kourtney?

    — O Rio não pertence a um escritor, assim como nenhum dos outros locais. Não mais, pelo menos.

    — É — disse Kevin, que estava tão bêbado quanto Chantal. — Esqueci de dizer que, graças à Rachel aqui, Brooks está insistindo que todos os escritores deem uma chance à ideia dela e passem a cobrir outros lugares.

    — Ah, não! Bem, talvez eu possa falar com ele sobre isso — Chantal sugeriu com certa insinuação em sua voz.

    — Você tem noção do quanto todos estão chateados com você? — Kevin perguntou com raiva.

    — Ah, eu sei. Kourtney, Deidre e Chad me disseram exatamente o que eles pensam dessa mudança — eu disse, meus batimentos cardíacos aumentando. Quando os dois riram mais uma vez, indaguei — Vocês precisavam de mim para algo?

    — Você providenciou a suíte com vista para o oeste como eu pedi?

    — É claro.

    — E quanto à água?

    — Sim, assim como as flores e os produtos de beleza.

    — E os meus shakes?

    — Me certifiquei de que o chefe conhecesse suas preferências. Aqui — tirei dois documentos perfeitamente impressos antes que ela continuasse com seu interrogatório incessante. — Enviei-lhe um e-mail com a lista detalhada de todas as adições solicitadas ao hotel — então levantei uma mão para impedir que ela falasse — e, já que eu sabia que não teríamos acesso à internet enquanto estamos no avião, tomei a liberdade de imprimir uma cópia para você — entreguei-a o documento — e uma para Kevin.

    Ele pegou a lista com impaciência e a enfiou de qualquer jeito no bolso do assento da frente sem realmente olhar para ela. Chantal seguiu seu exemplo.

    — Bem — ela deu um sorriso falso, seus pálidos olhos azuis permanecendo frios — parece que alguém andou ocupada. Tenho certeza que compreende porque eu tive que checar se você seguiu minhas instruções à risca. Não quero que tenha novas ideias sobre a minha rotina da mesma forma que fez com a Kourtney.

    Foi necessário todo o meu autocontrole para não encará-la com raiva e responder-lhe sarcasticamente. Tinha que dar-lhe o benefício da dúvida, porque existia uma pequena chance de que ela estivesse apenas aborrecida com o que eu fizera à sua amiga. Afinal, eles deveriam estar viajando juntos. Chantal estava apenas descontando a sua frustração em mim. Eu simplesmente tinha que aguentar calada e focar na mera e, como agora parecia, improvável chance de conquistá-la e trazê-la para o meu lado.

    — Ah, eu entendo perfeitamente — assegurei-a com um sorriso genuíno.

    Tanto ela quanto Kevin fitaram-me em confusão, suas expressões dizendo: se você entende, como pode estar sorrindo genuinamente? Claramente, nenhum deles estava acostumado a lidar com uma pessoa positiva. Talvez, ainda existisse uma chance de eu fazer amizade com eles. E não seria ótimo e extremamente útil ter minha equipe do meu lado?

    — Meus amigos também são importantes para mim — antes que eles tivessem oportunidade de replicar, eu acrescentei — boa noite! — e segui de volta à classe econômica.

    Na escuridão da minha seção do avião, sorri, feliz comigo mesma por ter superado aquela situação e, também, por acreditar que suas bocas tivessem ficado abertas depois que os deixei. Como precaução, instruí a aeromoça de que não deveria ser incomodada novamente e, então, mais uma vez pedi desculpas aos outros passageiros enquanto me espremia pela minha fila até meu assento e tentava pegar no sono.

    Lamentavelmente, pensamentos não tão felizes invadiram minha mente. Apesar de sempre ter encarado a realidade com uma perspectiva benevolente, eu tinha que pensar sobre outras possibilidades para mim, um plano reserva. Eu sabia perfeitamente bem que existia a possibilidade de Chantal ser apenas uma megera sem papas na língua. E, caso ela realmente não passasse disso, será que sua conexão com Ryan fazia dela uma ameaça ao meu emprego? E como ele poderia ter escolhido namorar com alguém como ela? Poderia ele estar tão cego que não conseguisse ver além de sua beleza? Seria possível que alguém fosse tão alienado em sua vida pessoal e, ainda assim, um sucesso em seus negócios?

    Ainda havia muito para eu compreender nesta vida.

    ✽✽✽

    Caminhando em direção à área de retirada das bagagens, eu estava ansiosa para conhecer meus dois guias turísticos. Fora minha ideia contratar tanto um homem quanto uma mulher para que me mostrassem o Rio, na esperança de aumentar minhas chances de encontrar um furo jornalístico ao ter os pontos de vista de ambos os sexos. Chegando ao desembarque do aeroporto, meus olhos examinaram os cartazes que as pessoas seguravam para cumprimentar os recém-chegados. Meu nome estava escrito no cartaz de uma mulata muito bonita. Como eu, ela parecia estar em seus vinte e poucos anos. Seu corpo era alto, magro, e bem feito. Seu justo terninho Capri amarelo enfatizava tanto a beleza de sua pele bronzeada quando a finura de sua cintura. Os seus seios cheios mal estavam contidos na blusa

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